quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O vento























Lá fora, o vento sussurra!
As árvores, com seus ramos bambos, largam folhas, que se elevam e correm velozes atrás de sítio mais resguardado.
Atrás dum muro velho que, estremecendo, espera também que o vento se aquiete.
O sol, a medo, mostra-se, mas, arrepiado, foge.
As nuvens, pesadas, adensam-se e unem-se mais.
O dia, já cansado, vai-se esgotando.
Fica quieto o tempo.

A noite pede licença para entrar.
As ruas vão ficando mais vazias e desocupadas.
O vento, senhor do tempo, hoje, é o dono.
 Eu, aqui aconchegada, sonho com uma noite em que o sono me traga paz!


Abraço.

  

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O gesto

 



Sim, hoje apeteceu-me falar do gesto, aquele que dizem que é tudo!
O que nos faz sorrir, que nos deixa felizes e que nos transmite afecto!
Ou aquele que nos magoa, que nos desilude e que nos marca pela negativa.
O que deixa marcas profundas, invisíveis e que se fazem sentir em nós de formas menos desejáveis!
Contudo, um gesto é uma atitude rápida! E como pode mudar tudo assim, sem nada o fazer prever!
Para melhor ou para pior!
Num mundo menos materialista, mais solidário e sensível até poderia não haver esse gesto que magoa!
As amizades seriam  cultivadas, a inveja, os rancores e o despeito desapareceriam e dariam lugar a afectos e a atitudes mais dignas, o que tornaria as pessoas mais tolerantes e menos preconceituosas.
Onde os braços se estendessem mais em direcção ao outro para o abraçar nas horas menos boas da vida, em vez de o apontar!...
 Onde a palavra não ferisse, apenas envolvesse!
Onde não houvesse acanhamento em dizer ao outro: «Eu também gosto de ti!»
Onde o pensamento se ocupasse mais em ajudar do que a julgar!
Sei que o que aqui fica é uma utopia!
Também sei que isso não me impede de eu o desejar!...
Tudo isto veio a propósito, porque hoje fui surpreendida com algo agradável que não esperava: uma simples brincadeira com a minha foto na capa de um livro - um gesto que achei muito bonito!
Esse gesto é que despoletou toda esta reflexão!

Abraço.

      

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Onde anda a magia da vida?



Vida Sexual escancarada

Depois de ter percorrido a vida e de ter vivido muitos momentos, olho à minha volta e pergunto: «Por onde anda a magia e o belo com que  me cruzei tantas vezes? Por onde anda o mistério e o intimismo? Por onde anda o recato e o bom senso? Que mundo é este onde tudo é feito sem pudor e sem magia?» Vem isto a propósito de um recente programa da SIC.
Quanto a mim, a vida assim com tudo a descoberto deixa de ter graça!
Quebrou o encanto!
Cansa e depressa  enjoa.
Também penso que os tabus de antigamente, o controlo apertado a que todos fomos sujeitos, não têm mais lugar nesta sociedade moderna!
Contudo,o extremo oposto disto é para mim um excesso.
Uma exposição, digo eu,  pouco digna da intimidade que deveria ser só nossa.
Os excessos nunca foram saudáveis!
Quem os promove também devia ter em conta que os exemplos vêm de cima e que os olhares estão postos neles.
Um papel pouco educativo e pedagógico de quem tinha mais obrigações!     


Abraço.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Triste é pouco


Hoje tem sido um dia triste cá em casa.
Esta gatinha que vêem no cabeçalho deixou-nos hoje!
Estava connosco há doze anos e foi uma amiga e companheira inesquecível!
Uma doença do foro oncológico, levou-a depois de dois dias de algum sofrimento.
Um animal de estimação faz parte da família.
Torna-se um ser presente em todos os momentos e toma parte em tudo o que acontece.
Fica alegre ou triste, conforme o estado dos donos.
Daí, esta saudade que se transforma em falta que dói!
Apesar da idade, era ainda jovem no relacionamento.
Brincalhona, bem disposta e, sim, altiva! Muito altiva!
Tinha pose de rainha e foi por nós tratada como tal!
Faz falta aqui no espaço!
Fazem muita falta os seus olhos verdes vivos e atentos.
Vai durar um tempo a arrumar o assunto, Matilde!
Era assim o seu nome.
Ficamos com a saudade e a certeza de que connosco, a Matilde foi muito feliz.
 Até amanhã, fofinha!...


Abraço.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Porquê?





Às vezes questiono-me: porquê esta quase necessidade, este prazer de passar a escrito, o que me vai no cérebro!
Ao fazê-lo, sinto-me como se tivesse arrumado objectos valiosos, que andavam mais ou menos amontoados sem um lugar definido.
O meu cérebro é esse lugar, que agradece a organização.
É isso que eu sinto quando escrevo. As ideias ficam mais definidas e etiquetadas.
Faço uma espécie de seriação, acomodando cada uma em seu compartimento.
Quando se escreve, adquire-se um estilo próprio. O meu é intimista. Daí que, quando comecei a escrever, eu achasse que não interessaria a quem lesse, pois são assuntos por vezes muito meus e da minha zona de privacidade!
Se é privado porque partilhá-lo?
Para mim faz sentido, é uma forma de conviver, de me manter viva e de obrigar o cérebro a estar activado.
Então e não é que gosto deste convívio calmo e saudável?
Escreverei sempre que precisar e sobretudo enquanto me der prazer!
Obrigada a todos os que me lêem e me fazem  companhia!


Abraço.