domingo, 31 de julho de 2011

Quem olha vê













Dando o meu passeio higiénico junto da baía do Seixal, apeteceu-me espreitar num pontão mesmo à beirinha da água.
É agradável a paisagem.
Vê-se a outra margem, observam-se as aves que na maré vaza procuram alimento.
Vêem-se os pescadores de amêijoa que, debruçados, procuram pacientemente o petisco apetecido.
E transpira-se calma e paz nos momentos em que se está.
Ao chegar, deparei com uma jovem mestiça, que, sentada de costas, apenas sugeria que descansava, que também ela estaria a precisar daquele ambiente tranquilo.
Sentei-me na ponta mais afastada (não queria perturbar).
Ao olhar à minha volta, reparei que a jovem, não estaria apenas a descansar, estaria também a tentar digerir qualquer desgosto (de amor?) que a estaria a atormentar.
Chorava convulsivamente, ao mesmo tempo que limpava as lágrimas que caíam, teimosas, e provavelmente queria que fossem só dela.
O meu primeiro impulso foi o de me levantar e perguntar se podia ser útil.
O meu bom-senso disse-me que poderia importunar a sua solidão e mágoa.
Nunca saberei ao certo o que teria sido mais correcto.
Nunca saberei o que se seguiu ao nosso afastamento.
Será que aquela jovem precisava de ajuda?
Incógnita eterna para mim.
Só sei que aquela imagem me irá acompanhar por algum tempo.
Esta sociedade fechada, fecha-nos mesmo quando precisaríamos de nos abrir para os outros.
Porquê tantos pruridos?

Abraço.

sábado, 30 de julho de 2011

A fluidez das palavras












Lidar com as palavras não é tão simples como parece.
Exige bom senso e alguma habilidade.
Ao escrever, sai de nós de uma forma fluida, o sumo do nosso pensamento, do nosso sentir e da nossa sensibilidade.
Não é necessário ser um escritor de profissão para organizar o pensamento e dar a conhecer o que sentimos, o que observamos, aquilo de que discordamos e o que apreciamos.
A verdade é que para expressar tudo isto, há que saber como fazer.
Não só para nos fazermos compreender, como também para não ferir susceptibilidades.
Ao escrever, o cérebro cria, a imaginação acontece e a realização pessoal aí está.
É um prazer sentirmos que somos capazes de pôr no que escrevemos a nossa alma, o nosso sentir e o nosso espírito crítico.
Analisar é reflectir.
É debruçarmo-nos sobre o que nos rodeia, o que nos incomoda e nos preocupa.
Muitas vezes apenas serve para lavar a alma, limpar resíduos que nos impedem de sermos nós mesmos.
Então e não é que resulta mesmo?
Tal como quando acabamos de fazer movimento, de ter uma actividade desportiva,
Sentimo-nos leves e sem carga que nos vergue.
Chegamos à conclusão de que nós somos os nossos melhores conselheiros, os nossos melhores confidentes e os nossos melhores amigos.
Ao debitarmos o que pensamos, o que sentimos, libertamos as energias que poderiam estar a prejudicar o nosso eu que por si é leve, criativo e aberto.
Digamos que é uma luta nossa, contra o nosso lado mais negativo.
Foi bom ter descoberto esta forma de libertação.

Abraço.    

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Hello, Mr. Bean!















Pois é.
Estava eu «posta em sossego» na minha actividade física, que naquele momento por acaso era o remo e olhei, sem interesse, para o plasma que se encontrava à minha frente. – Assembleia da República – análise dos trinta dias do governo.
Parei o olhar em cima de um senhor que estava sentado ao lado do Primeiro-ministro, que nesse momento dizia de sua justiça.
Olhei durante alguns minutos, e o senhor não levantou a cabeça.
Estava eu a interrogar-me sobre aquela postura, quando alguém a meu lado se me dirigiu:
«O gajo está a dormir»?
Era o nosso ministro das finanças.
Que imagem negativa o senhor dá não só de si, mas do partido que representa!
Ó senhor ministro, sei que não deve ter tempo nem para cochilar, basta olhar para as suas olheiras!...
Sei que o trabalho deve ser tanto, que todos os momentos serão poucos para receber mensagens, responder a elas e tudo o resto, mas isto o país está tão pendurado, tão a falir, tão desiludido, que, se vêem vossa excelência assim nesses preparos, então é que alguma réstia de esperança, vai pelo ralo abaixo.
Já que a sua fisionomia nos transporta ao actor cómico (sem ofensa ) Mr. Bean, faça jus a isso, mostre a cara, faça um sorriso.
Não precisa de fazer palhaçadas, já cá temos que cheguem.
Hello, Mr. Bean!
Não somos números, estamos a vê-lo!...

Abraço.    

Frieza e loucura













Não daria para acreditar, se não nos entrasse casa dentro quase em directo, o massacre na Noruega.
E logo lá, um país tão famosamente calmo.
Estava tudo em paz, cada um na sua vida, sossegados e seguros, quando de repente o inesperado aconteceu.
Dezenas de pessoas, na sua maioria jovens, foram assassinadas a tiro, quando as suas vidas prometiam um futuro longo e provavelmente feliz.
Impressiona é a premeditação metódica, a frieza da execução e a ausência de qualquer arrependimento na cara e mais tarde no depoimento do assassino.
A sua expressão de felicidade só pode advir de uma ausência de sentimentos que, quem sabe, perdeu no meio de um mundo de solidão, imaginário e virtual em que, principalmente os jovens, se alienam e isolam com tanta oferta fácil.
Viciam-se e tentam reproduzir na vida real o que treinaram nesses jogos que ensinam passo a passo, como se executa um plano que, quase sempre deixa um rasto de sangue vivo atrás, e uma estupefacção difícil de digerir.
São o resultado das tecnologias avançadas mal entendidas e mal utilizadas.
Seria bom repensar estas ofertas, que levam os nossos jovens a engrenar por caminhos altamente aliciantes e perigosos.
O isolamento e a solidão a que esta sociedade se entregou, convidam a compensações perigosas.
Depois do vício instalado, é como se fosse uma droga dura.
E quem tem tempo para se aperceber disto?
O precipício cada vez é mais próximo.
Quem pode ajudar e, em substituição, dar outro aliciante – esse, sim, positivo e virado para fora, que preencha essa solidão?

É perigoso dormir sobre o assunto.
 
Abraço.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sem dúvida que é diferente

 









É diferente sim.
Não só no jeito descontraído, simples e afável, mas também, porque tem um passado que não deixa dúvidas.
Estou a falar do novo Ministro da Educação, Nuno Crato.
Não consegue passar despercebido.
Na primeira conferência de imprensa que deu, viu-se a diferença.
No contacto com os jornalistas, ele foi de fino trato.
Com uma postura simples, não só respondeu educadamente a todos, como logo no início os cumprimentava com muita simpatia.
Nunca tinha visto assim.
O Senhor Ministro, não estava em nenhum pedestal.
Sem ser vulgar, manteve-se com à-vontade, e com uma simpatia a que não estamos habituados.
Quando se trata desta «fauna», normalmente, transfiguram-se.
Ficam cheios de si.
Este caso é único.
Vê-se que a educação e formação pessoal falam mais alto.
Não sei como irá prosseguir a tarefa que tem sobre os ombros.
Pelo que sei dele, fará tudo para melhorar o nosso sistema de ensino.
Será que se vai aguentar no meio da selva que é a política?
Terei muita pena se ele não aguentar o embate.
Há mundos muito complexos de aguentar!...
Força, Senhor Ministro.
Gostaria de poder aplaudir.

Abraço.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os óculos do nosso Primeiro

 








Não há dúvida que a pose pode fazer a diferença.
Olha o nosso Primeiro!
Parece «um» personagem diferente.
Aqueles óculos que passou a usar dão-lhe uma pose de homem de Estado, dão-lhe um aspecto mais convincente do papel que agora tem.
Não há dúvida de que está mais de acordo.
A gente olha e até sente a necessidade de se perfilar.
Quem diria que Pedro Passos Coelho se transformaria nesta personalidade tão importante?
Os óculos ajudaram, sem dúvida.
E a postura também.
Fala com um ar sério, raramente se ri e segue consciente do seu poder.
É bom ter um representante assim.
Até nos ajuda a respirar mais fundo, tal é o alívio…
Certamente vão aparecer mais mudanças.
Sim, porque os assessores de imagem têm que justificar o que ganham.
Quem sabe se, um dia destes, o senhor não vai aparecer de barbicha?
Era capaz de ficar com um aspecto ainda mais importante!...

Aguardarei.

Abraço. 

domingo, 24 de julho de 2011

Monólogos

 






Neste mundo em que vivemos, onde se fala, fala, em que há permanentemente um ruído de fundo e parece que ninguém se ouve, dá a sensação de que existe apenas um monólogo permanente, ensurdecedor e cansativo.
O que será que cada um diz que não se percebe?
Mais parece um monólogo.
Seria giro de se ouvir!...

Desse monólogo de surdos fica a sensação de que há raiva no ar.
Parecemos todos autómatos, a trabalhar sem sabermos muito bem para quê.
Só se trabalha, trabalha, trabalha.
Agora então com tudo ainda mais debaixo de ordens, e a ter que mostrar o que se vale.
Parece que há uma maior necessidade de não levantar os olhos.
Nem sequer endireitar as costas.
Responde-se ao «comando» com ganas, na esperança de salvar (de manter) o emprego, que já de si era precário.
E agora, será que não o é ?...
É uma vida cheia de «esperança e entusiasmo».
Nota-se o brilho nos olhares, a segurança nos semblantes.
Caramba, que falta de confiança!....
É claro que não há que ter preocupações.
Com a protecção amiga deste nosso governo que só quer o nosso bem e com a tal senhora «de» dona Troika!...
Meu Deus, só um céptico, um desconfiado (e quem é desconfiado não é fiel), se atreveria a não acreditar no futuro risonho, que aí se nos apresenta.
É preciso ter calma e confiar.
O nosso futuro e o dos nossos filhos, está «assegurado»!...
O nosso governo e a nossa Mãezinha Troika, farão o resto.
Haja alegria e…
Trabalho, trabalho, trabalho.
Talvez nos livremos de ir engrossar a fila dos sem brigo.
Quem sabe?

Tenhamos calma.
Estamos bem entregues.

Abraço.  

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quanto suor

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Tenho visto o programa da SIC «Peso Pesado», mais por curiosidade informativa.
Como sou fã de exercício físico, gostei de comparar aquele, com o que pratico.
É realmente muito igual, pondo de parte os exageros do comando que de vez em quando entra em cena.
E, claro, as actividades fora do ginásio.
Quanto ao resto, os exercícios são os mesmos, só que sem aquela violência e intensidade que é exigida no programa.
As primeiras vezes que vi, fiquei impressionada e achei que era um atentado contra a saúde.
Aquele treino intensivo sugeriu-me que, a qualquer momento, poderia haver um elemento a cair para o lado, com um enfarte ou outra coisa parecida.
Pareceu-me sobre-humano e perigoso.
Aqueles corpos descomunais, a começarem assim do nada com aquela agressividade,
isso pareceu-me, devo confessar, imprudente.
Imaginei-me a mim, a ter que dar tudo o que lhes era exigido a eles.
É que do que eu sei e já ando nisto há alguns anos, o exercício deve começar-se por baixo.
Só depois deve ir progredindo, conforme as potencialidades e a capacidade física de cada um.
Mais ou menos com moderação, até atingir uma certa agilidade e flexibilidade.
Os meus orientadores ensinaram-me que o exercício nunca poderá deixar-nos desconfortáveis.
Cada pessoa tem o seu limite.
Não temos todos a mesma capacidade de resistência.
Contudo, ali, vimos os concorrentes partir de um estado adiantado de obesidade para, assim do nada, começarem a atingir limites que nos parecem exagerados.
A verdade é que tem estado a dar bons frutos.
Vê-se no físico deles.
Mas fica uma pergunta.
E mais tarde?
Não ficarão sequelas de tanto esforço concentrado?
Confiemos no bom senso de todos os responsáveis daquela produção.
Seja como for, será melhor não haver para aí gente a imitá-los, sem o suporte médico e outros, que eles têm.
Fazer exercício é um bem para a saúde.
Mas nada de excessos.

Abraço.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O que fazer?









O que fazer quando se vê o mundo às avessas?
Quando tudo está subvertido?
Quando se trabalha e não se sente compensação?
Quando há compromissos e não se vê maneira de os poder cumprir? 
Quando há crianças a depender de nós? 
Há que ter muito sangue frio.
Para não enlouquecer, é melhor não levar a situação muito a sério.
Corre-se o risco de, no mínimo, ficarmos com o cérebro a arder.
Só nos pode invadir um sentimento de impotência.
Um sentimento que às vezes é de revolta, mas que não tem saída.
O melhor será deixar passar esta onda de loucura colectiva e esperar por melhores dias.
Talvez na próxima «encarnação» voltemos travestidos de guerrilheiros encartados e ponhamos isto tudo no sítio.
Quem sabe?
Talvez venhamos munidos de armas avançadas.
Tipo… o último grito, o topo de gama do céu, do inferno, conforme o que couber a cada um!...
Apeteceu-me brincar.
Se tudo isto for levado muito a sério, o mundo fica demasiado ensombrado e triste.
Não há outra forma.

Abraço.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Predadores













Ui, tantos que há por aí!...
É claro que sempre houve, mas agora são aos molhos.
Parecem vampiros, sedentos de sangue.
Se as vítimas forem jovens, tanto melhor.
E não me digam que são precisas as redes sociais para exercer estas práticas.
É claro que se intensificou.
É mais seguro, não dão a cara até terem a vítima na mão.
Talvez nem nunca se saiba!...
Não, há-os bem no meio de nós.
Às vezes estão ali debaixo dos nossos narizes, ainda que disfarçados de cidadãos normais e de bom-nome.
Mas como actuam pela calada, «debaixo do pano», sem darem nas vistas e intimidando!
Olha…
Andam clandestinos até alguém os apanhar mais ou menos com a «boca na botija».
Toda esta actuação é um nojo.
Mas o que mais me enoja, são os velhos babões que se aproveitam de crianças e jovens
menores, para satisfazerem os desejos libidinosos e conspurcados que, quem sabe, retraíram toda a vida, porque em casa não tinham como realizar.
Só é pena é que às vezes há quem saiba e não tenha coragem de denunciar estes verdadeiros criminosos sem escrúpulos, que atentam contra a dignidade, a inocência e a vida das vítimas.
Isto existe.
Todos sabemos.
Mas casos destes são encobertos na sua maioria, ficando os sem nome a salvo de todas as indignidades cometidas.
Aqueles «cidadãos», continuarão a fazer parte de um todo.
Continuarão a fazer-se passar por gente de bem, quando não passam de uns pulhas com aparência de gente digna.
Quanta falta de coragem!
Só pela calada se vai murmurando:
- Tch…tch…Sch…tch…
A cobardia humana existe em todos nós.
É só mesmo garganta…
Reciclagens precisam-se.

Valha-nos a dignidade perdida.

Abraço.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Saudosismo, Saudade












Para mim, ainda que saiba que outras pessoas possam pensar diferente o que acho legítimo, saudosismo é diferente de saudade.
São dois sentimentos diferentes.
O saudosismo será aquele sentimento meio doentio, pessimista, a que alguns se entregam, quantas vezes masoquisticamente, porque precisam de carpir mágoas, de se entregar ao sofrimento. Sabendo que não resolvem nada.
Saudade para mim é outra coisa.
È um sentimento de difícil explicação, que, dizem, «apenas» os portugueses sentem… assim…, de uma forma «abstracta» mas interior.
Aperta o coração, cria-nos ansiedade e uma necessidade que nos faz abrir aquela gavetinha da memória às vezes já fechada, porque é preciso e onde estão guardadas as recordações de uma vida ou de um momento, ou de uma ou mais pessoas.
É um sentimento muito português, e difícil de ser expresso por palavras..
É a nossa sensibilidade mais profunda, mais recôndita, são as nossas emoções a ordenar:
abre.
E lá somos nós levados por caminhos já vividos, já explorados, mas que continuam vivos, guardados na tal gavetinha, que estava arrumada num cantinho no sótão… da
nossa memória.
Lá vamos nós ao encontro das pessoas, das coisas, daquele sítio que naquele momento ou quem sabe para sempre, não está ao nosso alcance.
E não há forma de evitar este sentimento.
Os mais sensíveis, os menos sensíveis, todos, o experimentamos, de uma forma mais ou menos sentida.
O português é assim.
Sentimentalão por natureza.
Somos um povo «manso» e carinhoso.
Salvo raras excepções.

Saudade é um sentimento que não se vê.
Mas existe. Ó se existe!...

Abraço.

domingo, 17 de julho de 2011

A chegada e o regresso











Ainda a propósito do festival do Meco.

Aqui, numa aldeia meio agrícola, meio piscatória, assisti à chegada gradual mas em catadupa, dos jovens que nos têm visitado.
Assisti ao ar desportivo e curioso com que (alguns talvez pela primeira vez) «aterraram», na expectativa de se divertirem e, quem sabe, soltarem a asa que terá estado presa até então.
Tão novinhos todos!
Vinham com um ar arrumado, calmo, e expectante.
Vi as praias encherem-se com juventude e ficar apenas uma nesga para os residentes.
Vi filas intermináveis dentro e fora das aldeias.
Vi o rã-me…rã-me do dia-a-dia ser alterado e as aldeias a mexerem como nunca.
Ouvi três dias seguidos a batida forte que põe os jovens nas nuvens.
Vi, como era inevitável, a partida.
Lenta, dolente, diria que quase dorida, desses mesmos jovens.
Agora com um aspecto mais desarrumado, mais cansado e, digo eu, com alguma saudade do que ficava para trás, mas com a confiança de que para o ano há mais e provavelmente melhor.
A herdade da Flauta certamente será melhorada para receber, sedenta, mais e mais jovens que queiram aparecer.
Que bom que é ser jovem e despreocupado!

Até para o ano.
Gostei de observar.

Abraço.

sábado, 16 de julho de 2011

Auto-estima.










Parece-me que há muito falta dela por aí.
Gostarmos de nós como somos, por dentro e por fora, é preciso.
Gostarmos do que fazemos e como o fazemos.
É quanto a mim, essencial para estarmos bem.
Connosco e com os outros.
A vida está sem dúvida pouco atractiva.
Às vezes a paciência pode não ser muita para nos cuidarmos e saborearmos o que fazemos.
Pode não haver muitas condições para ficarmos felizes com as perspectivas que se nos oferecem.
Mas a verdade, é que a nossa auto-estima e confiança nos ajuda a encarar mais facilmente as situações difíceis que possam aparecer.
Estarmos bem connosco é essencial.
Proporcionarmos a nós e aos outros um bom ambiente.
É preciso sermos fartos em afecto.
É preciso elogiar, incentivar.
Dar força a quem nos rodeia.
Sermos bem dispostos e de bom trato, é meio caminho andado para criar um ambiente leve e estável.
Criarmos mais condições para haver equilíbrio emocional na família e no emprego.
É preciso gostarmos de nós.
Para mais facilmente gostarmos dos outros.
Auto-estima faz falta.
Torna a vida menos pesada.

Procura-se.

Abraço 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Na praia de camarote











A manhã acordou ventosa mas com um sol morno.
A praia chamou-me.
Espanto!
Ainda cedo, e as estradas que me levam à praia, tinham um movimento pouco habitual.
É só quinta-feira!
Olhei.
Vi que aquele movimento era apenas de jovens.
Jovens e mais jovens.
Estranhei.
A música do festival ouviu-se até às tantas.
Achei que seria cedo.
Não, aquela juventude toda estava sedenta de praia.
Momento para decidir qual a praia a escolher, uma vez que pelo que se via, a procura era muita.
Quando cheguei, o panorama prometia.
Tanto «gafanhoto».
Novinhos, alguns com cara de quem sai do buraco pela primeira vez.
Com um olhar tranquilo.
Nada de histerismos.
Apeteceu-me observar tranquilamente.
Não desci à praia.
O mar mesmo ali.
Instalei-me num pequeno recanto, nas escarpas inclinadas que se debruçam para a praia.
Coisa de quem conhece muito bem o terreno que pisa.
Estendi a minha toalha.
Era como se estivesse numa espreguiçadeira.
Puxei do meu livro e, em paz, deliciei-me.
Estive completamente sozinha, mas muito acompanhada e absorvida pela leitura.
É uma companhia excelente.
Já próximo da saída, é que oiço alguém lá atrás a perguntar-me:
«Hei! Se puede bajar lá»?
«Non!»
Tranquilamente, mudaram de rumo.
Há mais opções para seguir.
Boas férias de quatro dias para aqueles jovens.
Alguns, vieram de certeza de muito longe.

Abraço.

O silêncio e eu












Talvez por ter vivido muitos anos sob ruído permanente, aprecio muito o silêncio.
O silêncio assim só eu, comigo.
Não quero com isto dizer que seja anti-social, não, gosto de conviver e de me divertir com quem aprecia a minha companhia.
Sou brincalhona e gosto muito de rir.
Só que, depois, sabe-me bem recolher-me e dedicar-me à minha leitura, à minha música, aos meus pensamentos e análises, às minhas reflexões.
É como que um exercício interior necessário para me situar, compreender e tentar compreender os outros e a vida em geral.
Também para me cultivar, que é uma coisa tão necessária.  
Sabe-me bem encarar-me, recordar o meu passado e apesar dos momentos duros por que já passei, assumi-lo e ter orgulho em mim.
Sinto-me bem a ouvir a música que me preenche e ensina sempre alguma coisa.
Gosto de saborear as leituras que faço e me dão a conhecer outras perspectivas do mundo e das coisas.
Sinto a necessidade de me enfrentar e auto-analisar.
Se possível, melhorar o que acho que estará menos correcto.
Gosto de ouvir o silêncio e deixar que me envolva.
Gosto, preciso e acho que mereço

Abraço
 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

E o verão que está difícil













Os dias longos de Maio já vão longe.
O verão chegou há tempos, mas anda arredio.
Nota-se na cara dos veraneantes o desalento.
As férias estão semi-aproveitadas.
Vento, temperaturas baixas, sugerem tudo menos praia.
Aqui ao lado, muito próximo do Meco, os preparativos para o festival super bock-super-rock, estão ao rubro.
Talvez seja uma forma de compensar alguns insatisfeitos.
A procura de alojamento é visível, as aldeias sossegadas à volta estão mais dinâmicas nestes dias.
O som começa a ouvir-se.
Durante quatro dias, milhares de jovens e menos jovens, procurarão o melhor sítio para desfrutarem dos concertos agendados.
E o calor que teima em não chegar!
E como era necessário para receber tantas visitas que chegam.
A partir de amanhã, vai certamente bastar o calor humano de tantos, que provavelmente estão a precisar dele.
Só é pena que muitos não controlem os excessos, que nestes casos costumam ser bastantes.
E se amanhã fosse verão?
Divirtam-se.
Com contenção.
Nós vamos assistir de longe.

E a música que teima em nos visitar!...

Abraço.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Histórias de menina











Com dezasseis anos ainda se é uma menina.
Foi com essa idade que eu fiquei sem o meu pai.
A minha mãe com quarenta e seis e eu – de repente entregues a nós mesmas.
Era Fevereiro.
Chuvoso.
Frio.
E para nós desolador.
«E agora»?
As duas sem perspectiva.
Para lá da tristeza e da solidão, existia um sentimento de impotência, que pairava sobre as nossas vidas.
Foram tempos muito complexos, que nos marcaram às duas e ao mesmo tempo nos uniram mais que nunca.
Naquelas noites frias, sentadas em frente da lareira, já não havia as tais histórias fantásticas, de João Brandão e outras.
A maior parte do tempo havia olhos húmidos, silêncio e, confesso, um certo sentimento de medo.
Dos mortos?
Não, da solidão forçada. 
Do silêncio da noite.
Do desamparo que ela significava.
As duas, fragilizadas e sem amparo.
A ligação entre os três era forte.
A casa  parecia-nos demasiado grande e vazia.
No silêncio meio cortante, houve um ruído que nos visitava todas as noites e
nos assustou.
A minha mãe dizia que se calhar era uma cobra que se refugiou no sótão, por cima da lareira quente.
Durante o serão, o ruído repetia-se de minutos em minutos.
Sempre, sem excepção.
Era como o som que uma pessoa faz para um burro por exemplo, andar.
Tre…tre…tre…tre…tre…
Um ruído de má memória, que vai ficar para sempre nos meus ouvidos…
Era assustador.
A única defesa era manter sempre fechadas as portinholas de acesso ao sótão.

Demorou algum tempo para assumir esta nova realidade.
Creio que a minha mãe nunca a assumiu completamente.
Quem passa por experiências destas, dá mais valor à estabilidade e ao afecto.
Sorte a de quem nunca passou por estas experiências, que deixam grandes vazios e marcas para sempre.  

Abraço.

domingo, 10 de julho de 2011

Surpresa




De tempos a tempos, temos a necessidade de regalar o olhar na bela paisagem da serra da Arrábida.
É uma serra deslumbrante, com uma vegetação vasta e com a vantagem de ter a seus pés um mar sereno e que se prolonga até perder de vista.
Ao subir a serra e ao mesmo tempo que mais uma vez admirávamos a sua beleza, vimos com grande espanto, atravessar a estrada sem pressa, uma bela raposa.
Com a maior calma do mundo, de olhar fixo em nós como que pedindo ajuda.
É claro que parámos.
Nem por isso ela se intimidou ou fugiu, como seria normal que acontecesse.
Cada vez mais intrigados, tentámos aproximar-nos.
Ela parada, olhava como que à espera.
Ao verem-nos, outros carros pararam.
Passámos palavra.
Estava tudo na expectativa.
Estará com fome?
Estará doente?
Só a escassos três metros, é que ela lentamente se afastou e entrou na mata espessa.
Uma coisa é certa.
Não estava ferida, não estava magra.
Apenas parecia indiferente.
Sem qualquer interesse pelo mundo exterior a ela.
Uma raposa invulgar.
Com comportamento de animal doméstico.
Apenas o instinto de defesa falou mais alto.
Ao afastar-se foi como quem dissesse:
- O vosso limite acabou aí.
- Este é o meu território.

Que experiência boa e surpreendente.
Gostávamos de repetir.

Abraço.

Influências















Modas, tendências, maneiras de ser e de estar, formação, educação etc….
São o resultado da influência de alguém ou de alguma coisa.
Normalmente seguimos essas influências com a certeza de que é preciso estar à altura daqueles que imitamos, dos que mais nos influenciam, que mais ascendente têm sobre nós.
Sentimos a necessidade de estar à sua altura, de estar o mais próximos possível deles.
É pena que nem todas as influências sejam positivas e dêem bons frutos.
Que a maior parte dos que têm influência sobre os outros, não se dê conta e ou nem sequer sinta, a necessidade de ser uma boa influência.
Somos o fruto que resulta do que nos transmitem.
A cultura, a mentalidade, as atitudes, toda a nossa vida é feita segundo o que aprendemos, vemos e ouvimos.
Os responsáveis, quer se queira, quer não são em primeiro lugar os pais, uma vez que é nos primeiros anos de vida que se forma a personalidade da criança.
Logo a seguir os professores, educadores e todos os meios de comunicação social, sobretudo a televisão.
Tudo o que eles transmitem de positivo ou negativo é absorvido.
Uma criança será o retrato do adulto que o educa e do mundo que a rodeia.
Não deveríamos pois estranhar, que cada um apresente a sua forma de ser.
Porque cada um esteve sob as tais influências (positivas ou negativas) que marcam mesmo.
É nesse período que se formam as mentalidades ligeirinhas e sem conteúdos, ou as bem formadas, com sentimentos correctos e de bons princípios.
A responsabilidade de alguns pais, professores e de todos os agentes que têm a responsabilidade de educar é cada vez maior.
É preciso rever a matéria.
Antes que cheguemos ao fundo.

Que está já ali.

Abraço.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Dignidade é isto













Foi com grande surpresa que ouvi a notícia.
«Maria José Nogueira Pinto morreu».
Como? Ouvi bem?
Mas…
Ouvi o resto da notícia.
Cancro no pâncreas.
Meu Deus, mas não se notou nada!
Ela esteve na televisão há pouco.
Custa a acreditar e a aceitar.
Foi tudo muito rápido, ela aceitou como uma heroína, viveu aquela monstruosidade com grande coragem e em silêncio.
Não desistiu da vida.
Lutou.
Mesmo sabendo que era o fim.
Duas horas antes de morrer, escreveu a última crónica para o Diário de Notícias.
Com uma lucidez e clarividência invulgares.
Telefonou para o jornal e informou que estava um pouco atrasada, mas que era a última.
«As forças estão a faltar».
Foi desta forma digna e corajosa, que se despediu do mundo dos vivos.
Duas horas mais tarde morreu.
Resta-me recordá-la como um exemplo.
Esta mulher com um M grande, mostrou o que valia como ser humano.
Vou recordá-la sempre, com admiração  

Até sempre.

Esta palavra Mulher















A palavra Mulher pode encher uma página enorme de uma vida.
Ou, por outro lado, pode caber apenas num cantinho insignificante dessa mesma vida.
Tudo depende do conteúdo escolhido para a viver.
Há mulheres grandes e há grandes mulheres.
Há mulheres a quem o nome assenta mesmo bem.
Essas são as tais com M grande.
Haverá outras que ficariam bem apenas num cantinho dessa página, com um «m/zinho» qualquer.
Não faria falta mais.
Na sua maioria, a mulher merece lugar de destaque neste universo conturbado em que se vive.
É nas mãos dela que assenta quase toda a responsabilidade de educar.
Ela dá o toque e dirige.
É um modelo, um exemplo para os filhos.
Para os alunos.
É o porto seguro da família.
É a estabilidade.
É a paz.

Também pode ser o inverso.
A instabilidade.
A desunião.
A guerra.
A mulher é realmente muito poderosa.
É um ser a quem alguns consideram o sexo fraco.
Seria, sim, se não aproveitasse essa força.
Se não transmitisse, como é seu dever, os princípios básicos necessários aos que vêm nela o tal modelo.
Se não cumprisse o seu papel de mulher, e educadora.
Se não se fizesse respeitar.
Como mulher.
E como ser responsável.
        
Abraço.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Imaginação















Ser imaginativo, quanto a mim, é ser criativo.
É pôr a nossa inteligência e capacidade de criar ao serviço dos que nos queiram aproveitar.
Ser imaginativo não significa ser um qualquer mau carácter, que inventa casos.
Que inventa mentiras e se porta com cinismo.
Um criativo com imaginação tem que ser honesto.
Tem que ser rigoroso.
Tem que ser sério.
Algumas vezes tem que ser bem disposto ainda que não lhe apeteça.
Imaginação é um dom que, acho eu, nasce com a pessoa.
É claro que há quem não aprecie esta capacidade.
Está no seu direito
Há gostos para tudo.
Mas um mundo sem imaginação, eu acho, seria um mundo cinzento e triste.
Um mundo que se pareceria com um apagão.
Um mundo sem graça e amorfo.
Imaginação é movimento, é ter o cérebro vivo e ocupado com coisas bonitas e com alguma poesia.
Sei que falta poesia.
Falta capacidade de sonhar, de soltar os neurónios e deixá-los voar.
Imaginar é ser poeta, é sê-lo sem o ser.
É sentir o que se escreve com verdade.
É tirar de dentro de nós o que nos faz vibrar.
É sentir «calor».
Calor que vem de dento.

Abraço.

domingo, 3 de julho de 2011

Momentos











Há momentos especiais.
Há momentos que nos marcam.
Que nos alegram.
Que nos perturbam
Que nos extasiam.
Que nos amedrontam.
Que nos surpreendem.
Há momentos que nos indignam.
Há momentos que nos dão força.

Há momentos!...

O nosso cérebro tem tendência a reviver quase sempre os menos bons.
Às vezes é preciso esforço, para que os bons venham ao de cima.
Às vezes, o nosso espírito fica toldado com as indignidades que lê, que ouve, que vê...
Neste mundo apodrecido e em que vale tudo, é urgente ter um espírito positivo e limpo.
É preciso dar alguma dignidade à vida.
É imperioso e urgente.
É preciso que alguém agite as consciências.
Que lhes mostre caminhos alternativos.
Que os há!...
É preciso reaprender a vida.

Abraço.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Que os houve, houve














Desde sempre me dei conta que meu pai tinha uma aversão forte contra os padres.
Eu própria «sofri» na pele o resultado dessa aversão.
Fui algumas vezes proibida de participar em actividades organizadas pela igreja, porque era o padre que orientava.
Ainda assim, remei muito contra a maré.
Gostava de participar e acompanhar as minhas amigas, não me sentia bem se ficasse de fora.
Foi o único tema que me levou a ter confrontos com o meu pai.
Ainda era muito jovem e não entendia o porquê daquela relutância.
Um dia o meu pai abriu-se.
Creio que precisou de justificar as atitudes de força.
Foi aí que eu percebi.
O meu pai era neto de um padre.
O meu avô paterno tinha sido gerado por um padre.
Para ser mais correcta, era filho do arcipreste, o que na hierarquia da igreja, era mais que padre.
Seria quase bispo.
Era conhecido como o abade do Sabugal.
Daí a alcunha da família.
Toda a minha família era conhecida como «os abades».
Bom, mas o que mais revoltou o meu pai, foi como tudo aconteceu.
O meu bisavô padre engravidou três vezes a governanta que tinha lá em casa.
Duas filhas e um filho, o meu avô.
Então, como se isso não bastasse, decidiu cristãmente, perfilhar as duas pela calada.
Meteu-as num bom colégio em Coimbra, deu-lhes tudo o que precisavam e decidiu como homem «justo», que o rapaz não precisava destas mordomias.
Largou-o no mundo, e ele que se virasse.
Era homem.
Acho que o meu avô sofreu muito para se criar assim ao desamparo.
É claro que nunca esqueceu e transmitiu essa marca aos descendentes.
«O ministro de Deus» ficou com a consciência pesada.
Nos últimos dias de vida, teve uns laivos de decência e tentou remediar ao mínimo a maldade.
Mandou chamar o meu avô.
 Qual quê?
O meu avô tinha o seu orgulho.
Não foi, negou-se redondamente.
A minha avó, mulher mais cerebral, foi.
Foi e trouxe uma compensação que não tinha nem pouco mais ou menos comparação com a riqueza que coube às filhas.
O meu pai era um homem que pensava.
Era justo e uma atitude destas, vinda duma figura que devia dar o exemplo de pessoa íntegra, marcou-o para sempre.
Eu, mais tarde, também fiquei marcada como é evidente
Este caso foi público, e os outros?

Abraço.