quinta-feira, 29 de setembro de 2011

É preciso gostar













É preciso gostar, ser sensível e ser afectuoso
Sem estes três predicados, será difícil exercer algumas profissões, como por exemplo trabalhar com idosos.
Já uma vez, por necessidade, vivi de muito perto, esta realidade.
Pude observar em directo e ao vivo a actividade numa instituição pública de idosos.
Pude testemunhar uma grande dose de insensibilidade, de indiferença e de desinteresse.
Vi idosos dependentes, incapacitados, pedir ajuda para irem à casa de banho e não obterem resposta.
Vi, enquanto isso, as colaboradoras conversando animadamente sem se tocarem com o que, penso eu, já devia ser música para os seus ouvidos.
Vi idosos, uns com demência, outros não, encharcados de xixi, desde a cintura até aos pés, com a roupa pesada e a pingar, isto em pleno inverno que por acaso até fora gélido.
Vi funcionárias como autómatos e com lentidão, que chatice, a irem tratar deles, pois que remédio!...
Vi as caras de enfado que faziam, quando eram solicitadas a fazer as suas obrigações.
Pior ainda – vi as suas chefes a compactuar com aquele esquema desumano e pouco honesto, sem qualquer profissionalismo, e ainda menos afecto.
Vi desamor pela profissão.
Vi falta de brio profissional.
 Vi um depósito de idosos a vegetar, com umas senhoras mais ou menos enjoadas a guardá-los.

Vi, sofri e registei.
Não mais esquecerei.
Para quando formação séria a toda esta gente?

Abraço.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Há dias assim













Acontece-me pouco, mas acontece.
Hoje estou sem grande vontade de escrever.
Apetecia-me mais preguiçar, não ter que activar o cérebro, estava tão bem assim ao «ralenti»...
Bom, mas a verdade é que ao abrir a ‘Rota da Memória’, achei que não tinha o direito de defraudar quem tem o hábito ou apenas a curiosidade de me ler.
É que é estimulante sentir que há leitores em número significativo, que me visitam e provavelmente não são masoquistas!...
Se dissesse que não fico feliz com essa constatação, seria hipócrita.
Sabe bem ver o contador de visitas a engrossar.
É claro que isso me satisfaz.
É sempre bom sentirmos que o que escrevemos desperta algum interesse.
Partimos do princípio de que somos apreciados.

Penso que esta minha inércia de hoje se deve à paragem forçada que estou a fazer na minha actividade física.
Uma pequena mas dolorosa tendinite de esforço foi o suficiente par parar tudo.
Pode parecer que não tem grande importância, mas quando a actividade física faz parte da nossa rotina, quebrá-la nem sempre é fácil.
Depois, não gosto de estar inactiva.
Esperemos que o fisioterapeuta faça um bom trabalho e me devolva a minha
liberdade de acção, rápido.

Abraço.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Mentalidades












De região para região, notam-se nas pessoas formas de estar e de ser completamente diferentes.
Os usos e os costumes ditam a forma de estar na vida.
Sou originária da Beira Baixa e desde sempre me habituei a ver as pessoas receber em suas casas quem chegava, sem reticências.
Qualquer pessoa ainda hoje, penso, é bem recebida e a mesa é posta e recheada com o que houver em casa.
A simpatia é apanágio daquelas gentes simples de terras aprazíveis e fartas.
Há outras regiões em que se nota o contrário
As pessoas são menos hospitaleiras.
Mais acanhadas na relação e sem hábitos de convívio entre si.
Vivem mais para dentro e as relações familiares são aparentemente circunstanciais e escassas.
Pouco se visitam e são pouco permeáveis aos problemas de cada um.
Só em épocas muito especiais é que se juntam e pouco, mas sem grandes laços afectivos.
Não se entra facilmente nas suas casas.
Sentem-se incomodados e pouco à-vontade.
Como se partilharem o seu espaço com outros lhes roubasse um pouco deles mesmo.
As suas casas são verdadeiros guetos, quase impenetráveis.

Mentalidades e educações diferentes que têm que ser respeitadas, ainda que não se compreendam, porque nunca se praticaram.
     
Todos temos o direito de viver como nos sentimos melhor.

Abraço.

domingo, 25 de setembro de 2011

Surpresa boa





Viver junto ao mar, é um privilégio.
Hoje, durante uma caminhada junto às ondas, fomos surpreendidos com uma visita rara.
Ao olhar o mar calmo, vimos um movimento invulgar e repentino à superfície.
Intrigados e pensando que eram pequenas ondas, parámos.
Incrédulos, vimos um cardume enorme de golfinhos que se deslocavam felizes e em grupo.
Os movimentos graciosos e brincalhões com que nos presentearam, obrigaram-nos a parar e absorver aquele momento inédito e delicioso.
As acrobacias que fizeram, os saltos que executaram foram um sinal de felicidade e deliciaram os poucos que, surpreendidos, os olhavam espantados.
Foi pena a pressa com que se deslocavam.
A vontade foi pegar no carro e ir correr a costa – talvez os apanhássemos noutro sítio.
É claro que ficámos apenas a segurar o queixo de espanto.
Será que vai haver uma próxima?      
Ficamos à espera expectantes.

Este mar é um mundo de surpresas.

É um mundo infinito e o habitat de milhões de seres.
Alguns mostram-se.
E como nós gostamos de os ver!

Abraço.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Afectuoso: ser ou não ser










Ainda a propósito de afectos.

Aquela iniciativa do abraço grátis, tocou no meu ponto mais fraco.
Desde sempre fui dirigida para o caminho dos afectos.
Desde sempre os ofereci a quem me rodeou e ou me rodeia.
Desde sempre sofri, por algumas vezes não ter o retorno que desejaria.
E só já muito tarde percebi que o mundo na sua maioria é de gelo.
E não se muda apenas porque só alguns desejariam.
Em matéria de afectos, fui presenteada com um coração demasiado exigente.
Demasiado sensível.
Demasiado ingénuo.
Defeito de educação (?).
Por esse motivo, a minha vida em matéria de afectos, não tem sido fácil.
Nesta selva de mal pensantes, frios e escroques, é preciso ser duro e sacana.
Insensível.
Para meu desgosto, a ternura não faz parte do projecto de vida da maior parte dos seres.
Tento compreender.
Ternura nem todos receberam.
Por isso não podem dá-la.
E depois, que ridículo!
Pensam alguns em jeito de desculpa…
Isso é coisa do passado...

Não concordo.
Não sou assim, não sei ser assim.
E sei que estou certa.
A ternura aquece-nos o coração e os sentidos.
Se não a praticarmos, seremos apenas cubos de gelo andantes e com olhos.
Talvez por isso, o país esteja tão gelado.

Abraço terno para quem gosta.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Abraços












Ainda há jovens que fazem a diferença.
Vi agora no telejornal a iniciativa do abraço.
Uma ideia bonita e que aplaudo.
Parabéns a todos estes jovens.
A ideia não poderia ser melhor e mais oportuna.
Mostraram que ainda têm o coração quente.
Que sentiram que há falta de contacto.
Que é preciso fazer alguma coisa.
Esses abraços que distribuíram de boa vontade, estavam a fazer falta.
Devia ser geral este gesto de ternura e afecto.
Devia acabar-se com os cumprimentos circunstanciais e frios.
A hipocrisia do beijinho que não chega a sê-lo, que é apenas um arremedo.
O desconforto de alguns, quando por uma questão afectiva, nos atrevemos a pôr algum calor no gesto de saudar.
A rigidez fria com que nos recebem.
Os afectos sem dúvida caíram em desuso.
O aperto de mão frio, só na ponta dos dedos moles…
O olá circunstancial.
Que gelado está este país!...
E os outros.
Foi bonito ver a alegria nos rostos de todos.
Nos que ofereciam e nos que recebiam.
Viu-se alegria nos olhos, ânsia de afecto.
Deixaríamos de certeza de ser tão egoístas e tão frios, se soltássemos os afectos.
Se os descongelássemos.
Seríamos de certeza mais felizes

Obrigada, jovens.
Pelo menos por algum tempo, aqueceram as relações.

Abraço.  

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Quando o umbigo é o centro










Há quem faça toda a sua vida olhando apenas para o seu umbigo.
Ás volta, às voltas, às voltas, como se o mundo acabasse ali.
Tudo o resto é uma miragem que vai deslizando.
Luta-se por aquilo a que se chama «o futuro».
Mas… que futuro?
Ninguém sabe.
O mundo é pequeno, pequenino e afunilado.
Trabalhar é o único objectivo
Vive-se a vida toda a trabalhar para ter dinheiro.
Para ter um «bom futuro».
Para amparar a prole que cada vez precisa mais.
Para comprar as casas!...
Para comprar os carros…
Par adquirir a última invenção tecnológica que aparece.
Que importa que a casa tenha uma renda exorbitante?
A mensalidade do carro pesa?                        
As roupas de marca são um rombo no orçamento?
Que importa? A aquisição de tudo e mais alguma coisa é precisa (?).
Então, compre-se.
Esta sociedade exige.
Se não for assim o que pensarão?
«Olha os coitados»!
«Pés rapados, pelintras»!
A sociedade de consumo onde se vive está reduzida a isto.
Ter, ter, ter.
Comprar, comprar….
Não há como fugir.

 No mínimo, há um ou outro que sai um pouco da manada, mas… com cuidado.
Olha as Aparências!
O que dirão os outros?

Este umbigo é mesmo reduzido…

 E este espaço em que vivemos… também!...

Abraço.

domingo, 18 de setembro de 2011

Endeusar para quê?














Pois é.
Por vezes corre-se o risco de se endeusarem pessoas que se destacam em certas actividades ou, de uma maneira geral, na vida.
É claro que deveríamos apreciar sempre quem, de uma forma ou de outra, tenta ser uma pessoa exemplar, procurando fazer o melhor possível a actividade que desempenha.
É bom ver alguém destacar-se pela competência, pelo brio e pela forma como trabalha.
O trabalho e o bom exemplo como cidadãos e profissionais, são sempre de louvar.
Contudo, não é segundo eu penso nenhuma proeza, cumprir o nosso dever de bons cidadãos e sermos competentes como trabalhadores.
Isso seria o normal se todos fossemos sérios e responsáveis.
Porém, acho um exagero que se endeuse alguém de cada vez que se destaca.
Penso até que é um exagero!
Acontece isso normalmente, quando se trata de figuras públicas, políticos, etc.
Não é tão frequente, assim, que aconteça com normais trabalhadores que quantas vezes se esforçam, se desunham e preparam o terreno para que essas figuras brilhem.
O mais provável é passarem despercebidos, porque os elogios para eles são parcos ou nulos!

Não é bom, a meu ver, exagerar.
E às vezes exagera-se.

Endeusar de mais, é demais.
Tudo se quer no ponto.

Fiquemos por aqui.

Abraço.

sábado, 17 de setembro de 2011

A importância da leitura













Desde muito criança, que me habituei a ver o meu pai ler não só o jornal ‘O Século’, como, no inverno à noite, à lareira, ler em voz alta para mim e para a minha mãe que mal sabia ler (na altura havia mais que fazer e já aí os professores não ajudavam muito) romances em pequenos fascículos, que nos punham às duas a verter lágrimas, «tal» eram as estórias - como a Rosa do Adro, por exemplo, que anda hoje tenho em meu poder!
Talvez também porque tive em casa este exemplo, adquiri o gosto e a necessidade de ler desde muito cedo.
Lembro-me que comecei com os livros de um autor que era o Corin Tellhado.
Se não estou em erro, da colecção Amorzinho.
Devorei sofregamente, todos os que podia alcançar.
Mais tarde e até, confesso agora, cedo demais, lembro-me de ir para os clássicos.
Li às escondidas o Crime do Padre Amaro, o Primo Basílio, o Amor de Perdição, os Maias e outros igualmente fortes para a altura.
Li tudo o que apanhava à mão.
O meu saudoso tio Narciso e o «poeta» Neca, meu primo, eram os fornecedores.
Nunca os esquecerei por este e outros motivos igualmente atrevidos.
Penso que estavam um pouco avançados no tempo, os tabus para eles, já nessa altura, não funcionavam muito…
Por tudo isto, defendi sempre que as crianças devem ter desde muito cedo ao seu alcance livros didácticos e outros, para se poderem familiarizar com a leitura desde logo.
Os pais e mais tarde os Jardins de Infância têm obrigação de incentivar esse contacto com os livros e criar hábitos de leitura.
Pela vida fora, os livros tornar-se-ão uns bons companheiros e uns bons veículos de cultura.

Por tudo isto, quando trabalhei num Infantário, me indignei tanto, quando me dei conta de que os livros existentes na sala tinham sido colocados num armário alto, para que as crianças não os estragassem.
Que aprendizagem, que conhecimentos, adquiriram estes técnicos que cometem o que eu considero de castração do conhecimento?
Que educação estavam a administrar?

Como se pode confiar a gente desta o melhor de nós?
Como se pode ser insensível à necessidade de desenvolver o gosto pelo conhecimento e pela cultura?
Pobres crianças e pobres pais que confiam!

É verdade que ensinar dá trabalho, orientar, criar regras, fazer com que se cumpram.
É muito trabalhoso.
Quem é do ramo e tem orgulho do que faz e faz bem sabe do que estou a falar.
Mas é para isso que a profissão existe.
Para ensinar com paciência e muita persistência.
É preciso ensinar as crianças a gostar de livros e a manuseá-los com respeito.
Ainda que, para conseguir isso, tenhamos que ter algum trabalho!...
Ensinar é isso mesmo.
Dialogar, explicar, impor algumas regras e fazê-las cumprir.
Depois, repetir, repetir, apoiar e incentivar.
Sem desistir nunca.

Abraço.   

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Que cansaço













Apetece tapar os ouvidos, fechar os olhos, ou melhor:
-desligar o aparelho de televisão.
Já não se aguenta tanta conversa e de todos.
Crise, crise, crise.
Como diria o nosso cómico Ricardo Araújo Pereira, «eles só falam, só falam e não os vejo a fazer nada»!...
Ó Ricardo! Volta, amigo.
Tens tanta matéria a que te agarrares…
Só um cómico com o teu potencial poria o pessoal a rir, tendo tantos motivos para chorar!
Estou farta de pensar em ti.
Onde andas, com tanto manancial a deteriorar-se?...
Que pena.
Pois não é que eles continuam a falar, a falar e não só não fazem nada, como já puseram tudo de pernas para o ar?
Falam hoje, falam amanhã, hoje dizem uma coisa, amanhã só para aparecerem, dizem a mesma coisa, no outro dia desdizem tudo o que disseram!
Minha nossa senhora da Póvoa, de quem gostaria de ser devota.
Isto não se suporta.
Parece o planeta dos macacos.
Até já andam de quatro!...
Ó «mamãe» troika, já nem tu nos salvarás!

Ámen.


Abraço.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Marés vivas











Ali fiquei eu: perfilada, respeitosa e admiradora incondicional.
Aquele mar, o meu amigo de todas as horas, estava não só muito zangado, mas enfurecido.
Uma fúria que lhe virou as entranhas, que o fez espumar de tanta raiva.

Uma revolta incombatível.

Venham os poderosos desta terra.
Os homens que mandam, que fazem as leis, que impõem.
Venham os que escravizam, que desprezam.
Venham os soberbos.
Os que se acham donos do mundo.  
Dominem esta força, senhores dos poderzinhos.
Dominem-na e ordenem-lhe que pare!...

O que são todos, comparados com o que vi?
Umas formiguinhas, uns ratinhos que fogem ao mais pequeno ruído!...

Estas marés deixam-nos a pensar.

E… vergados!...     

Abraço.

domingo, 11 de setembro de 2011

A procissão












Não, não estou a falar da procissão de João Villaret
Aquele grande declamador que deu a conhecer os poemas de Fernando Pessoa e outros.
Nem tão pouco das procissões de aldeia em dias de festa.
A procissão a que me refiro, foi uma procissão para mim inesperada e diferente.
Ao observar mais uma vez a paisagem que me rodeava naquele passeio bem junto ao mar, vinha de regresso da pesca um barco grande.
Vinha deslizando nas águas mansas e dirigia-se ao cais.
A acompanhá-lo, em entusiasmada gritaria, vinha em bando um sem número de gaivotas.
Um manto branco ondulante e muito longo serpenteava num bailado ritmado e permanente.
Foi um trajecto esvoaçante e belo.
Os voos picados realizados e o regresso ao bailado foram um espectáculo de autêntica beleza.
Todo o peixe que lhes era lançado ao mar era imediatamente devorado.
O barco atracou.
Restou um manto branco que preenchia uma grande extensão de mar.
Ficou a certeza da grande cumplicidade entre gaivotas e pescadores.
Suas únicas companheiras de alto mar.
A solidão também tem as suas compensações.
        
Que bom que este espectáculo me tenha sido oferecido 

Abraço.

sábado, 10 de setembro de 2011

Alô, Marte!

















Hei! Senhores Marcianos.
Daqui, Terra.
Sei que nos vigiam.
Sei que devem andar admirados connosco e achar que somos todos uns pobres bananas.
Que nos deixamos manietar.
Que andamos todos com a cabeça entre as orelhas.
Que andamos todos caladinhos.
Mas eu explico:
-É que não queremos atrair mais alguma medidazinha que aí venha.
Que não nos chegue mais alguma notícia de cair o queixo.
Por exemplo:
Que o bocadito do subsídio de Natal também vá ser cortado.
Que o tão apreciado bacalhau, as couves e os ovos para as filhós vão ser tabelados com um imposto altíssimo.
Que a consoada vai ser um desconsolo mesmo.
Que o senhor ministro faça uma birra e diga que os gulosos comam raspas e é se querem.
Que têm que encolher mais um pouco a tripa, porque isto assim não pode ser.
Que o colesterol não pode subir, porque os remédios custam dinheiro!
Olha, que comam raspas – pensará Sua Excelência.
Também «não merecem nem o pão que comem»!...
É por isso, senhores de Marte que nós andamos em bicos de pés.
Se e quando vierem cá abaixo, poderem contribuir com alguma coisinha, agradecemos.
Isto está «p’as d’pinduras»…
Não há quem aguente tanta tirania!...
Também gozar assim é mau…   
É por isto esta nossa postura, senhores Marcianos.

Até já andamos quase verdes.

Até à próxima.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O rei sol











Setembro, como se imaginava, tem estado a presentear-nos com um tempo meteorológico que merece ser saboreado.
A praia está praticamente vazia e oferece-se inteira, a quem dela queira e possa desfrutar.
As águas mansas que convidam a um bom mergulho, por incrível que pareça, estão mornas.
A temperatura não é normal nem neste tempo, nem nestas paragens.
É pena serem tão poucos a poder usufruir.
Tanta serenidade é um convite a permanecer na areia e contemplar o por do sol.
Sua Majestade que, ao longo do dia, acariciou os corpos que se entregaram com prazer.
Desce das alturas, beija as águas que o recebem com bonomia e afecto.
É quase a fugir, como que envergonhado com tanto poder, que se esconde atrás do mar, que se despede dele com vontade de voltar a vê-lo amanhã.
É realmente um Rei este sol imenso, que encandeia e quase cega de tanta luz.
O regresso da praia foi «já noite».
Soube bem assistir ao pôr-do-sol dos nossos encantos.
Obrigada à natureza por tanta beleza   

Abraço.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Será uma mais-valia?














Pois é.
Não será para toda a gente assim tão certo que ter qualidade, seja uma mais-valia.
Neste mundo de futilidades e superficialismos, até dá para perceber.
Há mais valores!...
E que valores!
E, por esse motivo, a qualidade é muitas vezes, o que menos importa…
Parece até que ofusca.
Que impede que os bons profissionais funcionem.
Que os bons pais exerçam o seu dever com competência.
Que as boas Instituições sirvam de forma que satisfaça.
Parece que tudo isto é dispensável aos olhos de quem não vê.
A qualidade, de há uns largos tempos a esta parte, até parece que perturba.
Que ofusca.
Pelo menos aqueles que não a têm!
Há muitos que acham que, sem ela, tudo corre melhor.
Gente com valor?
Mas para quê?
Nem lhes passa pela cabeça que existe.
Não lhes faz falta.
Não é muito melhor andar cada um para seu lado, sem ninguém exigir nada a ninguém?
Cada um a tramar o outro, a fazer intriga, a impedir quem tem alguma dignidade de a exercer?
O mundo do trabalho, da família e em sociedade, é assim muito mais fácil!...
Desresponsabiliza.
Mas para quê qualidade?
A leveza de pensamento, a ausência de integridade, a intriga, o desafecto e o maldizer são muito mais atractivas…
Levezinhos!..., que bom…

Bom, mas como a ignorância é um descanso, deixemos lá caminhar os «ceguinhos».

É mais que evidente, que a qualidade é uma mais-valia muito importante.
Sem ela somos uma espécie de terráqueos acéfalos.

Um aplauso para quem a exerce.

Abraço.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Caminhadas da saúde










Gosto muito não só de caminhar, mas, como já se deve ter percebido, gosto mais ainda de observar.
Sobretudo a Natureza.
Aí, não só observo, como assimilo e saboreio.
As caminhadas são óptimas não só para me manter o físico activo e ágil: mas também o lado intelectual é beneficiado.
Estimula-me, aguça-me a imaginação e o meu lado mais sensível.
A minha imaginação e criatividade são activadas e o que sinto e penso, corre a jorros.
Parece que tudo estava congelado e, de repente, uma onda de calor derreteu o que estava
endurecido e escorre sem dificuldade.
O que me sai é sentido e baseado na verdade.
Nunca me passaria pela cabeça inventar fosse o que fosse e sobre o que quer que fosse.
Imaginação, para mim, não significa mentiras e delírios imaginários.
Gosto de falar do que vejo sem ficções.
Ficção é outra coisa e não tenho o mínimo jeito.
Hoje, depois de descer uma ravina alta com escadinhas que desaguam quase no mar, olhei e reparei que daquela ravina aparentemente árida, pendiam caramanchões de chorões que se estendiam por ela abaixo, qual véu de noiva, só que em tons de verde.
Naquelas argilas que, aparentemente, poderiam ser estéreis, existe como que um jardim escondido e envergonhado.
Gostei de ver.

No fim da descida, esperava-nos uma enorme placa que curiosamente fomos ler.

«Arriba instável, Risco de derrocada de blocos».

O entusiasmo desvaneceu-se um pouco.
Que pena, nem tudo é perfeito

Afinal a segurança é importante.

Abraço.

domingo, 4 de setembro de 2011

Que calma













É um canto de encanto.
Pequeno e acolhedor.
O dia estava morno, a maré estava cheia e tudo era paz.
Não pudemos descer à praia.
Não havia areia.
O mar tinha-a engolido.
Ficámo-nos pelas rochas.
A paisagem era deslumbrante.
Difícil de descrever.
Deitei-me nas rochas, rugosas e agressivas.
Efeitos da erosão e dos tempos milenares por que já passaram.
Senti-me acolhida e como se estivesse num colchão fofo e macio.
Fechei os olhos e deixei-me levar.
À minha volta um plof… plof…constante e permanente, que me remetia para um qualquer sítio onde uma música quase etérea teimava em me embalar.    
Era um ambiente único.
Irreal.
Depois de algum tempo de evasão, abri os olhos.
Aos meus pés estavam apenas (?) o oceano e a imponente Serra da Arrábida.
Lá em baixo mas logo ali em ameno convívio, peixes, polvos e outras espécies bamboleavam-se e também eles desfrutavam da beleza que os envolvia. 

É a Arrábida e está tudo dito.

Abraço

sábado, 3 de setembro de 2011

Será que não tem dentes?














Bom, que o tempo não está para graças –  isso todos sabemos.
Que o senhor Ministro das Finanças, de cada vez que se nos dirige, tem que manter a compostura, a autoridade de quem impõe e quer distância do povinho esbanjador, até compreendo.
O momento tem que ser levado muito a sério, ele não pode andar a mostrar os dentes. Não foi para isso que o foram buscar a Bruxelas.
Castigar é preciso, para que este povinho metido a gente rica sem ter onde cair morta, aprenda a não sair dos carris outra vez.
Que mostre aquele ar sisudo de quem não dá confiança, tudo bem.
Já bastam as horas de sono que já perdeu a dar voltas à matemática, para arranjar dinheiro para quem não o merece.
Já bastam as olheiras cada vez mais acentuadas de sua excelência!
E sabe Deus o esforço que ele faz para manter a calma!
Aquela voz monocórdica e as sílabas mais ou menos soletradas, devem dar-lhe um trabalhão a ensaiar!...
Mas, cá para mim, podia ao menos, de vez em quando, esboçar um sorrisinho, mostrar ao menos um, um dente!...
Mas também entendo que o que lhe apeteceria mesmo era mandar dois palavrões, tipo carroceiro, sem ofensa para o senhor, coitado, que parece ser uma criatura educada – provavelmente lá nas mais conceituadas faculdades nos Estados Unidos ou similares!... Muita paciência ele tem para aturar tanto troglodita esbanjador!...tadinho, nas ralações em que o meteram.
Mas não, sua excelência sacrifica-se mesmo.
Não está é para mostrar nem um dente a quem não merece, olha…
Até já pensei só cá para mim:
– Será que não os tem?
Isto às vezes há coisas!
E sorrir assim, ficava feio, um senhor da sua importância…
Mas depois também pensei:
– Não, se não, não morderia os nossos pescocinhos assim, tão perfeitinho!...

Pronto.
É deixar sua excelência concentrado.
Só quem não percebe é que não vê que ele não se poupa a esforços.
Cambada de alambazados!...

Abraço, senhor Ministro, e obrigadinha.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Fugas













As fugas podem ser de vária ordem.
Os motivos podem ser muitos.
As formas também.
Cada um inventa o que pode para se evadir.
Seja lá do que for.
Seja lá como for.
Seja lá para onde for.

Fugir à polícia.
Fugir aos impostos.
Fugir de manhã para o emprego.
Fugir nesse mesmo emprego para dar tudo e agradar ao chefe.
Fugir à tarde para outro emprego (?).
Fugir para casa.
Fazer, a fugir, as tarefas que sempre nos esperam (principalmente às mulheres).

Depois há ainda as fugas psicológicas.

Há quem não consiga parar para não se encarar.
Que só esteja bem onde não está.
Há quem não consiga enfrentar a vida.
Os problemas.
As dificuldades.
As fraquezas.
As frustrações.
As incapacidades.
A realidade, que às vezes é dura.
Enfim.
Há quem fuja de si próprio.
Há quem fuja da vida.
 
Que poderá ser uma fuga permanente.

E… sem regresso!...

Abraço.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Este verão que não o é













Já conheço a zona de Sesimbra há muitos anos.
Os verões aqui, mesmo que seja um ano de verão quente, são sempre agradáveis.
Há sempre uma brisa fresca que corre e o calor fica meio dissipado com o ar marítimo que normalmente se faz sentir.
Sabe bem voltar quando se sai para outras paragens do interior do país onde o calor sufoca.
Ao regressar, somos acolhidos com frescura e «tempero» q. b..
No que a mim diz respeito, com este verão envergonhadíssimo e cheio de altos e baixos em termos de temperatura, ainda não deixei não só de frequentar a praia, mas de fazer as minhas expedições por aí, que me dão sempre muito prazer.
É verdade que também não sou exigente com o tempo em termos meteorológicos.
Há pessoas que dependem dele para se sentirem bem.
Eu basto-me a mim e às ferramentas que tenho ao alcance.
Tenho sempre objectivos que me preenchem.
Uma das melhores manhãs de praia que já tive este ano foi uma manhã nublada, calma em que o mar não mexia, o ar estava parado, e a água estava morna e verde-esmeralda.
Neste dia, a praia estava deserta.
Pensei:
- Que pena as pessoas não virem «provar» esta delícia!...
Bom, a verdade é que o verão dos nossos encantos tem estado a tirar do sério muita gente.
Os veraneantes, ansiosos de praia depois de um ano de trabalho, vêm à procura de um a local quente, com muito sol, que lhes dê a oportunidade de descomprimir e relaxar, num mar que refresque o corpo, que escalda e amolece ao sol.
É verdade que este verão não o foi mesmo, na maior parte do tempo.
Provavelmente, as cabeças não limparam como seria desejável.
Talvez por este motivo o ano irá ser mais difícil de passar.
Já não bastam os brutais aumentos que já chegaram!...
Será que quem trabalha irá aguentar estas cargas?

Os nossos governantes e outros vão aguentar de certeza!...
Não se depararão com dificuldades económicas!...
Disso não tenhamos dúvidas!...
Que Deus os acompanhe!...
Nós, já demos demais para esse peditório!...

Abraço.