www.youtube.com/watch?v=JIFWpMzwUnc
Chico e Zizi cantam "Pedaço de mim"
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Há sempre um dia, em que temos necessidade de nos refugiar da
vida buliciosa dos meios agitados.
Agora, com a chegada da primavera, apetece sair de casa e
contactar com o exterior.
Aqui, sentada ao meu computador, divaguei naturalmente.
Fui levada até um local da minha infância onde fui muito feliz.
Uma felicidade genuína que só se experimenta com o espírito
limpo e transparente da infância.
Esse local foi para mim muito especial e nunca esquecerei os
momentos quase edílicos que me proporcionou.
Foi na minha aldeia, na varanda do quintal da minha avó
Maria Isabel.
Era uma varanda virada a poente, onde o sol permanecia até
se pôr.
Para mim, um sítio de sonho.
Pelo silêncio, privacidade e felicidade que ali vivi.
E pelos afectos.
Tantos e tão saborosos.
- «Então filha, porque não vieste ontem?»
Aquela era amizade verdadeira e do coração!
Foram também esses momentos, esses contactos, esses afectos,
os responsáveis pelo meu equilíbrio e pela a minha alegria de viver.
As recordações mantêm-se vivas e as saudades perdurarão até
ao fim.
Daquela varanda onde, para além dos afectos, se ouvia o
silêncio, tinha-se também o privilégio de observar o campo no seu estado puro.
E a torre.
A torre da igreja, que entrava quase pela varanda dentro.
Dela partia o som das badaladas que se propagava a toda a
aldeia.
Fortes e impositivas.
Via-se, muito de perto, o ninho das cegonhas.
Voltavam sempre na primavera.
Um casal feliz, organizado e trabalhador.
Dava gosto observar a azáfama na preparação do «berço» para
os filhotes que haviam de nascer.
Em dias mais quentes, o estio quase tinha «som».
Digno de National Geograiphc.
Foram também momentos assim que me deram equilíbrio e uma
alegria contagiante.
Que estruturaram toda a minha personalidade e forma de ser.
A quietude, a paz, o equilíbrio e os afectos – tudo
essencial para o crescimento saudável de alguém.
Aquela varanda foi para mim um local de convívio, de
contemplação e de troca de ternuras, que marcou positivamente a minha vida.
Aquela varanda tem pedaços de mim.
Abraço.