A dor é abstracta.
Não se mede nem se pesa.
Só dói.
A dor física é forte, sobretudo se for uma cólica renal das
fortes.
Essa também já me tocou.
A dor psicológica, essa, é para mim a maior de todas.
A única que já me fez sofrer a sério.
Infelizmente, também já a conheço.
Dói de uma forma diferente.
Estende-se a todo o corpo, à mente, às entranhas e ao
cérebro.
Aperta o coração e dilacera a alma.
Conheci-a quando da morte repentina dos meus pais, ambos
ainda muito novos.
Não há como descrever esta dor.
É uma dor grande.
Longa, demasiado profunda e incontrolável
Desesperante.
Dura… dura… dura…
Penso que para todo o sempre.
Embora tentemos disfarçá-la, distraí-la, não há forma.
Pelo menos, nos primeiros tempos.
Temos a sensação que perdemos tudo e nada mais vale a pena.
Queremos estar sozinhos.
A rever o filme da nossa vida, onde os que partiram eram
personagens principais.
Precisamos disso para sentir que ainda estamos ligados aos
que perdemos.
Precisamos de tempo para interiorizar que não há mais.
Nunca!...
Acabou.
É difícil arquivar tudo o que se viveu.
Sobretudo quando a ligação era muito forte.
Com quem tínhamos tantas afinidades, com quem partilhávamos
tudo.
Que sempre e em todos os momentos, bons ou menos bons, nos
deram um amor incondicional.
Sentimo-nos mutilados por dentro.
Profundamente doridos.
A tão falada dor da perda!
Não é fácil arrumá-la, não!...
Abraço.
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