terça-feira, 13 de agosto de 2013

A memória dos sons




O nosso cérebro alberga tanta informação...
É espantoso como guardamos tantas memórias.
Com maior ou menor importância.
Admiro ainda mais como se guardam igualmente os cheiros e os sons.

Sim, hoje apeteceu-me falar dos sons.
Dei comigo a recordar os que ouvi ao longo da minha existência, no meu torrão natal.
Há um que recordo frequentemente: o som das rodas dos carros das vacas.
Que, mansas e submissas, puxavam o carro que rolava as rodas no chão da minha rua.
Despertei muitas vezes com aquele som pesado que, no meio do silêncio se fazia ouvir quase como se surgisse das entranhas da terra.

Ou o som do trotar dos burritos que, humildemente, recebiam dos donos chicotadas e impropérios, para que caminhassem mais depressa.
Esse apertava-me o coração.

Também as cabras e as ovelhas deixaram na minha memória auditiva o som dos seus chocalhos pesados.
Som monótono e barulhento, acompanhado do balir que é próprio daqueles animais.

Outro som que não esqueço é o da água que saía das bicas do chafariz à minha porta.
Adormecia e acordava todos os dias com o som do seu correr monótono e persistente.
Esse, para mim era música de nanar.
Até o som da água a cair dentro dos cântaros de barro e nos regedores de lata, tenho ainda registado nos meus ouvidos.

São memórias que me fazem feliz e me ligarão para sempre ao meu passado.
Muito mais sons haveria para mencionar.
Hoje ficam apenas estes.
    
Sei que haverá alguém que viveu estas experiências e certamente vai gostar de recordar.
Talvez até pare um pouco, para ser transportado a esse passado.
Afinal, é ele que nos mantém presos às nossas raízes.
E claro, à nossa identidade.


Um abraço.

Sem comentários:

Enviar um comentário