Quem não passou pela Guerra Colonial pode não entender que,
passados quarenta anos, ainda haja «alguéns» (muitos mesmo) com sequelas do que
viveram nessa mesma guerra.
Pode até achar maçador que se fale do assunto depois de tantos
anos!
Pode até pensar, na
sua juventude muitas vezes de futilidades em que tudo parece ter cor, que isso
é coisa de velhos!
Compreendo-os, mas não posso deixar de discordar e pensar:
«Quem não sabe, é
como quem não vê»!
Quem não sabe, é também porque não procura saber!
É porque anda demasiado ocupado consigo próprio e com o seu
umbigo!
Culpa deles?
Talvez metade -metade.
Talvez sim, porque, provavelmente, nem em casa nem na Escola
os informaram de uma forma séria do significado e estragos daquela guerra.
Talvez não, porque também deveria partir deles o interesse
pela aquisição de conhecimentos de uma forma geral - e isso dá trabalho! Pensar
nos outros, perceber os porquês, é coisa demasiado aborrecida!
Aquela guerra, quer queiram quer não, também faz parte da
História de Portugal.
Para esses que vivem na ignorância e também para aqueles que,
apesar de terem tido conhecimento dela, lhes passou ao lado, é impossível que
tenham a dimensão dos estragos que fez em quem a viveu!
Não lhes passa pela cabeça como foi o sentir daqueles jovens
quando foram obrigados a interromper as suas vidas, para alguns então no início,
e partir para tomar parte activa naquela demonstração de violência.
Nem sequer entendem
as feridas que ainda hoje estão abertas e que ninguém vê.
Esses jovens, que hoje são homens e que então viveram
situações de grande risco, são pessoas problemáticas, traumatizadas, e com
dificuldade de falar do que viveram.
Manifestam muitas vezes atitudes agressivas e de difícil controlo.
Raramente falam por vontade própria do que passaram.
Por tabela, as suas companheiras são as fiéis depositárias desses
traumas, sequelas e agressividade!
São elas as vítimas mais próximas!
Muito pouco se fala delas!
Muito pouco se fala
deles!!!...
O que é sintomático de um regime insensível e sem alma.
Abraço.
Os tempos apesar de difíceis eram outros, mas hoje também sou outro..........., no entanto prefiro viver focado, naquele tempo. Até a família que vivia com o credo na boca e o coração nas mãos, acho que são da mesma opinião, apesar de nunca o manifestarem. Mas a gente sente.
ResponderEliminarDulce, o meu obrigado, pela coragem de exprimir tudo aquilo que, calamos.
António