O mestre é um homem meão e magricela.
Contudo, distingue-se no meio de tantos outros mais ou menos
parecidos.
Veste-se quase sempre de cinzento e usa um boné da mesma
cor.
Tisnado pelo sol, tem no rosto esculpido o mapa da vida.
Uma vida por certo muito dura e de risco elevado.
Sim, porque o mar não brinca!
E ele enfrenta-o quase todos os dias.
E como é rudimentar a embarcação que utiliza!
É aquilo o que por aqui se designa de Gaivota.
Transporta quatro ou seis homens que remam, e ele mesmo,
sempre em pé.
O cerimonial que antecede a saída para o mar é lento e
rodeado de cuidados.
Ele, o mestre, comanda a operação.
Com a embarcação (que foi transportada da areia por um
tractor) já encostada à água e com todos já lá dentro, esperam pacientes as
ordens do mestre.
É ele que estuda o mar, é ele quem conhece as ondas e é ele
que sabe qual é o momento certo e sem perigo para entrar.
Há dias em que demora mesmo um bom bocado.
Ele, de olhos fixos no horizonte, espera pacientemente.
Dá gozo observar a mestria e o cuidado com que tudo é feito.
Aquela figura castiça, franzina e pequena, tem consigo a
força e a sabedoria da arte da pesca.
Finalmente a ordem.
UP!
Um magote de homens empurra a embarcação que, mais ou menos
balançando, enfrenta o mar.
Já afastados, ao largo, lançam as redes.
O resto depende da sorte.
Ah! E dos golfinhos que agora se passeiam por estas águas e
espantam o pescado.
Nem tudo é perfeito.
Abraço.
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