terça-feira, 31 de julho de 2012

Nostalgia















A nostalgia, quanto a mim, nem sempre é negativa.
Eu, por exemplo, considero-me uma pessoa algo nostálgica.
Contudo, nem sempre esse sentimento me leva à tristeza.
Muitas vezes, embora saudosa, dá-me prazer recordar.
Gosto de me sentir transportada para os locais ou momentos bons por que passei.
Quando em companhia de amigos que têm as mesmas referências que eu, então é uma festa.
Neste momento, e quando digo neste é mesmo neste, sinto a necessidade de voltar ao meu berço.
É uma vontade que vem cá bem de dentro.
Há um impulso que me chama.
Por outro lado, quando imagino que esta vontade poderá ser concretizada, acho que o tempo em que me sentia lá bem já passou.
Que neste momento já não pertenço àquele mundo.
O meu mundo está a trezentos e tal quilómetros!...
Apesar disso, continuo a ter no meu coração as pessoas que sempre me trataram tão bem.
Os locais onde fui tão feliz e me marcaram para a vida.

Neste momento, por exemplo, estou a ser um bocadinho traída pela nostalgia.
Digamos que não é propriamente a tal nostalgia negativa, apenas um bocadinho
saudosa.  

Nada que não se ultrapasse.
Daqui, continuarei sempre aninhada no berço acolhedor que me recebeu quando nasci.
E que berço bom!

Abraço.  

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A mulher da praia























Chegou descontraída.
Saco ao ombro, procurou o que para ela seria o melhor sítio.
Parou, olhou e estendeu a toalha.
Sentou-se.
Puxou de um livro e…não, ainda não.
A leitura ficará para mais tarde.
Cruzou as pernas tipo Yoga, fechou os olhos e permaneceu assim por bastante tempo.

Aparentemente, voou.
Será que saiu deste mundo impregnado de lixo vivo?

O que segue, é pura ficção:

Entrou no mar e deixou para trás o lixo vivo de um país em crise (económica e moral).
Avançou mar dentro.
Um pé, depois outro, caminhava decidida
O destino? Nem ela saberia!...
E se as vagas alterosas, a traíssem?
E se não houvesse destino?
Poderia ser trágico.
Parecia não se incomodar.
Aquela mulher de aspecto maduro e descontraído, precisou de encontrar outros mundos.
Precisou de fugir.
Fugir do contexto miserável, egoísta ganancioso e sem amor.
Passou algum tempo.
Nem sinais da mulher madura.
Na toalha, apenas os seus pertences.
Nada de identificação.
Era apenas uma desconhecida.

Abraço.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Castração


















Quando se fala em castração, sugere-nos sempre a ablação de qualquer coisa.
Em pessoas ou animais.

Normalmente e a nível físico, acontece com animais.
Sem qualquer pudor.
Principalmente os de estimação.
É preciso mantê-los quietos e submissos em casa.
É preciso que não incomodem.
Transformá-los em objectos que servirão como bonecos, para nosso prazer.
O egoísmo a prevalecer sempre.
É preciso que ninguém nos incomode.
Nem que para isso tenhamos que anular seja o que, e quem for.

Bom, mas quanto a mim, castrar não é só retirar órgãos.
Também se castram pessoas.
As suas ideias.
Capacidades.
Amores.
Afectos, etc…
Diria eu que a maior parte das pessoas passa pela vida a sentir-se castrada.
Uma castração silenciosa.
Sofrida.
Esta pequena reflexão, levou-me a uma canção de que ainda hoje gosto muito.
É de Francisco Fanhais e diz assim (pode ouvir e ler aqui):

«Cortaram as asas ao rouxinol!
Rouxinol sem asas não pode voar.»…

Pelos vistos está actual.

Abraço.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Não foi surpresa















O caso Freeport de má memória foi por água abaixo por falta de provas.
Nada que me surpreendesse.
Depois de ver tantos perdões a tanto meliante!

É impressionante tanta benevolência e compreensão.
O que me indigna, a mim e certamente a outras pessoas, é o comportamento das autoridades, perante pequenos delitos.
Lestas, vão em perseguição e aplicam a pena.

Li há dias que uma mulher foi levada a tribunal, por ter roubado num supermercado, uma insignificante lata de atum.
Essa lata de atum, certamente, foi para matar a fome quem sabe, aos filhos ou a ela própria!
Não estou a defender que foi correcta a atitude da senhora.
Mas a sobrevivência às vezes leva as pessoas a cometer actos de desespero.
Certamente não foi a abastança em que vive.
Certamente não foi pelo prazer de roubar e ser apontada a dedo.
Julgada e tornar-se motivo de chacota!

Que pena que não se proceda assim com os tubarões encartados.
Com esses, é preciso compreensão e mão leve.
É preciso não se perder a casta.
É preciso continuarem a encher os bolsos deles e dos outros!...
É preciso que não se exterminem os sem carácter.
Fazem falta a muita gente de igual teor.
A arraia-miúda, essa, que pague com língua de palmo os pequenos delitos que cometem em atitude de desespero.

Dá que pensar, mas está claro como água. 
  
Abraço.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ser e parecer















Costuma-se dizer que nem tudo o que parece é.
Ao passarmos pela vida tão fértil em contactos, conhecimentos e relações,
vamos constatando que, na verdade, é assim mesmo.
Muitas vezes, passamos anos ao lado de pessoas que não se dão a conhecer.
Que são actores disfarçados em permanência.
Que nos fazem acreditar que são gente amiga, gente que merece a nossa estima e consideração.
Mesmo convivendo paredes-meias o dia-a-dia, só nos apercebemos que ali há artista, quando somos surpreendidos por esta ou aquela atitude inesperada e desprovida.
Desprovida de pudor, de dignidade e da falta de amizade que até parecia de verdade.

Aí, os incautos, os ingénuos, os otários e tal, e tal…têm aquela desilusão!
Quando a vida se vive de boa-fé, estas surpresas, no mínimo, indignam quem com elas se depara.
É nesses momentos que damos connosco a reflectir.
Porquê?
Como é que não demos conta de tal engodo!...
Como é que, na nossa boa-fé, não vimos o que seria tão óbvio.

É mesmo, o que parece nem sempre é.
Cuidado com os «actores» de pacotilha!...

Neste ambiente descontrolado em que vivemos, cuidado com os embusteiros.
Com os profissionais da mentira e da hipocrisia.

Abraço.

sábado, 14 de julho de 2012

O tempo
















O tempo é uma amálgama de segundos, minutos, horas, dias, meses e anos, que se sucedem uns aos outros, sem parar.
O tempo é a vida a correr, ainda que nos mantenhamos parados.
O tempo, são os bons e os maus momentos por que passamos, mesmo estando desactivados!...
O tempo é vida.
É vida melhor ou pior.
É ser feliz ou estar triste.
É um dia de sol ou uma noite de trovões.
De chuva que fustiga as vidraças e abana as árvores até vergarem.
O tempo é a vida a escoar-se por entre os dedos.
Somos nós todos, a competir.
A sermos intolerantes.
A deitarmos fora oportunidades de viver.
O tempo, é uma roda gigante que não para.

Abraço.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Os canudos e os créditos
















Muito se tem falado de canudos e de créditos.
No meio desta bagunça, fica a ideia que a intrujice oficial ainda resulta.
Quando se toma conhecimento de situações como aquelas a que temos vindo a assistir, não podemos deixar de pensar quanto valem os compadrios!
Quantas pessoas mereceriam uma licenciatura à base de créditos?
Quantas e quantas têm dado a sua vida a um trabalho honesto sem horários e às vezes até sem honorários!
Pois é.
Nem todos têm direito a benesses destas.
Por mim, não fora este cheiro a coisa arranjada e segundo parece única, até se poderia avaliar a situação de uma forma tranquila.
Um canudo afinal é o quê?
Será uma forma de aceder mais rápido a um lugar de destaque entre os pares?
Ou será que é apenas para encher o ego que precisa de se lambuzar?  
É complicado damo-nos conta de como a sociedade é ainda tão tacanha e provinciana!
Um canudo não é motivo para se perder tempo a falar dele.
Mas há uma coisa bem mais importante que merece algum reparo.

Como é que uma Universidade embarca numa situação destas?
Como é que um cidadão «honesto» (?) aceita tanto facilitismo?
Isso, sim, dá que pensar!

Abraço.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Uma praia diferente

















É a minha praia de eleição, no Verão e no Inverno.
Um recanto acolhedor e calmo.
Escarpas milenares onde a Natureza tem feito milagres.
É bonito de se ver e muito bom de se sentir.
Depois… é a paz.
Na maioria das praias, nesta altura, não é tão fácil encontrá-la.
Ali, temos o espaço.
O ambiente.
E um odor diferente, impregnado de iodo e maresia.

O mar, esse, é atrevido, lá isso é.
Mas conhecendo-o bem, sabendo aproveitar o momento, é bom sentir as suas águas frescas, «lamberem» a nossa pele quente.
Dá vontade de repetir.
O corpo e a mente, parece que rejuvenescem.
É um abanão bom que dá mais energia à vida. 

Ainda gosto mais dela no Inverno
Naqueles Invernos rigorosos, ventosos e com chuva.
O mar agiganta-se.
Galga tudo como que a querer engolir o Mundo.
As rochas fortes e erectas travam-no.
Mostram a sua força.
Também elas depois de tanta batida, se impõem.
- «Stop. Nós também temos poder. Vimos da profundidade dos tempos. Tu, amigo, também tens que ter os teus limites.»

Assiste-se àquele duelo com admiração e espanto.
Aquelas rochas levam a melhor.

Imperiais e fortes, aguentam o embate.

É bonita esta praia.
Verão ou Inverno, ela faz a diferença.

Lá, a paz vem ao nosso encontro.

Abraço.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Desculpa de mau pagador















Mentiroso nós já sabíamos que ele era.
Mas assim quase em directo é demais.
Braga, Bosch.
Os trabalhadores esperavam por ele.
A recepção não seria a que lhe agradaria, por isso, escapou-se por outra porta.
Bem protegida pela certa!...
Até arregaçou as mangas e plantou uma árvore, imagine-se.
Mais tarde, e com um ar de pessoa séria, vem desculpar-se:
- Manifestações manipuladas…nhó… nhó…
Mente muito mal este Primeiro.
Nem o ar ensaiado o salva.
Será verdade o que as sondagens dizem?
Que este senhor ganharia novamente se fossem hoje as eleições?
Não acredito.
Este Povo não pode ser tão cego.
Tão surdo e sem sentimentos.

Ou tão masoquista?

Abraço.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Os Cangalheiros














Hoje ao ligar o televisor, deparei com um friso de senhores do governo em «carreirinha».
Todos, de preto vestidos.
O meu pensamento imediato:
Um grupo de cangalheiros?
Urubus?
Também poderia ser.
Ao fim e ao cabo rasam as nossas cabeças e arrancam de nós o que podem!
Só sei que foi uma visão muito pesada, a que me passaram aqueles senhores de negro.
Pensando melhor, a indumentária que usavam até combinava com o estado em que o país se encontra.
Com o estado em que eles e outros o puseram.
Claro que eles vestem preto para cumprirem o protocolo, não por qualquer desgosto.
Porque haveriam eles de andar tristes?
Ordenados chorudos, mordomias e ainda outras facilidades que lhes vão anafando ainda mais as contas bancárias!...
Eu é que fui sugestionada.
Crise, desemprego, fome… logo, luto.
Luto, cangalheiros.
Cá no fundo, no fundo, se calhar, o ar lúgubre que apresentavam encaixava na maior naquela profissão tão desagradável para todos.
Que coisa mais tétrica!... 
Foge!...

Abraço.

domingo, 1 de julho de 2012

Olá!

















Ainda aqui estou embora não pareça.
Apenas tem estado a acontecer um fenómeno, que me parece normal.
Não me tem apetecido pegar neste amigo.
Amigo certo, que tantas vezes já registou o meu sentir.
Pois é.
O tempo de praia começou, as saídas são mais frequentes e longas, e o tempo fica mais escasso.
Tudo com calma e sem stress.
Enquanto for possível, é preciso que a vida seja não só vivida, mas também saboreada.
Degustada devagar.
Apesar de termos aí o Verão em pleno, continuamos com a sensação de que falta qualquer coisa.
Nesta zona aqui, falta o calor!
O calor a sério, a que estamos habituados.
Aquele calor que amolece, que nos faz quase «desligar».
Sinal dos tempos.
A mudança também chegou por esta via.
Em contrapartida, temos o vento.
Esse mal-amado de que ninguém gosta.
Que estraga os dias de praia e retira a quem precisa o verdadeiro prazer de umas boas férias.
Por mim aproveitarei o tempo como puder e melhor me aprouver.

Abraço.