sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mantas














As mantas são uma peça muito apetecida sobretudo no inverno ou dias mais frescos.
São objectos desejados, que aquecem e dão conforto.
Envolvem-nos num aconchego e bem-estar, que nos faz sentir bem e protegidos contra o desconforto do frio.
Pessoalmente gosto muito de me enrolar numa, aconchegar-me no sofá, quando lá fora faz frio ou chove.
A ler um bom livro, a ouvir uma bela música tranquila e quiçá, a dormitar um pouco para limpar o cérebro das impurezas da vida.
Há uma «manta» que parece gelada e que me reconforta.
Que treme, mas que me dá calma.
Que é transparente e me dá calor.
Que é enorme e não cabe no meu sofá.
Mas cabe nos meus olhos e enche-os de fantasias de mil cores e de realidades que só
ela me mostra com clareza.
É o mar.
Quando está sereno e manso.
Quando me deixa o coração quente e a alma cheia.
Estava assim hoje.
Convidava a enroscar e ficar ali sem mais mundo.

Abraço. 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Corações sem ternura











Há corações assim.
Vazios.
Cheios de desamor.
Vazios de afecto.
Cheios de raivas.
Cheios de rancor.
Corações amargos.
Que não sabem amar.
Corações infelizes.
Que vivem sem amor.
Que ninguém ama para a vida.
Corações egocêntricos.
Corações insanos.
Que vivem para a intriga.
Que promovem a discórdia.
Que rejubilam com ela. 
Que enganam.
Corações que, parecendo alegres, vivem numa solidão de morte.
Que moem e remoem, no arranjo da próxima maldade.
Que se alimentam do mal.
Carnívoros por natureza e opção.
Continuem, corações sem esperança, para o precipício que se avizinha!...

Abraço.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Há dias e dias









Os dias repetem-se.
Um após o outro.
Há dias bons, muito bons e também há dias maus e muito maus.
É assim ao longo da nossa vida, seja ela curta, comprida ou assim-assim.
É claro que desejamos todos que os nossos dias sejam óptimos.
Mas…
Nem sempre esse desejo se concretiza.
É a lei da vida.
Muitas vezes por motivos alheios á nossa vontade, outras…
Se pensarmos um pouco, honestamente, às vezes somos nós próprios os mais responsáveis por esses dias maus.
Nem sempre conseguimos ser gente resolvida.
Agimos de cabeça quente, de forma instintiva e irreflectida.
E lá está, fazemos os nossos próprios dias maus.
Nenhum de nós com o mínimo de bom senso e a posteriori, pode ficar feliz com um gesto menos correcto.
Ou então precisamos de ajuda e nem damos conta.
Só os irresponsáveis e os loucos não dão conta que erram.
Então porque não evitamos estas situações?
Porque somos humanos e falíveis.
Porque somos demasiado orgulhosos.
Reparar o erro é coisa difícil!...
Parece muito complicado assumir.
Reconhecer, vergar perante o erro.
Achamos que o nariz fica melhor em pé (ou empinado, como costuma dizer-se).
Daí, os dias maus.
Ficamos descompensados e infelizes, intratáveis e à beira de uma apoplexia.
Não fosse assim e seria a completa falta de responsabilidade humana e cívica.
Seria bem melhor procurarmos ser menos instintivos e mal formados.
O convívio com gente boa ajuda.
A boa literatura, ao invés de nenhuma ou de literatura barata que se mete pelos olhos dentro, é uma forma de formarmos com algum cuidado a nossa personalidade.
Aprende-se muito e normalmente quase sem se dar conta.
Começamos a mudar para melhor a nossa forma de estar na vida.
A ter mais qualidade em termos de pensamento e de relação.
Não é por acaso que a nossa vida fica mais leve e serena.
A partir daí, os tais dias bons, muito bons ou óptimos vão surgindo, quase que por magia.
É preciso elevar o nível.
A elevação é uma boa opção.
Hoje estou num dia bom.
Há muitos anos que trabalho para isso.
Puxei pelo bom que aprendi e recebi.
Obrigada à vida, obrigada a quem me proporcionou esta forma de estar.
E já agora e sem falsas modéstias, a mim também que me abri a aprendizagem.
Continuarei sempre, até ser possível.    
Hoje, para mim, é um dia especial.

Um abraço especial também.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os olhos









Os nossos olhos são os comunicadores da nossa alma.
Eles são os transmissores do que sentimos.
Arrebatadores, alegres, melancólicos, tristes, furiosos ou perdidos e sem norte.
Não há como disfarçar.
Os traumas, os desgostos e a alegria de viver estão ali.
Sem farsas, ainda que não queiramos.
Dou comigo às vezes ao espelho distraída a cuidar de mim, e quando me fixo nos meus olhos, perguntar-me: que olhar é este?
São as marcas da vida reflectidas e sem máscara.
Eu própria.
Dulce Martins.
Também acontece o contrário.
Os olhos brilham, sorriem e, divertidos, transmitem alegria, leveza, o gosto pela vida.
Felizmente também há momentos desses.
São esses que dão brilho à vida, que nos fazem esquecer o que nos desgosta e nos mostram outros aspectos bonitos da vida.
Felizmente também os há.
E são muitos.
A vida tem que ser encarada com os ingredientes todos.
Uns sabem-nos melhor que os outros, mas é esta a realidade.
Os nossos olhos é que são indiscretos e desvendam mais do que deveriam!…
Seria muito bom que não houvesse motivos para, de vez em quando, termos um olhar
triste, mas isso só seria possível num mundo perfeito onde não existisse sofrimento.
Obrigada à natureza pelos olhos que nos deu, independentemente do sentimento que poderão mostrar.

Abraço.

sábado, 23 de abril de 2011

A menina mulher











Era uma vez uma menina a quem deram tudo.
Até aos catorze anos nada nem ninguém lhe faltou.
Era feliz e adorava a vida que lhe proporcionaram.

Um dia, os pais saíram de madrugada para o negócio de família.
Disseram-lhe: «até logo», e ela continuou o seu sono tranquilo na sua cama confortável.
«Até logo», disse meio a dormir.
O dia passou, ela esperou, e o carro que lhe deveria trazer os pais tardava.
Esperou, esperou, e quase desesperou.
Era alta noite e ela sozinha, sem qualquer notícia.
Chamou uma amiga para partilhar com ela a angústia, e com ela passar a noite que não terminava.
Passou.
Numa aflição de morrer.
É claro que não dormiu.
É claro que sentiu que alguma coisa não estava a ser normal.
O telefone tocou às oito da manhã.
Correu a atender tremendo.
A notícia caiu que nem uma bomba.
«O teu pai sofreu um enfarte e teve que ir para Lisboa para o hospital».
(Estavam em Castelo Branco).
«A tua mãe foi com ele, é coisa grave.»
Assim, a seco.
Ao telefone.
Sem calor por perto.
Uma crueldade desumana.
E eram só seis quilómetros.
E tinha carro, aquele senhor casado com uma sua prima direita.
A menina ficou sem chão.
Aquela que até aí tinha sido menina mesmo, de repente limpou as lágrimas e fez-se mulher.
Assim, de repente sem transições, abruptamente.
Um abanão brutal que lhe abalou todas as suas estruturas ainda em construção.
Um verdadeiro tsunami atingiu todo o seu ser psicológico.
Coisa séria.
Deixou marcas, grandes, invisíveis mas profundas.
Sozinha, entregou-se da casa.
Decidiu de repente que iria ser forte e fez-se mulher.
Tinham ficado no curral três porcos grandes.
Era preciso cuidar deles.
Um tio amigo apanhava a comida e entregava-lha em casa, ela fazia o resto.
Sem experiência, sem prática, aprendeu depressa a lição que os tios lhe deram.
Cuidou de tudo como se estivesse habituada.
Tratou da casa, com empenho e brio.
Parecia uma mulher experiente.
Passou um mês quase sem notícias.
Os telefones não abundavam.
Foi para aquela menina uma tarefa longa e gigantesca.
Desempenhou-a com orgulho e brio.
Os pais regressaram, apareceram à meia-noite.
Não os esperava.
Quase lhe saltou o coração.
O pai regressou de ambulância.
A mãe acompanhou-o numa tristeza.
Tudo mudou.
Um mundo novo à sua frente e sem regresso aparente.
Incapacitado para o trabalho, foi o início do fim.
Outro enfarte levou-o para sempre, no fim de dois anos difíceis.
A menina nunca mais pôde ser como era antes.
Agarrou-se á vida para poder sobreviver junto com a mãe jovem, de quarenta e seis anos.
O pai foi-se aos quarenta e oito.
Os dias felizes fizeram-se noites escuras.
A alegria foi interrompida e nunca mais foi como era.
No seu lugar estava um peso imenso que demorou a desvanecer-se.
Foi neste cenário que acabou o seu crescimento, e formou a sua personalidade.
Toda a gente gostava muito dela, à distância.
Muito poucos lhe puderam ser úteis.
Só alguns, que guardará para sempre no seu coração magoado.
Quem se atreverá ainda a incomodar o sossego desta menina velha guerreira?
Só alguém insensível, e que nunca quis tomar conhecimento sério.
Insensibilidade? Desprendimento? Sadismo?

Abraço.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Violência selvática










Foi notícia na comunicação social de ontem um ataque selvático contra um cidadão anónimo, que tranquilamente se deslocava numa rua de Braga.
Não, não foi um analfabeto qualquer sem acesso à escola, à instrução.
Foi um rapazinho de vinte anos, um daqueles que teve possibilidade de chegar a uma universidade, que teve portanto a oportunidade de se cultivar, de aprender a comportar-se em sociedade. Só que não passa de um iletrado em termos de cultura e civismo.
Não soube aproveitar.
Deu de barato a sorte que muitos desejariam ter e não conseguem.
Não só por falta de oportunidade, mas também por falta de meios, pois como sabemos o ensino e tudo o que o envolve, em Portugal, não são grátis.
Pois este cidadão que teve esta oportunidade, deixa uma imagem suja da aprendizagem na faculdade que frequenta.
Qual animal sem freio nem cabresto, segundo consta, alcoolizado e por causa de um cigarro, imagine-se!
Pumba, desata a zurzir pontapé no pobre cidadão incauto que passava.
E mais, sob o olhar provavelmente imbecil, provavelmente também alcoolizado, daqueles que o acompanhavam.
Vinham da «festa» da queima das fitas.
Alguém que olhe para quem apoia e aprova aquele destempero.
Aliás é frequente ouvir relatos de violência destas mega-«reuniões».
Estas «festas» a que eu já assisti mais que uma vez, são um autêntico descalabro em termos de bom senso e civismo.
Para manifestar a alegria que extravasa, não será preciso deixar de ser civilizado.
O que é pior ainda é que os progenitores destes génios da incivilidade, que tudo fizeram para lhes dar um futuro promissor, tão embevecidos com os seus meninos, acham graça a todos esses exageros que se passam debaixo dos seus narizes.
Não conseguem alcançar que, por de trás destas manifestações de alegria, estão cérebros mais ou menos esvaziados e alienados. 
Ó Santa Maria.
«Tem pai que é cego».
Pelo menos os responsáveis pela educação que abram os olhos.

Abraço

terça-feira, 19 de abril de 2011

Respeito












 
Há muitos anos atrás, esta palavra respeito era uma palavra de respeito mesmo!
Todos nós, os dessa geração, tínhamos o brio e o orgulho de respeitar os mais velhos e todos aqueles que nos rodeavam, mesmo que fossem nossos iguais.
Havia o culto do respeito e da educação.
Hoje são poucos os que sentem essa necessidade.
Antes pelo contrário, orgulham-se da falta de educação, exibem-na e fazem gala dela.
Porquê?
É caso para pensar.
Se não andarmos muito distraídos, é fácil tirar conclusões.
Ao andarmos na rua é ouvir o chorrilho de palavrões que são largados sem pudor e com a maior naturalidade, sem olhar a quem vai ou vem.
É vermos a forma como os filhos se relacionam com os pais e vice-versa.
É vermos o desprezo e a deseducação com que os alunos e os professores se tratam.
É olharmos para a forma como os idosos são tratados e desprezados.
É vermos como a maior parte das pessoas comuns se tratam entre si.
As traições entre os casais são apanágio de muitos, sem qualquer pudor.
Fazem até gala disso.
O respeito e a educação não passam pela cabeça de muitos que têm a obrigação de educar.
Pessoalmente penso e sei que há muita gente responsável que pensa como eu, que os pais e a escola deveriam ter, obrigatoriamente, essa tarefa como prioridade.
Por maioria de razão.
Os filhos têm como modelo os pais.
São e serão, quer queiramos quer não, o que virem e ouvirem.
Esta verdade é incontestável.
Então quem é que errou e continua a errar?
Não nos podemos admirar quando os filhos se revelam desprovidos deste e doutros valores tão necessários a uma boa convivência
Há que pensar seriamente neste facto.
Interrogarmo-nos e tentar remediar esta falha evidente.
Educar é antes de mais dar bom exemplo.

Abraço

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lacraus e outros rastejantes








Todos os rastejantes me repugnam bastante.
Mas uns mais que outros.
Os lacraus por exemplo, que permanecem debaixo das pedras em letargia por largo tempo.
Quando acordam, injectam o seu veneno no mais distraído que lhes aparece.
Esta bicharada rastejante, às vezes até é atraente, mas quanto a mim, estes não são o caso.
São apenas venenosos e agressivos.
Coitados são o produto que a natureza criou.
Defendem-se daquilo que julgam ser um perigo à sua rastejante vida.

Também há pessoas assim.
Disfarçam-se de boazinhas, mas destilam veneno por todos os poros.
Mas aí é grave, porque isso é feito com plena consciência dos seus actos.
Não magoam: indignam.
Aí, muitas vezes os genes têm grande parte da culpa.
Somos todos igualmente atingidos por eles.
Quando não conseguimos controlá-los, portamo-nos como os lacraus – só que nós somos humanos.
O que devemos fazer quando somos atacados?
É ficarmos na caravana a ver a paisagem.
Essa sim, muitas vezes merece a nossa atenção.

Abraço.

domingo, 17 de abril de 2011

Solidão














Quando contacto pelo telefone com a minha aldeia, há sempre um lamento que surge durante a conversa.
«Não há cá ninguém, é uma tristeza».
Nota-se na voz uma tristeza solitária, que não pode deixar de perturbar quem ouve.
A realidade é dura.
A solidão instala-se e torna-se numa forma de vida.
Triste e sem perspectivas de melhores dias.
O nosso interior, há muito deserto, parece não ter volta.
As pessoas que o habitam são vítimas disso e sentem-no na pele.
O êxodo dos mais jovens para as grandes cidades deixou os mais idosos sem amparo e sem companhia.
Enquanto são capazes de se bastar a si próprios, a situação não será tão penosa, mas quando essa autonomia acaba, é a tal angústia que se instala e traz consigo a palavra terrível que pode assustar qualquer um.
Solidão.
Quando as obrigações profissionais, as rotinas da vida, nos impedem de estar presentes, a única solução seria esses idosos virem até nós, mas nem sempre é fácil a adaptação de um idoso a um mundo que não lhe diz nada, com que não se identifica.
Normalmente é um atalho para o fim.
Qual então a solução para este problema do isolamento do interior?
É urgente pensar nisso.
Os nossos idosos merecem.

Abraço.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Intimista














Este blogue é por vontade minha um blogue intimista.
«Despejo» nele todo o meu sentir sobre os mais diversos assuntos e também sobre o modo como me ocupo.
Sei que corro o risco de que alguém pense que falo muito de mim
Mas se é um blogue criado para desabafar, eu também preciso de o fazer.
Depois penso que, enquanto há pessoas que desabafam com outras pessoas, eu encontrei esta forma virtual de o fazer.
E sem qualquer problema de tornar públicas as minhas opiniões e preocupações.
Apercebo-me que as visitas se vão multiplicando.
Penso que não se tratará só de espreitadelas!
Seja lá o que for, sinto-me bem a partilhar as minhas preocupações, as minhas alegrias e algumas inevitáveis angústias.
Desde que tenho o tempo mais livre, gosto de o aproveitar de uma forma que considero útil.
Para lá doutras coisas, leio, faço ginástica, observo a natureza, converso com o mar e gosto muito de pensar, de reflectir e de tirar as minhas conclusões.
Está a ser um momento fértil da minha vida em termos de reflexão.
O tempo livre beneficiou-me neste aspecto.
Levou-me a descobrir o que havia em mim e que eu desconhecia.
O gosto de escrever e o gosto pela partilha. 
Quando é que esta vontade de escrever e de partilhar se esgotará?
Quando acontecer, tranquilamente, encerrará o blogue.
Até lá, escrevo com prazer.

Abraço.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mediocridade















É com tristeza que nos damos conta de que, em cada dia que passa, fica mais acentuada a mediocridade de carácter e de ideias que passa à frente dos nossos olhos.
Os valores estão perdidos, o espírito ausente do que é essencial e o único objectivo são os bens materiais e o dinheiro.
Estamos rodeados de um grande número de gente sem valor, que no mínimo nasceram com um defeito de fabrico.
Os problemas a sério passam-lhes ao lado, e alegremente prosseguem, passeando a sua ignorância e as suas pobres vidas, qual imbecis cheios de si.
É gente desta estirpe que já se encontra em lugares de destaque, e irá aumentar nos próximos anos.
Os cargos de chefia e de altas posições no governo e outros lugares de responsabilidade serão assaltados pela incapacidade e incompetência que está agora a desabrochar.
Aqueles que pensam, não podem deixar de ficar apreensivo.
Caminhamos a passos largos para um mundo ainda mais vazio do que aquele que já existe neste momento.
Não se antevêem melhoras.
Seriam precisas várias mexidas de fundo.
Um trabalho e um empenho hercúleo o que, com estes governantes tão pouco preparados para trabalhar em prol do bem comum, é impensável.
Têm outros interesses.
Como por exemplo servirem-se a si próprios.
Parafraseando alguém que também se preocupa com esta falta de pudor vigente, «vivemos num mundo cão, sem desprimor para os cães».
Valham-nos os valores, a integridade, o carácter e a honestidade perdidas.
Alvíssaras a quem os encontrar.

Abraço.     

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Desilusão










Desde as primeiras eleições democráticas, foi a primeira vez que mudei o meu sentido de voto.
Fi-lo por dois motivos.
Primeiro porque o partido a que sempre fui fiel, não me oferecia alternativas para que o
o País, já de rastos, tivesse alguma hipótese de mudança.
Depois, porque a figura em quem apostei me merecia toda a confiança e respeito.
Uma pessoa que, não sendo político, é um ser humano que, julgava eu, nunca atraiçoaria quem nele votasse.
Quanto a mim, reunia todas as condições para ocupar o cargo ao qual se propunha: Presidência da República.
Foi com muita surpresa e com um pouco de revolta que me dei conta de que me enganei.
O meu voto foi roubado.
Sim, fui levada ao engano.
O doutor Fernando Nobre enganou-me.
Afinal é igual aos outros que prometem e não cumprem!
Afinal também ele faz jogadas políticas.
Não foi para isto que votei nele.
Não foi para ter mais do mesmo!
Chega de charlatães.
É grave a sua atitude.
Desrespeitou muita gente.
Muita gente que, como eu, foi confiante à procura de mudança.
Assim não, doutor.
Admiro-o como humanista e profissional.
O político não me engana mais.
Chiça!...

sábado, 9 de abril de 2011

Frontalidade















Ser frontal é sem dúvida uma qualidade.
Muitas vezes paga-se cara.
As verdades são sempre difíceis de ouvir e sobretudo de assumir.
Quem as diz, ainda que ache que tem que as dizer, fica com o ónus da antipatia.
Às vezes é admirado, outras é odiado ou lá próximo.
Depende da perspectiva.
Pessoalmente aprecio a franqueza.
Não sou de fazer jeitos para agradar.
Nunca dei graxa ao chefe para obter qualquer tipo de benesses.
Nunca entrei em jogadas.
Nunca entrei em compadrios.
Gente dessa não faz parte do meu horizonte de vida.
Disse sempre o que pensava mesmo que soubesse que estava a remar contra a maré.
Gosto de me apresentar com a coluna vertebral direita e olhar os outros nos olhos.
Talvez por isso seja tão selectiva nas amizades.
Mesmo assim, vou tendo e de que maneira, as minhas decepções, as que apanham de surpresa a minha ingenuidade e boa-fé.
Levo pancada e não aprendo.
Mas o facto é que não me ensinaram a ser cínica.
Não cabe na minha maneira de ver a vida.
Sabe-me melhor ser eu mesma, autêntica e verdadeira, sem ter que me pôr de cócoras.
Obrigada a quem me educou e posteriormente ajudou na minha formação como ser humano.
Vertical e sem artifícios. 
Não concebo a vida de outra forma.   
Sei que há quem não aprecie.
Está no seu direito.
Até porque tem a vida bem mais facilitada.
Ser verdadeiro dá muitas preocupações.

Abraço.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A comunicação hoje














Hoje em dia, a comunicação é praticamente só virtual.
Comecei por receber mal esta forma de contacto.
Acho uma forma de comunicar impessoal e sem a força dos afectos.
Parece-me sempre algo frio e distante.
Neste momento ainda não me conformo.
Penso que nada vale mais do que uma boa conversa assim, olhos nos olhos.
Poder ver a cara, as reacções, e as expressões daqueles que nos ouvem e que ouvimos.
Poder, inclusive, tocar, se sentirmos necessidade.
Ver as expressões de tristeza, de felicidade ou revolta.
Ver a coragem que às vezes é precisa para dizer o que custa mas que é preciso dizer.
Há pessoas que se servem desses meios para esconder o rosto.
Para fazerem e para dizerem as maiores maldades.
Aquilo para que lhes falta coragem de dizer ao outro, e que assim escondidos dizem com o maior à-vontade e despudor.
Para mim isso é fraqueza.
Que valentões, convencem-se mesmo de que são fortes.
Pobres fracos!
É nessas alturas que apetecia mandar às malvas toda esta tecnologia.
Sei que as novas tecnologias são indispensáveis e necessárias neste modelo de mundo actual.
Já nada pode funcionar sem elas.
Mas pelo menos que não se abandonem por completo os contactos pessoais.
São relações muito mais afectivas e verdadeiras.
Esta é a minha forma de ver este aspecto da vida moderna.
Não é desfasamento, é apenas consciência da necessidade de contactos mais humanizados.

Abraço.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sem vontade












Há dois dias que não abro o meu companheiro computador.
Não me tem apetecido.
Coisa rara.
Desde que decidi fazer dele o meu fiel «confidente», sinto quase necessidade, ou dependência sei lá, de partilhar tudo com ele.
Acho-o um amigo, sempre disponível para me ouvir.
Nas horas boas, nas horas menos boas, lá está ele à minha espera para receber tudo o que preciso de partilhar.
Eu que não queria nada com estas novas tecnologias, fui «agarrada» à má fila.
Comecei e não quero outra vida.
E há mais.
Nunca na vida me tinha imaginado a escrever nada que não fosse por dever de ofício.
Houve um desafio mais ou menos brincalhão, respondi com uma gargalhada, mas ficou-me a ideia a bailar no espírito.
«E se eu experimentasse»?
Era um desafio.
Arranquei meio insegura e fui elogiada.
Achei piada.
Há coisas para as quais temos algum jeito, e que nunca foram estimuladas.
É bom haver formas que nos ajudam a aliviar o que temos alojado no cérebro.
Muitas vezes em amálgama, tudo mais ou menos desarrumado e confuso.
Assim pode organizar-se.
É apenas uma máquina, é certo.
Mas uma máquina que está ao dispor de quem me queira ler.
E querem saber uma coisa?
Segundo o meu contador de visitas, não são tão poucos assim.
Gostava de ser útil.
Já que mais não fosse, alertar e, se possível, ajudar a reflectir.
Obrigada pela paciência de me ler.

Abraço.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Velhice













O que é isso?
O que é isso que apavora qualquer um?
Que todos combatem e têm dificuldade em aceitar?
Em minha opinião, é apenas a vida que vai passando, experiências vividas e aquisição de conhecimentos.
E apavora porquê?
Porque o aspecto físico se vai degradando, as capacidades físicas e intelectuais podem diminuir, vão aparecendo mazelas que só imaginávamos nos outros etc..
Para atenuar alguma dessa realidade, há quem recorra a artifícios como as cirurgias plásticas, os botox, etc. (isto no caso do aspecto, da degradação física). 
Quanto a mim, tudo não passa de uma ilusão.
É apenas falta de preparação e de coragem para enfrentar a realidade da vida.
Claro que não é motivo para comemorar a chegada lenta e ameaçadora desta etapa, mas também não é motivo ficar a pensar que é uma tragédia e que tudo acaba ali.
É claro que vai acabar um dia, mas até lá há que reverter a situação e pensarmos que a juventude passou, mas que ficou a experiência.
Só temos que pensar que a vida tem leis que não têm volta, e aceitar isso naturalmente.
Nada trava o curso natural das coisas.
Aceitá-las com calma e naturalidade é uma forma inteligente de reagir.
Penso que a única forma é não nos centrarmos nisso e encontrarmos objectivos que nos ocupem e preencham.
Qual velhice qual quê?
Há muito jovem por aí que apesar de o ser, é velho de mentalidade.
O cérebro está parado e sem necessidade de adquirir conhecimento.
É preciso que os mais velhos se tenham em boa conta, serem seguros do seu valor.
E demonstrá-lo.
O que interessa quem não alcança?
Temos pena!

Abraço.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Não, não é o céu








Dentro do meu carro, disposta a usufruir do que tenho de mais próximo, dou comigo
numa espécie de mundo imaginário.
Tenho a rodar um CD do Rodrigo Leão: uma belíssima faixa de música clássica.
Com os olhos postos na paisagem, vejo deslizar por cima do mar seis parapentistas em cadenciada sincronia.
Ironia ou não, o movimento parecia ter sido uma coreografia ensaiada para a música
que estava a ouvir.
Foi lindo, observar aquela união.
Em silêncio e com o zem…zem…da água a poucos metros.
Fechei os olhos e gozei a calma e beleza do local.
Podia ser um local exótico. Mas não: era «apenas» Portugal, Sesimbra,
Lagoa de Albufeira, sem a confusão do turismo de verão.
Para quê sair do país à procura de mais beleza?
Está aqui mesmo ao lado!..
Também assim se vão combatendo os aspectos menos bons da vida.
Com os olhos e o espírito ocupados e com esta realidade.
Pouco mais haverá para desejar.
Saúde, apenas, e paz.

Abraço. 

domingo, 3 de abril de 2011

E a política séria?














Não se vê.
Não se sente.
Cada vez desiludem mais os novos políticos.
Cada vez se instala mais a ideia de que a política deixou de ser um assunto que se fazia por gosto, desinteressadamente, quase por militância.
Tornou-se uma forma de vida.
E que vida!...
Aparecem-nos uns novatos engravatados e ar convincente (?) com discursos palavrosos e convencidos, que apanham os mais incautos com duas cantigas.
Onde andam os políticos experientes e sérios?
Quem poderá dar ouvidos e ter confiança em gente como aquela que se tem apresentado para resolver os problemas do país?
Se neste momento já estamos em saldo, o que resolverão os que se seguem?
Oportunistas emergentes que se querem apropriar do poder para subir na vida à nossa custa?
Encherem-se de dinheiro e poder para depois de servidos mandarem tudo às malvas e saírem para lugares ainda de maior destaque e com reformas chorudas?
Cuidado com as aparências.
Pôr um ar sério e simpático pode ser um engodo.
Se quisessem trabalhar a sério tê-lo-iam feito já.
Para quê gastar mais tempo e dinheiro ao país que está de tanga?
Neste momento acho que já nem interessa quem o pôs assim.
Foram muitos de certeza.
Era preciso apanhar os «cacos» e ajudar a sair do buraco em que estamos.
Políticos sérios, precisam-se.

Abraço.

sábado, 2 de abril de 2011

E o conhecimento?













É isso.
Para estar à frente de um infantário é preciso conhecimento profundo da matéria, muita sensibilidade e muita honestidade.
Sensibilidade em relação às crianças e também delicadeza, calma e imparcialidade no relacionamento com os adultos.
Quer sejam pais, quer sejam trabalhadoras.
Diria até que, principalmente, com as trabalhadoras.
Estar ao «comando» sem estas características, pode ser um desastre.
Já vi várias responsáveis não serem dignas desse nome.
Serem apenas figuras que estão ao serviço das direcções, «levam e trazem» sem se preocuparem minimamente em esclarecer os senhores que mandam.
E, ou por incúria ou por ignorância, mandarem às malvas a educação que deveria estar a ser praticada.
Passarem o tempo de rabinho sentado e sem a mínima preocupação com o que é mais importante.
Passam as mensagens todas a frio como se os assuntos não lhes dissessem respeito.
Tão seguros do seu papel, que tudo o que seja dito bate na sua incapacidade de resolver o que quer que seja.
A opinião dos trabalhadores é o que menos importa.
Estão ao serviço de quem mais pode.  
Essas «responsáveis» não têm qualquer perfil para a tarefa.
Só podem lá ter ido parar ou através de cunhas, compadrios e / ou por ignorância de quem os escolheu.
Qualquer pessoa minimamente esclarecida, ainda que não seja do ramo, entende isto.
Escusado será dizer, que esta situação não é producente.
Gera-se um ambiente de insatisfação, fricções, atritos e nada pode funcionar com seria desejável.
A responsável, muitas vezes deslumbrada com o pequeno poder que acabou de lhe calhar em sorte, desata a impor-se da pior forma.
Fica prepotente, cheia de si e com as costas quentes por quem não percebe nada do que se passa no terreno da educação.
Normalmente as direcções que estão à frente das instituições são constituídas por pessoas de boa vontade, que têm a sua vida profissional e que, não só não têm muito tempo para dedicar a questões que não seja a gestão financeira, como não têm conhecimentos de psicologia ou pedagogia.   
Também em alguns casos, eles se servem do tal pequeno poder, para subir socialmente.
É ver quem precisa à sua volta a mendigar um lugarzinho para a criança que já chegou ou está para chegar.
O mesmo se passa com a pessoa que puseram à frente do infantário. Se não houver imparcialidade, o poder é seu e a influência é total.   
Logo, quando, ou por falta de disponibilidade ou por conluio, só a sua voz é que conta, aquele que por acaso se atreva a contestar, normalmente leva um carimbo.
A partir daí, fica debaixo de mira.
Passa a ser um elemento indesejável.
Este é um problema comum a quase todos os infantários.
O caciquismo é rei e o conhecimento e a coragem não abundam.
É uma situação que pode passar despercebida àqueles que todos os dias deixam os seus filhos com confiança nas instituições.
É de ter em conta.
Muitas das questões que possam correr menos bem, e de que muitas vezes culpam apenas as trabalhadoras, têm origem em situações de mau funcionamento da chefia.
Barco sem leme, pode não chegar a bom porto.

Abraço.