Foi no dia vinte e seis de Abril de setenta e quatro.
Angola.
Mais propriamente, Cabinda.
Mais propriamente, Buco-Zau.
Uma pequena vila no meio da floresta do Maiombe.
Estava quase a fazer dois anos que eu tinha chegado.
Foi lá que fiquei «prisioneira», por amor.
Loucuras de juventude!...
A notícia chegou à boca calada.
«Há uma revolta em Portugal!...»
Meu deus!
O que será?
Diz-que-diz para cá…disse que disse para lá…
E passaram dois dias de grande agitação, incerteza e expectativa.
Ninguém sossegava.
Todos com muitas dúvidas, mas todos também com muita
esperança.
Finalmente a notícia fundamentada.
Um golpe militar derrubou o fascismo em Portugal!...
Fez-se festa.
A partir desse dia, nada mais foi igual.
Aquela guerra fratricida e sanguinária tinha os dias
contados.
Respirou-se de alívio.
Houve manifestações de alegria.
O sol ia voltar a brilhar.
Passaram três longos meses.
Quando cheguei a Lisboa, não conhecia o país que há dois
anos tinha deixado.
Havia gente na rua a sorrir e com manifestações de alegria.
Era a festa do povo.
Penso muitas vezes o que foi feito da festa e da alegria.
Agora, a festa é só de alguns, como há trinta e nove anos!...
Eu nunca a esquecerei.
Abraço.
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