sábado, 31 de janeiro de 2015

A importância de uma mãe



























Delfina era o seu nome.
Era, digo bem. Deixou-me cedo e sem nada o fazer prever!
Ficou o som meigo da sua voz e a saudade que não esgota!
Talvez por hoje estar um dia chuvoso me lembrasse dela de uma forma que acho bonita.
Nasci no mês de Abril e ouvi-a contar-me algumas vezes que, durante esse mês, a chuva não parou de cair e que o tempo foi de Inverno puro e duro.
Estava aqui a pensar como eram saborosos aqueles momentos de diálogo com ela.
Sabia contar estórias. Sabia criar ambiente. Levava-me facilmente dento delas, de uma forma muito agradável e calma!
Eram diálogos recheados de ternura e sentido mímico!Transmitiam-me paz e algum conhecimento que me tem ajudado a conhecer-me melhor.
Bom, fiquei a saber que a chuva, o vento e o frio nos acompanharam, a mim e a ela, durante o seu último mês de gravidez.
Este facto levou-me já muitas a vezes a pensar que talvez por isso eu seja uma amante incondicional  desses agentes do tempo, assim como de uma boa lareira a crepitar!
Todos juntos, trazem me toda a tranqulidade que procuro!
Durante aquele último mês de Abril, devo ter estado quietinha a boiar naquela piscina quente, a a ouvir a respiração tranquila de minha mãe, combinada com a chama na lareira!
Percebi já há algum tempo que esta minha paixão por estes ambientes invernosos, quentes e calmos, é uterina mesmo!
É bom perceber o porquê das coisas.
Obrigada, minha mãe.


Abraço.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Fazes falta



Leia este texto 
ouvindo este som 
(clique aqui).







Não te vi em pessoa,mas conheci-te.
Não te ouvi mas imaginei o timbre da tua voz.
Senti-te através do que expressavas.
O teu entusiasmo atraíu-me.
 Fiquei suspensa quando, de repente, soube que o teu tempo se esgotava.
Admirei a tua coragem e resignação no sofrimento.
Emocionei-me quando te despediste de todos nós, desejando Boas Festas!
Talvez te tivesses ultrapassado para o fazer!
Sabias que era para sempre!
Segui pelo Face os últimos oito dias da tua luta lenta e sofredora!  
A tua morte, quase em directo, doeu.
Não te conheci, mas senti-te!
Também tu ficarás no meu coração!
Fazes falta, Natália Bispo!

Até sempre.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Pedagogos de todo o Mundo, uni-vos!





















Toda a gente deveria saber que as crianças de hoje são os Homens de amanhã!
Toda a gente deveria saber que os pais são o espelho dos filhos!
São frases feitas, mas são uma realidade incontornável!
Também devíamos saber que para educar uma criança é preciso conhecimento.
É preciso estar muito atento e ser oportuno nessa educação.Nos momentos certos não deixar de introduzir os princípios e os valores que farão dela um adulto mais completo e justo.
Ensinar-lhe a dar valor ao trabalho dos pais e fazê-la compreender que o que tem é resultado do seu esforço.
Ensinar-lhes o valor do dinheiro e de como é preciso não o desperdiçar em coisa supérfluas!
Dar-lhes instrumentos com que se possam valorizar e adquirir conhecimento que farão deles homens e mulheres competentes que possam contribuir para construir um Mundo melhor!
Tudo isto para dizer da minha indignação perante a histeria que vai para aí à volta de uma série Argentina que tem como protagonista uma tal de Violeta!
Num país onde os ordenados são de miséria e a vida é cheia de dificuldades, venderam-se nada mais nada menos do que setenta e dois mil bilhetes que vão de setenta a quinhentos euros!
Houve famílias que vieram de longe e são vários os elementos a assistir ao espectáculo!
Pergunto: Que loucura é esta? Que futilidade? O que vai na cabeça destes pais? Que adultos serão estas crianças no futuro?

Senhores Pedagogos, senhores Sociólogos, Senhores estudiosos sérios desta sociedade, esclareçam-me por favor!

Abraço.    

   

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Aqui o silêncio fala






O que durante o Verão fervilha de vida, neste momento é apenas céu, mar e silêncio.
Esta imensidão de mar e este silêncio são a plataforma para o isolamento e a reflexão.
Gosto de me sentir assim rodeada de Natureza!
O vento sacode os pinheiros, acaricia a areia e refresca-me a face.
O som das ondas que hoje são calmas, arrola-me e faz-me sonhar com um Mundo melhor.
Um Mundo generoso, solidário e acolhedor, onde não têm lugar os invejosos, os traiçoeiros e os egoistas.
Sinto-me quase a rodopiar. Leve e livre como um passarito, que bate as asas e se afasta do ruído daquele outro mundo, que desrespeita, que rotula, que abandona e mata sem dó!
Pena! Aquele sonho bom durou apenas alguns minutos.
Depressa fui chamada à realidade.
O ar gelado riu-se de mim e penetrou-me de cima a baixo.
O carro estava logo ali, mas havia um pormenor.
O ambiente alterou-se e o cheiro não era o mesmo.
O vento sumiu e as ondas calaram-se.
O meu pensamento estava de volta à vida real!
Em casa, esperava-me a lareira!
E os meus gatos não são deste mundo!...


Abraço.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Sem cor






Está cinzento o dia!
Será só o dia?
Quantos corações,
Quanto olhares,
Quantas almas o estarão também?
Dos pais que procuram e não encontram o sustento para os seus filhos!
Dos filhos que não têm pais!
Dos jovens que se perdem sem amparo!
Dos que lutam por valores, que não chegam!
Das crianças manipuladas, assustadas e desprotegidas!
Dos andrajosos sem abrigo!
Dos que imploram afecto a ouvidos surdos de tanta indiferença!
Está cinzento o dia!
Estão cinzentas as vontades.
Está cinzenta a vida!  


Abraço.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Vale a pena





















É com satisfação que me dou conta que há muita gente que lê o que vou escrevendo no meu Blogue «Rota da Memória».
Ainda bem.
Gosto de escrever e saber que há quem gosta de me ler.
Este Blogue começou por ser uma forma de ocupar o melhor possível os meus tempos livres e alimentar o cérebro.
Reflectir e aclarar ideias.
Nunca pensei que alguém se interessasse pelo que ia escrevendo.
Considerava que era apenas um registo muito meu.
O espanto foi quando me apercebi de que, afinal, o «meu blogue» não era apenas meu!
Fiquei contente, mas também senti mais o peso da responsabilidade. Afinal escrever para os outros lerem exige ainda mais rigor!
Por muito simples que seja o que se escreve, vai ser lido por alguém.
O meu blogue «Rota da Memória», saiu do meio restrito em que viveu durante algum tempo e galgou o Mundo sem nada o fazer prever.
Conseguiu interessar alguns!
Hoje, passados quatro anos, conta já com quinze mil e setecentas vizualizações.
Se calhar vale a pena escrever com empenho e seriedade, ainda que os assuntos sejam da maior simplicidade!
Obrigada por estarem comigo neste meu obi que me dá prazer!

Abraço.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Recordando






























Enquanto jovem, foram muitas as vezes que pessoas da aldeia (lá dizemos: o povo, para dizer aldeia) me pediram para escrever cartas a familiares ausentes e não só. O analfabetismo era quase geral, daí esta necessidade das pessoas.
Achava sempre piada, porque muitas vezes nem sabiam o que dizer e punham-me a mim a ter que inventar assunto!
Outras ditavam a preceito o que lhes ia na alma! Vou tentar pôr em pé, mais ou menos, o que, durante anos, ouvi a algumas delas. Por exemplo:

«Meu querido filho!
Espero que ao fazer desta te encontres bem. Nós, graças a Deus, cá vamos indo como Nosso Senhor  quer.
Por cá a vida é de muito trabalho, teu pai anda à jeira para a tia Adelaide do Germano e chega à noite que nem se pode mexer dos ossos, todos moidinhos de trabalho.
A nossa Maria, coitada, também se farta de trabalhar. Ainda ontem apanhou sòzinha as batatas do chão do lameiro e ficou com umas dores nas cruzes, que nem se endireita.
Eu, cá ando também com os meus achaques! Deu-me uma trambusena um dia destes que se me destimperaram os intestinos que ia deitando os bofes pela boca!
Tenho andado a caldo de arroz com cebola e uns panelos de chá de S. Roberto!
O tempo por cá anda reles.O  vento  seca tudo e deixa-nos depenados!
Então e tu? Já arranjaste aí alguma matrafona? Vê lá filho, não te percas com alguma limbelha qualquer de beiços pintados e roupa à pipi!
Olha que elas enganam com as suas palavras caras de sete e quinhentos, não valem nada e mal se entende o que dizem.
 Nós temos cá muito boas raparigas e de boas famílias, pelo menos essas são sérias e entendem-se connosco e com as nossas vidas cá do campo.
A rapariga do ti Zé da Henriqueta, está uma rapariga toda jeitosa, se te chegares a ela, acho que estará a repulir, olha que é mesmo um respigo!...
Vou terminar esta, porque já vai grande e tu deves ter mais que fazer.
Fico à espra de receber a resposta a esta carta, na volta do correio e que me contes como vai a tua vida.
Passo o tempo a pensar que ainda te perdes por essa cidade do dianho, onde ninguém dá ao menos a salvação a ningém!
Olha, só mais esta. A filha do ti Manel da Amélia teve uma menina.
E a mãe do Jaquim da Mata morreu um dia destes, coitada , também já estava muito velha e coxa.
Recebe um abraço do teu pai mãe e  irmã, que estão mortos para te voltar a ver.
Até à volta do correio, desta que s’ assina

Tua mãe».

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O Sol


amanhecer gelado natureza sol oceano nuvens sobre o mar de gelo


















O sol acordou cedo!
Espreitou atrás das nuvens!
Lento, abraçou a Terra!
Estava fria, esbranquiçada e tolhida de gelo, a Terra!
Alongou-se e chegou ao Mar, que o recebeu dengoso!
 Confundem-se num abraço de Afectos!
Amigos velhos e inseparáveis!
Que fria que está a Terra!
Onde está o calor dos Homens?

Abraço.


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Arquivo



























Um arquivo é, normalmente, um local frio e bafiento onde o cheiro a pó e a papel provoca espirros e comichões na garganta.
Contudo, há um, o meu privativo, que, ao invés de me provocar esse mal-estar, me dá a possibilidade de remexer e encontrar recordações preciosas que muitas vezes me fazem sorrir.
A propósito das estórias que nos têm chegado, encontrei  uma que me apeteceu partilhar.
É já muito recuada no tempo, mas com alguma piada!
O casalinho tinha acabado de casar.
No fim da tarde depois de cumpridas todas as cerimónias, meteu-se no combóio para Lisboa para passar a lua-de-mel!
Como era um dia especial, o bilhete era de primeira classe, sempre teriam mais privacidade!
Até Castelo Branco, tudo normal!
O amor andou no ar sem ser interrompido!
Como naquela estação o combóio demorava um pouco e o almoço tinha sido mais ou menos em stress, o noivo desceu para comprar alguma coisa para acalmar a fome que já se fazia sentir!
À espera ficou a noiva, à janela, sem querer perder a ligação ao seu mais que tudo!
Qual não é o seu espanto quando o combóio começou a andar e o noivo não se vislumbrava!
Mais ou menos em pânico, a novinha,à porta da carruagem, ficou lívida!
Valeu-lhe um sacerdote que entrou ali mesmo e que escolhera também  mesma carruagem.
Desconfiado com o ar de pânico que encontrou ,perguntou o que se passava.
Depois de informado da situação, acalmou a noiva e não a largou mais enquanto o noivo que tinha entrado noutra carruagem, não apareceu, o que só aconteceu no próximo apeadeiro!...
Foram momentos de tensão que ainda hoje, á distância, provocam assim uns tremeliques.
O sacerdote, esse, percebeu tudo, até porque a indumentária era esclarecedora!...
Educado e com um sorriso, já não ficou naquela carruagem.
Afastou-se e, discrecto, procurou outra!
O resto da viagem foi ainda mais saborosa!
Enfim! Momentos inesquecíveis.

Abraço a todos.