segunda-feira, 25 de junho de 2012

O útil e o agradável



















Faz quatro anos em Setembro que decidi levar muito a sério a ocupação do meu tempo.
Houve muitas coisas que durante anos não tive oportunidade de fazer.
Agora, livre como um passarinho, resolvi aproveitar.
Faço o que me dá mais prazer.
Faço também o que acho que me faz mais falta.
Procuro manter-me o mais activa possível.
Tanto a nível físico como intelectual.
Não permito que a inércia e o tédio passem sequer por perto.
Há tantos motivos de interesse que nos enriquecem em cada dia!
Confirmo hoje o que sempre pensei.
A reforma para mim não está a ser uma «tragédia». Está a ser, sim, a abertura de outros caminhos.
Está a ser uma oportunidade para me enriquecer um pouco mais.
Dediquei-me toda a vida à profissão.
As crianças eram quem me tinha quase a tempo inteiro.
Agora concedo-me o direito de ser dona de mim.

As várias pequenas grandes ocupações que tenho deixam-me de coração cheio.
Sem tempo nem sequer para pensar nas mediocridades que, por hipótese, poderiam incomodar-me.
Penso que a alavanca que sustenta toda esta força, é o facto de nunca, em momento algum, ter deixado de frequentar o ginásio.
O exercício, o convívio e a forma como lá sou tratada deixam-me feliz.
O mar e a vida ao ar livre, também têm ajudado muito.
Tenho a certeza de que, por tudo isto, consigo viver melhor.
E a partir daí, relativizar o que não me interessa.

 É bom poder fazer o que me apetece.

Abraço.

sábado, 23 de junho de 2012

O milagre da Natureza


















Ao analisar tudo o que me rodeia, cada vez fico mais agradecida à Natureza.
É sem dúvida muito bonita, esta enorme dádiva com que fomos presenteados.
Agora então, que está tudo tão deliciosamente bonito!...
Se analisarmos um pouco, tudo à nossa volta se mostra na pujança máxima.
Se formos minimamente sensíveis, não nos passa despercebida a beleza das flores e das plantas, grandes ou minúsculas
Tudo brotou e rejuvenesceu.
Tudo é cor e vida.
Depois, analisando com algum pormenor, deparamos com espécies de uma beleza, que nos deixa a pensar: como é que isto é possível?
Haveria muitos exemplos para mostrar, mas vai apenas um que me fascinou.
Colheita feita aqui, muito próximo de mim.
Pode parecer nada para alguns, pode parecer uma bizantinice para outros, uma coisa de somenos importância até.
Somos diferentes na sensibilidade.
Estas dálias fascinaram-me.
Na próxima época, vou alindar o meu pequeno jardim, com mais um destes exemplares.
Ficará de certeza ainda mais bonito.

A Natureza é, sem dúvida, um belo presente.
.
Abraço. 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Julgar é difícil















Aqui está um tema que daria pano para mangas.
De vez em quando já ouvimos notícias de que alguém foi condenado mas é inocente.
Cumpriu pena e só muito mais tarde se chega à conclusão de que foi uma injustiça.
Situações destas acontecem e indignam qualquer um.
Uma questão se põe: por que acontecem injustiças destas?
Quem é ou quem são os responsáveis?
Dá que pensar.
Dá também para imaginar o sofrimento calado das vítimas.
A revolta perante a monstruosidade cometida.
O remoer dia após dia, a injustiça.
A vida perdida.
A tristeza sempre presente.
Moendo, moendo e remoendo...
Um drama sofrido na solidão de uma cela trancada.
A proibição de viver.
A condenação na praça pública.

O que dará origem a situações destas?

É certo que todos temos o direito de errar.
Mas…errar em situações desta responsabilidade, não será muito normal.
Será que a formação dos profissionais não é o que deveria ser?
Será que a análise dos processos é feita com ligeireza?
Será falta de capacidade para julgar?
Ausência de preparação moral e intelectual?
Ausência de sensibilidade?
Difícil concluir.

Difícil também de aceitar.

A vida e a honra de alguém merecem mais respeito
Capacidade e ponderação.
.
Abraço. 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Vale a pena ter qualidade




















Vivemos num Mundo de «mintirinha»…
Um Mundo onde não conta o que se é, mas o que se parece.
Parecer que somos gente séria.
Que somos competentes.
Que somos amigos.
Que somos leais.

Parecer, parecer, parecer…

Às vezes, depois de analisar o que se vai passando, penso que este mundo é um mundo de falsidade.
É um mundo sem qualidade.
Poucos notam a sua falta, e poucos a exigem.
Num mundo assim, qualquer medíocre faz um figurão.
Basta ter um bom carro.
Um emprego médio.
E pose.
Sim, a pose faz parte do cenário de qualquer medíocre.
É importante.
É claro que o «invólucro» ajuda.
A «venda» é mais fácil.
Leva mais rápido ao engano.
Não é preciso ser um bom profissional.
Um cidadão de cabeça limpa de teias de aranha.
Criativo e empenhado.
Uma pessoa simples, honesta e generosa.
Basta a tal pose.
Civismo e educação é assunto que se desconhece, passa ao lado!
Se não fosse assim, haveria qualidade!
E… não interessa.
Vive-se bem mais à vontade na cavalariça.  

Bom, concluindo.
Algo deve ser feito para que a qualidade volte.
Pelo menos alguém que se preocupe em mostrar que a tem.
Sem artifícios forjados.

Ainda que, para isso, tenhamos que ser considerados bichos de uma espécie rara.

Esta bagunça está a precisar de qualidade.

Abraço.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Apenas um estímulo


















Somos um povo cabisbaixo e quase sem sorriso.
Fechamo-nos e vivemos sozinhos muitos dos nossos dramas.
Refugiamo-nos na nossa concha que nem bichinhos e até parece que gostamos de sofrer.
O masoquismo faz parte de nós, é genético.

Bem diferente é o povo brasileiro.
Facilmente vai à luta e procura desdramatizar.
São desinibidos, bem-dispostos e têm música dentro deles.
Têm nela um escape bom.
De sorriso fácil, distribuem simpatia.
Nem que, bem lá atrás, haja dificuldades e problemas.
É um povo positivo, de jeito dengoso e sabe que o é.

Nós para sairmos da casca temos que ser muito estimulados.
Por exemplo: um estímulo que funciona é o futebol.
Penso que será a melhor forma de pôr a maior parte dos portugueses a sorrir. 
A exteriorizar e a partilhar.
Partilhar entusiasmos, alegrias, tristeza, indignação…

O futebol faz milagres mesmo.
O futebol é a única coisa que faz esquecer a crise e todos os outros problemas.
Pelo menos por uns tempos.

Venham mais estímulos.
Destes ou de outros.

Abraço.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Brigada de salvamento

















Não são bem meus vizinhos, mas separam-nos apenas uns escassos
trinta-quarenta quilómetros.
Passam por cima da minha casa com frequência.
Vejo-os a treinar na zona do Meco.
Fico sempre de olho arregalado a seguir as manobras que fazem.
Não sabia é quem eram, de onde eram.
O que faziam.
Hoje foi desvendado o mistério.
São a Brigada de Salvamento da Força Aérea, sedeada no Montijo.
Se bem percebi, Brigada Setecentos e Vinte e Cinco.

Soube hoje, porque vi, que têm uma missão muito nobre.
Correm a salvar vidas, onde quer que os chamam.
Foram eles, por exemplo, quem salvou os pescadores que andaram dias à deriva no mar, dentro de uma balsa.
Depois de quase perdidas as esperanças, apareceram eles.
São eles que vão sem hesitar à Madeira ou a qualquer outro sítio, transportar feridos graves, grávidas e, quantas vezes, ajudar os bebés a nascer.
São eles que correm riscos e com orgulho arriscam até a vida.
São eles que, apesar de não se quererem envolver nas situações que vivem, se emocionam até às lágrimas quando têm na sua frente um bebé prematuro acabado de nascer.
Salvo por eles e a acabar de crescer na estufa da maternidade.
Isso, fizeram questão de ver no local. 

É reconfortante ver nos olhos daqueles militares ternura, emoção e orgulho por servirem quem precisa.

Haja alguém que faça ainda uso dos afectos.

Obrigada, Brigada de Salvamento Setecentos e Vinte e Cinco.
Fico à espera de vos ouvir e ver passar.
Vou seguir-vos com o olhar e desejar que o vosso treino seja proveitoso.

Abraço.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dez de Junho


















As cerimónias transmitidas pela televisão foram o mesmo de sempre.
Gostei sobretudo do desfile das forças em parada.
Acho piada àquele cerimonial.
Bem coordenado.
Vistoso.
E cheio de rituais.

Mal comparado, fez-me recuar uns bons anos, quando em Cabinda assistia às mesmas cerimónias, mas em pequenino.
Tratava-se de um batalhão apenas.
Lá, havia um pormenor muito engraçado: desfilavam ao lado dos militares, um cãozinho rafeiro e uma cabra.
Logo ao tocar a reunir eram os primeiros a apresentar-se.
Sem farda, mas com «espírito de corpo»…

Bom, mas voltemos ao dez de Junho.
Também gostei do ar entusiasmado das figuras principais do governo.
Dava gosto ver as suas caras de felicidade!...
Aquele entusiasmo no olhar era contagiante…
Dava para ver como são patriotas.

Ah!
E muita gente condecorada!...
É engraçado que não vi nenhum cidadão comum.
Daqueles que no dia-a-dia fazem milagres para viver!...
Será que foi lapso?
Já sei.
São demasiado insignificantes e passam o tempo a trabalhar.
Isto quando têm trabalho, claro.
Também, gente assim tão sem importância nem sequer abrilhantava a cerimónia.
São mais necessários quando há eleições claro.

Pobre povo usado e sempre ignorado!..

Abraço.


sábado, 9 de junho de 2012

Bucólico é isto

















A natureza é misteriosa.
O mar aqui ao lado estende-se.
Ora preguiçoso, ora enfurecido.
Dele chegam-nos sons fortes e indecifráveis.
Longo, azul e sem fim à vista.

Mais próxima, a floresta estende os longos e fortes braços, que nos envolvem num abraço grande e interminável.
Dela chega-nos uma mistura de cheiros.   
Chega-nos um espaço imenso...
Livre.
Livre de sinais de proibição, de parques de estacionamento, de sentidos proibidos.
Chega-nos a liberdade.

Sempre gostei do silêncio e da privacidade.
Talvez não fosse por acaso que vim parar a este sítio, que me acolhe há já trinta e tal anos.
E a cidade aqui a trinta quilómetros...
Ir lá?
Não me atai.
Só esporadicamente.
A propósito de um ou outro assunto necessário.
O mínimo de tempo.
A poluição ambiente e sonora, não condiz comigo.
Falta-me o cheiro a terra e a maresia.
Falta-me o voo rasante dos pássaros.
O cantar dos galos.
O ladrar dos cães.
O linguajar engraçado das gentes locais.
Falta-me o silêncio que tanto aprecio.
Falta-me o calor da relação entre as pessoas.
Preciso de não me sentir apenas mais um número na estatística
Preciso de sentir proximidade.
Preciso de sentir calor.

Este ambiente bucólico, traz-me calma e paz.

Abraço.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Terras esquecidas















Era uma terra aconchegada.
Aconchegada numa concha rodeada de verde.
Transpirava vida, aquele pequeno naco de Mundo.
As serras que a envolviam eram como sentinelas.
Observavam em silêncio o trabalho árduo que as suas gentes executavam.
Começava cedo a jorna.
Terminava já tarde e com o corpo moído de tanto mourejar.
Quando a noite se fechava, o escuro de breu instalava-se.
Em casa, a luz das candeias de azeite ou dos candeeiros de petróleo nas famílias com mais posses davam uma luz sumida e difusa.
Na rua era o silêncio.
Apenas o som de algum retardatário que chegava.

Depois da ceia e dos escassos haveres arrumados, era a vez de descansar.
Desse descanso fazia muitas vezes parte uma visita à família ou aos amigos.
Percorriam-se as ruas escuras sem dificuldade nem perigo.
As pedras grosseiras e irregulares eram por demais conhecidas.
Eram pedras gastas de tanto pisar.
Sem medo, sem dificuldade.
Eram pedras cúmplices.
Partilhavam com quem as pisava alegrias e tristezas.
Eram companheiras de uma vida
Nessa terra de ninguém e de tantos, viviam esquecidos cidadãos iguais a tantos outros.
O Mundo era-lhes vedado.
Hoje, daquela Terra resta pouco.
Até as pedras agora iluminadas, mudaram.
São novas, quase todas.
O tempo e a evolução encarregaram-se de as substituir.
Nas noites de breu, a luz eléctrica deu-lhes brilho.
Nós, os esquecidos da altura, temos saudades do silêncio e do escuro.

Ou, se calhar, não...
Temos apenas saudades do nosso Berço.
Aquele Berço que nos embalou no nosso sono de meninos. 
.
Abraço.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Monstros e bruxas



















Quando se é criança, quem não passou pela fase dos medos?
Medo dos monstros.
Medo das bruxas.
Diria até que nem sempre é fácil desdramatizar estes medos.
Quando eles se apoderam do imaginário infantil, é preciso saber como lidar com a situação.
Nos infantários, aparece sempre uma ou outra criança que tem pavor quando ouve uma história que meta esses personagens.
Muitas vezes são heranças dos adultos que as educam.
Pouca atenção, falta de tempo.
Ou desconhecimento da necessidade de resolver esses problemas.

Passaram por mim algumas crianças que, como se não bastassem os monstros e as bruxas, até um simples palhaço as fazia entrar em pânico.
As simples personagens de um teatrinho eram motivo de gritaria. 
Havia uma que gritava quando havia festas de aniversário: até as palmas e cantar os parabéns a assustavam.
Fobias mal resolvidas.
Se não forem abordadas com calma e alguma sabedoria, prolongam-se para o resto da vida.
São por vezes limitações que impedem os futuros adultos de terem uma vida livre de medos irracionais.

Abraço.