sábado, 31 de dezembro de 2011

Conviver é saudável


















No mundo louco em que vivemos, o convívio são é coisa a que poucos dão importância.
O que interessa à maioria é o ruído.
De preferência aquele bem gritado.
E em que todos falam e ninguém se ouve.
Já passou a época em que, famílias e amigos se juntavam e aí sim, havia convívio.
As conversas fluíam, tinham sentido e todos nós éramos interesse e ouvidos.
As ideias saltavam rápidas, quase primeiro que as palavras.
Em que todo o tempo era pouco para estarmos juntos.
Esse tempo passou de moda.
Agora não se convive, anda-se ao molho a tentar enganar a ausência de conteúdos.

Há também quem quase abomine a presença de outros.
Sentem como que uma alergia que provoca brotueja…
Fecham-se que nem bichinhos.
As suas quatro paredes são o seu mundo.
Temos ainda os que se entregam todo o santo dia e noite, às novas tecnologias.
Sem elas acho que a vida não teria sentido.
Comunicam desta maneira.
Fria.
Distante, escondendo a face.
E o calor humano.
Que não existe.
O toque.
A proximidade.
A ternura.
O que é isso, perguntarão!...
A ausência destas necessidades é substituída pelas teclas.

Clicar.

É a palavra de ordem dos tempos modernos.
Tudo o mais é demais.

Neste contexto gelado, desapareceram o convívio, as saudosas tertúlias.
Os grupos de amigos.

Que gelado que está este ambiente!
As pessoas fazem falta.
Os olhos, as mãos, os braços, o calor humano são indispensáveis para aconchegar amizades.

Que pena andarmos todos tão entorpecidos!...

Abraço.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Separar as Águas












Separar as águas às vezes é complicado.
A verdade é que se impõe que o façamos.
Nesta vida cheia de prós e contras, cheia de positivos e negativos, somos muitas vezes obrigados a separar o trigo do joio.
Tentar ignorar situações, relevar outras e avançar com a consciência de quem anda neste mundo por bem.
De quem não maquina nada para que a vida de alguém seja menos boa.
De quem gostaria de poder mudar o Mundo, embora saiba que não é possível.
Separar as águas nem sempre é fácil.
Mas é importante.
Para que tudo seja linear e limpo.
É preciso limpar o espaço que nos envolve.
E despoluir, despoluir, para que vivamos melhor.
Teremos assim, sem dúvida, uma maior tranquilidade e qualidade de vida. 

É preciso separar as águas.

Abraço.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Este ano está a esgotar-se













Dois mil e onze está mesmo a escapulir-se.
Foi para muitos um ano difícil.
Cheio de notícias difíceis de digerir.
Cheio de apertos de cinto, até esgotar os furos.
Cheio de surpresas que abanaram o resto da já pouca estabilidade, da maioria dos Portugueses.
Para quem a teve, restou a saúde.
Que bom que é ter saúde.
O dinheiro, as regalias, não são nada se a saúde faltar.
É só uma questão de reaprender a viver.
E se calhar estava na hora.
Os excessos e a ilusão de que éramos ricos, não foi o melhor caminho.
Há que repensar a vida e recomeçar mais moderadamente.
O pouco que possamos ter será muito, se for o suficiente para se conseguir uma vida digna.
E dignidade não é de certeza dinheiro.

Um Bom Ano com toda a saúde do mundo.

Boas Festas.

Abraço. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O mar com espírito natalício













O espírito natalício apoderou-se do oceano.
A calma enternecedora com que tem estado é quase comovente.
Não mexe.
Só balança, leve e suave.
Como que a dizer a quem o visita que o tempo é de paz.
Que o tempo é de ternura e de solidariedade.
Todo ele está revestido de amizade.
Com ar de gigante paciente, convida à reflexão e à contemplação.
Um pai bondoso não faria melhor.
Acolhe os filhos que o visitam e embala-os no seu berço infinito, como que reconfortando-os e amparando-os.

Um consolo, este mar imenso.
Um conforto e uma companhia que não falha os mimos na hora exacta. 
É uma época festiva sim.
E o mar reconhece-a.
Reconhece-a e aplaude-a com a sua calma bonacheirona de gigantão

Até quando, comandante das águas e dos ventos?
O fim de ano é já «amanhã»!...


Abraço.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Almoço a dois
















A noite já foi e o dia está a esgotar-se.
Lenta e calmamente o natal escapa-se noite dentro.
Balanço feito, correu bem este Natal.
Depois de uma consoada tradicional e quentinha, sem faltarem as filhós à moda da terra e as couves com o delicioso bacalhau, foi o apreciar da lareira de que tanto gostamos, em amena cavaqueira.
Hoje, dia vinte e cinco, decidimo-nos por um almoço tranquilo e com alguma poesia e criatividade.
Com velas e tudo.
É preciso recriar a vida de vez em quando.
O borrego assado no forno com batatinhas miúdas estava uma pequena delícia.
A salada de frutas – nem se fala.
O creme de ovos torrado fez as nossas delícias.
Tudo, diga-se de passagem, com alguma parcimónia.
É preciso cuidar da saúde.
Ah! E tudo biológico e caseiro.

Chegou o momento de partilhar um pouco do nosso tempo.

Um grupo de familiares e amigos, esperava-nos e recebeu-nos com amizade e afecto.
Foi bom sentir o calor humano que nos foi dirigido.
Foi boa a troca de mimos tão necessários nos tempos que correm.

Depois daqueles momentos saborosos, esperava-nos o nosso aconchego.
Lareira acolhedora, continuámos o serão até o cansaço chegar.

É bom ter esta vida calma que nos preenche.
Continuarei a dizer obrigada à vida.

Abraço.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Calar o pensamento
















É difícil calar o pensamento.
Tem raízes muito fundas.
Só que ás vezes é preciso.
Nem que tenhamos que nos torcer todos.
E depois, lá diz o ditado, o calado diz tudo.
Nem sempre dizer o que se pensa é o mais sensato.
Embora fervilhem ideias e vontade de as expressar, o mais correcto é ficarem arquivadas.
É preciso refrear vontades e imaginações «férteis».
Puxar pelo melhor de nós.
E tentar não dar importância.
Os desencantos, as revoltas e as desilusões, nem sempre podem tomar conta de nós.
De cabeça erguida, é necessário ser maior.

Estamos num momento em que é preciso respeitar a festa «da família».
Fazermos de conta que está tudo bem.
Tudo muito bem.

Peço desculpa pela linguagem meio cifrada que usei hoje.
Não é muito o meu estilo, foi a forma de não ficar calada.

E fez-me bem.

Boas festas

Abraço.  

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Não é ainda o Natal a festa da família?
















Desde sempre me disseram que o Natal era a festa da família.
Desde sempre também, foi preocupação da maioria das pessoas preparar atempadamente a reunião familiar, sempre tão esperada.
Os que estão longe procuraram sempre conseguir mais um ou dois dias para prolongarem a reunião.
Quer fizesse sol, chuva ou gelo, lá se formavam filas imensas de carros para a festa da consoada.
Milhares de quilómetros percorridos com alegria e pressa de chegar.
Este ano como se não bastasse a redução do subsídio, nem um diazinho para alegrar as massas.
Este governo em exercício, cheira-me que ou não lhe interessa manter a tradição, ou as reuniões familiares os entediam muito.
Deve achar que os laços de família estão melhores que nunca, portanto não há necessidade de andar com convívios.
Que se comuniquem pelo facebook, pelo messenger e outros meios virtuais.
A proximidade em demasia pode provocar contágios que irão ficar caros à saúde.
É preciso trabalhar para não desequilibrar as contas, que já de si estão difíceis.
Essa mesurice dos abraços e beijinhos em pessoa… não é saudável.
Á distância, á distância, agora cá proximidades!
 
Depois, para que é que é preciso manter tradições?
Velharias já cá há demais! …

Puxem pelos skypes e outras modernices e não refilem.
Não estamos na era da informática?..

Deixem-se de lamechices - e isoladinhos, isoladinhos, que fiam muito bem!...

Bom fim-de-semana.

 Abraço

domingo, 18 de dezembro de 2011

Os animais da minha infância















Uma gata, uma cadela e um burro.

Sempre fui louca por animais.
Desejei muito ter um cão, um gato e um burro.
Houve apenas um «pequeno…» pormenor.

Lá em casa só me foi permitido ter uma gata.
Penso que era mais para apanhar algum ratito que haveria no sótão.
Era uma gata estimada.
No inverno, quando podia, ia pé-ante-pé, meter-se dentro do meu quarto, e enfiar-se debaixo dos cobertores quentes.
Quando a minha mãe dava conta, é que era um sarilho...
Aí ela ficava a dormir no tapete do lado de fora da porta do meu quarto.
Só que nós normalmente, ganhávamos a «guerra» com umas batotas pelo meio…
E arranjávamos maneira de distrair a minha mãe.

Seguia-me para todo o lado, mais parecia um cãozito.

Quanto aos restantes pedidos, não passaram disso.
Procurei colmatar a falta de um cão, com uma cadela deliciosa que havia em casa da minha avó materna.
Era linda, meiga, e chamava-se Coimbra.
Não sei que idade teria quando tiveram que a abater, estava muito velhinha e doente.
Teve que ser alguém com sangue-frio a fazê-lo.
Ficámos todos, miúdos e graúdos, muito consternados.
A Coimbra fazia parte da família

Burros.

Adorava burros.
Como lá em casa também não havia, eu passava o tempo a pedir às vizinhas que me deixassem dar uma volta nos animais, à tarde, depois do dia de trabalho, já cansados das tarefas do campo.
Nunca me diziam que não.
Meu pai, talvez porque lhe custasse aquela situação, não foi de modas:
Comprou-me um.
Achei mais tarde que foi uma demonstração de amizade demasiado grande.
Ele não precisava do animal para nada, comprou-o apenas para me dar aquele prazer.

Fez esse negócio com um cigano a troco não sei de quê.
Acho que foi a prenda da minha vida.
Até que um dia o burro, sem razão aparente, deu dois coices e pumba, atirou-me ao chão.
Pronto, acabou-se o animal tão desejado.
Meu pai temeu coisa pior para a sua menina e devolveu-o à procedência.
Aceitei o gesto, com muita pena.

Ainda hoje me derreto com todos os animais que me passam pela frente e sofro imenso quando sei que são maltratados ou mesmo mal tratados.

Cá os de casa têm mimo de mais.
São amigos fiéis e incondicionais.

Não traem como alguns humanos!

Abraço.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Donde vem tanta água?





Zum!...zum!...zum!...
Eram as ondas.
Uma, duas, três, quatro…pum!...

-Ó Dulce, donde vem tanta água?

Enquanto trabalhadora da educação, fui muitas vezes confrontada com perguntas com algum grau de dificuldade e tinha que ter sempre resposta pronta.
Neste caso, fiquei surpreendida.
Não era propriamente uma criança que me estava a questionar.
Era sim uma pessoa adulta.
Uma pessoa que, pensaria eu, não estaria interessada em temas como este.

Daí a minha surpresa.

Curioso.
Como sair disto?

Tentei brincar com a situação e rapidamente pensei que teria de arranjar uma resposta simples.
Lembrei-me de uma história que muitas vezes contei e encantou os pequeninos que a ouviram: A Menina Gotinha de Água.

Uma história muito bonita que, para a idade pré-escolar a quem se dirige, explica com simplicidade e graça o ciclo da água.
Resolvi ir por aí para não complicar.

Penso que no caso concreto satisfiz, na medida do possível, a curiosidade daquele adulto pouco letrado e intrigado.

Zum…zum…zum…
Uma, duas, três…
Pum!

-De onde vem tanta água Dulce?

Abraço.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

As noites mais longas
















Por estranho que pareça, gosto de noites longas.
As de Inverno.
De Dezembro.
Frias e chuvosas de preferência.
Este tempo aconchega-me.
Dá-me calor.
E não estou a falar no calor da lareira, que também aprecio muito.
Mas de um calor interno e doce.
Também às vezes me põe meio nostálgica.
Mas diria que é uma nostalgia boa.
É neste período do ano, em que a noite entra por nós dentro sem licença prévia, que sinto mais saudades do ninho que me deu origem.
Dos sorrisos de ternura dos que já não estão comigo.
Dos gestos de amizade.
Da convivência sã e leal.
Do ombro que me amparava sempre.
Da conversa amiga.
Da forma de viver simples e sem pretensões desmedidas.

Não conseguirei nunca, deixar de ser uma saudosa do meu passado.

Sem esquecer os momentos menos bons por que passei, não consigo esquecer todos os bons que me foram oferecidos.
Considero que, apesar de tudo, tenho sido uma privilegiada.
É bom ter saudades do passado, ter a sensibilidade à flor da pele.
É bom recolher-me de vez em quando, e recordar.
Recordar que tive um ontem que me deu muito.

A conclusão a que chego é positiva.

Obrigada à minha vida.

Abraço.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A importância do livro












Para ajudar uma criança a crescer para a vida, deve rodear-se não só de estabilidade e afecto, como dar-lhe as armas necessárias para o seu desenvolvimento.
Não só o desenvolvimento físico que é importante, mas também o psíquico e intelectual.
Para que isso aconteça, é preciso que na família e na escola, lhe sejam proporcionadas
as condições necessárias.

Quanto a mim, uma das melhores formas de ajudar, é ensiná-la a gostar de livros, para que mais tarde goste também de ler.
Todos sabemos que é nos livros que bebemos sabedoria e esclarecimento
Por isso é preciso transformar o livro num objecto importante.
É preciso que esse gosto se adquira ainda em criança, para que se enraíze mais facilmente.

Ensiná-la a manuseá-lo, a estimá-lo e a entusiasmar-se com ele.

Agora, em época Natalícia, porque não oferecer um livro, em vez de mais um brinquedo que se irá juntar a tantos outros que por lá haverá?...
Há histórias didácticas, de bons autores e muito bonitas

Uma visita a uma boa livraria, apresentará de certeza algumas boas hipóteses.

Fica a sugestão.

Abraço.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

E o muro era espuma















Um muro gigante de espuma ergueu-se à minha frente.
Não.
Não era o Muro de Berlim de má memória.
Era um muro de água transformado em espuma, que convidava à liberdade.
Convidava a trepar e a viajar!...
Eu, «estrigueirada» na sua espuma fofa e branca de neve!...
Olhos fechados e a deixar-me baloiçar.
Sonhar sem medos.
Neste País, onde tudo se paga com impostos proibitivos, ter esta maravilha da Natureza aqui ao lado, não deixa de ser uma prenda.
Uma bonita prenda de Natal.
E tranquila.
Não se adquire é em nenhuma superfície comercial.
Para quem gosta de se «intoxicar», convenhamos que deveria ser uma prenda frustrante!
O silêncio é o único que se ouve, para lá do marulhar das ondas.
Ai, se eu fosse peixe!
Faria, de vez em quando, umas viagens, no mínimo, de sonho.
Para cima… e para baixo… ao sabor das vagas, que me levariam para mundos fantásticos, exclusivos e … radicais?...

Loucuras minhas!...

Abraço. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Imaginário












É uma escarpa gigante, que com altivez se perfila na Praia da Foz.
Ao olhá-la não posso deixar de pensar num Paquete ancorado, descansando de uma longa viagem pelo mundo.
O remate do seu perfil faz-me lembrar uma quilha.
Daí que a «mola» da imaginação se solte.
A seus pés, para lá de estar o mar, tem um tapete de rochas rendilhadas, que nem o mais habilidoso artista conseguiria reproduzir.
Eu diria que é luxuoso aquele tapete.
Não fora a textura rugosa e agreste que o tempo se encarregou de esculpir, eu acharia que, pela minúcia luxuriante dos desenhos, seria um tapete para receber os passageiros a bordo.
Nada disso.
Apenas imaginação minha (fértil? Que bom.).

É um tapete, sim, mas para receber o povo comum que para seu deleite, ou simplesmente para angariar o sustento (abençoados peixinhos), todos os dias se desloca àquele lugar calmo, belo e tão simplesmente acolhedor.

Quando tranquilamente se descansa o olhar nestas paisagens, é impossível ficar de cérebro vazio e parado.
Diria que somos ultrapassados por nós mesmos.

E que bom que é ainda haver lugar para o sonho, ainda que em ficção.

Abraço.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Espelho, espelho meu!...














O dia esteve frio e chuvoso.
Numa saída a meio do dia para «lavar» o cérebro, dei comigo a olhar o mar!
Ao fundo daquela colina íngreme, a vila de Sesimbra.
O casario que se estende por ela abaixo, beija o mar que se estende preguiçoso.
Quase por milagre, o sol fez uma aparição inesperada, presenteando-me com uma paisagem deslumbrante.
Ao de cima das águas longas e mansas, os seus raios, de um brilho intenso, faziam daquela superfície um espelho gigante que nos ofuscava o olhar.

«Espelho, espelho meu, haverá alguém no mundo mais belo do que eu?»

Por certo (digo eu), não.

Apeteceu-me descer do carro e correr a mirar-me naquele espelho de cristal azulado.
Um dia frio e de chuva, mas com microclimas que compensam.

É sempre agradável este inverno (?) à beira-mar.

Ainda que tenha de ser visto à lareira, ou dentro dum pequeno carro.

Abraço.    

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Natal, Natal!











Desde que me conheço, só duas vezes não passámos o natal na terra onde nascemos.
Foi em setenta e dois e setenta e três.
Estávamos em Buco-Zau, Cabinda, no «mato».
«Cumpríamos então o serviço militar», a que o meu marido fora obrigado.
Foi difícil.
Nunca tinha acontecido antes.
Sabíamos que a minha mãe estava sozinha e com muitas saudades nossas.
Ainda assim, as filhós e outras iguarias possíveis, não esqueceram.
Com a ventoinha ligada no máximo, lá saiu tudo e foi com amizade que se comeu e partilhou com quem quis aparecer.
E foram bastantes.
É claro que teve um sabor nunca antes experimentado, mas com a camaradagem que havia, gestos de amizade não faltaram.

Só com uma força de vontade grande, imaginámos o Natal das nossas terras.

Este que se aproxima, reuniu todos os condimentos para ser igualmente diferente.

Há circunstâncias que nos levam a inverter caminhos e a fazer o contrário do que sempre fizemos.

Não é fácil a decisão.
Sabemos que iremos sentir o Natal de forma diferente.

Foi contudo a decisão mais sensata e tranquila.
Às vezes chega-se à conclusão que nem sempre a boa vontade é suficiente.
Tentaremos passá-lo o melhor possível.
Com afecto e o máximo de paz.  

Um bom Natal para todos.

Abraço. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Noite de Paz












Tudo se encaminha devagar, em direcção à noite mágica.
Nas casas.
Nas ruas.
Nas montras.
Já começa a ver-se luz.

Difícil, é iluminar o sorriso.
É preciso ensaiar a pose.
É preciso que todos sorriam!

Que todos se juntem, também é preciso.
Que se faça a festa.
Com ou sem alegria.
Com bacalhau.
Com filhós.
Ah
E doces, muitos doces.
Ainda que à mistura com todos esses cheiros, se misture o cheiro gélido dos corações.
Da desilusão.
Do disfarce para ocultar o óbvio.

É a noite da magia.
É a noite da paz.

Devia ser mais uma noite do amor.
Do amor sério e sereno.

Há um pormenor.
Os olhos não enganam.

Impossível esconder o desencanto.

A verdade é demasiado dura.

Abraço.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O meu presépio












Cá em casa nunca foi habitual fazer presépio.
Enfeitávamos uma árvore que temos lá fora, púnhamos uns enfeites no interior e ficávamo-nos por aí.
Este ano não sei o que nos deu.
Arrancámos com entusiasmo para um presépio no exterior.
Temos condições, e zás.
O princípio foi: fazê-lo com material de desperdício.
No sítio onde moramos há imensas hipóteses.
Socorremo-nos do que havia.
Depois de pôr a imaginação a funcionar, foi só construir (?).
Um tijolo, uma telha, umas pedras, uns verdes e uma pouca de palha e quase ficou pronto.
Apenas alguns pormenores para impermeabilizar e vai de dar alguma visibilidade à «obra».
Ficámos satisfeitos com o que criámos.
Anima o pequeno jardim e ainda que achemos que o Natal deve ser todos os dias, sempre é uma presença que nos lembra isso ainda mais.
Os vizinhos, que não estavam habituados, gostaram.
É diferente.
Os enfeites só, parece-nos mais frio.
A tradição assim, está aqui mais próxima.
Só faltam as filhós.
Se Deus quiser vamos tê-las também, à moda antiga.
 
Um abraço.

domingo, 4 de dezembro de 2011

A falta de educação é constrangedora














Mete-se comigo a falta de educação.
É revoltante assistir a situações que considero desniveladas e sem princípios.
É muito mais revoltante se os protagonistas nem sequer se dão conta!
O que também é frequente.
Aconteceu um dia destes.
Não gosto de gente que se apresenta com ar emproado, bem na vida, e até acham que o «povinho» donde vieram, não está à sua altura.
Põem-se à margem, indiferentes, arrogantes, mostrando-se ao mundo com um «inchaço», do tamanho da sua ignorância.
O que é significativo é que, atitudes destas, partem mais de pessoas que vêm de extractos baixos.
E que, mais tarde, conseguem aceder a uma vidinha que até lhes dá alguma visibilidade.
Então é fatal.
O ar emproado cresce.
As atitudes arrogantes saltam à vista desarmada.
Rodeiam-se de tudo o que as separe do meio em que nasceram.
Exibem bens materiais.
Porque outros não existem!...
Ó mundinho fútil!...
Apetece-me dizer:
- Tirem-me deste filme que esta gente não me merece!...

Sem dúvida, tenho alergia a «inchaços»!...

 Abraço.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Notícias boas










De vez em quando, muito de vez em quando, surge uma ou outra notícia feliz.
Tivemos a do fado Património cultural mundial, que nos deixou de um modo geral orgulhosos.
Hoje uma menos abrangente, mas que encheu muitos corações de alegria.
O resgate de seis pescadores, que desde terça-feira andavam à deriva no mar.
Aquelas famílias já sem esperança viram luz.
Uma luz forte e brilhante que pensaram nunca mais ver.
Os familiares que julgavam perdidos são-lhes entregues sãos e salvos.
As lágrimas de tristeza foram substituídas por outras lágrimas, mas de alegria.
O mar, desta vez, foi «vencido» pelos homens.
Por homens cheios de vontade de viver.
Sofridos, desfeitos pelo cansaço mas «temperados com aço»
A experiência de tantos anos, contou de certeza para esta luta desleal.
Ganharam.
A frágil lancha pneumática foi o refúgio.
Faltou-lhes o mais importante.
O contacto com a terra.
Porquê uma falha destas?
Não são bonecos que vão nos barcos!
São homens corajosos, que procuram o seu sustento e o dos seus.
É urgente alterar esta situação.

Abraço.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Inverno já se mostra











A manhã acordou cinzenta.
No ar uma acalmia fria fazia-se notar.
Um silêncio invernoso sugeria frio lá fora.
Este é um dia que convida ao quente, pensei.
Uma boa lareira.
Uma bebida aconchegante.
E…da janela, imaginar o frio.
É pena que nem todos possam usufruir.
E porque não, hoje, em especial, ouvir um pouco do que já é Património Cultural Imaterial da Humanidade?
Sim, um pouco de fado.
Bem cantado, pelos bons intérpretes que temos.
Foi um prémio merecido.
Depois de tão vilipendiado, chegou finalmente a sua vez.
Os que o cantam com a dignidade que merece, estão de parabéns.
Pois é, mas antes de me recolher, vou tonificar o físico e o psíquico, porque não?
O ginásio é uma das parcelas que fazem parte, como outras, do meu equilíbrio e saúde.
Depois sim, «Vamos ao Fado» …


Abraço.

domingo, 27 de novembro de 2011

Voar sem asas








Pegadas de dinossauros 
Pedra da Mua - Cabo Espichel



É boa esta sensação de voar sem asas.
Com os pés no chão e sem asas.
Num local onde serra e mar vivem paredes-meias.
Onde a civilização ainda não chegou.
Onde a natureza está quase intacta.
Uns trilhos apenas.
Alguns regos que a chuva se encarregou de esculpir na terra batida e avermelhada.
E pequenas galerias.
Alinhadas ou salpicadas aqui e ali, que alguns milhares de coelhos nas suas horas de solidão(?) se divertem a fazer.
Uma imensidão de Natureza onde o silêncio reina.
Limitei-me a fechar os olhos e a ouvir o silêncio.
Quase dói de tão imenso que é!...
Sabe bem este silêncio.
É como que uma lavagem ao cérebro, poluído com tanta poeira.
Senti que descolei e voei alto, leve que nem pena de gaivota.
Foram alguns momentos de evasão.
Quando os abri, afinal, não tinha saído daquela rocha forte e secular que me recebeu à chegada.
Estava apenas envolvida por uma calma serena e quase etérea.
Gosto daquele sítio.
Não me admiro nada que os dinossauros também tenham gostado, há milhares de anos!...
 
Grandes, mas de bom gosto, aqueles dinossauros!       

Abraço.

sábado, 26 de novembro de 2011

Parece que são, mas nem por isso














Neste nosso país pequeno, bonito e mais ou menos ordeiro, nem todos temos a noção do que é ser educado.
Existe uma noção pouco desenvolvida do que significa.
Este tema passa ao lado de uma grande parte dos cidadãos.
Acham que ser educado é ficarem-se pelos gestos mínimos do… se faz favor, com licença e obrigado.
Não sabem que ser educado vai muito mais além.
Cometem gafes que para eles nem sequer o chegam a ser.
Vivem numa ignorância tal que, na sua cabecinha convencida, arrogante e ignorante, não cabe sequer admitir que são gafes.
Não se dão conta de que são indelicados, que magoam, e que são inconvenientes e insensíveis.
Falta-lhes a súmula, a base que é o que nos dá tudo.
Resta-nos ir observando e às vezes indignarmo-nos, com tanto cromo convencido que há por aí a pensar que são, mas não são educados.
Orgulhosamente ignorantes.

É preciso mais substrato, senhores da cultura.

Abraço. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O meu gato Tobias

















É rafeirinho o meu gato Tobias.
Rafeiro, abandonado e talvez por isso muito meigo.
Há uns tempos chamou-nos a atenção um miar desesperado e aflito, vindo do nosso pequeno jardim

Fomos ver e era ele a pedir socorro.
Meu Deus, mais gatos não!
Mas ao vê-lo desprotegido, desorientado e com os olhitos a implorar ajuda, não conseguimos ignorá-lo.
Tinha sede de contacto, de casa e de mimos.
E tinha alguma fome.
Ao agarrá-lo, cedeu e ronronou.
Não se inibiu.
Instalou-se como se a casa e os donos já fossem velhos amigos.
Ganhou de imediato a simpatia dos dois.
Devia ter na altura dois a três meses.
Passados quase dois meses, é um amigo manso, carinhoso e grato pelo aconchego.
Calmo, brincalhão e companheiro.
É assim o meu gato Tobias.
Um amigo digno do afecto que lhe dispensamos.

O gato Simão, já senhor da casa, adoptou-o como filho.
 
É bom ver como os animais se comportam em sociedade.
São um exemplo para os humanos!...

Abraço.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Misterioso













É isso.
A praia hoje estava misteriosa.
Visitei-a mesmo ao cair da noite.
Numa hora em que o dia se despedia já lá longe.
Gostei especialmente da cor do céu.
A média luz dava à praia um certo ar de mistério.
A luz despedia-se do dia e dava as quase boas-noites aos visitantes, que eram três ou quatro.
Bonito cenário aquele!
O meu amigo mar estava especialmente meigo e terno.
Penso que já está com um espiritozinho natalício.
Calmo, sereno, doce.
É raro, nesta altura do ano!
Convidava à paz.
Ao bem-estar.
Que bom seria que esta paz se passasse lá «para fora».
O mundo seria certamente diferente.
No momento em que a noite caiu, a penumbra avolumou-se e estava perfeito.
Um filme ficaria espectacular.

Esta praia e este mar são um mundo de surpresas.
Encantam-me todo o ano.

Não importam os humores.
.
Abraço.

Jacques Brel, 1962

Agora oiça esta: 
http://www.youtube.com/watch?v=v6rLLE48RL0

terça-feira, 22 de novembro de 2011

É de pasmar















Há episódios que de tão espantosos até parecem irreais.
Para tristeza de alguns, são bem verdadeiros.
Foi aqui numa escola bem perto.
Com crianças que se conhecem e que, penso, não inventaram nada.
Aconteceu, foi isso.
Os senhores professores levaram as crianças a ver um filme.
Até aqui tudo normal.

À saída, ninguém terá gostado.
«Isto foi uma porcaria»!

Tive conhecimento deste episódio por uma das intervenientes que se me dirigiu:
«Já viu o filme José e Pilar?
Eu vi hoje, foi uma porcaria, gostou?
Quem são o José e a Pilar»?

Fiquei sem perceber nada.
Então levaram as crianças a ver uma coisa de que nem sequer lhes falaram?
Exactamente.
Parece mentira, mas é real.
As crianças foram retiradas da escola, aparentemente apenas para ficarem quietinhas algum tempo, sem darem trabalho aos docentes.
Não entenderam nada de nada, antes pelo contrário. Apenas detestaram.
Só porque não sabiam e nem conheciam os participantes do filme.

Será que é este o papel dos senhores professores?
Manterem os seus alunos na ignorância?
O José é apenas um Prémio Nobel da Literatura!
A história que as crianças foram ver, é apenas sobre os últimos anos dele, na companhia
da mulher que o acompanhou e foi o seu braço direito nos últimos anos!
Será que não é suficiente para os s´tôres?

Apetece-me ser um bocadinho mazinha e dizer:
- Pérolas a porcos!...

Estes s’tôres não merecem nem o nome.

Abraço.

domingo, 20 de novembro de 2011

Caixas









Obras de saneamento 
em Caixas



É assim que se chama a aldeia onde moro há já três anos e três meses.
Várias vezes me tenho perguntado por que é que se chamará assim?
Não consegui ainda encontrar resposta.
Pus-me a divagar e a única explicação que a minha imaginação vislumbrou para tão estranho nome foi que, se calhar, é porque a aldeia se encontra rodeada de mar e pinhal.
Fica como que metida numa caixa, se quisermos forçar um pouco a nota.
Esta aldeia e os arredores (Alfarim, Meco e Zambujal), com que tive os primeiros contactos já lá vão trinta e muitos anos, é hoje muito diferente do que era nessa altura.
O turismo, com as belas praias que a circundam, tirou-a do anonimato.
Deu-lhe vida e trouxe-lhe o progresso.
As pessoas que na altura encontrei mudaram em todos os sentidos.
Têm agora, sem dúvida, uma qualidade de vida muito superior.
E os horizontes muito mais abertos.
A aldeia de então, não só cresceu em população e recebeu obras de saneamento, como se encontra muito bem servida de tudo o que este mundo moderno exige.
As entidades locais e alguns particulares, têm tido a visão e a preocupação de trazer até à população tudo ou quase tudo o que esta vida moderna exige.

Desde Centros de dia (dois).
Lar com hospital de retaguarda.
Um centro de fisioterapia com técnico experiente e credenciado, que assiste não só os utentes como os sócios.
Tem médico.
Enfermeiros.
Está equipado com elevador, e todos os requisitos exigidos para a situação.
Um jardim-de-infância que faz inveja a qualquer um de qualquer cidade que se preze.
Há ainda um ginásio com piscina e aulas das mais variadas modalidades, que põe tudo a mexer, incluindo os idosos.

Há um clube desportivo muito dinâmico.
Há Casa do Povo.
Há farmácia.
Multi-banco.
Duas bombas de gasolina.
Cabeleireiros (três).
E as mais variadas profissões.
Desde o ramo automóvel, até à construção civil que é, ou era antes da crise, a alma da economia local.
Isto, para não falar das peixarias com peixe «vivo» do mar de Sesimbra, Setúbal e outras paragens.
Não se reconhece esta localidade que antes não passava de mais uma aldeia esquecida e desconhecida, em que as pessoas se mostravam tímidas e com falta de contacto com outras gentes.
Vive-se bem aqui.
Diria até que o nível de vida é, para muita gente, médio alto e sem preocupações.

Abraço.

sábado, 19 de novembro de 2011

As ladainhas













Havia na minha aldeia, e provavelmente noutras, uma tradição que designaram por ladainhas.
Sempre me intrigou aquela crença.
Naquele tempo, a maioria das pessoas vivia apenas do que dava a agricultura.
Que tudo germinasse da melhor forma, era a ambição de todos.
Dependiam do tempo que fizesse para encherem ou não as «lojas» e terem o sustento para todo o ano.
Daí, aquela necessidade de recorrer ao divino, para que lhes protegesse o que já tinham lançado à terra.
Sim, porque as ladainhas eram procissões e rezas que apelavam a todos os santos para que lhes protegessem as culturas.
Eram realizadas de madrugada.
Ainda noite escura e com a iluminação fraca das ruas.
Lembro-me que era acordada todas as manhãs naquele período (não sei precisar mas acho que eram algumas semanas) por um grupo de vozes que mais ma pareciam vindas do além, que cantavam rezando – ou rezavam cantando...
Pelas ruas da aldeia iam andando e cantavam as ladainhas.
Todos os santos conhecidos eram chamados a intervir.
O sacerdote dava o mote lá da frente e todos mais ou menos ao mesmo tempo, respondiam.
Mais ou menos isto:

- Santa Maria Madalena!
- ...Rogai por nós!...

- Santa Joana!
- ...Rogai por nós!...

E por aí fora… até se esgotar o stock.

Às vezes acontecia que não se conseguiam coordenar, o que dava uma grande trapalhada, e lá ficava uma voz sozinha a berrar na noite!...

Eu, de cada vez que ouvia lá longe aqueles sons misteriosos, levantava-me e ia à janela.
Era um espectáculo que, digo com franqueza, me impressionava um pouco - até posso dizer que na época me deixava meio aterrorizada.
Talvez porque me lembrava uma cena de almas do outro mundo.

Gosto de recordar estes episódios da minha meninice.

Abraço.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O chafariz das duas bicas















Na minha aldeia, havia e ainda há, um chafariz que era e é designado por Chafariz das Duas Bicas.
A sua água, segundo os mais velhos, era de uma qualidade excelente
Esse chafariz foi, durante muitos anos, meu vizinho muito próximo.
Sempre gostei, e até quase venerei, aquele chafariz.
Quase o sentia só meu.
Fez-me companhia nos bons e nos maus momentos.
Junto dele brinquei, sofri, fui feliz, amei, chorei – enfim, foi meu companheiro de todos os momentos.
O que mais recordo, e recordo com muita ternura, é o momento de ir dormir.
Sabia-me muito bem ao deitar e no silêncio da noite (o chafariz era memo em frente ao meu quarto), ouvi-lo e ser embalada suavemente ao som da cadência monótona e calma da água a correr para dentro do pio (era assim que se chamava) eternamente…
E eternamente porquê?
Porque, ao acordar, lá continuava o mesmo som da água, com a mesma cadência, sempre pronta a dar-me os bons dias.
Assim.
Vinte e quatro sobre vinte e quatro horas.
Lembro-me muitas vezes daquele chafariz.
Afinal, foi lá que cresci e me fiz mulher.
As minhas raízes estão lá bem fundas.
As minhas emoções também.
As recordações estão guardadas numa gaveta especial do meu cérebro.
E, claro, num lugar de eleição do meu coração.

Há coisas de que pouco se fala, mas estão e estarão sempre connosco.
Não foram afinal essas vivências que nos deram a personalidade que temos hoje?

Até sempre, meu amigo chafariz.

Abraço.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

«Pêdágógia»














Exactamente assim.
Pê-dá-gó-gia.

Há já há alguns anos, num Jardim-de-Infância, uma trabalhadora que na altura era auxiliar de educação com papel passado e tudo, quis aproveitar aquela «borla» que o Ministério deu às auxiliares, de tirar o curso de educadora.
Até aqui tudo bem.
As oportunidades são para aproveitar, ainda que às vezes as lacunas que ficam sejam constrangedoras.
Quanto a mim, em certos casos e naquele concretamente, isso é mais que visível.
Bom, mas voltando ao princípio desta estória: a pessoa em causa foi-se inscrever, alguém lhe terá feito um pequeno questionário e lhe perguntou o que era para ela a pedagogia.
A pessoa terá ficado embaraçada, e disse que não sabia.
Ao chegar ao infantário, vinha um pouco agitada e contou às colegas o episódio.
E muito indignada, disse:
«Sei lá eu o que é pêdágogia! Vou perguntar p’ra mê mêrido»!...

Este acontecimento testemunhado por várias colegas, ficou para a história das anedotas.
Devo dizer que esta trabalhadora conseguiu o papel do curso de educadora.
Dizia mesmo que as professoras tinham pena dela, porque ela chorava.
Chantagem que usava, sempre que se via em apuros.

Apenas este caso, para ilustrar algumas das incapacidades que há para aí, neste e noutros ramos de actividade, neste país das facilidades.
Pode parecer anedota, mas não é.
Outros casos reais haveria para relatar.

O pior disto, é que têm a cobertura de responsáveis, que deveriam ter mais sentido do dever.

Não se consegue um país com alguma qualidade, enquanto se proceder assim.

Abraço

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Natal da crise














Nem sequer sei se metade do país já deu pela chegada vagarosa deste Natal.
Aproxima-se sem ruído.
Como que a não querer ser notado.
O Natal, sempre tão efusivo!
Pé-ante-pé, eis que se apresenta.
Aos poucos.
Sem os espalhafatos do costume.
Por que será?
Nos rostos, na forma de estar da maior parte dos portugueses, não há sombras de festa.
Nem se ouve falar do acontecimento sempre tão envolvente.
Faltou o gás.
O combustível.
Os motores não querem andar.
Os natais consumistas vão ser, provavelmente, os mais penalizados!...
E agora?
As sacadas de inutilidades?
Os supérfluos?
Só restam os afectos.
Onde é que eles andam?

Por onde andaram?

Mesmo não parecendo, foi o que sempre faltou.
Tudo, não passava de cenário para esquecer outros males.
Este ano fica pior.
Não haverá onde descarregar as angústias, as frustrações, os feitios avessos, o cansaço e…já agora, a indignação.

Coisas do consumo exagerado.

O que é isso de afectos?

Abraço.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A lareira

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A chama da lareira e o seu crepitar, sempre me encantaram.
É bonito o efeito que se cria naquele habitáculo.
O som surdo e constante da chama traz-me uma sensação de paz e de conforto.
O fogo quente e aconchegante descontrai-me.
Vejo nele uma agradável companhia.
As noites longas de Inverno tornam-se uma forma agradável de repousar.
Remetem-me à minha aldeia e aos serões que eram aproveitados para ouvir os mais velhos a contar as suas estórias, que me prendiam às suas palavras sábias e conhecedoras da vida.
Nesse tempo os mais velhos ainda mereciam o respeito dos mais novos.
A sua sabedoria era recebida com agrado e quase admiração.
Adorava aqueles serões quentes.
De calor físico e, mais importante ainda, humano.
Era com o coração cheio de afecto que, depois de algumas horas de convívio, nos despedíamos até amanhã.
O dia era passado na expectativa do próximo encontro.
Roda mais ou menos alargada, conforme os que compareciam.
A lareira era a figura principal.
Por vezes, tal era o calor que imanava, obrigava os presentes a alargarem ainda mais a roda.
Tempos bonitos e inesquecíveis.
Em que a amizade era a rainha.

Que saudades!

Abraço.