Durante a minha meninice, tive a feliz oportunidade de poder ter acesso a brincadeiras, objectos e coisas, que me fizeram muito feliz.
Uma delas de que nunca me esqueço era poder dar uma volta no
Carrossel!
Castelo Branco, onde o meu pai se deslocava todas as
semanas, era o local do feito.
Era costume acompanhá-lo e, muito senhora de mim, ia sempre
que ele me mandava fazer uns «mandadinhos».
No fim do dia era
premiada com uma espécie de pequena mesada, que para mim significava muito!
Aquele pecúlio era sempre aplicado em duas coisas que eu
adorava: uma bola de Berlim na
pastelaria do Hotel Turismo acabadinha de sair e umas voltas no Carrossel.
Já próximo do fim do dia, lá ia eu a satisfazer os meus dois
pequenos vícios.
Ambas as coisas bem diferentes, mas igualmente saborosas!
Saboreava as duas com a mesma satisfação.
Feliz, pensava que o Mundo me pertencia.
Naquela época era preciso pouco para uma criança se sentir
feliz.
Não havia oportunidade para grandes exigências e qualquer coisa
que viesse era considerada um prémio gostoso.
Tão diferente dos tempos de hoje, em que nem as crianças e nem
muitos adultos se contentam com o essencial!
Mal acabam de receber uma coisa, pedem outra e sem mais
delongas há sempre alguém que corre a comprar.
O que acontece é que as crianças no fim do primeiro contacto
se enjoam, tal é a inflação de traquitana à sua volta!
Às vezes até se revoltam, pois tudo aquilo que os rodeia,
não substitui o que mais lhes faz falta, que é atenção e afecto!
Este é um drama dos dias de hoje para quem ainda tem (e para
quem não tem muitas vezes), algum poder de compra e pouco tempo e paciência
para dar!
Será esta uma oportunidade para ponderar um pouco?
O excesso das aquisições que se fazem, não será apenas mais uma
forma de consumismo e de distrair a consciência?
Atitudes destas não deixarão a descoberto uma forma menos correcta
de educar!
Pensemos nisto.
Abraço.
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