segunda-feira, 10 de agosto de 2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Em dia de ventania...
















O VENTO NÃO CALA A DESGRAÇA!...
A noite escorregou devagar e deu lugar ao dia, que se instalou de mansinho e calmo.
Eis que, de repente e sem nada o fazer prever, se ouve lá longe um rugido forte, que se espalhou, cortando que nem serra, a manhã quente e serena. 

Leia mais:
https://www.facebook.com/groups/DescendentesdoconcelhodoSabugal/permalink/871256682956385/

quarta-feira, 15 de julho de 2015

segunda-feira, 29 de junho de 2015

As tradições e as pessoas



















Penso que todos nós sabemos que as tradições fazem parte da nossa cultura popular.
Sou de opinião que se devem preservar para que não se perca a nossa matriz.
Penso ainda que com a evolução dos tempos as mentalidades também evoluíram e, por isso mesmo, houve que fazer alguns ajustes nessas tradições.
Por exemplo, estou-me a lembrar de uma tradição bárbara dos romanos, que punham cruzes ao longo dos caminhos e iam pendurando os ladrões!... Hoje, isso seria impensável. Teve que se pensar noutra alternativa menos violenta e mais educativa!
Isto para falar de um assunto que tem sido tema e que chocou muita gente! A mim, que sou uma amante de animais, feriu-me na minha parte mais sensível.
Nem sequer consegui olhar a televisão quando passaram as imagens de um ser vivo, neste caso um pobre gato, a ser queimado vivo numa qualquer festa de província!
Desliguei o televisor e saí enjoada e revoltada com tamanha crueldade!
Andei até hoje para conseguir pegar no assunto e falar dele.
E pergunto-me.
O que leva um ser humano a praticar um acto de tanta insensibilidade?
Esta tradição é uma daquelas que, penso eu, deveria ser reajustada!
Por exemplo, utilizarem um gato artificial, feito de um qualquer material de desgaste!
Todos nós temos obrigação de nos cultivar e angariar conhecimento, senão, seremos apenas a continuação dos trogloditas que nos precederam, mas agora engravatados!  
Quero, de todo, esquecer que isto aconteceu!...

Abraço.


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ó GENTE DA MINHA TERRA


 












Hoje, dirijo-me aos amigos, conhecidos e outros que não conheço, mas que gostaria de conhecer, descendentes da minha aldeia!
Penso que todos ou quase todos, conhecerão o facebook dos Descendentes do Concelho do Sabugal, certo?
Vejo de vez em quando e com muito gosto, alguns de vocês por aqui!
Tenho pena que não intervenham, não comentem e não se mostrem!...
Não sei se têm conhecimento que este face foi «herdado»! Sim, numa altura muito complicada da vida da amiga que o fundou, NATÁLIA BISPO, do Sabugal, que infelizmente partiu muito cedo da companhia de todos nós.
Pouco tempo antes de partir, pediu com mágoa a alguns amigos que não deixassem morrer este «face».
Só por isso o adoptámos e estamos aqui a dar-lhe a continuidade possível, com o máximo de qualidade que podemos.
Muita gente de todas as terras do concelho participa e comunica através dele.
É um «face» com características um pouco diferentes de muitos dos «faces» que conheço. Procura-se dar sempre que possível alguma coisa para alimentar o espírito e dar sobretudo a conhecer a todos bem melhor o nosso concelho!...
Isto para dizer que é com pena que não vejo o Casteleiro a participar, nem a interessar-se pelo que por aqui se vai fazendo!
Penso eu que seria bom para todos aproveitarmos este meio para nos aproximarmos, revivermos tempos inesquecíveis para todos e conhecermos melhor as nossas origens. E promover a nossa terra e as suas iniciativas.
Gostaria que pensassem nisto e metessem mãos à obra!...
Serão, de certeza, muito bem recebidos


Abraço a todos.

domingo, 21 de junho de 2015

AMOR













«Amor é fogo que arde sem se ver»...
Foi  Camões quem o disse.
Claro que isto fo há muiiiitos anos, quando ainda havia amor!

Hoje, agora, o amor é um sentimento em vias de extinção.
Aliás, como tudo o que seja sensibilidade, fraternidade, solidariedade, DIGNIDADE!...   
O mundo hoje, está transformado num caótico pântano de gelo, onde existem duas espécies de seres.
Os poderosos e os outros!
É um palco gigante, onde cada um mostra ao outro o que pode e até onde pode.
É nesta confusão de interesses, que se tecem as mais despudoradas negociatas.
É nessas relações de devassa,que se projectam rumos e se seguem trilhos obscuros.
É aí que se exibe uma confusão de relações de interesses, onde cada um faz o que pode.
Estamos perante um arrepiante salão de exposições de TER e HAVER!
Hoje, o Homem não vale pelo que é, mas pelo que tem.
Pelo que mostra nessas exposições onde os números são quem manda!
Aliás, os números tomaram a dianteira.
São eles quem comanda e são eles quem nos comandam.
O que é que nós somos, senão um número?
Neste mundo transformado em plataforma gelada, não há lugar para o amor!...
Camões, se viesse cá hoje acho que fugiria a tremer, do icebergue que encontraria!
Amor como aquele, esgotou! Afundou no mundo dos interesses, no mundo da corrupção.
Não é o nosso Portugal, aquele que todos acham lindo, o quinto país mais corrupto do mundo?
Porque será?   


Abraço.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

QUANDO OS HÁBITOS SE COLAM














Sabem quando estamos muito ligados a a alguma coisa ou a alguém?
Quando somos obrigados a deixar essa coisa ou esse alguém?
Ficamos meio perdidos e com um lugar vago no coração apertado!
Todos os nossos sentidos se agitam e desejam retomar  o que deixaram.

Faltam coisas em nós!
Faltam as RUAS que até então percorremos.
Faltam PESSOAS com o seu jeito de dizer e de estar.
Faltam os SÍTIOS que nos acolheram em momentos bons e menos bons.
As PAISAGENS que durante anos espreitámos ao levantar.
A QUIETUDE ou o SUSSURRAR das árvores tocadas pela ventania!
Os CHEIROS que ficaram colados à pele mas que cheiramos lá longe.
Os SONS, que continuam inscritos na nossa memória auditiva e que se ouvem, ouvem, ouvem!!!

Vamos lá saber porquê, há pelo menos três deles, desses  sons, que «oiço» com frequência!!!...
O som do sino da minha aldeia.
O som da água das torneiras do «meu» chafariz a correr ininterruptamente.
O som ronceiro dos rodados dos carros de vacas pela madrugada, a saírem para os campos.
Depois, o «som» do SILÊNCIO!
Em dias de calmaria e em noites de inverno!
Talvez por isso, o silêncio às vazes me seja tão caro!

Em tempos de tantos ruídos a esmo, e muitas vezes sem sentido, o silêncio para mim, ainda é de ouro!


Abraço.     

sábado, 30 de maio de 2015

CONTACTAR É PRECISO

internet-02


O contacto entre as pessoas é indispensável.
Só assim acontece o diálogo,o  conhecimento, o convívio e a troca de ideias.
Então porque é que, estando nós na era das comunicações, há cada vez mais gente isolada e sem contacto com os outros?
Porquê este mutismo e esta ausência de comunicação entre as pessoas?
Não fossem as páginas de facebook e outras tecnologias, e seríamos uns seres meio anti-sociais que vagueávamos por aí indiferentes e sisudos.
Apesar de não ser o ideal, tendem a substituir os convívios de antigamente,embora com uma grande senão!
Não há olhos, não há gestos nem expressões que pelo menos para mim são tão importantes para esta coisa do conhecimento da alma de cada um !
Apesar disso, tenho que reconhecer que do mal o menos.
Sempre estamos acompanhados e chegamos a sítios a que, não sendo assim, talvez nunca chegássemos!...Chegamos a pessoas e locais, que certamente ficariam para nós perdidos no tempo e no espaço.
  
Eu que até era avessa ao facebook por achar que era um veículo de futilidades, dei-me  conta de que só será assim se nós quisermos e entrarmos por essa via tão «pobre» e de gente tão «pobre»!
O que tenho estado a registar é que, sem este meio de comunicação, nunca teria conhecido tão bem por dentro o meu concelho!
Quando através das fotos que me têm chegado me dei conta de que era tão bonito, senti-me até constrangida por o conhecer tão mal.
Isto só porque durante muitos anos se guardam imagens que neste momento e com a evolução, já não correspondem às de então!
O comodismo e a inércia levam-nos à falta de curiosidade em actualizar o conhecimento.

Gosto de pertencer a este grupo (Descendentes do Concelho do Sabugal) e gosto de quem colabora nele com alma, com respeito e cada um dentro das suas capacidades!
Há uns dias um senhorito qualquer dizia que neste grupo não sabiam falar português!
Coitado!
Ignorância maior é desconhecer que há portugueses que, por necessidade, há muitos anos que estão ausentes e perderam quase o contacto com a sua língua de origem.
Esses, merecem um elogio especial.
De um modo geral, estamos todos unidos e  interessados em não perder o contacto com os nossos e em promover o que existe em cada um dos nossos sítios!


Abraço

terça-feira, 19 de maio de 2015

A Família ainda existe?

























De há alguns anos a esta parte, a instituição Família perdeu a identidade.
Desmembrou-se, anulou-se e desresponsabilizou-se!
As famílias tradicionais não têm mais lugar nesta sociedade de consumo.
As gentes  de hoje entregaram os pontos e renderam-se ao supérfluo, e  à ganância.
Dinheiro, casonas, carrões, tecnologias e vidas folgadas.
O essencial deixou há muito de ser suficiente e as pessoas querem mais, muito mais!...
Os ordenados são curtos? Arranje-se mais qualquer coisa, mais um emprego, mais um extra que ajude aos devaneios!
É preciso ombrear com com os outros!
Trabalhar das oito às tantas da noite se for preciso e fazer o que for preciso.
Adquirir todas as tecnologias topo de gama, os ténis e a roupa de marca para os seus meninos!
Enquanto isso, esses mesmos meninos, rodeados de tudo e de nada ficam dias e dias sozinhos e entregues a si mesmos e às «coisas» que os seus papás com tanto esforço, lhes entregaram de mão beijada!
Só que não estão contentes ainda, nem felizes! Falta-lhes algo!
Algo que esses objectos todos não lhes dão: amor, afecto e presença!
Falta-lhes a âncora que lhes daria segurança e os ajudaria a preparar a entrada nessa aventura que é a vida.
Ficam de mãos cheias e de espíritos vazios!
Ninguém teve tempo para lhes passar valores, educação e afectos.
São clones das máquinas e agem como elas. De forma fria, caculista e insensível!
Porquê então tanta admiração com a violência, com a falta de educação e com a crueza de actos que se vêm praticando?
Porquê a proliferação de tantos energúmenos sem controlo e enlouquecidos?  
Uma grande reflexão precisa-se!

Abraço.    


quarta-feira, 13 de maio de 2015

A VIDA NÃO É SÓ O QUE SE VÊ

















Depois de uma aula de Ginástica Localizada acompanhada dos Queen e outros de igual teor, fui para o balneário tirar o suor, levar com um jacto de água para relaxar e, reconfortada e fresca que nem uma alface, vim para a minha vida diária.
O almoço, a casa, o jardinzito, os gatos!...

«Dulce! Vem-te informar de uma coisa que interessa saberes»!

Parou tudo.

Escutei, apertou-se me o coração e uma humidadezita espreitou ao canto do meu olho.
Afinal confirma-se. A vida não é só o que se vê e o que parece!
A vida é um teatro, uma fita em que nós somos os personagens.
Às vezes mascaramo-nos de palhaços, outras vezes encarnamos papéis dramáticos, quais actores no palco.  
E que bem que representamos!
Tão bem, que quando resolvemos encarar-nos a ficha cai e o teatro vai para intervalo.

Pois é.
É nesses intervalos, nesses momentos em que não há máscara, que somos só nós connosco e com a nossa realidade, que a coisa custa ainda mais.
A realidade é demasiado dura! É demasiado nua e crua.
Aguentamos?
Nem sempre.
Há momentos de desalento, de desespero.
Voltamos a pôr a máscara e prosseguimos o caminho que, embora tortuoso, tem que ser feito caminhando.
Ainda que isso implique máscaras, teatro e outros artefactos semelhantes!...

Abraço amigos, fiquemos todos com os nossos disfarces.
  

segunda-feira, 4 de maio de 2015

EGOÍSMO




















Palavra fria.
Fechada, feia e amarga.
Egocêntrica e cega.
Altiva, convencida e confusa.
Sem memória, nem gratidão!
Sem sensibilidade nem amor!
Sem ternura, nem solidariedade!
Palavra sem pontas nem laços!
Sozinha entre gentes!
Sem princípios, desprovida e desleal!

Egoísmo: círculo fechado, rodopiando em torno de si e para si.
Pedra de gelo, dura, onde nem a poesia entra.
Mundo pequeno!

Egoísmo!O pântano da futilidade!...
O pântano do nada!


Abraço.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

MÃE















Mãe, nome pequeno e doce!
Magia terna de amor.
Laço apertado e forte.
Fonte abundante de afecto, que se estende sem porquês.
Que envolve e aconchega em novelos de amor.
Que ama e que educa, ainda que isso signifique lágrimas enroladas em sangue,
que não se vê mas que se sente.
Mãe que se multiplica em papeis para vários actos e momentos.
Mãe! Palavra pequena, recheada de generosidade!   

Às mães de todo o mundo.
Às que estão entre nós e às que já partiram!


Abraço.

Clique aqui e oiça a «Ave Maria»...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O TEMPO

























Hoje, e a propósito de um pequeno diálogo virtual, apeteceu-me falar do tempo.
Não do tempo que corre veloz e nos leva  atrelado a ele!
Mas sim aquele que nos mostra as rugas que devagar se vão instalando.
Que nos vira contra os espelhos como se fossem um inimigo público.
Que nos humilha e nos põe perante nós próprios.
Esse é severo, não perdoa!...
Só há que o aceitar e, dignamente, de cabeça levantada, continuar o caminho.

Quanto ao outro, aquele a que me vou referir hoje... sim a esse, ao que goza connosco, que nos faz caretas e negaças, que nos altera os planos e os humores e que nos perturba a vida... esse mexe mesmo com muita gente!
Há quem não lide nada bem com ele e com as suas mudanças.
As caras feias que faz e o mostra-esconde  provocam neuras e tristezas inventadas e sofridas.
De tal maneira que, nesses momentos, sentimo-nos em baixo e a achar que toda a infelicidade do mundo nos caiu em cima!

Engraçado! O estado do tempo a dominar as nossas  frágeis e influenciáveis mentes!
Ficamos nas mãos de sua excelência!

Impressionante!
Os agentes do tempo também a zurzir no pessoal!
Como se não estivéssemos já suficientemente zurzidos por este governozinho sádico e traiçoeiro!...
Um gozo indecente!
Pensando bem, quem sai a perder somos nós.
Quem tem o domínio do tempo está calado.
E, quem sabe, talvez dizendo:
«Perdoai-lhes Pai, que eles não sabem o que fazem»!

 Um bom fim-de-semana e não deêm confiança ao tempo.


Abraço.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Eu e o mar

















O mar exerce sobre mim um fascínio que me prende e me faz pensar.
Quando o olho é como se caísse sobre mim um olhar hipnótico, que me prende e me cola a ele.
Gosto do seu bambolear suave, dengoso e repetitivo.
Gosto de o ver a lamber a areia com a sua língua de gigante manso.
Transmite-me paz e dá-me a liberdade de pensar e / ou apenas o  olhar.
A sua potência e grandeza seduzem-me.
Também gosto de o ver quando ele se revolta e leva à sua frente as ondas gigantes que ninguém domina!
Aí, não me aproximo.
Nem ele me reconheceria, tal a fúria com que galga o que encontra pela frente.
Nesses dias, limito-me a vê-lo de longe e a admirá-lo.
Ele agradece o respeito.
Depois, já calmo e a «ressacar», é como que pede desculpa e oferece o ombro.
Gosta de me ouvir. Paciente, responde com carícias mansas, com um sussurrar tranquilo de quem me compreende.
É assim o meu mar.
De extremos.
Só é preciso dar-lhe atenção e não o contrariar.
Ele agradece o meu respeito.
Quem o conhece como eu, entende-o tão bem!...
O meu mar é um amigo muito íntimo, quase  dorme comigo.
Em noites de agitação faz-se notar!
As rochas fortes, abafam-lhe os urros e aguentam-lhe os baques fortes.

Eu na minha cama, sinto-o.
Volto-me e adormeço.


Abraço.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O CONTRÁRIO DE MIM




Quem sou eu?
Sou eu, ou o meu contrário?
O contrário de mim, sou eu do avesso!
Sou eu nos momentos de mágoa!
Nos momentos em que me invado e me desiludo, qando só vejo noite, trevas e medo.
Quando vejo o mundo  a desmoronar-se e não sei o que fazer!

Quem serei eu?
Serei bocados de mim e de outros, que não vejo mas que sinto!
Serei  uma parte desses outros?

Só sei que eu mesma de verdade, sou ritmo, alegria e vida!
Sinto-me como se fosse, digamos, o sol com música, envolvida em afectos e que danço quando gosto!

Sei que sinto que o contrário de mim é a violência, a indiferença,a  hipocrisia e a maldade - meus defeitos à parte, claro!

Serei quem então?
Um agrupamento de outros e de mim mesma!...

Neste momento sou eu mesma!

Abraço.

sábado, 4 de abril de 2015

Boas Festas













Folar caseiro

Este é o meu Folar!
Foi feito por mim.
É um folar muito simples e sem excessos!
Não tem gorduras e é recheado de frutos secos.
Açúcar, uma quantidade módica!
Gostava de poder oferecer uma fatia a todos os meus amigos.
Foi cozido em forno de lenha.
A habilidade de aquecer o forno foi da minha vizinha, que é perita na matéria.


Abraço.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

BOAS FESTAS

mensagens-dia-da-pascoa-6.jpg


Desejo a todos os meus amigos uma Páscoa muito feliz,

 E cheia de afectos doces.

O COFRE




















A propósito de cofres, lembrei-me de uma relíquia velhinha que guardo desde que me conheço.
Herdei-o de meus pais e ainda me lembro que era onde eles guardavam o seu pequeno pecúlio.
Lembro-me que para o abrir havia um código de que só eles tinham o segredo.
Eu ainda hoje não o sei! Tenho apenas a chave.
É um cofre pequeno, penso que à medida das quantias que circulavam lá em casa, mas era onde guardavam o que conseguiam amealhar, com trabalho honesto e suado!
É uma peça bastante antiga, usada e velhinha, que guardo com muito afecto.
Esse cofre fez parte da minha vida e conta-me várias estórias que se viveram lá em casa.
Ainda hoje,no fim de tantos anos, guarda alguns documentos deixados pelo meu pai e que são testemunho de vivências passadas!
Há um documento informal, de um empréstimo que ele concedeu  e que não chegou a ser reavido.
Para lá disso, há mais um ou dois documentos pessoais.
É uma relíquia guardada com estima e alguma nostalgia.
Faz parte de outras que já mostrei e que estão envoltas em momentos, em épocas e em convívios, de família e amigos!
Este cofre para mim tem vida e fala!...
Cada momento que me recorda tem uma estória que eu poderia contar.
São peças sem grande valor material, mas com alto valor afectivo.
Peças, que de vez em quando me colocam no passado.
Quando isso acontece, parece que o tempo não passou.

Esta estória foi-me recordada, a propósito de uma outra de que se tem falado com alguma indignação no nosso país.
Claro que penso que este cofre, nunca terá estado CHEIO como esses tais mencionados por uma senhora, alta responsável do nosso governo!
Já nessa altura eu ouvia dizer ao meu pai que o dinheiro parado não rendia.

Este cofre foi testemunha de acontecimentos felizes e de outros bem tristes!  
Nesses, é melhor nem falar.
Desejo a todos umas Boas Festas, cheias de afectos doces!...


Abraço. 

sexta-feira, 27 de março de 2015

Um exemplo a seguir



O papa Francisco é uma figura que não passa despercebida, nem ao mais distraído.
De uma dignidade humana sem precedentes, a sua bondade, simplicidade e amor pelos outros fizeram-me parar para pensar.
O seu despojamento em relação ao poder e à opulência foram uma pedrada no charco.
A forma clara e séria de interpretar Deus tem abanado tudo o que até então foi dito e escrito.
Todos os dias nos presenteia com gestos de proximidade e afecto, tão necessários neste mundo vazio de amor.
O que ele nos tem transmitido com as suas palavras e gestos são pérolas que deveriam ser acolhidas e motivo de reflexão.
Pergunto-me por que demorou tanto tempo, este HOMEM a chegar?
Porque é que, no seio da Igreja, esta semente não tem vingado?
Onde buscou ele estas verdades, a que aparentemente (ou não ), os outros não tiveram acesso?
Por que é que, durante tantos anos, se espalhou o medo e se difundiu um discurso tão duro, tão redutor, obscuro e diferente do que ele nos apresenta hoje?
Para mim, este HOMEM está, sim, ao serviço de Deus, seja Ele quem for, e das pessoas.
Ao serviço dos valores e da verdade sem sofismas.
Assim, sem medo e com grande coragem, ele dirige-se ao Mundo e tenta juntar os cacos que foram deixados ao longo dos séculos.
Tenta mostrar-nos qual o caminho a seguir, para conseguirmos que esse mundo seja melhor.
Só não o ouve quem não quer ou quem se sente bem num mundo esfarrapado e a digladiar-se com guerras e desigualdades.
Num mundo onde o egoísmo e os interesses se sobrepõem à solidariedade, ao humanismo e ao amor verdadeiro.  
Desejo que este HOMEM continue a sua missão, que até há bem pouco tempo eu acharia impossível


Abraço.

sábado, 21 de março de 2015

O SACO




O saco era grande e chegava quase vazio.
Às nove e meia de todas as manhãs, era agarrado pelas «orelhas» e levado a arrastar estrada abaixo, numa correria alegre.
O SACO!
O saco chegava na camioneta da carreira!
Qualquer criança, das muitas que nessa altura havia, disputava a guarda e entrega do saco.
Era quase um crescer da sua vaidadezinha de meninos! Ser portador daquele saco, era uma responsabilidade, pois não se tratava de um saco qualquer!
Aqueles corpitos frágeis e aquelas mãos pequeninas tinham uma missão que não podiam falhar: entregá-lo em mãos seguras no posto do correio.
Era aguardado  com alguma ansiedade. Mulheres, namoradas e claro, os comerciantes da aldeia,desejavam que lá dentro viesse a perspectiva da continuação de uma vida sem percalços.
O que traria hoje o saco?
Só depois de aberto por alguém possuidor da chave, se saberia!
Era uma chavinha pequena mas especial! Era guardada em sítio seguro e só de lá saía no momento certo, manuseada pela pessoa certa!
Penetrava a fechadura, rodava e só depois os segredo ou não, poderiam finalmente ser entregues e lidos.
As boas ou as más notícias, as juras de amor ou as despedidas até mais ver!
Os nomes dos destinatários eram lidos em voz alta:
«Senhora fulana de tal! Menina Tal e Tal»! ...
«E do meu filho, não veio nada»?
«O meu homem já me devia ter mandado o vale»!...
Estávamos no início da primeira debandada de emigrantes que, mensalmente, enviavam o pecúlio que com grandes sacrifícios, conseguiam angariar.
Felizes uns,  outros nem tanto, lá aceitavam a realidade, porque a esperança não podia morrer!
«Devem chegar notícias amanhã», dizia a mulher de lenço preto na cabeça, afastando-se cabisbaixa.
Era assim nos anos sessenta.
Tudo dependia da camioneta da carreira e do que aquele saco trouxesse.
Os interessados esperavam ansiosos e em grupo,a camioneta com o saco do correio.
Era um momento do dia com alguma importância.
Hoje, poucos se lembrarão daquele saco!
O objecto em tempos tão desejado, jaz esquecido e coberto de pó não se sabe onde!
Coisas dos tempos!


Abraço.  

terça-feira, 17 de março de 2015

Para recordar


















Quando me debruço sobre o computador ou quando pego no telemóvel, muitas vezes me lembro de como hoje é tão fácil comunicar!
Para os mais jovens, aqueles que nasceram depois de 1975, devo dizer que nem sempre foi assim!
Os dessa geração nem imaginam como há quarenta, cinquenta e mais anos, era dificil contactar com alguém!
Apenas havia nas aldeias (talvez nem em todas) um telefone público que deveria funcionar das oito às vinte e quatro horas e um posto de correio onde as notícias chegavam uma vez ao dia!
Só para terem  uma ideia, muitas vezes uma carta, ou uma encomenda, demorava(m) dias a chegar de um lado ao outro!
Isto, dentro do país.
Porque, se se tratasse do estrangeiro ou das antigas colónias, poderiam demorar oito ou mais dias.
Quando alguém adoecia ou por qualquer outro motivo precisasse de um médico, passavam horas até se conseguir o contacto com quem viesse em socorro.
A palavra urgência, nessa altura, não tinha qualquer peso.
Tempo! Era preciso dar tempo!
Muitas mortes aconteceram por falta de socorro atempado!
Na minha aldeia, havia um homem bom (por acaso meu tio por afinidade), que, apesar de não ser médico nem enfermeiro, tinha uma grande queda para a medicina.
Era o meu saudoso tio Narciso Nobre!
Era uma espécie de João Semana. Sempre acompanhado pelo prontuário médico, era ele quem chegava primeiro.
Fosse dia ou fosse noite ia, prestava os primeiros socorros e medicava.
Era contactado por toda a aldeia e pelas aldeias vizinhas, por exemplo, a Moita.
Hoje, os meios de comunicação são uma mais-valia – só é pena  é que muitas vezes não sejam utilizados
da melhor forma e para os fins mais correctos.
Hoje, para o bem e para o mal, não há distâncias.
Usem e usufruam bem de todos os meios de comunicação ao vosso alcance!


Abraço. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Bairro, bairro negro

 


Era um dos bairros mais degradados da periferia de Lisboa.
Atravessei-o  durante alguns anos a pé (encurtava caminho), para ir para o infantário onde trabalhei .
Os invernos chuvosos seriam, porventura, os mais duros para ali viver.
 Povoado de crianças negras, era um espaço de lama preta  sem mais opções.
Descalças e quase nuas, descarregavam naquela lama, quem sabe, a falta de comida e afectos que por força das circunstâncias lhes eram negados.
Aquela lama, penso eu, preenchia-lhes a vida vazia de tudo! Era a descarga de todas as faltas!
Era arrepiante aquele mundo que nem todos conheciam em directo.
A impotência assaltava-me de cada vez que ali passava!
Um dia, como que de propósito, entra-me pela sala dentro, uma daquelas crianças que tantas vezes me impressionara!
Fora admitido, num daqueles programas sociais.
Chegou em bruto, sem regras, sem disciplina e com modelos errados.
Para esquecer.
Entrou quase nu, tal como andava no bairro.
Arregacei as mangas.
Era preciso investir naquele ser em todas as vertentes e também no conforto físico.
Procurei lã bem quentinha e nas horas vagas fiz um camisolão bem aconchegante.
Já pronto lá vou eu feliz, por ir contribuir para o bem-estar daquele menino do bairro!...    
Caquinha!... (seu nome de guerra)! Lá vem ele chorando, com as suas birras permanentes (a adaptação foi muito difícil). Mostrei-lhe o que tinha feito para ele e, um pouco a custo, enfiei-lhe a camisola.
A gritaria triplicou e foi acompanhada de um protesto que alertou todo o infantário!
«MIJOLA, NÂO, DUCHI! 
MIJOLA, NÂO, DUCHI!...»
Ao mesmo tempo que a arrancava do corpo e a atirava ao chão.
Concluí que aquele corpito grande e magro (tinha só três anos), estava domado pelas agruras invernais!
Não consentia abafos!...
Fiquei-me pela boa vontade.
Cresceu, emigrou e, segundo sei, casou!
Como será hoje aquele Caquinha que eu tão bem conheci e em quem investi tanto afecto?
BAIRRO! BAIRRO NEGRO!
BAIRRO NEGRO!
Onde não há pão nem há sossego!


Abraço.

E oiça aqui a espantosa canção de Zeca Afonso

domingo, 8 de março de 2015

No Dia Internacional da Mulher para todas as Mulheres


Calçada de Carriche

Luísa sobe, 
sobe a calçada, 
sobe e não pode 
que vai cansada. 
Sobe, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe 
sobe a calçada. 

Saiu de casa 
de madrugada; 
regressa a casa 
é já noite fechada. 
Na mão grosseira, 
de pele queimada, 
leva a lancheira 
desengonçada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 

Luísa é nova, 
desenxovalhada, 
tem perna gorda, 
bem torneada. 
Ferve-lhe o sangue 
de afogueada; 
saltam-lhe os peitos 
na caminhada. 
Anda, Luísa. 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 

Passam magalas, 
rapaziada, 
palpam-lhe as coxas, 
não dá por nada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 

Chegou a casa 
não disse nada. 
Pegou na filha, 
deu-lhe a mamada; 
bebeu da sopa 
numa golada; 
lavou a loiça, 
varreu a escada; 
deu jeito à casa 
desarranjada; 
coseu a roupa 
já remendada; 
despiu-se à pressa, 
desinteressada; 
caiu na cama 
de uma assentada; 
chegou o homem, 
viu-a deitada; 
serviu-se dela, 
não deu por nada. 
Anda, Luísa. 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 

Na manhã débil, 
sem alvorada, 
salta da cama, 
desembestada; 
puxa da filha, 
dá-lhe a mamada; 
veste-se à pressa, 
desengonçada; 
anda, ciranda, 
desaustinada; 
range o soalho 
a cada passada; 
salta para a rua, 
corre açodada, 
galga o passeio, 
desce a calçada, 
desce a calçada, 
chega à oficina 
à hora marcada, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga; 
toca a sineta 
na hora aprazada, 
corre à cantina, 
volta à toada, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga, 
puxa que puxa, 
larga que larga. 
Regressa a casa 
é já noite fechada. 
Luísa arqueja 
pela calçada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 
Anda, Luísa, 
Luísa, sobe, 
sobe que sobe, 
sobe a calçada. 

António Gedeão, in 'Teatro do Mundo' 

sexta-feira, 6 de março de 2015

Violência doméstica. Porquê?





Sempre, ao longo dos tempos, ouvimos falar de homens que agrediam as suas mulheres.
Nunca como agora se ouviram tantas estórias tão violentas!
Haverá um porquê para que alguém se atreva a desferir cobardemente golpes de faca, tiros, pontapés e outros «mimos» semelhantes em alguém frágil e indefeso?
Haverá algo que justifique procedimentos tão primatas e falhos de civismo?
Que argumentos, então, para esta vaga de violência que se vem praticando contra as mulheres?
Quem ou o quê poderá dar orígem a estes atos tão condenáveis?
A sociedade desumanizada, insensível e desprovida de condições de uma vida dígna?
A falta de emprego, a insegurança, a dignidade ferida, o orgulho amordaçado, a humilhação de não ter como responder aos encargos assumidos?
Põe-se então uma questão.
É só o homem o atingido por esta situação? Por onde anda a mulher enquanto tudo isto acontece?
Será que está de férias?
Será que não se dá conta de que os filhos sofrem com falta do básico para sobreviver?
Será que não tem orgulho nem dignidade?
Nada justifica nem desculpa as atitudes de brutaldade do homem!
A mulher é tão atingida quanto ele e esse facto não pode ser omitido.
Nada desculpa esta brutalidade, esta falta de humanismo.

Toda a brutaldade é condenável!