
Já há muito que eu não tinha o prazer de ouvir um político
fazer um discurso tão carregado de humanismo como hoje.
Ouvi um candidato a primeiro-ministro que trouxe para o primeiro
plano do seu discurso as pessoas e os seus problemas e histórias de vida
difíceis!
Que falou como qualquer pessoa normal dessas vidas que levam
à loucura os homens que diariamente abatem cruelmente as suas companheiras de
uma vida (34 nomes lidos com emoção por Maria do Céu Guerra)!
Que teve a sensibilidade de trazer os números arrepiantes desses
crimes!
Crimes muitas vezes cometidos pelo desespero de se verem sem
vida e com a dignidade roubada.
Que deixou para trás os números frios e calculistas e se
emocionou como um ser normal!
Que não se dirigiu a quem o ouviu como se de números frios se
tratasse.
Que mostrou calor e não a frieza a que já nos habituaram os
tecnocratas e seus capangas!
Foi bom sentir calor humano.
Também eu me emocionei.
É bom saber que os nossos problemas tocam os que porventura
um dia terão os nossos destinos nas mãos.
Não sou ingénua e sei que poderei, um dia, sentir-me, mais uma
vez, enganada.
Até lá, foi muito aconchegante sentir-me tratada com dignidade!
Abraço.