sábado, 17 de setembro de 2011

A importância da leitura













Desde muito criança, que me habituei a ver o meu pai ler não só o jornal ‘O Século’, como, no inverno à noite, à lareira, ler em voz alta para mim e para a minha mãe que mal sabia ler (na altura havia mais que fazer e já aí os professores não ajudavam muito) romances em pequenos fascículos, que nos punham às duas a verter lágrimas, «tal» eram as estórias - como a Rosa do Adro, por exemplo, que anda hoje tenho em meu poder!
Talvez também porque tive em casa este exemplo, adquiri o gosto e a necessidade de ler desde muito cedo.
Lembro-me que comecei com os livros de um autor que era o Corin Tellhado.
Se não estou em erro, da colecção Amorzinho.
Devorei sofregamente, todos os que podia alcançar.
Mais tarde e até, confesso agora, cedo demais, lembro-me de ir para os clássicos.
Li às escondidas o Crime do Padre Amaro, o Primo Basílio, o Amor de Perdição, os Maias e outros igualmente fortes para a altura.
Li tudo o que apanhava à mão.
O meu saudoso tio Narciso e o «poeta» Neca, meu primo, eram os fornecedores.
Nunca os esquecerei por este e outros motivos igualmente atrevidos.
Penso que estavam um pouco avançados no tempo, os tabus para eles, já nessa altura, não funcionavam muito…
Por tudo isto, defendi sempre que as crianças devem ter desde muito cedo ao seu alcance livros didácticos e outros, para se poderem familiarizar com a leitura desde logo.
Os pais e mais tarde os Jardins de Infância têm obrigação de incentivar esse contacto com os livros e criar hábitos de leitura.
Pela vida fora, os livros tornar-se-ão uns bons companheiros e uns bons veículos de cultura.

Por tudo isto, quando trabalhei num Infantário, me indignei tanto, quando me dei conta de que os livros existentes na sala tinham sido colocados num armário alto, para que as crianças não os estragassem.
Que aprendizagem, que conhecimentos, adquiriram estes técnicos que cometem o que eu considero de castração do conhecimento?
Que educação estavam a administrar?

Como se pode confiar a gente desta o melhor de nós?
Como se pode ser insensível à necessidade de desenvolver o gosto pelo conhecimento e pela cultura?
Pobres crianças e pobres pais que confiam!

É verdade que ensinar dá trabalho, orientar, criar regras, fazer com que se cumpram.
É muito trabalhoso.
Quem é do ramo e tem orgulho do que faz e faz bem sabe do que estou a falar.
Mas é para isso que a profissão existe.
Para ensinar com paciência e muita persistência.
É preciso ensinar as crianças a gostar de livros e a manuseá-los com respeito.
Ainda que, para conseguir isso, tenhamos que ter algum trabalho!...
Ensinar é isso mesmo.
Dialogar, explicar, impor algumas regras e fazê-las cumprir.
Depois, repetir, repetir, apoiar e incentivar.
Sem desistir nunca.

Abraço.   

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