terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A morte saiu à rua





















É triste a morte!
É triste a partida de alguém que amamos!
É triste ver apagar um sorriso que irradia luz!
É trite ver saír de cena, quem ainda não tinha terminado o seu papel!
É triste ver o pano caír e interromper o acto que decorre!
Neste caso o acto de viver!
E como a vida era amada!
Está a ser doloroso assistir a este final!
Imagino o Sabugal hoje mais escuro.
Imagino o Côa a engrossar o seu caudal, com as lágrimas de quem a vê partir.
O Castelo, esse, vejo-o inclinado perante a grandeza da sua alma!
Partiste, mas ficarás no nosso coração para sempre, amiga!

sábado, 27 de dezembro de 2014

Estórias









Palavras leva-as o vento!...
Não, não era isso que eu queria dizer.
O vento leva é algumas penas, as que são leves!...
As palavras ditas, essas, caem muitas vezes é em saco roto!

Esta lenga-lenga toda para quê?...
Estava aqui a lembrar-me que, enquanto jovem, assisti muitas vezes à saída de pessoas da minha aldeia, à procura de melhores dias!
Ficavam por lá algum tempo na cidade grande e algumas, quando voltavam, vinham cheias de «mania»!
Dizia quem as ouvia que eram umas peneirentas e que... « vê lá! Até já vem a falar «cioso»!... Já nem conhece ninguém e nem sabe o nome dos garranchos, a que andou agarrada tanto tempo!»
E nem as pessoas as entendiam. Dizia-se que falavam caro, com palavras de sete e quinhentos...  
Uma vez, lembro-me que uma «ciosa» tipo tátá de lata, se dirigiu a um homem já casado, mas de estatura muito pequena que estava sentado no meio de um grupo e perguntou agarrando lhe o queixo.«Quem é este miúdo»!
Perante a estupefacção dos presentes que a elucidaram embaraçados,  disse muito afectada «Ai! E eu a chamar miúdo a um homem casado»!
Ficou tudo mais ou menos siderado e ficou também uma estória para contar e um rótulo na criatura!
Também havia aqueles/ aquelas, que esqueceram o passado e as dificuldades. Ficaram a meio caminho do plástico de baixa qualidade!

Abraço.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Neste entretanto...






Estamos então na altura de fazer o bem!
De enchermos os cofres do senhor Belmiro, de meter o ordenado (quem o tem) em equipamentos informáticos topo de gama, de dar desgaste  aos cartões passando-os nas máquinas até fazerem faísca!
Calcorrear sem destino, nem tino, as estradas do país e esturrar as notas nas bombas de gasolina.
Dar um ar de caridadezinha aqui e ali para que não se diga que ficamos com a consciência intranquila!
Passar ao lado dos que precisam depressa e sem olhar muito, não nos vão impressionar e caiamos na tentação de oferecer ajuda!...
E viva a vidinha, que é para se viver, pois ela é curta, coitada!
Esta época natalícia é uma riqueza!
Toda agente se cumprimenta, ainda que durante o ano se ignorem!
Tão amigos que nós somos!
Tão generosos e bem comportados!
É um regalo a distribuir amor!
Um regabofe de «amizade»!...
É engraçada esta forma de amar o próximo!


Bom Ano!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Natal genuíno






























O Natal também pode ser simplicidade com momentos de higiene mental!
Pode ser uma forma de estar com os que mais precisam, pelo menos em pensamento.
Pode ser genuíno e simples.

Está a ser isso o meu Natal.
Sem adereços e sem fugas.
 
Da lareira com filhoses, para a Natureza em estado puro.
Do aconchego para o ar gélido, mas saboroso do Cabo Espichel

É bom este estar natural e tranquilo!
 
Abraço para todos!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Poesia





Transcrevo:


HAJA NATAL..

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!
- Está bem, eu sei!
- E as garrafas de vinho?
- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...
Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!
Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!
Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!

João Coelho dos Santos
in Lágrima do Mar - 1996
Agradeço à Lidinha, minha prima, o envio 

Boas Festas!










Desejo a todos umas festas cheias de coisas boas e muitos afectos! 

Abraço.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mais uma relíquia
























Há objectos e coisas que nos mantêm ligados ao passado e às pessoas para sempre.
Por exemplo, a casa da minha avó materna e a chave da sua porta!
Era uma casa grande e, segundo a inscrição esculpida na parede, é de mil setecentos e sessenta e sete.
Era uma casa de lavradores, que para a época se podiam classificar como abastados.
Uma casa ampla, onde foram criados os sete filhos da minha avó (apesar de ela dizer quando já demente, que não tinha filhos e que quando morresse ainda levava o «raminho da palma»! Coisa que provocava risos inofensivos em todos!).
Era uma casa de trabalho, mas também de convívios e muitos, muitos afectos.
Numa das varandas, a que dava para as traseiras e virada a Sul, era normal, nos degraus já meio esconsos e gastos pelo tempo e pelo uso, nós, os netos, fazermos deles o sofá mais confortável e deixarmos acontecer grandes e saudáveis convívios, e troca de saberes.
Era lá que se liam às escondidas (pelo menos eu por ser ainda muito jovem e em casa o regime ser apertado),livros que então eram proibidos, como o Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio. Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Dostoievski etc...
Era um dos sítios onde se partilhavam cumplicidades.
Tinha uma vista privilegiada, era rodeada de campo e serras e um sol que a envolvia até se esconder!
Tinha em frente e quase a tocar-lhe tal era a proximidade, a Torre da Igreja.
O sino, dolente mas forte, batia as horas anunciando a todos que era tempo para executar esta ou aquela tarefa, única forma de situar as pessoas no tempo.
A casa da minha avó tinha uma porta grande e forte, por isso mesmo precisava igualmente de uma chave grande, forte e pesada.   
Aquela porta, que se abriu e fechou durante três ou quatro gerações, acusou o desgaste e teve de ser substituída.
A chave, essa peça de museu, que me foi confiada muitas vezes e que eu admirava, iria certamente ser atirada para o esquecimento, qual objecto sem préstimo.
Custou-me imaginar uma relíquia ser abandonada e pedi para ficar com ela.
Tenho-a  comigo há muitos anos!
Esta chave, sem valor material,tem para mim um grande valor afectivo.
É um elo forte que me liga ao meu passado e me leva a fazer voos rasantes e apaziguadores, da saudade que às vezes se instala!  Não me abrirá mais a porta da minha avó, mas abre-me de certeza a porta das minhas memórias e dos meus afectos.

Abraço.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Brincar ao faz de conta





Durante trinta e três anos, brinquei a sério ao faz de conta no Infantário onde trabalhei!
Era o meu trabalho e deu-me muito, muito prazer desempenhá-lo o melhor que sabia!
Adorei entrar no mundo imaginário das crianças e tentar seguir com elas, as suas fantasias cheias de criatividade,imaginação,tanta entrega e magia!
Foi bom demais, descer ao nivel daqueles seres puros e verdadeiros e de uma exigência boa!
Descer ao seu nível, falar a sua linguagem, interpretá-la  e ajudar no seu desenvolvimento, foi enriquecedor e uma grande aprendizagem!
Tenho saudades desses tempos e do contacto aconchegante e verdadeiro das crianças.
Nesta época de Natal, lembro-me sempre da azáfama e do entusiasmo que era a preparação da festinha e principalmente do brilho nos olhos de cada um!
 Bons tempos vividos com intensidade e muito gosto pelo que se fazia.
Desejo a todos umas festas felizes e com muita verdade no coração!


Abraço.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Eco sem som



Um eco enorme surdo e mudo, tomou conta dos gnomos que, tranquilos, viviam a sua vida  naquela pequena clareira do grande bosque!
Um eco que, embora sem som, foi profundo e ensurdecedor.
Quebrou o ritmo e a rotina daquele sítio mágico que era habitado por aqueles seres pequenos, calmos e indefesos.
Pareceu vir das profundezas, das catacumbas, desativadas há longos, longos anos!
Pareceu que o tempo recuou e mostrou a falta de educação do homem daquele tempo!
Grosseiro, intimidatório e autoritário!
A voz, aos urros ameaçava.
Apontava o dedo e dizia:
-Eu! Eu! Eu!...
Vocês? Sem préstimo, causadores de todas as desgraças!
Nós!...Nós!...!Nós!...
Nós é que somos bons, o mundo seria bem melhor só connosco!
Lá longe, bem ao longe, ouviam- se aplausos e berraria de apoio!
Os seres pequenos ficaram incrédulos e sem compreender aquela mensagem tão tonitroante!
Decidiram remeter-se ao silêncio!
Deixaram passar a cólera daquele ser primitivo e só depois de reflectirem continuaram a sua vida calma e à margem das atitudes pouco dignas daquela voz primitiva!

Foi uma espécie de conto!...
Abraço.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Dezembro e o Natal

 



Chegou o mês mais desejado do ano!
O mês da família, das filhós e dos excessos!...
O mês do êxodo das grandes cidades para as origens.
Programam-se as viagens, entopem-se os carros com pessoas e bagagens, e contam-se os dias!
Resmas de caixas e caixinhas levam dentro o que pretende ser, e em alguns casos será, um gesto de amizade e ou de ternura!
Noutros casos serão apenas gestos de faz de conta, que de amizade e afecto terão pouco!
Está assim, quanto a mim, adulterado o Natal!
Não aprecio muito esta época que se mascarou de consumista!!
Consumismo exagerado, ligações humanas e de solidariedade nulas.
Gostava mais quando o Natal tinha magia, e a tradição ainda se praticava nas aldeias e nas famílias!
Aquele que eu e os da minha geração vivemos tão intensamente!
O genuíno, o intimista, o do abra;o quente e das filhós feitas à lareira, com cânticos a acompanhar.
Aquele, sim, era o verdadeiro Natal. Sem pretensões, sem novo  riquismo, simples e quente por dentro.
O gelo ficava lá fora.
Nos corações acontecia Natal!
Esse Natal ainda hoje me acompanha e recordo com alguma nostalgia!
Não havia gestos frios, prendas para cumprir o protocolo, nem beijinhos de circunstância, sem tocar sequer a face.
Esta nova forma de Natal plastificado, deu lugar ao afastamento entre as pessoas e à frieza das relações.
A nossa cultura não passa por Ele!

Abraço.



domingo, 30 de novembro de 2014

Emoção!



PS: Maria do Céu Guerra sobe ao palco contra a violência doméstica



Já há muito que eu não tinha o prazer de ouvir um político fazer um discurso tão carregado de humanismo como hoje.
Ouvi um candidato a primeiro-ministro que trouxe para o primeiro plano do seu discurso as pessoas e os seus problemas e histórias de vida difíceis!
Que falou como qualquer pessoa normal dessas vidas que levam à loucura os homens que diariamente abatem cruelmente as suas companheiras de uma vida (34 nomes lidos com emoção por Maria do Céu Guerra)!
Que teve a sensibilidade de trazer os números arrepiantes desses crimes!
Crimes muitas vezes cometidos pelo desespero de se verem sem vida e com a dignidade roubada.
Que deixou para trás os números frios e calculistas e se emocionou como um ser normal!
Que não se dirigiu a quem o ouviu como se de números frios se tratasse.
Que mostrou calor e não a frieza a que já nos habituaram os tecnocratas e seus capangas!
Foi bom sentir calor humano.
Também eu me emocionei.
É bom saber que os nossos problemas tocam os que porventura um dia terão os nossos destinos nas mãos.
Não sou ingénua e sei que poderei, um dia, sentir-me, mais uma vez, enganada.
Até lá, foi muito aconchegante sentir-me tratada com dignidade!


Abraço.   

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Chuva, vento!




Hoje foi um dia chuvoso que convidou ao recolhimento.
Eu até gosto do tempo assim meio agreste.
Só preciso de me ocupar e apreciar a rua.
Seguir as gotas contínuas de água que rolam pela janela, olhar os ramos lá fora verdascando o vento.
Apreciar a cor cinzenta, sisuda e fechada do céu tão longe!
E pensar! Pensar muito. Reflectir sobre a vida que corre veloz, que nos leva os dias, que nos traz inquietações, e notícias que gostaríamos de não receber!
Que nos deixam suspensos de interrogações e dúvidas!
Fazer o balanço do que já vivemos e interrogarmo-nos se valeu a pena!
É nestes dias de intimismo que concluimos que é melhor excluir o que pesa, o que trava a imaginação, a criatividade e o gosto de gostar da vida e de nós, mesmo com defeito!
A chuva e o vento têm em mim um efeito positivo.
Levam-me á terra dos sonhos e soltam-me!
Levam-me quase a esquecer que os homens não são perfeitos!


Abraço.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Aqui




Aqui, junto ao Mar do Meco, faço de conta que voltei aos anos sessenta!
No silêncio do momento, ouço apenas o crepitar da lareira e um ou outro carro que, ligeiro, passa na rua.
Sem televisão e sem Internet, fui a correr até à minha aldeia.
Sentada numa cadeira de palha, olho o clarão da chama à minha frente.
O cheiro da carne e dos enchidos que entretanto vão assando, regalam-me o olfacto e deixam-me as papilas gustativas em alvoroço.
Da panela de ferro pequena vem um cheiro a caldo verde cortado com o preciosismo que só a minha mãe sabe!
Apesar da lareira acesa e de ter que tapar as pernas com um pano, para que não fiquem tão quentes que ardem, o resto do espaço da cozinha está frio!
Nas costas tenho um casaco de malha grosso para não sentir os efeitos da geada que cai lá fora!
Cheira a aldeia.
O cheiro a fumo que exala das chaminés e o cheiro das ceias de cada um anda no ar!
 Aconchego-me e vou-me preparando para degustar os manjares.
Que bem que se está na minha aldeia junto aos meus!
Entretanto, a realidade é mais forte!
Regresso à minha lareira e ao meu ambiente de hoje.
O som do televisor acordou-me – voltou entretanto!
Saí do sonho bom que me prendeu durante alguns… diria longos momentos.
A falta do televisor afinal é um bem!
Deu-me oportunidade de sonhar! E é bom sonhar quando os sonhos nos trazem paz!


 Abraço.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Gente pequena, gestos grandes





Grande lição de honestidade e princípios deram a este país de corruptos aqueles três trabalhadores do lixo da Póvoa de Varzim.
Gostei de os ver de cabeça erguida e de semblante feliz, quando disseram que foi assim que aprenderam, que foram aqueles os valores que lhes transmitiram!
Grande integridade e grandeza de carácter!
São pessoas sem qualquer preparação específica, apenas trabalhadores que ganham a vida - por acaso, de uma forma bastante dura!
Um gesto bonito e exemplar!
Depois dos abalos telúricos desta semana política, sabe bem ver um gesto tão honesto e desapegado do rei dinheiro!
Estamos todos fartos de corruptos.
Obrigada a estes trabalhadores e à sua simples e bonita honestidade.

Abraço.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Amigos verdadeiros





Foi há pouco tempo aprovada a lei que defende os animais da mão perversa de alguns homens!
 Só pecou pela demora.
Esperemos que seja para cumprir e que não fique numa qualquer gaveta, como acontece com tantas outras leis no nosso país!
A propósito, deparei há dias com um artigo de Maria Helena Matos no jornal ‘on line’ «Observador» que, quanto a mim, demonstra uma grande falta de sensibilidade e de conhecimento dos nossos amigos animais!
Achei um artigo demasiado longo, demasiado confuso e sempre na negativa.
Um artigo em jeito de quem tem que debitar um certo número de palavras (caracteres), para preencher o espaço que lhe está destinado!
Um desperdício!
De palavras e de tempo!
Na página de «facebook» da Defesa dos Animais, as reacções ao texto não tardaram. Não sei se ela as vai ler e se lhes dará alguma atenção. Sei que se ler e tiver o mínimo de pudor, ficará certamente incomodada com o que vai encontrar.
Vejamos! Gostar de animais, protegê-los e acolhê-los não quer dizer esquecer os humanos que sofrem e precisam de nós!  
Até porque concordo com aquela velha máxima que diz que quem não gosta de animais também não gosta de pessoas!
Essa é uma confusão que Maria Helena Matos poderia ter evitado.
Uma coisa não impede a outra!
Deixe que a sensibilidade, os afectos e o apreço de alguns pelos animais, lhes sejam úteis em tudo o que for possível fazer!
Só assim se conseguirão proteger os indefesos e inocentes que mereciam de certeza melhor sorte!
Mereciam um País que os acolhesse com dignidade, um país culto e civilizado!
Será que a senhora não se comove com o olhar doce de um cão, de um cavalo ou de outro bicho qualquer abandonado? Ou simplesmente são-lhe indiferentes?
Para uma figura mais ou menos pública, é mau ser insensível!
E a responsabilidade de educar fica onde?
Conheço-a há muitos anos.
Surpresa? Não!


Boa tarde.      

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os rapazes…



















Se há qualidade que eu aprecio numa pessoa, é a frontalidade!
Falar das coisas mais complicadas olhos nos olhos, civilizadamente e sem máscaras, disfarces, máquinas ou anonimato!
Há um colaborador da SiC, Hernâni de Carvalho, que por acaso já deu provas de coragem noutros momentos (por exemplo em Timor Leste aquando da independência), que usa essa frontalidade diariamente, ao denunciar factos menos claros e desleixo das autoridades responsáveis.
Foi isso que fez hoje mais uma vez ao referir-se ao caso da Legionela.
«O que andam a fazer os rapazes do governo»?
É verdade, digo eu!
Como é possível deixar andar assim, ao desmazelo, coisas que implicam tão grandes perigos
se não forem devidamente fiscalizadas!
As mortes estão aí!
Não há dúvida de que estamos perante uma grande irresponsabilidade!
E agora? Quem se responsabiliza?
Quem assume esta falta de responsabilidade e da capacidade de liderar?
Estamos mesmo entregues a «rapazes»!

Abraço.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Deboche no Parlamento




Ontem, ao espreitar um pouco a televisão numa hora de notícias, olhei com espanto um senhor ministro no Parlamento, por acaso o da economia, a falar à Assembleia de uma forma apalhaçada!
Olhei e fiquei siderada. Que falta de decoro e que forma mais desadequada, para ser usada por um alto representante do Povo!
Que eles, ministros, são todos abaixo do nível e impreparados para tarefa tão séria - isso é verdade. Mas desempenhar aquele papelão é demais!
Penso eu que não só não se dá ao respeito, como desrespeita o local e o Povo que lhe paga!
Será que errou a profissão? Ou terá feito algum estágio com o Filipe Lá Féria?
 Tanto num caso como no outro, não é no Parlamento que deve estar, mas em algum circo de feira a divertir os transeuntes!
Ministros!...
 Ainda por cima aquele que até tem uma pose de gente séria!  


Boa noite.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O comboio do meu desencanto

 



O comboio da Beira Baixa de há quarenta anos marcou a minha vida de jovem.
Sempre desde que me conheço houve carro lá em casa e por isso não precisei de o utilizar nunca.
Utilizei -o apenas após me casar, nas idas e vindas de e para Lisboa.
Já há algum tempo falei aqui de como me foi difícil sair da minha terra, mas por uma questão de enquadramento vou fazê-lo hoje outra vez.
Fui criada no Casteleiro e muito agarrada à família, às tradições e às vivências diárias.
Custou-me imenso largar tudo e sair para um meio que desconhecia.
A primeira viagem foi no dia em que casei.
Nesse dia era festa, não cabiam questões de outra natureza que não fosse o sonho! 
Tudo se alterou quando se tornou uma situação necessária e de rotina.
 Ir ao Casteleiro, tudo bem. Mas regressar era sempre aquele drama!
Aquele comboio ronceiro, barulhento, maçador e com um cheiro intenso a óleo, era deprimente.
Era desconfortável e albergava gente para lá do que podia e devia: era um armazém apinhado e mal arrumado de humanos e de bagagens de toda a espécie!
Uns sentados em bancos frios, outros em pé, durante as nove/dez horas que demorava a viagem.
Para mim, tempo demasiado desgastante a nível físico e emocional.
Sentia que aquele comboio deprimente me afastava a cada minuto, para mais longe do meu berço aconchegante e tão cheio de afectos.
O dia que mais me marcou foi aquele em que tive que me despedir de minha mãe por dois anos, na estação de Belmonte.
Esse dia deixou a marca das marcas!
Cheguei a Lisboa desfeita e de olhos inchados!
A partida para Angola a acompanhar o marido que forçadamente fora levado para a guerra, impunha-se.
Foi uma opção demasiado dolorosa e que nunca esquecerei!
Aquele comboio foi uma vez mais o monstro de mais uma estória da minha vida!
Hoje tudo é diferente, mas aquela imagem, aquele som e aquele cheiro continuam nas minhas memórias. 


Abraço.

domingo, 2 de novembro de 2014

Homenagem






Já passaram muitos anos mas é como se fosse ontem.
Não preciso de datas especiais para os recordar, os homenagear e lhes agradecer por terem sido as pessoas que foram.
Foram eles que me deram as bases em que assenta a minha personalidade.
Agradeço-lhes todos os dias o amor, e a ternura com que me olhavam e me ensinavam tudo o que de melhor sabiam.
Deixaram-me muito cedo!
Tão cedo que as cicatrizes, profundas, anda não sararam!
Recordo-os muitas vezes com um sorriso.
O pouco tempo que estiveram comigo foi de alegria e muita qualidade!
Tenho-os sempre bem junto do meu coração.

 Hoje, uma homenagem ainda mais sentida!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Publico, como recebi: imperdível




"AS CANALHÍADAS"




        Se Camões fosse vivo, escreveria assim os "Canalhíadas":





I
As sarnas de barões todos inchados

Eleitos pela plebe lusitana

Que agora se encontram instalados

 Fazendo o que lhes dá na real gana

 Nos seus poleiros bem engalanados,

 Mais do que permite a decência 

 Olvidam-se do quanto proclamaram

 Em campanhas com que nos enganaram!


II
 E também as jogadas habilidosas

 Daqueles tais que foram dilatando

 Contas bancárias ignominiosas,

 Do Minho ao Algarve tudo devastando,

 Guardam para si as coisas valiosas

 Desprezam quem de fome vai chorando!

 Gritando levarei, se tiver arte,

 Esta falta de vergonha a toda a parte!


III
 Falem da crise grega todo o ano!

 E das aflições que à Europa deram;

 Calem-se aqueles que por engano

 Votaram no refugo que elegeram!

 Que a mim mete-me nojo o peito ufano

 De crápulas que só enriqueceram

 Com a prática de trafulhice tanta

 Que andarem à solta só me espanta.


IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado

 Por quem sempre senti carinho ardente

 Não me deixeis agora abandonado

 E concedei engenho à minha mente,

 De modo a que possa, convosco ao lado,

 Desmascarar de forma eloquente

 Aqueles que já têm no seu gene

 A besta horrível do poder perene!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O sol se esconde…





Os chorões que se estendem escarpa abaixo até ao mar convidam a sentar e esperar o pôr-do-
Os olhos regalam-se com o cenário que se repete todos os dias e que acontece sem pressa.
Uma cauda longa de luz estende-se pelas águas mansas e bamboleantes do oceano, que hoje está especialmente bonito.
O sol caminha devagar para o seu esconderijo atrás das nuvens, que se apresentavam grossas e difíceis de romper.
Escorrega e tranquilamente despede-se do dia que está prestes a terminar.
Aquela bola de fogo refugia-se e mergulha sem deixar rasto.

O mar abraça a areia com os seus braços de gigante e acaricia-a como se tratasse de um amor sem fim.
O lusco-fusco convida ao regresso a casa.
Mesmo à saída, o imprevisto aconteceu.
A ciência e o progresso cortaram aquele clima de introspecção.
No ar, um «drone» tele-comandado desviou as atenções dos que tinham ido apenas ver o pôr-do- sol!
Cabeças no ar, os últimos instantes foram para seguir as maravilhas da técnica que aquela máquina conseguiu demonstrar.
Sofisticada e super-silenciosa.
Valha-nos isso!
De outro modo, quebraria o encanto!


Abraço.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Onde anda a compostura?






Neste país já de si descomposto, todos os dias aparecem mais situações que apimentam ainda mais a molharangada que está neste caldeirão gigante! Entre outros casos, refiro o de Carrilho e Bárbara.
 É pena que no meio da caldeirada se envolvam crianças inocentes e com o direito à qualidade na educação!
Estas crianças não deveriam nunca ter de assistir a cenas tão pouco dignificantes.
Ficarão gravadas e, no futuro, certamente vão revelar-se nas suas personalidades de uma forma negativa!
Os pais são não só os seus ídolos, como são o espelho e as figuras que lhes servem de modelo.
Pena, também, é que muitas vezes estas situações partam de seres que aparentemente teriam obrigações redobradas.
Deveriam ser um exemplo para todos e muito mais para os próprios filhos!
É preocupante saber que numa destas cenas, está envolvido um ex-ministro da Educação de Portugal!
Esse senhorito dá-se ao desplante de ser um dos protagonistas de cenários de agressividade e violência! Algo que lhe retira qualquer réstia de qualidade, que ainda pensássemos que ele tivesse!
 Revela não só falta de sensibilidade, como mostra uma personalidade doentia, rancorosa e vingativa!
Todos estes epítetos são poucos para o classificar.
Não sabe perder, este senhorito!
Não sabe aceitar as regras do jogo.
Perder e ganhar - eis a questão.
Não! Certamente ninguém lhas ensinou!
Elementar, meu caro! Aprende-se no infantário!
Saber perder com dignidade faz parte da vida!
Já percebi porque é que o nosso país tem tantas lacunas em termos educacionais!
 Haja compostura senhores! Honrem os papeluchos que vos apelidam de doutores!   


Abraço.

sábado, 4 de outubro de 2014

A ferida que não cura

 




Quem não passou pela Guerra Colonial pode não entender que, passados quarenta anos, ainda haja «alguéns» (muitos mesmo) com sequelas do que viveram nessa mesma guerra.
Pode até achar maçador que se fale do assunto depois de tantos anos!
 Pode até pensar, na sua juventude muitas vezes de futilidades em que tudo parece ter cor, que isso é coisa de velhos!
Compreendo-os, mas não posso deixar de discordar e pensar:
 «Quem não sabe, é como quem não vê»!
Quem não sabe, é também porque não procura saber!
É porque anda demasiado ocupado consigo próprio e com o seu umbigo!
Culpa deles?
Talvez metade -metade.
Talvez sim, porque, provavelmente, nem em casa nem na Escola os informaram de uma forma séria do significado e estragos daquela guerra.
Talvez não, porque também deveria partir deles o interesse pela aquisição de conhecimentos de uma forma geral - e isso dá trabalho! Pensar nos outros, perceber os porquês, é coisa demasiado aborrecida!
Aquela guerra, quer queiram quer não, também faz parte da História de Portugal.
Para esses que vivem na ignorância e também para aqueles que, apesar de terem tido conhecimento dela, lhes passou ao lado, é impossível que tenham a dimensão dos estragos que fez em quem a viveu!
Não lhes passa pela cabeça como foi o sentir daqueles jovens quando foram obrigados a interromper as suas vidas, para alguns então no início, e partir para tomar parte activa naquela demonstração de violência.
 Nem sequer entendem as feridas que ainda hoje estão abertas e que ninguém vê.
Esses jovens, que hoje são homens e que então viveram situações de grande risco, são pessoas problemáticas, traumatizadas, e com dificuldade de falar do que viveram.
Manifestam muitas vezes atitudes agressivas e de difícil controlo.
Raramente falam por vontade própria do que passaram.
Por tabela, as suas companheiras são as fiéis depositárias desses traumas, sequelas e agressividade!
São elas as vítimas mais próximas!
Muito pouco se fala delas!
 Muito pouco se fala deles!!!...
O que é sintomático de um regime insensível e sem alma.



Abraço.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Viver bem com a saudade




Para muita gente sentir saudades pode ser tristeza e até saudosismo meio doentio.
Para mim, sentir saudades é compensador e reconfortante.
É quase o reviver dos momentos de qualidade que se viviam em família e com os amigos, que nessa altura eram indiscutivelmente amigos.
Acontece-me muitas vezes «ausentar-me para junto da família»!
À lareira, ao calor do sol ou a uma sombra saborosa, convivia-se de uma forma saudável.
Os mais jovens no seu papel de animadores e os mais velhos divertidos, mas ao mesmo tempo atentos e passando-lhes, meio a brincar meio a sério, a aprendizagem adquirida com as experiências já vividas.
Dou comigo também nos convívios com as/os amigos.
E foram tantos e com tão boas recordações!
Com eles vivi as cumplicidades, os segredinhos, os namoricos que às vezes não passavam de disso mesmo (namoricos) e tinham a importância própria da idade!
As fugas para os bailaricos no Terreiro de S. Francisco ou, mais tarde, em garagens.
Alguns destes últimos com rótulo de pouco próprios e que os pais controlavam com mão férrea!
Os passeios intermináveis dos Domingo e Feriados, que terminavam com a noite já adiantada. O assunto nunca faltava e era acompanhado com alegres gargalhadas, que ecoavam em redor. 
Recordo-me que achávamos sempre que o tempo era pouco.
Era com um sentimento de pena que recolhíamos a casa e caíamos exaustas mas felizes no colchão a cheirar a palha fresca e nos enrolávamos nos lençóis lavados com a última novidade da técnica de higiene, o cheiroso Sabão Clarim!    
Os sonhos, esses, tinham o sentir da juventude e o sabor do amor que palpitava em cada coraçãozinho inexperiente!
Que pouco exigentes que éramos na altura e como éramos felizes! Sem contudo, deixarmos de ser dinâmicas e colaborantes sempre que éramos solicitadas.
 Um dia talvez recorde aqui alguns feitos do grupo que quando se desfez deixou saudades!
Diz quem testemunhou que nunca mais houve outro igual!
Não me digam que não é bom recordar esses tempos tão saudáveis e verdadeiros!
Saudosismo?
Não, apenas uma ternura doce, que é o que hoje pouco existe.

Abraço.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A tralha






Esta palavra «tralha» utiliza-se quase sempre em sentido pejorativo.
«Temos que arrumar esta tralha, está para ai uma tralha»! Enfim!
É sempre com enfado e quase enjoados que a referimos.
Um destes dias, na televisão, um elemento de um grupo de comentadores, fez-me parar para ouvir. Essa tralha!...  
 Naquele caso, a tralha eram os governantes do nosso Pais e quem os rodeia.
Que falta de respeito, pensei.
Isto não é bom para quem ouve!
Há já demasiadas pessoas com má imagem dos e falta de respeito pelos políticos e pela política em geral. Isto só vem acicatar ainda mais o pensamento de quem já está tão distante e revoltado!
Tendo em conta o facto de que a pessoa que falava era um sociólogo, agravará ainda mais a situação.
«Essa tralha» era naquele caso demasiado desprestigiante!
Agora sou eu a pensar.
 Só pode ter sido uma conduta errada e pouco digna, o que deu origem a esta forma de ver a vida política! São na verdade tantos os casos de aproveitamento político, tantos os golpes baixos de gente que tinha obrigações de ser exemplar, que dificilmente se volta a acreditar!
Haverá contudo, que ter um certo pudor!
 A televisão é demasiado abrangente, tanto para o bem como para o mal!
Aguardam-se tempos melhores.


Abraço.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Tarãn…tantã… Tarantantã





















Nem sempre o discurso escrito nos sai como desejaríamos.
Nem sempre é fácil expressar o que desejamos para que nos compreendam.
Metemo-nos por vezes por caminhos que em vez de nos levarem à auto-estrada da escrita, nos levam a atalhos confusos, escorregadios e sinuosos.
Aí, fica lançada a confusão!
Para nós, que andamos às voltas e não encontramos a porta de saída e para quem lê, que dará certamente conta da aflição em que mergulhou o nosso cérebro coitado!
É bonito ler quando o discurso é fluído, sem contradições e sem um emaranhado de ideias com pontas soltas aqui e ali.
Tarãn…Tantã… mais tarãn… tantã…só para preencher espaço não, é mau de mais.

E vê-se tanto disto por aí...

Abraço.

domingo, 14 de setembro de 2014

Onde anda o sorriso do Papa?





Gostei deste Papa logo que o vi. Achei-o diferente, achei-o uma pessoa normal e acessível. Simples, despojado e muito humano.
Aquela figura tinha muito pouco a ver com aquilo a que estávamos habituados.
Aquele lugar sempre tão cheio de pompa e luxo, rigor e distância, não condizia com aquele Homem saído do povo e tão ligado a ele!
Fiquei até emocionada com os seus gestos, as suas atitudes e a sua determinação em ser diferente!
Onde andava este Homem tão normal, tão certo do que queria e desejava para a Igreja e para os Homens em geral?
Não liga com os conceitos e as leis da Igreja que nos passaram ao longo dos séculos!
Este Homem está a infringir códigos e princípios instituídos e intocáveis.
Sem medo e com um sorriso largo e um olhar doce e quente, abraça e dá amor a quem dele precisa!
Isso foi logo na altura.
E agora?
Constato, de há uns tempos a esta parte, que o seu sorriso se tem esvaído, a sua alegria se recolheu e o seu entusiasmo não é o mesmo!
Apesar de ser um Homem bom e determinado, é humano e, por isso mesmo, deve estar desiludido com os poderes instalados e com dificuldades para os vencer!
Gostaria de o ver outra vez com o seu sorriso tão genuíno e acolhedor.
Nem sempre quem está no caminho certo, consegue ganhar as batalhas!


Abraço.  

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Olhar é uma coisa, ver é outra






Penso que já aconteceu a todos, ir a um sítio e voltar sem o ver verdadeiramente!
Fica-se com uma ideia superficial do local, mas não o conhecemos, não o sentimos, nem sequer nos diz grande coisa!
 Pois é, isso acontece quando vamos em trabalho, ou então com um outro objectivo definido.
Pode até acontecer virmos com uma ideia errada, porque determinado acontecimento nos marcou pela negativa e nos transmitiu uma imagem menos boa desse local!
Aconteceu comigo um destes dias!
Depois de ter feito uma viagem no Inter-Cidades que me pareceu rápida, depois de ter sido acolhida com afecto e presenteada com um almoço saboroso em muito boa companhia, fui convidada a dar um passeio didáctico pela cidade dos estudantes!
Devo dizer que vi e registei para sempre o que nunca até então tinha visto.
Desde museus a espaços verdes, a edifícios públicos de relevo, à subida e descida de ruas e escadas íngremes e com muita história embutida, até ao bailarico que uma qualquer Tuna promoveu em plena rua, tudo foi absorvido com avidez, interesse e entusiasmo.
Foi um privilégio ter por minha conta uma pessoa generosa, que faz gosto em transmitir os seus conhecimentos que são muito acima da média.
Que bem me souberam aquelas horas de cultura e conhecimento, administrados assim com tanta mestria!
Que bom que foi olhar e ver.  
Bem-hajas, Lidinha, pelo cérebro que tens e usas tão bem!
É um privilégio ter-te como família.  

Abraço.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O sofá e a inércia


























Tive a sorte de acordar cedo para a necessidade de praticar exercício.
Pratico exercício físico há já muitos anos e seria difícil ter que me privar dele, tal é a certeza de que me faz bem.
Foi a forma que arranjei de me manter mais saudável e de prolongar a minha mobilidade.
Sei que este tema é para muita gente de somenos importância: acham até que é coisa apenas para quem tem pouco que fazer e que tem a mania das elegâncias!
Pois para mim não é nada assim.
Para mim, exercício é também saúde e bem-estar.
Hoje achei que deveria mais uma vez dar a conhecer como me sinto bem com esta decisão que tomei há já alguns anos!
Sei que é preciso haver disponibilidade, coragem e determinação para não desistir à mais pequena contrariedade. Mas também sei como é bom o que se retira dessa força e persistência!
Os sofás e similares são bons para pequenos momentos e não para alapar um corpo que, sem se dar conta, vai acumulando tubos de gordura que só servem para o entorpecer até que o imobiliza.
 Estou aqui a dar este testemunho, porque gostaria de convencer alguém a trocar essa forma de vida, pelo exercício seja lá ele o que e onde for.
 Desde que acompanhado por profissionais à altura, tudo será bem -vindo!
O físico e o psíquico precisam de movimento para não bloquear.
A saúde e o bem-estar agradecem!


Abraço.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Setembro desfolhou-se…




É isso.
O arremedo de Verão mesclado de Primavera está esvair-se.
O mês de Setembro apresentou-se sorridente e a esbanjar sol e calor, para bem dos que só agora puderam acostar à praia e escutar o marulhar do mar.
Aquele marulhar que acalma, que nos transporta para longe da vida que desgasta devagar os neurónios, às vezes já de si fragilizados.
Tem este efeito o mar.
Tão depressa se agiganta e devora, como se transforma em silêncio e paz.
Marulha e adormece o cansaço dos corpos e das mentes.
Este Verão deixou meio confusas as pessoas e a Natureza que, também ela se encolheu e demorou mais o seu desenvolvimento!
Setembro começa e as folhas, já meio amarelecidas, desprendem-se e vão caindo a nossos pés.
Esvoaçantes, rodopiam devagar, dolentes, como que a não querer abandonar o caule que lhes deu vida e as amparou!
Quer queiramos quer não, há que dar lugar à próxima estação que não tarda!
Por mim pode entrar.
Sou fã do Outono e das suas cores terra, que dão ao ambiente um tom quente e doce.
Gosto do sussurrar do vento e do ping…ping… da chuva.
Gosto do aconchego e do assobio sibilino do vento!
 Tudo é uma questão de gosto!

Abraço.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Relíquia




















Apeteceu-me partilhar.
Foi com este traje que me baptizaram e me chamaram Dulce.
Por acaso um nome de que sempre gostei.
Estava no fundo do baú ainda na caixa de origem.
Foi comprado no Porto, na Rua do Clérigos, na casa «A Noiva».


Abraço.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Em roda livre






Durante a minha meninice, tive a feliz oportunidade de poder ter acesso a brincadeiras, objectos e coisas, que me fizeram muito feliz.
Uma delas de que nunca me esqueço era poder dar uma volta no Carrossel!
Castelo Branco, onde o meu pai se deslocava todas as semanas, era o local do feito.
Era costume acompanhá-lo e, muito senhora de mim, ia sempre que ele me mandava fazer uns  «mandadinhos».
 No fim do dia era premiada com uma espécie de pequena mesada, que para mim significava muito!
Aquele pecúlio era sempre aplicado em duas coisas que eu adorava:  uma bola de Berlim na pastelaria do Hotel Turismo acabadinha de sair e umas voltas no Carrossel.
Já próximo do fim do dia, lá ia eu a satisfazer os meus dois pequenos vícios.
Ambas as coisas bem diferentes, mas igualmente saborosas!  
Saboreava as duas com a mesma satisfação.
Feliz, pensava que o Mundo me pertencia.
Naquela época era preciso pouco para uma criança se sentir feliz.
Não havia oportunidade para grandes exigências e qualquer coisa que viesse era considerada um prémio gostoso.
Tão diferente dos tempos de hoje, em que nem as crianças e nem muitos adultos se contentam com o essencial!
Mal acabam de receber uma coisa, pedem outra e sem mais delongas há sempre alguém que corre a comprar.
O que acontece é que as crianças no fim do primeiro contacto se enjoam, tal é a inflação de traquitana à sua volta!
Às vezes até se revoltam, pois tudo aquilo que os rodeia, não substitui o que mais lhes faz falta, que é atenção e afecto!
Este é um drama dos dias de hoje para quem ainda tem (e para quem não tem muitas vezes), algum poder de compra e pouco tempo e paciência para dar!
Será esta uma oportunidade para ponderar um pouco?
O excesso das aquisições que se fazem, não será apenas mais uma forma de consumismo e de distrair a consciência?
Atitudes destas não deixarão a descoberto uma forma menos correcta de educar!
Pensemos nisto.  


Abraço.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Narrativa








Gosto de saborear uma boa narrativa.
Uma narrativa com conteúdo, narrada com mão de mestre.
Gosto de ler um José Saramago, um Gabriel Garcia Marquez, um Mia Couto, enfim - felizmente são muitos os bons e não dá para citar todos.
Quando leio, gosto que o autor me faça saborear as palavras que debitou e envolveu num invólucro de ideias claras e sentidas.
Gosto de me dar conta de como a sua sabedoria e imaginação me arrastam a mim também para estória, para o ambiente e paisagens que essa mesma estória contém.
Gosto de me sentir a descolar da realidade e de entrar eu também naquele mundo de fantasia e /ou de ficção.
É pena que nos dias que correm, a boa leitura esteja tão arredada das pessoas.
Que, tanto em casa como na Escola, pouco ou nada se incentivem as crianças a gostar de livros.
Que em vez da dependência dos aparelhos audio-visuais, não lhes incutam a dependência pelo livro!
Não haver a necessidade de lhes fazer sentir que ler é aprender.
Aprender a falar correctamente, a organizar minimamente um texto e a escrever sem erros.
Talvez o país não passasse pela vergonha de ter alguns docentes e licenciados a não conseguirem organizar uma ideia e pô-la num papel, com clareza e objectividade.
De se deparar com textos sem nexo, de pernas para o ar, com erros e vazios de organização.
Num país do século vinte e um, nada disto deveria acontecer.

Abraço.  

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

STOP





O País está farto.
Depois de sofrermos quase tudo o que há para sofrer, paramos para pensar.
Será este o caminho?
Será que não teremos que inverter a marcha, fazer um stop rápido?
Às vezes não é fácil.
Na maior parte das vezes, faz-se tarde demais.
Somos teimosos, obstinados e «cegos»!
Não queremos entender que aquele caminho é escorregadio, incerto e que só nos traz maus momentos e desilusões.
É como se, de uma forma masoquista, precisássemos de sofrer.
Intrigante!
Custa aceitar o óbvio.
Tão simples! STOP!
É difícil mudar as pedras do xadrez da vida, sim!
É como que mexer numa estrutura que demorou a montar e que gostaríamos de preservar.
Uma questão de comodismo?
Hábitos arreigados que consideramos intocáveis?
Às vezes é preciso fazer STOP sem pruridos.
A nossa paz interior vale bem esse gesto.
STOP.
Isto vale para a nossa vida pessoal. Mas é válido também para a nossa vida colectiva, enquanto sociedade.  


Abraço.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pensamento

















Li algures:

O que nos pode destruir a vida,

Não é o que os outros nos fazem,

Mas aquilo que permitimos que eles nos façam.

Abraço.

sábado, 9 de agosto de 2014

Escrita com alma

 



Gosto de ler textos que tenham um pouco da alma de quem os escreve.
Gosto de encontrar aqui e ali bocados de coração envolvidos em ternura.
Gosto de me dar conta da sensibilidade, de quem os cria.
Gosto de dar de caras com o afecto que os trespassa.
Gosto de ver aos poucos o desfilar de sentimentos calmos, embrulhados em beleza.
Saboreio devagar cada imagem e cada ideia.
Nem toda a gente tem esse dom, essa forma de sentir o que escreve e descreve.
Para isso é preciso ter poesia dentro, é preciso que a ternura e o afecto andem a par com a vida.

Abraço.

  

terça-feira, 5 de agosto de 2014

«Não bato...»





«Não bato em quem está em baixo»
Foi exactamente com esta frase que um banqueiro português respondeu a uma jornalista, em relação ao caso Ricardo Salgado.
 Apesar de esse senhor já ter tido posições menos correctas noutras situações relacionadas com o estado de vida dos trabalhadores, desta vez teve pudor!
Talvez por se tratar de um seu igual!
Com este teve o sentido da solidariedade!
Teria sido uma atitude nobre se fosse generalizada, se abrangesse outras situações noutros casos em que tem tomado posição.
Não! Nem sempre a bitola foi a mesma.
Os trabalhadores, esses, não merecem a sua solidariedade.
 «Os sem abrigo não aguentam também»?
Carácter enviesado, o desta pessoa.
 Falta de consideração e estima pelo povo em dificuldade!
Para esses, a compreensão não mora lá!
 Em situações dessas, a generosidade é uma atitude desconhecida.
Bate, sim, nos que estão em baixo!
É preciso é que sejam simples trabalhadores honestos e que vivam do seu trabalho.
Desde que não pertençam à elite de que faz parte.
Sempre vai havendo gente que nem se dá conta de que é lixo.
Apenas uma questão de hábito!


Abraço.