segunda-feira, 29 de outubro de 2012

«Um exemplo a seguir»





Uma frase destas, dita seja em que contexto for, é sempre agradável de ouvir.
Sobretudo quando nos é dirigida cara a cara.
Desta vez fui eu a protagonista.
Nem sempre a vida nos dá lambada!
Também nos reserva atitudes de simpatia e apreço.
Atitudes de incentivo e reconhecimento.

«Se eu mandasse, punha na parede deste ginásio um cartaz com uma foto sua a treinar.
Por baixo, uma frase que diria:

- «UM EXEMPLO A SEGUIR»!...

Foi esta a frase que me deixou vaidosa.
Vaidosa e sem resposta.
Não estava á espera.

O seu autor: o meu professor de há quatro anos.
Jovem licenciado na matéria e com mestrado ainda quente.

Como não me sentir gratificada?

Abraço. 

domingo, 28 de outubro de 2012

A dor





A dor é abstracta.
Não se mede nem se pesa.
Só dói.
A dor física é forte, sobretudo se for uma cólica renal das fortes.
Essa também já me tocou.

A dor psicológica, essa, é para mim a maior de todas.
A única que já me fez sofrer a sério.
Infelizmente, também já a conheço.
Dói de uma forma diferente.
Estende-se a todo o corpo, à mente, às entranhas e ao cérebro.
Aperta o coração e dilacera a alma.
Conheci-a quando da morte repentina dos meus pais, ambos ainda muito novos.

Não há como descrever esta dor.
É uma dor grande.
Longa, demasiado profunda e incontrolável
Desesperante.
Dura… dura… dura…
Penso que para todo o sempre.
Embora tentemos disfarçá-la, distraí-la, não há forma.
Pelo menos, nos primeiros tempos.
Temos a sensação que perdemos tudo e nada mais vale a pena.
Queremos estar sozinhos.
A rever o filme da nossa vida, onde os que partiram eram personagens principais.
Precisamos disso para sentir que ainda estamos ligados aos que perdemos.
Precisamos de tempo para interiorizar que não há mais.
Nunca!...
Acabou.

É difícil arquivar tudo o que se viveu.
Sobretudo quando a ligação era muito forte.
Com quem tínhamos tantas afinidades, com quem partilhávamos tudo.
Que sempre e em todos os momentos, bons ou menos bons, nos deram um amor incondicional.

Sentimo-nos mutilados por dentro.
Profundamente doridos.

A tão falada dor da perda!

Não é fácil arrumá-la, não!...

Abraço.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A tradição





Está a aproximar-se o dia de finados.
É quase certa uma invasão às campas de quem já partiu.
Em todo o país é a corrida às flores.
O seu preço triplica.
Os cemitérios enchem-se.
De semblante carregado, cada um procura alindar o melhor que pode a última morada dos seus entes queridos.

É a tradição a cumprir-se.
Não tenho nada contra.
Contudo, tenho há muito tempo a minha opinião formada sobre este tema.
Como já aqui tenho referido, tenho infelizmente autoridade moral q. b. para falar de perdas.
- De caminhadas para o cemitério.
- De ramos de flores.
- De saudade que dói.
Tudo isto é normal.
Mas o que para mim tem mais peso é a lembrança que fica.
- Os laços que não se desfazem.
- As memórias que marcaram e que nos visitam todos os dias.
- Que nos mantêm, ainda que sem flores, unidos todos os dias de todos os anos.
Tudo o resto, que muito respeito, é cumprir a tradição.
Uma tradição que, por mim, acho lúgubre e que as pessoas cumprem obrigatoriamente de ar compungido.
   
Para lembrar e homenagear os nossos, também é preciso não os esquecer no resto do ano.

Ainda que não haja flores nem velas.

É este o meu sentir.

Abraço.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Não desistem de mim


sitemeter

 ... 


É bom constatar que há quem não desista de mim.
Refiro-me às visitas a este blogue.
Há já alguns dias que nem sequer tenho pegado no computador.
Não por falta de tempo.
Apenas porque sou humana e às vezes desmotivo.
Foi como que um enjoo!

Hoje decidi-me.
Vim espreitar.
Pensei até que viria encontrar o contador parado.
Fiquei surpreendida e pensei exactamente:
- Que bom! Não desistem de mim!

Ainda pouco activa, achei que me devia mostrar.
Mostrar que tenho apreço por quem o tem por mim.
Obrigada a todos por me procurarem dia após dia, mesmo comigo quieta.
Não é que o meu cérebro tenha estado parado.
Antes pelo contrário.
Se calhar esteve até demasiado activo.
Só que virado para outros campos, que não o da escrita.
Vou tentar continuar.
Vou tentar continuar a partilhar como sempre fiz.
As minhas preocupações, alegrias, revolta, decepções etc….
Vocês, desse lado, são os meus interlocutores.
Interlocutores silenciosos e pacientes.

Obrigada pelo apreço.

Abraço.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Celibato sim ou não





















Ao criar este espaço, pensei que o aproveitaria para me questionar, reflectir e interrogar.
Para lá, claro, de passear pelo passado e falar dele.
Isto é, recordar e partilhar.
«Memória» (Rota da).
Dar-me a conhecer.

Como certamente também já se percebeu, tenho os meus momentos.
Dias de satisfação, de indignação, de surpresa, de dúvida!...
Hoje dei comigo a pensar num tema sobre o qual muita gente se tem interrogado.
Celibato dos padres, sim ou não?

Para alguns:
-Sim, porque de contrário estariam divididos e não cumpririam a sua missão?
Para outros:
- Não, porque antes de serem padres são homens e não é correcto levarem uma vida de frustrações e solidão, quando alguns o que desejariam, era poder ser homens de corpo inteiro.

Por mim apoio a segunda hipótese.
Devo lembrar que esta lei é uma lei imposta pela Igreja.
E que, por causa dela, muitos escândalos têm rebentado no seu seio.
Desde relações clandestinas de que nascem filhos, até às que se «escondem» eternamente mas de que toda a gente fala.

Hipocrisia – é o que eu acho.
Com abandono de mães e filhos.

Penso que todos lucraríamos mais com uma situação de verdade.
Sem ter que andar com um ar mais ou menos seráfico de olhos no chão.

Tenho autoridade moral para falar assim:
Sou bisneta dum Abade (do Sabugal), que teve três filhos.
Para maior vergonha abandonou um.
O meu avô, que enquanto criança comeu o pão que o diabo amassou.

Bonito não?

Abraço.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Convites























Hoje o dia está convidativo.
Convida a…
Não me refiro a convites formais, que esses nunca foram muito o meu forte.
Nunca gostei muito de formalidades.
Gosto muito mais que os amigos e familiares me entrem casa dentro, sem eu os esperar.
Isso, sim, faz-me sentir bem.
Faz-me sentir acarinhada e lembrada.
São sempre surpresas agradáveis e que me dão alegria.

Hoje, quero eu dizer, que o dia convida ao recolhimento.
À reflexão.
À execução de tarefas que nos exijam alguma concentração.
Pelo menos é isto que eu sinto.

Está um dia cinzento, meio chuvoso e com uma mistura de ar fresco, que pede aquele ambiente de silêncio que me agrada sempre.

Só por pudor é que a minha lareira ainda não se acendeu.
Por detrás do vidro, esperam três troncos por uma pinha incandescente.
A temperatura dirá quando será que o fósforo se irá acender.

Até lá, a mantinha fofa desempenha um papel importante.
Entretanto, a chuva mostra-se lá fora.
Suave e mansa mas persistente.
Por detrás da vidraça e para lá da chuva, mostram os braços as minhas buganvílias. Uma vermelha outra amarela, que daqui a mais algum tempo se hão-de entrelaçar.

Bonito de ver!  

Que bom esquecer por momentos o turbilhão atarantado dos governantes!...

Abraço.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Débeis é que não





Vemos todos os dias situações muito tristes.  
Falta de educação, falta de respeito.
Um pouco por todo o lado.
Por isso, sentir-nos-íamos certamente muito mais confortáveis, se não nos deparássemos tão frequentemente com humanos acéfalos.

Infelizmente, não é esse o caso.
Ao longo da vida, cruzamo-nos com atitudes e gestos tão inesperados, incorrectos e sem critério, que nos levam a pensar que estamos perante gente débil, sem ideias próprias e facilmente manipulável.
Tipo homem das cavernas, mas com cérebro incompleto.

Por algum motivo, começa a haver responsáveis a pedir uma Escola mais exigente.
Mais completa.
Cujos conteúdos não se fiquem apenas pela matéria obrigatória para se obter um diploma.
Mas com conteúdos onde os bons princípios, o respeito pelos outros e a educação estejam bem mais presentes.
Que obrigue as pessoas a atingir uma maior capacidade de pensar.
De reflectir.
De decidir.

Partilho há muito desta preocupação.
Acredito que só com um grande esforço de mudança se conseguirá uma sociedade mais exigente, mais criteriosa e bem formada.
Deixaremos de ver pessoas conduzidas por arrastamento.
Manipuladas e a agirem com o cérebro dos outros.

Um país de gente que saiba não só o que quer, mas também como agir.

Abraço.

domingo, 14 de outubro de 2012

Sua Eminência e a rua












Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa foi a Fátima.
Até aí, nada a estranhar.
Sua Eminência falou à imprensa.
Também aí, nada de anormal.
Falou com voz calma, seguro de si, sem sinais de preocupação no rosto.
Nota-se que sua Eminência está de bem com a vida.
Não lhe falta emprego.
Não lhe falta casa e que casa!...
Não lhe falta dinheiro!
Nem sequer precisa de comprar o tabaco de enrolar!
Até pode continuar com os seus cigarritos do costume!...
E mordomias?
Ui!
Mordomias e mordomos!...
Sente-se bem no silêncio dos seus amplos aposentos, o senhor!
Por tudo isto, a rua faz-lhe confusão, coitado.
Incomoda-o!...
Depois, não acha bem tanto alarido, Sua Eminência!
Tanta gente, tanta gente…
Vão para casa, meus filhos!
A rua não resolve nada!...
Vão para casa e…rezem… rezem…

Vá, porque cinquenta anos a rezar sentadinhos ou de joelhos, ainda não foram suficientes.
É preciso que continuem.

Agora eu:
Está-me a cheirar a mofo, a fumo de velas… ou é a naftalina?
Se calhar é a isto tudo.
Deve ser a batina de sua Eminência que saiu de alguma arca do século dezanove!...

Ele há coisas!...

Rezem meus filhos, rezem!..

Abraço.

Leia e oiça:
- José Barata Moura, aqui.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O gigante acordou





O gigante acordou cedo.

Acordou e acordou-me.
Pareceu-me mal-humorado.
Pelo seu rugir, alguma coisa não lhe agradou ao despertar.
Fiquei intrigada.

Logo que pude, fui visitá-lo.
Lá estava ele.
Grande!
Mas para meu espanto, estava quieto.
Sereno, conversando com um punhado de gaivotas espraiadas ao sol.
Mudou de humor.
Acalmou-se e resolveu gozar o belo dia que entretanto rompeu.

Também eu usufruí deste dia.
O ambiente convidava a um passeio.
Já há algum tempo que precisava de um ambiente assim.
Só eu e o mar.
Aproveitei e pus com ele a conversa em dia.

É um bom amigo, o mar.
Tinha saudades da forma como sabe ouvir.

A manhã terminou com um banho, que nem em pleno verão saberia melhor.

Regressei em paz.

Até amanhã, mar.

Abraço.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ainda os ratos






Coitados dos ratinhos.
Vociferaram a sua indignação e recolheram-se.
Aliviados da raiva, mas não conformados.
Conversaram e decidiram dar um tempo àquelas ratazanas parasitas e gulosas.

Continuaram a mourejar, porque os filhotes precisavam de comidinha.
Todos os dias saíam e trocavam ideias com os outros ratinhos.
A paciência esgotava-se a conta-gotas.
A raiva crescia dentro deles.
As dispensas começavam a ficar vazias, as migalhas escasseavam.
De focinhitos caídos e barriga meio-vazia, não desistiam.
Só esperavam que as ratazanas lustrosas, e de casacas de grilo, se dignassem a olhar para eles, figuras pequenas, mas corajosas e trabalhadoras.

Eis se não quando, a ratazana de topo mandatada pelos gulosos que a rodeavam, apareceu no alto do seu buracão e disse.

-As regras são estas, vocês só têm que se acalmar.
Nem todos podem ter a barriga cheia como nós.
O palácio é grande, mas nós somos ratos exigentes e precisamos de muito espaço.
De comida de qualidade e não de migalhas deixadas por outros.
Deixem de ser piegas e trabalhem.
Olhem as formigas!
Deixem de ser ignorante e aceitem o que vos digo.

Perplexos, os ratitos engoliram em seco, mas prometeram voltar.
Não sem antes gritarem sua indignação.

Recolhidos, matutam, matutam, e esperam o momento.

Temo que saia violência!...

Abraço.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Redacção - Tema: «Os ratos»






Era uma vez um grupo de ratos vaidosos, ambiciosos e gananciosos q. b..
Reuniram-se pela calada da noite e tomaram de assalto um palacete.
Porquê?
Porque, segundo eles lá teriam uma vida melhor.
Teriam acesso a todas as guloseimas e mordomias.

Nos primeiros tempos, a coisa correu-lhes de feição.
Não faltaram banquetes e diversão!

Os outros ratos, coitados, olhavam para aquelas festanças e perguntavam-se:
- Mas porque é que eles têm direito àquela vida e nós não?
- Porque é que temos que andar aqui a apanhar migalhas, com os filhotes atrás a pedir mais e mais?
- Isto é injusto.
Decidiram rebelar-se.
Comunicaram através de buraquinhos, juntaram-se no sótão duma casa muito velha e traçaram um plano.

Chamaram os ratos de toda a cidade e foram até ao palácio.
Chiaram, chiaram, chiaram e nada.
Dos ratos do palácio ninguém apareceu.
A chiadeira ecoava cada vez mais alto.
Nada.
Enquanto eles se esmifravam, uma corja de ratazanas assustadas, focinhos no chão e sem serem vistos, fugiram pela porta dos fundos.  

Regressaram só quando o silêncio se fez ouvir.

Ratazanas cobardes, medrosas e fugidias, não merecem pertencer ao mundo dos ratinhos honestos e trabalhadores.

Abaixo os vaidosos, medrosos e sem «focinho» (sem cara).  

Dos ratinhos,
Um…

Abraço.

domingo, 7 de outubro de 2012

A capacidade de sonhar





Signos?
Sou do signo Touro.
Dizem que sou Terra.

Apeteceu-me hoje ler o que o signo diz sobre mim.
Devo dizer que nunca pautei a minha vida pelo que o signo diz ou deixa de dizer.
Contudo, na verdade, revejo-me em muitas das características que me atribui.

Estabilidade.
O gosto pela natureza.
Entre outras.

Nestas duas acertaram em cheio.
Gosto de estabilidade.
Preciso muito de ter os pés assentes na terra.
Amo a natureza e não me canso de a observar em pormenor.
Rodeio-me de tudo o que me possa ligar a ela.
Flores, animais e objectos que, embora inertes, mostrem bocados da sua beleza.

Afectiva.
Teimosa.

Também aí estão certos.
Sou sim as duas coisas.

Quanto aos afectos, por causa deles já sofri algumas decepções.
Ainda assim, vale a pena ser afectiva.
São imensas as compensações.
Teimosa.
Talvez um pouco, quando tenho que defender causas em que acredito.
Quando tenho a certeza que a razão está comigo.

Não conheço o «fundamento» dos signos.
Às vezes acho que são uma grande patranha.
  
Coincidências?

Abraço. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Surpresas boas


queda, folhas, colorido, outono, natureza, macro



















Durante a vida, quando menos esperamos, somos surpreendidos.
Nem sempre as surpresas são agradáveis.
Muitas vezes, aparecem-nos em forma de marteladas que, ao atingirem-nos, doem mesmo.
É suportando-as que crescemos e vamos endurecendo.
É com elas, também, que nos tornamos muitas vezes mais duros e indiferentes.
Que valorizamos menos as coisas vulgares e fúteis.
Que passamos a apreciar mais as coisas boas.

Sim, porque a vida também nos traz alegrias.
É bom, ficamos agradecidos e felizes
O espírito fica mais leve e é mais fácil descobrir a tal parte boa da vida.
Ficamos mais disponíveis para olhar à nossa volta.
Para observar o que está mal, mas também o que nos pode deliciar o olhar. 

A Natureza por exemplo.
Essa, nunca deixa de nos surpreender.
A sua beleza e capacidade de mutação são uma constante.

Começa agora a desnudar-se.
Um «striptease» lento e quase sensual.
Belo, sereno e natural.
Apenas uma mudança singular de roupagem.

Assistir a esta mudança, é um privilégio.
Um espectáculo aberto a todos.

É de aproveitar.
   
Abraço.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Há dias


 




Há dias em que nos apetece fazer tudo menos o que está planeado.
Hoje estou num desses dias.

Tenho o ginásio daqui a quarenta minutos.
Apesar de saber que é indispensável à minha saúde e bem-estar, apetecia-me mais ou menos, ficar a zanzar por aqui.
Espreitar esta planta, semear aquela, sentar-me um pouco a espreitar um livro, um jornal.
Ouvir uma musiquinha, divertir-me com os meus felinos, etc…
Há dias.

Bom, mas o que é certo é que não vou ceder.
O ginásio tem sido um bem para mim.
É a ele que devo a actividade que tenho.
A força física e intelectual.
É por via dele que me mantenho com um espírito que consideram jovem.
É por ele que o meu corpo se mantém em boa forma.

Foi ainda por causa dele que reduzi significativamente a medicação a que estive sujeita.
Sei que enquanto puder ir lá, terei uma melhor qualidade de vida e que a minha saúde estará mais protegida.

Então vou.

É bom não esquecer que movimento é saúde.

Até amanhã.

Abraço.