quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Relíquia




















Apeteceu-me partilhar.
Foi com este traje que me baptizaram e me chamaram Dulce.
Por acaso um nome de que sempre gostei.
Estava no fundo do baú ainda na caixa de origem.
Foi comprado no Porto, na Rua do Clérigos, na casa «A Noiva».


Abraço.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Em roda livre






Durante a minha meninice, tive a feliz oportunidade de poder ter acesso a brincadeiras, objectos e coisas, que me fizeram muito feliz.
Uma delas de que nunca me esqueço era poder dar uma volta no Carrossel!
Castelo Branco, onde o meu pai se deslocava todas as semanas, era o local do feito.
Era costume acompanhá-lo e, muito senhora de mim, ia sempre que ele me mandava fazer uns  «mandadinhos».
 No fim do dia era premiada com uma espécie de pequena mesada, que para mim significava muito!
Aquele pecúlio era sempre aplicado em duas coisas que eu adorava:  uma bola de Berlim na pastelaria do Hotel Turismo acabadinha de sair e umas voltas no Carrossel.
Já próximo do fim do dia, lá ia eu a satisfazer os meus dois pequenos vícios.
Ambas as coisas bem diferentes, mas igualmente saborosas!  
Saboreava as duas com a mesma satisfação.
Feliz, pensava que o Mundo me pertencia.
Naquela época era preciso pouco para uma criança se sentir feliz.
Não havia oportunidade para grandes exigências e qualquer coisa que viesse era considerada um prémio gostoso.
Tão diferente dos tempos de hoje, em que nem as crianças e nem muitos adultos se contentam com o essencial!
Mal acabam de receber uma coisa, pedem outra e sem mais delongas há sempre alguém que corre a comprar.
O que acontece é que as crianças no fim do primeiro contacto se enjoam, tal é a inflação de traquitana à sua volta!
Às vezes até se revoltam, pois tudo aquilo que os rodeia, não substitui o que mais lhes faz falta, que é atenção e afecto!
Este é um drama dos dias de hoje para quem ainda tem (e para quem não tem muitas vezes), algum poder de compra e pouco tempo e paciência para dar!
Será esta uma oportunidade para ponderar um pouco?
O excesso das aquisições que se fazem, não será apenas mais uma forma de consumismo e de distrair a consciência?
Atitudes destas não deixarão a descoberto uma forma menos correcta de educar!
Pensemos nisto.  


Abraço.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Narrativa








Gosto de saborear uma boa narrativa.
Uma narrativa com conteúdo, narrada com mão de mestre.
Gosto de ler um José Saramago, um Gabriel Garcia Marquez, um Mia Couto, enfim - felizmente são muitos os bons e não dá para citar todos.
Quando leio, gosto que o autor me faça saborear as palavras que debitou e envolveu num invólucro de ideias claras e sentidas.
Gosto de me dar conta de como a sua sabedoria e imaginação me arrastam a mim também para estória, para o ambiente e paisagens que essa mesma estória contém.
Gosto de me sentir a descolar da realidade e de entrar eu também naquele mundo de fantasia e /ou de ficção.
É pena que nos dias que correm, a boa leitura esteja tão arredada das pessoas.
Que, tanto em casa como na Escola, pouco ou nada se incentivem as crianças a gostar de livros.
Que em vez da dependência dos aparelhos audio-visuais, não lhes incutam a dependência pelo livro!
Não haver a necessidade de lhes fazer sentir que ler é aprender.
Aprender a falar correctamente, a organizar minimamente um texto e a escrever sem erros.
Talvez o país não passasse pela vergonha de ter alguns docentes e licenciados a não conseguirem organizar uma ideia e pô-la num papel, com clareza e objectividade.
De se deparar com textos sem nexo, de pernas para o ar, com erros e vazios de organização.
Num país do século vinte e um, nada disto deveria acontecer.

Abraço.  

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

STOP





O País está farto.
Depois de sofrermos quase tudo o que há para sofrer, paramos para pensar.
Será este o caminho?
Será que não teremos que inverter a marcha, fazer um stop rápido?
Às vezes não é fácil.
Na maior parte das vezes, faz-se tarde demais.
Somos teimosos, obstinados e «cegos»!
Não queremos entender que aquele caminho é escorregadio, incerto e que só nos traz maus momentos e desilusões.
É como se, de uma forma masoquista, precisássemos de sofrer.
Intrigante!
Custa aceitar o óbvio.
Tão simples! STOP!
É difícil mudar as pedras do xadrez da vida, sim!
É como que mexer numa estrutura que demorou a montar e que gostaríamos de preservar.
Uma questão de comodismo?
Hábitos arreigados que consideramos intocáveis?
Às vezes é preciso fazer STOP sem pruridos.
A nossa paz interior vale bem esse gesto.
STOP.
Isto vale para a nossa vida pessoal. Mas é válido também para a nossa vida colectiva, enquanto sociedade.  


Abraço.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pensamento

















Li algures:

O que nos pode destruir a vida,

Não é o que os outros nos fazem,

Mas aquilo que permitimos que eles nos façam.

Abraço.

sábado, 9 de agosto de 2014

Escrita com alma

 



Gosto de ler textos que tenham um pouco da alma de quem os escreve.
Gosto de encontrar aqui e ali bocados de coração envolvidos em ternura.
Gosto de me dar conta da sensibilidade, de quem os cria.
Gosto de dar de caras com o afecto que os trespassa.
Gosto de ver aos poucos o desfilar de sentimentos calmos, embrulhados em beleza.
Saboreio devagar cada imagem e cada ideia.
Nem toda a gente tem esse dom, essa forma de sentir o que escreve e descreve.
Para isso é preciso ter poesia dentro, é preciso que a ternura e o afecto andem a par com a vida.

Abraço.

  

terça-feira, 5 de agosto de 2014

«Não bato...»





«Não bato em quem está em baixo»
Foi exactamente com esta frase que um banqueiro português respondeu a uma jornalista, em relação ao caso Ricardo Salgado.
 Apesar de esse senhor já ter tido posições menos correctas noutras situações relacionadas com o estado de vida dos trabalhadores, desta vez teve pudor!
Talvez por se tratar de um seu igual!
Com este teve o sentido da solidariedade!
Teria sido uma atitude nobre se fosse generalizada, se abrangesse outras situações noutros casos em que tem tomado posição.
Não! Nem sempre a bitola foi a mesma.
Os trabalhadores, esses, não merecem a sua solidariedade.
 «Os sem abrigo não aguentam também»?
Carácter enviesado, o desta pessoa.
 Falta de consideração e estima pelo povo em dificuldade!
Para esses, a compreensão não mora lá!
 Em situações dessas, a generosidade é uma atitude desconhecida.
Bate, sim, nos que estão em baixo!
É preciso é que sejam simples trabalhadores honestos e que vivam do seu trabalho.
Desde que não pertençam à elite de que faz parte.
Sempre vai havendo gente que nem se dá conta de que é lixo.
Apenas uma questão de hábito!


Abraço.

sábado, 2 de agosto de 2014

Ao raiar do dia

 



Logo bem cedo quando a manhã espreita e o silêncio se desfaz, eis que o dia se instala devagar.
O «mundo» prepara-se para mais uma jornada.
Os movimentos acontecem devagar e o corpo ainda quente reage preguiçoso e dolente.
Como é diferente a vida lá fora!
Pessoas ainda meio sonâmbulas encaminham-se cada uma para o seu destino.
O mau humor estampado no rosto e a cara caída dão mostra do pouco entusiasmo que os acompanha.
É a insatisfação e o desagrado com a vida.
 Os problemas não se foram com o sono, continuam lá. O sono só os camuflou!
É preciso não pensar nisso agora, o tempo dirá e as obrigações esperam.

As dificuldades não parecerão tão pesadas se pensarmos um pouco na Faixa de Gaza.
Aquilo, sim, são problemas!
Lá, não há tempo par ver acordar o dia.
Lá, o sol está escondido pelo fumo dos morteiros que não cessam de matar inocentes.
 Lá, os problemas têm outra dimensão.
Lá, o corpo não tem tempo de acordar, porque não pode dormir.
Pensar um pouco nisto ajuda a relativizar.

Abraço.