segunda-feira, 22 de abril de 2013

O que faz falta




Neste tempo materialista em que vivemos, era preciso tempo.
Tempo para nós próprios.
Para estarmos uns com os outros, para dialogar, conviver e trocar afectos.
Era preciso que nos mimássemos uns aos outros.
Sem lamechices, com verdade.
Com amizade e com o coração aberto.
Era preciso que nos libertássemos de preconceitos antigos.
Daquele tempo em que se pensava que o toque, a ternura e os afectos, não faziam falta nas relações.
Em que se achava que para haver respeito era preciso que houvesse distância e frieza.
Em que os pais criavam os filhos sem os abraçar, sem os acariciar.
Em que os casais quase não se conheciam, porque era preciso respeito!...
Em que as manifestações de afecto eram consideradas actos menos dignos.

É claro que se evoluiu muito, mas ficaram sequelas.
Ainda que não queiramos, herdámos a matriz.

Somos, de um modo geral, avessos aos afectos.
Às manifestações de ternura, ao abraço, ao toque.
À convivência e ao diálogo com amizade e ternura.
Sem inibições.
Darmo-nos e deixarmos que nos dêem.
É o que falta neste mundo desumanizado.
Um mundo de gelo, onde o calor é frio.
Faz falta dar esse passo.
A vida seria certamente mais atractiva.
Faz falta gostar e mostrá-lo sem termos vergonha.
Sem termos medo de parecer piegas.
O que faz falta é que nos tornemos mais humanos.
Mais amigos.

Faz falta mesmo.

Abraço.

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