
Desde muito pequena, que me senti fortemente ligada à
família do lado materno.
Todos os meus dias ficaram marcados pelo convívio com a avó,
tias e primos que me enchiam de mimos.
A casa da minha avó a quem chamava madrinha (dizia-me a
minha mãe que assim ela se sentiria menos velha – coisa do tempo!...) era o
sítio onde, todos os dias, não podia deixar de ir.
O trajecto que fazia, fosse dia ou fosse noite, era sempre
feito a saltitar e com o coração a palpitar de emoções, que enchiam a minha vida
de menina.
Mais tarde, já adolescente, aquele sítio, aquelas escadas de
pedra, recebiam-me sempre e (digo eu) quase sentiam as alegrias e os pequenos
problemas e preocupações de uma jovem a fervilhar de vida.
Aquelas pedras eram-me tão familiares, que ainda hoje me
lembro de alguns pormenores que as caracterizavam.
Foi lá que, meio clandestinamente, me iniciei no gosto pela
leitura.
Desde a chamada literatura de cordel, para, um pouco mais
adiante, passar aos clássicos e na altura quase proibidos, Herculano, Camilo, Dostoiévski
etc…
Aquelas pedras lambidas pelo sol, gastas pelo tempo e circundadas
de vegetação, eram únicas.
Quentes e aconchegantes, transmitiam-me o calor que não
existia noutro sítio.
Calor físico e humano.
Dali só saía quando o sol se escondia e a lareira já
crepitava.
Aí era o até amanhã, ou o até logo, se as noites fossem as
noite longas de inverno e o serão era em família.
São estas recordações que perpassam muitas vezes no meu
espírito e me devolvem aqueles momentos mágicos e ternos que fizeram de mim uma
pessoa mais humana e sensível.
Abraço.
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