terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ser criança às vezes é preciso












No meu tempo de criança, havia junto da casa onde nasci uma pedra gigante que era conhecida como a laje.
Para quem não saiba, uma laje era o local onde se malhavam as espigas secas após serem ceifadas.
Era uma tarefa dura, que só quem tinha força braçal conseguia fazer.
Na altura das ceifas, este espaço estava sempre ocupado.
Malhava-se um carregamento, estava outro à espera par ser malhado.
Bom, mas esta ocupação só se verificava no verão.
Depois, durante o resto do ano, ficava entregue aos miúdos da vizinhança (que na altura eram muitos).
E para que queriam os miúdos a laje?
Uma das principais actividades era a escorregadela.
Como era uma rocha granítica alta e inclinada, aquilo funcionava às mil maravilhas.
Para proteger o rabiosque, nada melhor que uma giesta grande e farfalhuda, com um bom pé para agarrar e servir de volante.
Aquilo era ver os tempos livres ocupados e bem ginasticados, porque cada vez que se chegava cá em baixo e para continuar, tinha que se subir tudo de novo.
Nessa altura, não havia crianças obesas!...
Bem, mas isto para dizer que hoje e sem programar, voltei aos meus tempos de menina.
Para descer uma ravina de areia bastante alta que se me deparou, tive que me socorrer dessas habilidades longínquas.
Lá em baixo, na areia, alguns mirones assistiram intrigados.
Será que aquela «cota» se vai sair bem da aventura?
Eu penso que estavam preparados para ajudar se fosse preciso!
Não foi.
Foram apenas alguns segundos a reviver um passado feliz.
Souberam-me bem.

É bom ser criança e não ter complexos.

Abraço.

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