sábado, 31 de agosto de 2013

Arrumar é harmonia



Quando eu era jovenzinha, só se faziam arrumações de fundo em casa uma vez no ano.
A Páscoa, talvez por estar já a caminho da primavera e o tempo já o permitir, era a época escolhida.
Nessa altura, não havia canto que não fosse remexido, bem arejado e «engraxado».
Bem diferente dos dias de hoje.
Todos os dias são dia de limpar.
Até acho que se exagera.
Com a noção de higiene mais apurada, tem-se necessidade de sentir o cheiro da limpeza, introduzindo até, para que tudo fique mais cheiroso, produtos a mais e nocivos para a natureza.
As tarefas de casa nunca estão completas!...

Por incrível que pareça, sinto que o meu cérebro é quase uma extensão da minha casa.
Não aguento tê-lo desarrumado e sujo.
Sinto que devo arejá-lo todos os dias e limpá-lo de toda a poluição que, ainda que sem querer, me entra por ele dentro.
É uma necessidade intrínseca.
Não consigo guardar o lixo
Nem que seja escondidinho num cantinho recôndito.
Quando tento fazê-lo, fico mal comigo e talvez menos simpática com os outros.
Não me dou bem com a bagunça.
Sendo assim, o mais indicado é limpar.

Deixar que entrem bons odores, bons sons e ares despoluídos.
Tudo no seu sítio.
Destacar até, e valorizar, o que mais merece.

Tem que haver arrumação para que haja harmonia e bem-estar.
Para que nada me perturbe o caminho simples e rectilíneo que escolhi percorrer.
Às vezes não é fácil.
As arrumações dão trabalho, as limpezas são às vezes muito pesadas de fazer.
O que é certo é que na limpeza se vive melhor.

Embirro com teias de aranha e cheiro a bolor!...
 

Abraço.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Filhos da mãe

  O vira-casacas



Meu pai era um homem com H grande.
Tinha um grande espírito de humor, mas, quando a coisa não lhe agradava, era acintoso e às vezes nada meigo nas apreciações que fazia.

Lembrei-me dele ao ler um título de uma notícia de hoje.

«Vital Moreira rejeita inconstitucionalidade das quarenta horas».

«Ai o filho da…» (… da outra, digo eu. Ele seria mais terra-a-terra…).
Na revolta, eu dar-lhe ia razão.
Como este senhorito mudou!
E pensar eu que já o tive como primo, ainda que por afinidade!
E pensar eu que este vira-casacas já se disse um homem de esquerda a sério.
Que se pavoneou na festa do «Avante!», a fingir que era um deles!
Que se serviu enquanto precisou para depois dar o salto que o havia de levar a voos mais altos!

Filho da mãe mesmo!
Sem carácter nem vergonha.
Cobardolas.
Apanhado a toda a hora a trair, feito um coisa-reles!

Quarenta horas!

Para ele, que deve ter acesso às mordomias todas e mais algumas.
A quem as amas, as criadas e as bábás não hão-de faltar.

E as outras pessoas?
As que saem de casa às seis da manhã e regressam às oito, ou mais, com os filhos à pendura, e ainda todas as tarefas da casa e mais algumas à sua espera.
Nessas, o constitucionalista não pensa.

Ele já não faz parte desse povo que um dia disse defender..
Subiu alguns degraus.
À custa de quê?
  
Filhos da mãe!...
Ou da outra, como diria o meu pai?


Abraço.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Barbies?

















Li há dias que foi doada ao Portugal dos Pequeninos, uma colecção de barbies.
Tudo bem, é uma doação.
Mas... no Portugal dos Pequeninos, onde tudo é tão português e genuíno?
Não me parece muito adequado!
O que acho é que isso é pôr um produto importado, e até duvidoso em termos pedagógicos, no meio da verdade que está representada no Portugal dos Pequeninos.
Depois, todos sabemos que a boneca Barbie tem junto das crianças um papel pouco positivo.
Funciona como o modelo que todas quereriam igualar.
Convida inclusive a conseguir um corpo ideal, quase talhado a escopro – o que não existe.
Para que isso aconteça, lá temos nós as jovens a fazer dietas malucas que muitas vezes as levam às bulimias e às anorexias que podem ser fatais.
Não estou com isto a querer dizer que se erradiquem as barbies, que se proíbam as crianças de ter acesso a elas.
Mas meter-lhas pelos olhos dentro, não acho correcto. 
Muito menos que se misturem com o que é nosso e verdadeiro.

Abraço. 


domingo, 25 de agosto de 2013

A fita que não se desgasta

 Daquelas escadas, via as cegonhas na torre


Desde muito pequena, que me senti fortemente ligada à família do lado materno.
Todos os meus dias ficaram marcados pelo convívio com a avó, tias e primos que me enchiam de mimos.
A casa da minha avó a quem chamava madrinha (dizia-me a minha mãe que assim ela se sentiria menos velha – coisa do tempo!...) era o sítio onde, todos os dias, não podia deixar de ir.
O trajecto que fazia, fosse dia ou fosse noite, era sempre feito a saltitar e com o coração a palpitar de emoções, que enchiam a minha vida de menina.
Mais tarde, já adolescente, aquele sítio, aquelas escadas de pedra, recebiam-me sempre e (digo eu) quase sentiam as alegrias e os pequenos problemas e preocupações de uma jovem a fervilhar de vida.
Aquelas pedras eram-me tão familiares, que ainda hoje me lembro de alguns pormenores que as caracterizavam.
Foi lá que, meio clandestinamente, me iniciei no gosto pela leitura.
Desde a chamada literatura de cordel, para, um pouco mais adiante, passar aos clássicos e na altura quase proibidos, Herculano, Camilo, Dostoiévski etc…

Aquelas pedras lambidas pelo sol, gastas pelo tempo e circundadas de vegetação, eram únicas.
Quentes e aconchegantes, transmitiam-me o calor que não existia noutro sítio.
Calor físico e humano.
Dali só saía quando o sol se escondia e a lareira já crepitava.
Aí era o até amanhã, ou o até logo, se as noites fossem as noite longas de inverno e o serão era em família.

São estas recordações que perpassam muitas vezes no meu espírito e me devolvem aqueles momentos mágicos e ternos que fizeram de mim uma pessoa mais humana e sensível.


Abraço.

sábado, 24 de agosto de 2013

Quem pensa que educar é fácil?





Este é um tema de difícil abordagem.

Quanto a mim, a educação é a base em que assenta toda a forma de agir.
É dela que dependem atitudes não só de relacionamento, como também a forma de, por exemplo, governar um país.
Tendo a educação como prioridade, isso poderia trazer-nos um mundo melhor.
Um mundo onde os princípios e os valores não fossem esquecidos.
Em que a solidariedade fosse apanágio de todos.
Um mundo em que não houvesse diferenças abissais entre as pessoas.
Onde a arrogância, a inveja, a hipocrisia, e a exploração de seres humanos, não tivessem lugar.

O que seria preciso para educar de uma forma correcta?
O que seria preciso para preparar pais, professores e outros quadros, para que exercessem as suas funções de forma bem fundamentada e com segurança?

É um problema tão vasto, que envolveria mudanças gigantescas.
Isto, porque toda a estrutura vigente está virada para ignorar o essencial.
Está tudo estruturado sem bases sérias.
Mais grave: não há a percepção do quanto é importante a educação na vida das pessoas e dum país.  

Teria de se virar o mundo do avesso e alterar mentalidades.
Mexer com poderes e vícios instalados.
Seria uma verdadeira revolução.

Enfim!
Isto, sou eu a delirar!...

Abraço.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Peneireiros, sim














É isso mesmo.
Peneireiros, sim, têm piada. 
As aves.

Mas peneireiros e carecas não.

Pois é.
Nunca fui à bola com o figurante.
Sempre o achei um pouco bailarino e saltitão.
Mas agora, depois de saber que também é cobardolas, mil vezes não!
Antes o passarinho a quem de verdade pertence esse nome!
Que, parado no ar, faz a sua dança inofensiva e com graça.

Bom, estou a falar do mentiroso, do desleal, do cínico Fernando Seara.
Vejam bem a habilidade com que enganou a companheira de dez anos!
Coitada da senhora.
Sempre a seu lado toda impiriquetada, a fazer de primeira-dama, e olha, agora descobriu que tem uma armação de um tamanho que se calhar nunca imaginou!
Ele há cada aldrabão e sem coragem!

Será que, se por ironia do destino, fosse parar à autarquia de Lisboa, não seria lá um bacanal do diabo?
Lá se ia tudo pelo rio abaixo.
Bolas!
Pequenino, velhaco e bailarino.

Não tenha pena, Dona Judite.
Serão menos umas peçazinhas de altas marcas que deixa de usar.
Nada de mais!...

Ele há cada amostra de homem…


Abraço.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Dez mil



______________________________________________

Visitas


_______________________________________________


Olá a todos os que me lêem com prazer!
É a todos vocês que devo as dez mil visitas que hoje se completam.
Estou grata a todos pela atenção que têm dedicado ao que escrevo.
Quando comecei, a 6 de Dezembro de 2010, nunca me passou pela cabeça que alguém se interessasse por um blogue tão pessoal e íntimo (*).
Sei que já houve dias em que se calhar foi difícil entrar no que deixo aqui registado.
Sei também que nem por isso perderam o interesse.
Um blogue com estas características tem estas coisas menos apelativas!...

Um muito obrigada pela vossa companhia e respeito.
Continuarei sempre que me for útil.

_________________
 (*) Ver aqui os primeiros textos que publiquei.



Abraço.

No primeiro dia

Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2010

Reflexão










Sei que este assunto poderá estar um pouco fora do contexto habitual do dia-a-dia de muita gente, mas às vezes é preciso ter contacto com outras realidades, parar um pouco para pensar.  
A propósito de uma observação diária, ao vivo e em directo, dei comigo a pensar em como a vida é injusta, às vezes até agressiva, para a maior parte das mulheres. Apesar da igualdade de direitos já adquirida, a mulher continua a ser aquela que, salvo excepções, sente na pele o maior peso no seu dia-a-dia. E quando digo «peso», quero dizer também, peso físico. Para lá da sua actividade profissional que é normalmente exigente, ela corre para casa onde a espera a tarefa imensa de dona de casa, mãe e educadora. Ela corre para o infantário onde deixa o filho apressadamente, sem tempo sequer para se despedir com calma e tempo, para que ele fique tranquilo e estável. Corre para o emprego onde a maior parte das vezes é explorada e mal paga, corre para as compras onde tem que se controlar para não desequilibrar o orçamento. Corre, corre, para que nada falte. No fim do dia, exausta, ainda tem que ter um sorriso para o marido, disponibilidade para as crianças e, já a cair para o lado, contar com a ternura possível a historinha da praxe quando vão dormir. Ao homem, educado ainda segundo a mentalidade arcaica dum passado já distante, resta-lhe receber das mãos da mulher as refeições a horas, a roupa lavada e passada a ferro, e claro, se for possível não dar sinal de cansaço. Não quero com isto dizer que não haja excepções, mas ainda não é assumida a colaboração normal e sem diferenças. Às vezes, ele faz o favor de pôr a mesa, sacudir a toalha e sente o dever cumprido. Talvez a alguns esta minha pequena reflexão pareça demasiado radical, mas a verdade é que esta realidade existe, a mulher continua a ter um papel de exigência, que a obriga a uma sobrecarga e a impede de olhar para si própria, esquece-se de que existe, cai no desleixo, perde a auto-estima.
Era tempo de mudar mentalidades, para bem de todos. A propósito, veio-me à memória um poeta que marcou a minha juventude: António Gedeão. Para além de outros igualmente significativos, ele deixou um poema muito forte, que descreve na perfeição este tema. Chama-se «Calçada de Carriche» e refere estas questões:

«(…) Anda, Luísa, / Luísa, sobe, / sobe que sobe, / sobe a calçada. / Chegou a casa / não disse nada. / Pegou na filha, / deu-lhe a mamada; / bebeu a sopa / numa golada; / lavou a loiça, / varreu a escada; / deu jeito à casa / desarranjada; / coseu a roupa / já remendada; / despiu-se à pressa, / desinteressada; / caiu na cama / de uma assentada; / chegou o homem, / viu-a deitada; / serviu-se dela, / não deu por nada. / Anda, Luísa. / Luísa, sobe, / sobe que sobe, / sobe a calçada. / Na manhã débil, / sem alvorada, / salta da cama, / desembestada; / puxa da filha, / dá-lhe a mamada; (…) salta para a rua, / corre açodada, / galga o passeio, / desce o passeio, / desce a calçada, / chega à oficina / à hora marcada, / puxa que puxa, / larga que larga, / puxa que puxa, (…)»

Afectos









Os afectos são o pilar das nossas vidas. São eles que nos ligam de uma maneira saudável a quem nos rodeia. É impossível ser feliz, se transformarmos a nossa vida num mundo pequenino, que não nos deixa espaço para olharmos para os que precisam de nós.
Um ombro, um abraço, um sorriso, fazem a diferença.
São gestos que reconfortam e fazem os outros sentir-se melhor. Às vezes é difícil descermos do nosso pedestal, quantas vezes imaginário, e parar para pensar.
Há muito mais para lá do nosso mundinho efémero e arrogante. Há um mundo de valores a defender e entre eles temos a amizade, a ternura, as relações de solidariedade, a lealdade com todos os que nos rodeiam, a inter-ajuda e tantos outros igualmente importantes.
Depois, temos que pensar que de um momento para o outro, tudo pode ficar diferente e sermos nós a precisar dos que ignorámos. A vida é uma passagem, vale a pena vivê-la em paz.

O frio lá fora








Novembro começa a mostrar os dentes arreganhados de frio.
Lá fora é noite, uma longa noite de inverno que ameaça chuva.
Cá dentro, saboreia-se o aconchego do calor da lareira que crepita. O silêncio deixa ouvir o ronronar dos gatos amantes do calor e da comodidade que os rodeia. Os donos, no fim dum dia preenchido, tentam limpar o cérebro da poluição ambiente e sonora.
É bom ter este privilégio, é um pouco a recompensa de uma vida simples e sem ambições desmedidas.
É pena nem toda a gente poder ter acesso ao bem-estar suficiente para poder ser feliz.

22-10-2010.
Sesimbra.

Silêncio










Nunca como agora o saboreei. Sinto-o à minha volta, quase o oiço. Um pássaro inoportuno mas feliz interrompe, com a sua visita habitual aos filhotes que chilreiam no ninho. Apesar disso, não impede esta introspecção desejada e consentida. Ter tempo e ambiente para ponderar melhor na situação actual do meu país. O que é feito da educação, da cultura, da saúde, do emprego, que a Constituição consagra? Porque se lê
nos olhos das pessoas  tristeza e desalento?
Tenho pena de que tudo esteja subvertido.
Chego à conclusão de que, à minha maneira, e dentro do que me foi possível, também ajudei a sair de cinquenta anos de silêncio imposto e medo contido. Não soubemos utilizar a liberdade que conquistámos, demo-la de barato, a semente não floresceu, era estéril. Deixámos que os valores básicos se perdessem, a educação, o afecto, a ternura, e a solidariedade não nos dizem nada. Apesar de a situação nos passar à porta, vivemos indiferentes a tantos e tão profundos problemas que giram diariamente à nossa volta. É bom viver longe do bulício, da intriga, da mentira e da injustiça.
Pode parecer uma atitude egoísta mas não é: é apenas uma defesa.

O sótão


Há muitos anos atrás, quase todas as histórias começavam por: «era uma vez» … 
Ao ouvirem esta pequena frase, as crianças concentravam toda a sua atenção (por vezes tão difícil de captar) no que então começava a ser descrito. Hoje, e se não for muito maçador, também eu vou começar assim a pequena história verdadeira que vou contar. Era uma vez uma criança muito desejada e querida por toda a família. Nasceu, foi recebida com alegria e a protecção era permanente, nada podia faltar nem perturbar o seu crescimento, era a terceira de dois irmãos mortos pouco depois de nascerem. A ansiedade dos pais era muita e a necessidade de a proteger impunha-se. Tudo lhe foi proporcionado para que se desenvolvesse saudável e a sua socialização se fizesse normalmente e sem redomas a separá-la da realidade. Sem preparação específica, estes pais seguiram o seu instinto que por certo foram beber nas suas origens. Gratidão imensa!!!...
Estas crianças muito protegidas ficam por vezes demasiado caprichosas, mal-educadas, egoístas e pouco sociáveis. Neste caso, não aconteceu. A menina da história viveu e conviveu num espaço amplo, rodeada de amigas e condições para viver e pôr em prática todas as fantasias, criatividade e imaginação próprias da idade – e como são férteis estes factores naquele período da vida! Para dar largas a tudo isto havia o sótão da casa dos pais que tinha todos os condimentos necessários. Desde uma arca com roupa, mesa, bancos, sapatos (rasos e de salto), e ainda alimentos a sério para confeccionar as refeições imaginárias. Aquele sótão marcou pela positiva a vida daquela criança! Mais tarde, passada a idade de brincar ao faz-de-conta, refugiava-se lá. As transformações físicas e de personalidade foram digeridas aí, as alegrias e as angústias foram também partilhadas com algumas das companheiras de sempre. Os momentos eleitos eram os dias de inverno com chuva, vento e trovoada. Que belo refúgio, e que reconfortante que era aquele sótão!!! A vida deu muitas voltas… A criança um dia fez-se mulher: por motivos inesperados e tristes, teve que crescer mais rápido do que seria desejável, teve que abrir as asas e voar. A sua vida tomou outro rumo, o seu futuro não estava ali, o seu querido sótão e tudo o que viveu passou a fazer parte do passado, e arquivado na gaveta das suas memórias: as tais memórias que se recordam com saudade e às vezes nos deixam com uma certa melancolia no olhar. Ironia do destino: muitos anos mais tarde apareceu sem procurar, outro sótão na vida daquela criança já mulher. Diferente mas igualmente aconchegante e com o som do mar em fundo. A história repete-se?
Abraço.

sábado, 17 de agosto de 2013

Fantoches e fantochadas



Há muita gente que, por causa dos factos políticos que todos os dias ocorrem quase em directo, passou a chamar aos políticos fantoches.
E porque será que esta designação lhes fica tão bem?
Toda a gente sabe que um fantoche é um boneco mais ou menos caricaturado, de uma qualquer figura.
Sabem também que esses bonecos são manipuláveis e fazem o que quem os manuseia
quiser que façam.
São bonecos, simplesmente.

Bonecos sem vida.
Só se movem se alguém tomar a iniciativa de os mover.
São bonecos que normalmente divertem quem os quer ver.

Até aqui tudo bem.

São engraçados e os pequeninos adoram-nos.

Mas… e os políticos?
Serão eles eleitos pelo povo para ser fantoches? Para fazer fantochadas?
Para se deixarem manipular?
Claro que não.

Sendo assim, a designação corresponde.
O povo tem razão.
São mais ou menos fantoches.
Vaidosos e sem alma.

Pois é.
Esta forma de tratar os políticos revela a baixa cotação e estima em que a grande maioria das pessoas os têm.

As fantochadas que vão exibindo, pelos vistos, não agradam a quem as vê.
Ridículo – não?

Fantoches, robertos, marionetas, tudo bem.
São de aplaudir.
Mas os que o são a sério!

Abraço.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Inflação de afectos



Para mim, os afectos são o pilar da vida.
São o tempero do espírito.
São a alegria de viver.
Sem eles, a minha vida seria movida a carvão morrediço e sem chama.
Sem eles, a minha existência seria um deserto triste e árido.
Seria a sombra permanente a impedir-me de ver a luz.
Seria viver apenas empurrada pelo tempo.
Que passaria sem gozo nem prazer.
Os afectos são a minha força de viver.

Este fim-de-semana, as gentes da minha terra entregaram-me uma inflação desses afectos de que tanto gosto.
A surpresa foi boa de mais.
Vim com o peito cheio e o coração a transbordar.
O meu ego atingiu o clímax.
É por isso que nunca poderei desligar-me, e nunca perderei de vista as minhas origens.
Aquela gente que gosta de mim, merece o que de melhor eu tenho para lhes dar: respeito e muita, muita consideração.
É por isso, também, que o meu pensamento todos os dias passa por aí e se queda um pouco.
Fico assim mais completa.

Um abraço de apreço para todos e um «muito obrigada» cheio de gratidão.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A memória dos sons




O nosso cérebro alberga tanta informação...
É espantoso como guardamos tantas memórias.
Com maior ou menor importância.
Admiro ainda mais como se guardam igualmente os cheiros e os sons.

Sim, hoje apeteceu-me falar dos sons.
Dei comigo a recordar os que ouvi ao longo da minha existência, no meu torrão natal.
Há um que recordo frequentemente: o som das rodas dos carros das vacas.
Que, mansas e submissas, puxavam o carro que rolava as rodas no chão da minha rua.
Despertei muitas vezes com aquele som pesado que, no meio do silêncio se fazia ouvir quase como se surgisse das entranhas da terra.

Ou o som do trotar dos burritos que, humildemente, recebiam dos donos chicotadas e impropérios, para que caminhassem mais depressa.
Esse apertava-me o coração.

Também as cabras e as ovelhas deixaram na minha memória auditiva o som dos seus chocalhos pesados.
Som monótono e barulhento, acompanhado do balir que é próprio daqueles animais.

Outro som que não esqueço é o da água que saía das bicas do chafariz à minha porta.
Adormecia e acordava todos os dias com o som do seu correr monótono e persistente.
Esse, para mim era música de nanar.
Até o som da água a cair dentro dos cântaros de barro e nos regedores de lata, tenho ainda registado nos meus ouvidos.

São memórias que me fazem feliz e me ligarão para sempre ao meu passado.
Muito mais sons haveria para mencionar.
Hoje ficam apenas estes.
    
Sei que haverá alguém que viveu estas experiências e certamente vai gostar de recordar.
Talvez até pare um pouco, para ser transportado a esse passado.
Afinal, é ele que nos mantém presos às nossas raízes.
E claro, à nossa identidade.


Um abraço.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O descrédito total




O governo vigente bate o recorde do descrédito.
É inacreditável.
Não há semana em que não rebentem broncas.
O grupo de governantes parece que foi catado no meio da lixeira onde vai parar tudo o que já não faz falta.
Personagens sem qualidades.
Nem humanas, nem profissionais e/ou políticas.
No meio desta maralha, escapará um ou dois exemplares que, sozinhos, não têm força para manobrar o leme.
Onde terão sido desencantados todos estes espécimes?
Em que sucateira estariam depositados?
É preciso pontaria para acertar em tanta falta de capacidade!...

Que figura triste faz o nosso país ao passar esta imagem!
Um país que já mostrou tantas vezes do que é capaz, está entregue a meia dúzia de figurantes sem mérito.
O pior de tudo é que entram e saem do governo, com a mesma falta de vergonha.
Não se lhes vislumbra no rosto qualquer espécie de constrangimento.

Triste, triste, triste, ter que viver às ordens de quem nem mandar sabe!... 

Desejo-te melhor sorte, meu país.


Abraço.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

As férias






















Pode começar por ouvir o Hino à Alegria







Se olharmos para trás, o tempo fica lá longe.
Cada vez mais distante.

Às vezes, corre veloz.
Outras, deixa-se saborear e quase mastigar.
O tempo está colado à nossa pele, às nossas recordações.
Ao nosso corpo, à nossa memória.
Deixa marcas muitas vezes irreversíveis e bem incrustadas.
Deixa memórias que nos assaltam e nos levam até sítios e situações que pensávamos nunca mais viver ou sequer rever.
O tempo é um companheiro presente.

Estava aqui a pensar que já não escrevo há alguns dias e que me está a fazer falta.
Tenho estado mais ou menos em regime de férias.
Então, fazer o quê?
O melhor será arrancar de dentro de mim o que sinto e partilhar.

As minhas férias de jovem.

Estão muito longe no tempo!...

Quando chegava a altura, a ansiedade, a alegria e a contagem decrescente dos dias eram uma constante.
A mala ficava pronta muitos dias antes.
O tempo passava lento e os dias eram longos demais.
Quando chegavam as férias, logo de manhã bem cedo e depois de uma noite curta, era finalmente a hora da partida.
O corpo e o espírito palpitavam de alegria.
Aquela mudança era mesmo necessária.
As rotinas precisavam de ser alteradas.
O contacto com a família e com os locais onde nasci eram uma necessidade.

A chegada era uma festa.
Só que depois vinha o odioso da questão.
Aquele mês passava demasiado depressa.
O regresso era sempre complicado.
O aconchego e o carinho sabia a pouco. 
A melancolia era inevitável.

O tempo.

Aquele que marca e deixa saudades.

Abraço.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Juiz, mas calma aí

 




Senhor juiz, excelência.
Que pena só agora saber da vossa existência!
A minha vida teria sido muito mais animada, se vos tivesse conhecido antes.
Certamente até as crianças que ajudei a crescer teriam sido mais felizes.
Talvez pudessem ter esquecido o excesso de tempo que estavam no infantário.
Talvez, quem sabe, esquecessem o pouco tempo que os pais, coitados, tinham para lhes dar!... 
Pessoalmente, teria de certeza aderido à sua tese.
Bebia-lhe uns copitos de vez em quando e o tempo seria mais animado, leve e produtivo.
As criancinhas, essas, iriam divertir-se muito mais.
E por que não umas pinguinhas a elas também? Sempre adormeceriam mais calmas…

Eu, de voz entaramelada a contar estórias e a cantar cantigas!...
Gaguejando, claro, e a ir de encontro às cadeiras e mesas.
A estatelar-me no chão, borrachinha que nem um cacho!...
Pensariam que era uma dramatização e então é que seria o delírio, com elas a colaborar.

Pois é, excelência.
Pena, pena, pena!
Os copitos que eu não bebi.
Como a minha vida teria sido uma reinação comigo assim, feita uma esponja.
A animação que eu e o meu grupo de crianças perdemos!
A qualidade de trabalho que nos escapou!

Diga-me, excelência.
Onde é que o senhor exerce?
Tenho que descobrir.
Quero ouvir de viva voz as suas sentenças.
Quero vê-lo a sair do tribunal ainda de toga, e de braço dado com os seus arguidos.
Divertidíssimos, a dirigirem-se para a tasca mais próxima, emborcarem mais um copo de três.

Bonito serviço, este!...
Afinal ainda há mais bebedolas ao serviço do povo do que eu imaginava!
E não há quem os controle?

Agora compreendo algumas decisões de certa justiça!...

Está bonito o meu país. 


Abraço.