quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Viver bem com a saudade




Para muita gente sentir saudades pode ser tristeza e até saudosismo meio doentio.
Para mim, sentir saudades é compensador e reconfortante.
É quase o reviver dos momentos de qualidade que se viviam em família e com os amigos, que nessa altura eram indiscutivelmente amigos.
Acontece-me muitas vezes «ausentar-me para junto da família»!
À lareira, ao calor do sol ou a uma sombra saborosa, convivia-se de uma forma saudável.
Os mais jovens no seu papel de animadores e os mais velhos divertidos, mas ao mesmo tempo atentos e passando-lhes, meio a brincar meio a sério, a aprendizagem adquirida com as experiências já vividas.
Dou comigo também nos convívios com as/os amigos.
E foram tantos e com tão boas recordações!
Com eles vivi as cumplicidades, os segredinhos, os namoricos que às vezes não passavam de disso mesmo (namoricos) e tinham a importância própria da idade!
As fugas para os bailaricos no Terreiro de S. Francisco ou, mais tarde, em garagens.
Alguns destes últimos com rótulo de pouco próprios e que os pais controlavam com mão férrea!
Os passeios intermináveis dos Domingo e Feriados, que terminavam com a noite já adiantada. O assunto nunca faltava e era acompanhado com alegres gargalhadas, que ecoavam em redor. 
Recordo-me que achávamos sempre que o tempo era pouco.
Era com um sentimento de pena que recolhíamos a casa e caíamos exaustas mas felizes no colchão a cheirar a palha fresca e nos enrolávamos nos lençóis lavados com a última novidade da técnica de higiene, o cheiroso Sabão Clarim!    
Os sonhos, esses, tinham o sentir da juventude e o sabor do amor que palpitava em cada coraçãozinho inexperiente!
Que pouco exigentes que éramos na altura e como éramos felizes! Sem contudo, deixarmos de ser dinâmicas e colaborantes sempre que éramos solicitadas.
 Um dia talvez recorde aqui alguns feitos do grupo que quando se desfez deixou saudades!
Diz quem testemunhou que nunca mais houve outro igual!
Não me digam que não é bom recordar esses tempos tão saudáveis e verdadeiros!
Saudosismo?
Não, apenas uma ternura doce, que é o que hoje pouco existe.

Abraço.

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