domingo, 30 de novembro de 2014

Emoção!



PS: Maria do Céu Guerra sobe ao palco contra a violência doméstica



Já há muito que eu não tinha o prazer de ouvir um político fazer um discurso tão carregado de humanismo como hoje.
Ouvi um candidato a primeiro-ministro que trouxe para o primeiro plano do seu discurso as pessoas e os seus problemas e histórias de vida difíceis!
Que falou como qualquer pessoa normal dessas vidas que levam à loucura os homens que diariamente abatem cruelmente as suas companheiras de uma vida (34 nomes lidos com emoção por Maria do Céu Guerra)!
Que teve a sensibilidade de trazer os números arrepiantes desses crimes!
Crimes muitas vezes cometidos pelo desespero de se verem sem vida e com a dignidade roubada.
Que deixou para trás os números frios e calculistas e se emocionou como um ser normal!
Que não se dirigiu a quem o ouviu como se de números frios se tratasse.
Que mostrou calor e não a frieza a que já nos habituaram os tecnocratas e seus capangas!
Foi bom sentir calor humano.
Também eu me emocionei.
É bom saber que os nossos problemas tocam os que porventura um dia terão os nossos destinos nas mãos.
Não sou ingénua e sei que poderei, um dia, sentir-me, mais uma vez, enganada.
Até lá, foi muito aconchegante sentir-me tratada com dignidade!


Abraço.   

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Chuva, vento!




Hoje foi um dia chuvoso que convidou ao recolhimento.
Eu até gosto do tempo assim meio agreste.
Só preciso de me ocupar e apreciar a rua.
Seguir as gotas contínuas de água que rolam pela janela, olhar os ramos lá fora verdascando o vento.
Apreciar a cor cinzenta, sisuda e fechada do céu tão longe!
E pensar! Pensar muito. Reflectir sobre a vida que corre veloz, que nos leva os dias, que nos traz inquietações, e notícias que gostaríamos de não receber!
Que nos deixam suspensos de interrogações e dúvidas!
Fazer o balanço do que já vivemos e interrogarmo-nos se valeu a pena!
É nestes dias de intimismo que concluimos que é melhor excluir o que pesa, o que trava a imaginação, a criatividade e o gosto de gostar da vida e de nós, mesmo com defeito!
A chuva e o vento têm em mim um efeito positivo.
Levam-me á terra dos sonhos e soltam-me!
Levam-me quase a esquecer que os homens não são perfeitos!


Abraço.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Aqui




Aqui, junto ao Mar do Meco, faço de conta que voltei aos anos sessenta!
No silêncio do momento, ouço apenas o crepitar da lareira e um ou outro carro que, ligeiro, passa na rua.
Sem televisão e sem Internet, fui a correr até à minha aldeia.
Sentada numa cadeira de palha, olho o clarão da chama à minha frente.
O cheiro da carne e dos enchidos que entretanto vão assando, regalam-me o olfacto e deixam-me as papilas gustativas em alvoroço.
Da panela de ferro pequena vem um cheiro a caldo verde cortado com o preciosismo que só a minha mãe sabe!
Apesar da lareira acesa e de ter que tapar as pernas com um pano, para que não fiquem tão quentes que ardem, o resto do espaço da cozinha está frio!
Nas costas tenho um casaco de malha grosso para não sentir os efeitos da geada que cai lá fora!
Cheira a aldeia.
O cheiro a fumo que exala das chaminés e o cheiro das ceias de cada um anda no ar!
 Aconchego-me e vou-me preparando para degustar os manjares.
Que bem que se está na minha aldeia junto aos meus!
Entretanto, a realidade é mais forte!
Regresso à minha lareira e ao meu ambiente de hoje.
O som do televisor acordou-me – voltou entretanto!
Saí do sonho bom que me prendeu durante alguns… diria longos momentos.
A falta do televisor afinal é um bem!
Deu-me oportunidade de sonhar! E é bom sonhar quando os sonhos nos trazem paz!


 Abraço.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Gente pequena, gestos grandes





Grande lição de honestidade e princípios deram a este país de corruptos aqueles três trabalhadores do lixo da Póvoa de Varzim.
Gostei de os ver de cabeça erguida e de semblante feliz, quando disseram que foi assim que aprenderam, que foram aqueles os valores que lhes transmitiram!
Grande integridade e grandeza de carácter!
São pessoas sem qualquer preparação específica, apenas trabalhadores que ganham a vida - por acaso, de uma forma bastante dura!
Um gesto bonito e exemplar!
Depois dos abalos telúricos desta semana política, sabe bem ver um gesto tão honesto e desapegado do rei dinheiro!
Estamos todos fartos de corruptos.
Obrigada a estes trabalhadores e à sua simples e bonita honestidade.

Abraço.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Amigos verdadeiros





Foi há pouco tempo aprovada a lei que defende os animais da mão perversa de alguns homens!
 Só pecou pela demora.
Esperemos que seja para cumprir e que não fique numa qualquer gaveta, como acontece com tantas outras leis no nosso país!
A propósito, deparei há dias com um artigo de Maria Helena Matos no jornal ‘on line’ «Observador» que, quanto a mim, demonstra uma grande falta de sensibilidade e de conhecimento dos nossos amigos animais!
Achei um artigo demasiado longo, demasiado confuso e sempre na negativa.
Um artigo em jeito de quem tem que debitar um certo número de palavras (caracteres), para preencher o espaço que lhe está destinado!
Um desperdício!
De palavras e de tempo!
Na página de «facebook» da Defesa dos Animais, as reacções ao texto não tardaram. Não sei se ela as vai ler e se lhes dará alguma atenção. Sei que se ler e tiver o mínimo de pudor, ficará certamente incomodada com o que vai encontrar.
Vejamos! Gostar de animais, protegê-los e acolhê-los não quer dizer esquecer os humanos que sofrem e precisam de nós!  
Até porque concordo com aquela velha máxima que diz que quem não gosta de animais também não gosta de pessoas!
Essa é uma confusão que Maria Helena Matos poderia ter evitado.
Uma coisa não impede a outra!
Deixe que a sensibilidade, os afectos e o apreço de alguns pelos animais, lhes sejam úteis em tudo o que for possível fazer!
Só assim se conseguirão proteger os indefesos e inocentes que mereciam de certeza melhor sorte!
Mereciam um País que os acolhesse com dignidade, um país culto e civilizado!
Será que a senhora não se comove com o olhar doce de um cão, de um cavalo ou de outro bicho qualquer abandonado? Ou simplesmente são-lhe indiferentes?
Para uma figura mais ou menos pública, é mau ser insensível!
E a responsabilidade de educar fica onde?
Conheço-a há muitos anos.
Surpresa? Não!


Boa tarde.      

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os rapazes…



















Se há qualidade que eu aprecio numa pessoa, é a frontalidade!
Falar das coisas mais complicadas olhos nos olhos, civilizadamente e sem máscaras, disfarces, máquinas ou anonimato!
Há um colaborador da SiC, Hernâni de Carvalho, que por acaso já deu provas de coragem noutros momentos (por exemplo em Timor Leste aquando da independência), que usa essa frontalidade diariamente, ao denunciar factos menos claros e desleixo das autoridades responsáveis.
Foi isso que fez hoje mais uma vez ao referir-se ao caso da Legionela.
«O que andam a fazer os rapazes do governo»?
É verdade, digo eu!
Como é possível deixar andar assim, ao desmazelo, coisas que implicam tão grandes perigos
se não forem devidamente fiscalizadas!
As mortes estão aí!
Não há dúvida de que estamos perante uma grande irresponsabilidade!
E agora? Quem se responsabiliza?
Quem assume esta falta de responsabilidade e da capacidade de liderar?
Estamos mesmo entregues a «rapazes»!

Abraço.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Deboche no Parlamento




Ontem, ao espreitar um pouco a televisão numa hora de notícias, olhei com espanto um senhor ministro no Parlamento, por acaso o da economia, a falar à Assembleia de uma forma apalhaçada!
Olhei e fiquei siderada. Que falta de decoro e que forma mais desadequada, para ser usada por um alto representante do Povo!
Que eles, ministros, são todos abaixo do nível e impreparados para tarefa tão séria - isso é verdade. Mas desempenhar aquele papelão é demais!
Penso eu que não só não se dá ao respeito, como desrespeita o local e o Povo que lhe paga!
Será que errou a profissão? Ou terá feito algum estágio com o Filipe Lá Féria?
 Tanto num caso como no outro, não é no Parlamento que deve estar, mas em algum circo de feira a divertir os transeuntes!
Ministros!...
 Ainda por cima aquele que até tem uma pose de gente séria!  


Boa noite.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O comboio do meu desencanto

 



O comboio da Beira Baixa de há quarenta anos marcou a minha vida de jovem.
Sempre desde que me conheço houve carro lá em casa e por isso não precisei de o utilizar nunca.
Utilizei -o apenas após me casar, nas idas e vindas de e para Lisboa.
Já há algum tempo falei aqui de como me foi difícil sair da minha terra, mas por uma questão de enquadramento vou fazê-lo hoje outra vez.
Fui criada no Casteleiro e muito agarrada à família, às tradições e às vivências diárias.
Custou-me imenso largar tudo e sair para um meio que desconhecia.
A primeira viagem foi no dia em que casei.
Nesse dia era festa, não cabiam questões de outra natureza que não fosse o sonho! 
Tudo se alterou quando se tornou uma situação necessária e de rotina.
 Ir ao Casteleiro, tudo bem. Mas regressar era sempre aquele drama!
Aquele comboio ronceiro, barulhento, maçador e com um cheiro intenso a óleo, era deprimente.
Era desconfortável e albergava gente para lá do que podia e devia: era um armazém apinhado e mal arrumado de humanos e de bagagens de toda a espécie!
Uns sentados em bancos frios, outros em pé, durante as nove/dez horas que demorava a viagem.
Para mim, tempo demasiado desgastante a nível físico e emocional.
Sentia que aquele comboio deprimente me afastava a cada minuto, para mais longe do meu berço aconchegante e tão cheio de afectos.
O dia que mais me marcou foi aquele em que tive que me despedir de minha mãe por dois anos, na estação de Belmonte.
Esse dia deixou a marca das marcas!
Cheguei a Lisboa desfeita e de olhos inchados!
A partida para Angola a acompanhar o marido que forçadamente fora levado para a guerra, impunha-se.
Foi uma opção demasiado dolorosa e que nunca esquecerei!
Aquele comboio foi uma vez mais o monstro de mais uma estória da minha vida!
Hoje tudo é diferente, mas aquela imagem, aquele som e aquele cheiro continuam nas minhas memórias. 


Abraço.

domingo, 2 de novembro de 2014

Homenagem






Já passaram muitos anos mas é como se fosse ontem.
Não preciso de datas especiais para os recordar, os homenagear e lhes agradecer por terem sido as pessoas que foram.
Foram eles que me deram as bases em que assenta a minha personalidade.
Agradeço-lhes todos os dias o amor, e a ternura com que me olhavam e me ensinavam tudo o que de melhor sabiam.
Deixaram-me muito cedo!
Tão cedo que as cicatrizes, profundas, anda não sararam!
Recordo-os muitas vezes com um sorriso.
O pouco tempo que estiveram comigo foi de alegria e muita qualidade!
Tenho-os sempre bem junto do meu coração.

 Hoje, uma homenagem ainda mais sentida!