Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa foi a Fátima.
Até aí, nada a estranhar.
Sua Eminência falou à imprensa.
Também aí, nada de anormal.
Falou com voz calma, seguro de si, sem sinais de preocupação
no rosto.
Nota-se que sua Eminência está de bem com a vida.
Não lhe falta emprego.
Não lhe falta casa e que casa!...
Não lhe falta dinheiro!
Nem sequer precisa de comprar o tabaco de enrolar!
Até pode continuar com os seus cigarritos do costume!...
E mordomias?
Ui!
Mordomias e mordomos!...
Sente-se bem no silêncio dos seus amplos aposentos, o
senhor!
Por tudo isto, a rua faz-lhe confusão, coitado.
Incomoda-o!...
Depois, não acha bem tanto alarido, Sua Eminência!
Tanta gente, tanta gente…
Vão para casa, meus filhos!
A rua não resolve nada!...
Vão para casa e…rezem… rezem…
Vá, porque cinquenta anos a rezar sentadinhos ou de joelhos,
ainda não foram suficientes.
É preciso que continuem.
Agora eu:
Está-me a cheirar a mofo, a fumo de velas… ou é a naftalina?
Se calhar é a isto tudo.
Deve ser a batina de sua Eminência que saiu de alguma arca
do século dezanove!...
Ele há coisas!...
Rezem meus filhos, rezem!..
Abraço.
Leia e oiça:
- José Barata Moura, aqui.
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