Delfina era o seu
nome.
Era, digo bem.
Deixou-me cedo e sem nada o fazer prever!
Ficou o som meigo
da sua voz e a saudade que não esgota!
Talvez por hoje
estar um dia chuvoso me lembrasse dela de uma forma que acho bonita.
Nasci no mês de
Abril e ouvi-a contar-me algumas vezes que, durante esse mês, a chuva não parou
de cair e que o tempo foi de Inverno puro e duro.
Estava aqui a
pensar como eram saborosos aqueles momentos de diálogo com ela.
Sabia contar
estórias. Sabia criar ambiente. Levava-me facilmente dento delas, de uma forma
muito agradável e calma!
Eram diálogos recheados
de ternura e sentido mímico!Transmitiam-me paz e algum conhecimento que me tem
ajudado a conhecer-me melhor.
Bom, fiquei a
saber que a chuva, o vento e o frio nos acompanharam, a mim e a ela, durante o seu
último mês de gravidez.
Este facto
levou-me já muitas a vezes a pensar que talvez por isso eu seja uma amante
incondicional desses agentes do tempo,
assim como de uma boa lareira a crepitar!
Todos juntos,
trazem me toda a tranqulidade que procuro!
Durante aquele
último mês de Abril, devo ter estado quietinha a boiar naquela piscina quente,
a a ouvir a respiração tranquila de minha mãe, combinada com a chama na lareira!
Percebi já há
algum tempo que esta minha paixão por estes ambientes invernosos, quentes e
calmos, é uterina mesmo!
É bom perceber o
porquê das coisas.
Obrigada, minha
mãe.
Abraço.