sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Aqui




Aqui, junto ao Mar do Meco, faço de conta que voltei aos anos sessenta!
No silêncio do momento, ouço apenas o crepitar da lareira e um ou outro carro que, ligeiro, passa na rua.
Sem televisão e sem Internet, fui a correr até à minha aldeia.
Sentada numa cadeira de palha, olho o clarão da chama à minha frente.
O cheiro da carne e dos enchidos que entretanto vão assando, regalam-me o olfacto e deixam-me as papilas gustativas em alvoroço.
Da panela de ferro pequena vem um cheiro a caldo verde cortado com o preciosismo que só a minha mãe sabe!
Apesar da lareira acesa e de ter que tapar as pernas com um pano, para que não fiquem tão quentes que ardem, o resto do espaço da cozinha está frio!
Nas costas tenho um casaco de malha grosso para não sentir os efeitos da geada que cai lá fora!
Cheira a aldeia.
O cheiro a fumo que exala das chaminés e o cheiro das ceias de cada um anda no ar!
 Aconchego-me e vou-me preparando para degustar os manjares.
Que bem que se está na minha aldeia junto aos meus!
Entretanto, a realidade é mais forte!
Regresso à minha lareira e ao meu ambiente de hoje.
O som do televisor acordou-me – voltou entretanto!
Saí do sonho bom que me prendeu durante alguns… diria longos momentos.
A falta do televisor afinal é um bem!
Deu-me oportunidade de sonhar! E é bom sonhar quando os sonhos nos trazem paz!


 Abraço.

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