quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Paladares

















Não sou, por motivos de educação alimentar, uma grande comilona.
Mas sou, sem dúvida, uma apreciadora de boa comida.
Sobretudo de comida caseira, confeccionada à boa maneira portuguesa.
Com alimentos o mais naturais e frescos possível.

Reaprendi a comer há já bastante tempo.
Aprendi que comer bem não é de modo nenhum comer muito, nem passar fome.
Não é carregar os alimentos de sal e gordura.
Não é fazer dietas loucas que normalmente são prejudiciais.
Comer bem é comer de tudo sem excessos.
É degustar, é ir comendo.
Refeições fraccionadas e leves.
Cinco por dia.
De duas em duas horas, é o que costumo fazer. 
Adoptei este método há já muito tempo e dou-me muito bem com ele.
Completo-o com ginásio três vezes por semana.

Contudo, considero que se fizesse a vontade à minha gulodice natural, seria uma gorda irreversível.
Neste momento, devo dizer que já não conseguiria voltar atrás.
É tudo uma questão de educação e uma forma de estar na vida.
Contudo, assumo que sou gulosa.
Uma vez por outra, lá de longe em longe, cometo um pecadilho.
Coisa que até os médicos apoiam.
Nesse dia como a gulodice que mais me apetecer.
Sou uma apologista da dieta mediterrânica e sei que estou no bom caminho
Não quer experimentar?

Abraço.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Relações amistosas





Seria óptimo podermos viver num Mundo onde a amizade se cultivasse.
Se tratasse como uma planta de rara beleza.
Se adubasse, se regasse e se protegesse com ternura, compreensão, tolerância e muito amor.
Onde não houvesse lugar a sentimentos negativos.
Onde as pessoas fossem todas bem formadas.
Se compreendessem e se respeitassem.
Onde a solidariedade nunca faltasse.

Este mundo de que falo, só poderá existir na ficção.
Os motivos dessa impossibilidade são, quanto a mim, não só uma questão de feitios diferentes, mas sobretudo uma questão de cultura e educação.
Cada um é diferente do outro.
Toda a gente tem humores oscilantes.
Toda a gente tem acessos menos correctos.
Contudo, toda a gente também tem um cérebro e tem também a obrigação de o controlar.
Porque é que não o fazemos?
Provavelmente porque falhou algo importante na nossa educação.
Deixaram-nos, e deixámos, os instintos mais primários à solta.

Precisávamos de adoçar o olhar, pôr suavidade na voz e não sermos parcos com os gestos de amizade.

Assim, o Mundo seria melhor.  

 Abraço.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Finalmente















Estou a gostar.
Finalmente alguma coisa com qualidade nas tardes da RTP1.
As tardes, das quinze às dezoito, estão quanto a mim muito bem entregues.
Com dinamismo, diversidade, simpatia, descontracção e competência.
José Carlos Malato está muito bem como anfitrião.
O formato é dele e agrada-me.
Faz-se acompanhar pela Marta Leite Castro, que com ele também está muito bem.
Finalmente dá gosto olhar e prestar atenção ao que se passa no pequeno ecrã.
Bons temas e gente de qualidade.
Sem fazer a exploração da desgraça alheia, ou abandalhar para prender audiências, este programa tardou pela demora.
Estávamos a precisar de algo com substância.
Durante três horas, não há tempo para desgastar o cérebro a pensar nos doutos governantes que nos mortificam a cada dia.
O meu aplauso.
Sabe bem, estar recolhida e ocupada junto à lareira e ter por companhia gente com qualidade e com quem se aprende alguma coisa.
Sem lamechices, com humanismo e com muita ternura à mistura.
Penso que são os condimentos e o segredo deste programa.

Parabéns.

Abraço.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O palco da vida

















A vida é passada num palco.
É um palco onde, ao longo da nossa existência, vamos protagonizando as mais diversas personagens e cenas.
Dramáticas, satíricas, de humor…
Enfim.
É ali que nos esforçamos ou não, por ser os melhores e os mais capazes.
É ali que passamos a imagem de competentes ou inaptos.
É ali que tentamos mostrar o que muitas vezes não somos.
É no palco da vida que se exibem os bons e os maus actores.
Os credíveis, que são de aplaudir.
Os ridículos, que por muito que se esforcem, não conseguem disfarçar a falta de qualidade.
É ali que mostramos as nossas fraquezas, o nosso orgulho, as nossas qualidades de actores.
Assim, ao vivo e sem rede.

Palhaços.

Ricos e de espírito pequeno.
Pobres e sem oportunidade de brilhar.
Ambos se agigantando perante o Mundo.

É um palco enorme a vida.
Com espectadores críticos.
Muitas vezes carrascos.
Com vocação de predadores.

A vida é um palco repleto de sapos que incham, incham!...

Abraço.    

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Bom gosto





















Pois é.
Este é um tema complicado.
Como se costuma dizer, gostos não se discutem.
Mas a verdade é que do gosto dependem a harmonia e o belo.
O bom gosto ou a falta dele também depende dos códigos que nos foram passados na infância.
Também do que fizemos ao longo da vida, para tentar educá-lo.

Se todos tivéssemos noção da beleza e do equilíbrio, com as devidas diferenças ficaríamos todos mais bonitos.
Também poderíamos tornar o ambiente em que vivemos e onde trabalhamos mais harmonioso e leve.
Para isso nem é preciso muito dinheiro.
As coisas simples são as mais bonitas.
Basta ter o mínimo de bom gosto.
Se soubermos fazer a conjugação do que usamos, se soubermos adaptar os móveis aos espaços e ao sítio onde vivemos, o equilíbrio transparece sem grande esforço.

O dinheiro não é sinónimo de beleza e harmonia.

Muito importante também, creio eu, é ainda a forma de estar na vida.
As coisas mais simples e acessíveis, poderão transformar uma pessoa e um ambiente em imagens bonitas.

Abraço.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Flashes

















São imagens que aparecem quando menos se espera e se deseja.
Às vezes são apenas isso mesmo, flashes.
Outras vezes insistem em permanecer um pouco mais.
São cíclicos e inevitáveis.
Tenta-se não dar importância.
De pouco resulta: reaparecem.
Insistem na visita.
Quando as marcas são profundas, é difícil apagá-las.
Uma operação plástica à alma, quem sabe?
Será que a ciência ainda lá chega?
Enquanto sim e não, será melhor exorcizar o problema.

Só tardou pela demora.

A partida estava marcada.
Era preciso chegar ao comboio.

- Pode levar-me à estação amanhã se faz favor?
- Não posso.
- Não pode?
- Então e agora?
- Não sei!
- Desenrasque-se!...

A resposta doeu de mais.
O que é que eu faço?
A insensibilidade e o desafecto eram de facto de mais.
Era o último dia.
Era uma despedida para uma grande ausência.
O destino não era propriamente turístico!...
Custou a engolir a decepção. O coração bateu forte.

Socorro!..
Acudiu um amigo.
Carregaram-se as malas.
Na estação, foi dura a despedida.
Naquele comboio ficaram horas de lágrimas.
E mágoas.
Sem afectos nada é possível.

O coração perdoou.
A alma ainda dói.

Abraço.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Catadupa















É um fartar de notícias «simpáticas» nestes canais televisivos.
A informação é um massacre.
A todas as horas nos servem doses maciças de informação, que só com grande esforço não nos deixam em estado depressivo e em choque.
Servem-nos consecutivamente uma ementa suculenta, variada e cada vez mais condimentada de conteúdos, cada um mais negativo que o outro.
É verdade que os tempos estão mais que maus, mas bater exaustivamente nos aspectos cruéis que nos vêm do governo, é de querer pôr tudo ainda mais doido!...
Não se passará nada de positivo neste país?
Será que só existe o governo centrado no seu afincado sadismo?

Que há muita violência também todos sabemos.
Mas…não terá ela origem neste descalabro em que estamos todos?
Quem é que não está inseguro?
Só os que têm o poder, acho eu!...
Será que estão?
Bater sempre na mesma tecla, já enjoa.
Qualquer pessoa sem vocação para masoquista tem vontade de desligar o aparelho.

Todos os dias a mesma ementa, é pouco criativo.
Seria bom também ir procurando notícias positivas.
Também as haverá por aí!...
Depois, seria bem menos deprimente.
Informação é uma coisa, intoxicação é outra bem mais grave.

Bom senso deseja-se.

Abraço.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Aproveitando os momentos

















Já que o senhor Passos do sorriso postiço não dá mimos a ninguém, vou eu fazer essa tentativa.
Aí vai o produto final de mais um dos meus pequenos trabalhos.
É outro mimo que me deu muito prazer fazer.
Saiu de mim e partilho-o consigo.
Mais uma vez utilizei linho muito antigo.
Perdi a conta aos anos.
Desde o linho ao trabalho, tudo foi artesanal.

Mais uma peça única.
Espero que agrade pelo menos a quem aprecia uma certa forma de arte.

Abraço. 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Fora do contexto

















Nesta sociedade em que vivemos, convencionaram-se regras, estipularam-se metas, criaram-se estereótipos.
À custa disso, vivemos muitas vezes espartilhados e com a «liberdade» ameaçada.
Sentimo-nos obrigados a lutar.
A esforçarmo-nos para não defraudar ninguém.
Sentimos que é preciso ombrear.
Temos que andar ao lado.
Não podemos sair da fila.
Não podemos destoar.
«Parece mal, não fica bem, é uma vergonha»!...
Herdámos estes conceitos e logo, logo, não nos demos conta de que há outros caminhos.
Só mais tarde, já marcados pela vida, parámos para pensar.
Questionámo-nos.
Que formigueiro é este?
Será que é por aqui o caminho?
Esta fila não me diz nada!...
Há mais direcções.
Ninguém é obrigado a integrar o formigueiro!...
As regras estabelecidas, os preconceitos, as modas impostas, são meras convenções.

Às vezes vale a pena sair fora do contexto. 
Vale a pena sermos nós mesmos, sem a necessidade de ombrear seja no que ou com quem for.

Abraço.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sem limites


















Estou a pensar concretamente na vida.
Nem sempre nos sorri, nem sempre nos facilita a existência.
Para a atravessarmos, deparamo-nos com alguma frequência com factos e situações, com os quais nem sempre convivemos bem.

A vida é uma roda gigante com muitos passageiros a bordo e todos diferentes uns dos outros.
O choque é inevitável.
Para a vivermos sem grande turbulência, temos de controlar o instinto menos saudável que há em nós.
É um exercício de acrobacia e malabarismo.
É um jogo onde se perde muitas vezes.
E nem sempre temos bom perder.
Somos assaltados por frustrações e raivas, difíceis de engolir.
Somos testados e não gostamos.
Deixamos pontas soltas e situações mal resolvidas que não nos são favoráveis
O silêncio que dizem que é de ouro, nem sempre resolve.
O sentimento de impotência rói, rói, rói!..

A inabilidade a conduzir a roda, é o cerne da questão.

A vida é um sem fim de limites a que somos sujeitos.

Abraço.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O assobio do vento

















Aqui por Sesimbra, o Inverno ainda não se fez sentir muito.
Às vezes a lareira dispensa-se.
Este inverno está meio matizado de Outono e até um pouco de primavera.
Tem-se mostrado demasiado sereno para o meu gosto.
Hoje por acaso, ao acordar, tive uma surpresa.
Lá fora o vento rugia.
Ru…u.u…!
Por sua vez, a chuva batia forte nas telhas.
Aí, sim, lembrei-me do inverno a sério.
Vento, chuva...
Faltava apenas o frio.
Será desta vez que chega?
Bom.
Espreitei.
Há realmente uma ameaça no ar.
O tempo não sorri, apenas mostra os dentes grandes e severos.
Não faz mal.
O tempo também tem os seus direitos e os seus dias.
Hoje está carrancudo e sem sorrisos.
Há um ditado que diz, que «muito riso pouco siso!...»
Deixa-o lá recolhido e sem dar confiança.
Está a dar-nos a oportunidade de nos recolhermos também e reflectirmos.
Poderemos pensar na vida e retirar conclusões para o futuro.
O melhor é não pensar nos «maluquinhos de Arroios» que nos governam! 
Isto, parafraseando um cronista de fim-de-semana!...

Decididamente está um dia diferente.
E, sim, hoje a lareira será bem-vinda, ainda que não muito grande.

Bons momentos.

Abraço.

Nota
Este é o meu «post» nº 500. Nunca pensei.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

É bom ser solidário




















Aquela reportagem de rua do homem e o seu amigo cão tocou muita gente.
Eu não fui excepção.
Foi inevitável uma lágrima ao canto do olho.
Aquela forte ligação entre os dois é comovente.
Assim houvesse amizades destas entre os homens sem excepção.
Quando se ama de verdade, não são as dificuldades que nos fazem abdicar do que amamos com facilidade.
Aquele homem, que já teve uma vida normal, foi uma das vítimas do sistema que se instalou no nosso país.
Ficou sem emprego, sem casa e pelos vistos sem nada.
Restou-lhe um amigo.
Por incrível que pareça, não foi nenhum humano.
Foi o seu fiel amigo cão.
Aquele que dá amizade, que é fiel e que não pede nada em troca.
Que não abandona o seu dono seja qual for a situação.
Que o protege dos hipotéticos perigos.

Ao seu dono e a ele foi-lhes negado um poiso.
Um cão, neste país, ao contrário de outros, não é bem aceite.
A rua e uma corrente são a única coisa que merece.
Ainda bem que há gente que foge à regra.
Sensível e informada.
Que a nova casa dos dois os compense do mau bocado por que passaram.

A solidariedade aconteceu.

Abraço.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

As crianças, os brinquedos e os pais
















Todas as crianças adoram brinquedos.
É saudável brincar e recriar.
Temos é um problema que pode em parte cortar a criatividade, a imaginação e até a qualidade da brincadeira.

Todos deveríamos saber que nem toda a oferta que temos nesta área, é a mais apropriada.
Todos deveríamos saber que é preciso ser selectivo ao escolher.

Infelizmente nem sempre assim é.
Se andarmos atentos, daremos conta de que, nesta matéria, o cuidado, o conhecimento e a sensibilidade, são raros.
Ao entrarmos nos quartos de muitas crianças, damos conta de que, na maior parte das situações, não só estão repletos de quinquilharia, como, devido a esse facto, quase não há espaço para que elas se movimentem.
Vemos então nesses ambientes crianças desorientadas, desinteressadas e «stressadas», num cenário confuso e desmotivador.
Esses brinquedos chegam-lhes a casa pela mão dos adultos.
Escolhidos sem critério e com a convicção de que serão úteis.

A verdade é que por isso se conseguem verdadeiras inflações de objectos inúteis e geradores de desagrado e até de agressividade.
A criança não gosta do que vê.
Fica confusa e desinteressada.
Vê-se rodeada de tudo, menos do que precisa.
O tempo e o carinho dos adultos.
A criança não se deixa comprar.
Parecendo a alguns que não, as crianças são exigentes.
Querem o que é seu por direito:
A atenção e o afecto.

Depois toda aquela amálgama de plástico, todo aquele excesso corta a criatividade.
Está ali tudo feito.
A criatividade da criança não tem lugar ali.   

Brinquedos, sim, mas apenas os suficientes, e escolhidos com critério.

O livro com bom conteúdo é também um instrumento útil e que deve estar sempre ao alcance da criança.
É de pequenino que se cria o gosto pela leitura.

Abraço.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Cozinha mediterrânica



















Vem este tema a propósito do número de crianças obesas que proliferam por aí.
A alimentação incorrecta e a vida parada à volta dos meios audiovisuais serão duas das causas.
Não creio que uma boa parte da população não tenha já ouvido falar dos benefícios da chamada dieta mediterrânica.
Contudo, haverá ainda muita gente que não a adoptou.
Por desconhecimento?
Por comodismo?
Ou porque se aculturaram aos novos tempos, em que tudo é facilitado?
A comida pré-fabricada não é, como sabemos, a melhor escolha.
A vida cheia dos pais, com longas horas fora de casa, poderá ser uma desculpa.
Poderá juntar-se a este facto a desinformação ou a falta de vontade de se organizarem os tempos.
Seria muito importante para as gerações futuras que aprendessem a comer de uma forma saudável.
Seria bom fazer bom uso da imensa variedade de produtos que existem no nosso país e, digamos, á disposição de todos ou quase.
Educar o gosto e o paladar é também uma necessidade desde muito cedo.

Dizer não à chamada «fast food», que carrega doses excessivas de gorduras e açúcares que transformam as nossas crianças em seres redondos e andantes, com um ritmo lento e pouco entusiasmado.
São crianças paradas, e de olhos tristes.
São crianças doentes, porque a obesidade é uma doença que pode ser trágica.
As hortaliças, as leguminosas, as frutas e os lacticínios, acompanhados das doses correctas de proteínas (incluindo carne, que falta na imagem), deveriam ser a alimentação de todos.
Quanto a mim, é em casa e na escola que tudo deve começar.
É obrigação de todos, pais e professores, criarem condições para que as nossa criança sejam no futuro mais saudáveis, criativas e bem dispostas.     

O exercício físico é indispensável para um melhor resultado.

Abraço.

sábado, 5 de janeiro de 2013

O tempo














Não tenho tempo, é do tempo, o tempo não perdoa, o tempo passa, o tempo está um horror!...
Enfim.
Uma infinidade de formas de nos referirmos ao tempo.

O tempo hoje, digo eu, está bonito!
Os raios solares dão aos campos uma luminosidade que os torna ainda mais bonitos.
A manhã surgiu fria.
Um ventinho cortante transportou-me à minha velha aldeia.
À minha velha casa.
Em tempos idos, o inverno era rigoroso.
As manhãs acordavam geladas.
O ar frio transformava em gelo tudo o que fosse humidade.   
A geada deixava a terra vestida com um enorme vestido branco.
Só as lareiras, prioridade das prioridades, faziam aquecer os corpos acabados de sair do quente das mantas de pêlo e de flanela, que durante a noite nos aconchegavam.
Depressa, a cafeteira de esmalte azul e branca saltava para o fogão de petróleo.
Cheia de água, iria receber o pó de cevada logo que fervesse.
Nas brasas que entretanto se iam formando, assava-se uma chouriça fresca, da matança ainda recente.
O pão centeio ainda com qualidade era o rei da mesa.
O queijo, sempre caseiro, fresco ou curado, também marcava presença.
O leite para misturar ou não com a cevada, saía directo da teta da vaca ou da cabra para a mesa.
Às vezes ainda chegava quente a casa.
Cada um que ia chegando à cozinha, transformada em sala de refeições da família, servia-se do que melhor lhe soubesse.
Havia nesse tempo a cultura da amizade e do convívio.

Começava logo pela manhã.
Aqueles momentos antecediam o dia que prometia ser de trabalho.
O tempo era outro e ficará para sempre comigo.
O cheiro e o sabor dos alimentos também.
Os sons, as sensações, tudo ainda permanece fresco na minha memória.
A vida era outra, as mentalidades eram outras e as necessidades também.
Foi tempo de grandes afectos.  

Foi tempo que deixou saudades!

Foi tempo.

Abraço
     

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Há rosas em Janeiro




















Afinal, há rosas em Janeiro.
No tempo da rainha dona Isabel, diz a lenda, que as flores do regaço que mostrou ao rei foram resultado de um milagre!...
«Rosas em Janeiro?», ter-lhe há dito Sua Alteza Real.

Rosas em Janeiro, sim, senhor, digo eu.
E sem qualquer milagre, que não seja o da natureza.
Aqui, no meu espaço exterior, foram hoje apanhadas estas, que escolhi para ilustrar este pequeno texto. Um arranjo à base de camélias.
Havia outras espécies se eu quisesse.

Aqui fica a partilha.
Que não sejam apenas as coisas menos boas da vida a ser partilhadas.
Há também beleza e motivos de bem-estar, aqui por estas bandas.
Onde o mar se agiganta e se faz ouvir.
Onde a terra é fértil.
Onde o cheiro a pinhal se faz notar.
Onde o silêncio deixa que ouçamos o crepitar da lareira.
O ladrar dos cães e o cacarejar das galinhas.
Onde o frio espreita à porta sem poder entrar.
Onde o ar é puro e as flores crescem, mesmo em Janeiro.
Onde as tradições se mantêm e nos fazem sentir que nem tudo é plástico.
É bom poder saborear este ambiente.
Poder usufruir da calma e liberdade que nos proporciona.
Onde sentimos que gostam de nós.
Aí vai um cheirinho disto tudo, enviado por mim.
Assim, com simplicidade.

E afecto.

Abraço.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Estórias que ouvi

















Foto 
da época




É muito antiga esta estória.
Veio-me à memória, como me vêm outras igualmente engraçadas.
Esta é difícil de contar.
O seu conteúdo pouco próprio leva-me a escrevê-la com o máximo de decoro.
Espero sair-me com a elegância possível!

Na minha aldeia do interior, Casteleiro / Sabugal mais concretamente, havia duas famílias de lavradores muito abastados, que eram vizinhos.
Moravam em frente uns dos outros.
Apenas os separava um quintal.
Estas famílias eram rivais.
Por motivos políticos (estava-se no final do século XIX, parece) e também por causa das invejas, segundo diziam, não se podiam nem ver.
Os contactos aconteciam frequentemente entre as respectivas esposas.
Que passavam os tempos livres (e eram muitos, pelos vistos) à janela!
Não perdiam a oportunidade de trocarem mimos, cada um mais elucidativo que o outro, da raiva que sentiam.
Convém dizer que cada família se achava a mais rica e mais influente.
Certo dia, os ânimos exaltaram-se mais que o normal.
Uma das matriarcas, pendurada na sua janela, ficou tão fora de si, que desabafou contra a outra:
«Olhe! Conheço três qualidades de pu…! As pu…, as senhoras pu…, e as senhoras donas pu…».

Tudo indica que a senhora atribuía à sua vizinha o nível mais elevado do título!...

Era assim a relação destes vizinhos, que se achavam os nobres da sociedade local!

Estórias.

Abraço.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Ano novo, vida mais difícil














Grandes festas, grande animação.
Se alguém não estivesse informado da situação de crise em que os portugueses estão mergulhados, pensaria, ao ver os festejos nas televisões, que estamos a nadar em dinheiro!
É normal.
Quando há dificuldades, é preciso tentar esquecê-las.
Se não, vejamos o povo brasileiro, o povo angolano, etc….
Quantas vezes, mergulhados em fome e miséria – mas não perdem nunca a oportunidade de uma boa dança e de uma boa cantoria.
Formas de aliviar as tensões e as incertezas da vida.
À noite, durante a ressaca, ouviu-se com expectativa a mensagem do Senhor Presidente da República.
Como sempre, não esquentou nem «arrefentou».
Morninho e com menos intervenção do que seria desejável.
De qualquer modo, deu para perceber que está preocupado com tanto atrevimento do governo!
Só que para vergar o arrogante senhor Passos, foi pouco.
Esse senhor, que está deslumbrado com o cargo que lhe coube em sorte, tem as costas bem quentes!
A senhora Merckel, junto com o senhor Gaspar, passam-lhe energias q. b. para nos tramar a todos.
Sem vergonha, e com cara estranhamente feliz!...

Aguardemos mais um mês e veremos com mais clareza os estragos.

Será que quando vir os cacos, o senhor Presidente perde a «timidez»?   
Aguardemos.

Abraço.