quinta-feira, 31 de maio de 2012

Grandes dias















Grandes dias ou dias grandes?
Tanto faz.
Apesar de estar rodeada de um ambiente muito agradável, de um conforto exterior que me permite usufruir do bom tempo, esta, decididamente, não é a época do ano de que mais gosto.
As flores estão no seu auge, as árvores luxuriantes, os passarinhos felizes e o sol sorri.
A praia é já ali.

Muito bem.
Aprecio muito tudo isto.
Penso até que sou uma privilegiada
Tenho uma óptima qualidade de vida, a todos os níveis, não seria melhor em qualquer outro lugar.
Contudo, sempre gostei mais do calor da lareira e do seu crepitar calmo e monótono.
Da chuva a bater nas vidraças, e das árvores a «chorar rios de lágrimas» que vão engrossar os caudais.
Tão necessários para o crescimento das colheitas.

Pois é, a terra onde vivo todo o ano mexe mais agora.
Apesar da crise, os turistas começam a aparecer.
Vêm gozar da tranquilidade e da qualidade das águas deste oceano sem fim.
Têm bom gosto
Há espaço para todos.
Com privacidade.
A areia quase não tem fim.

Dias grandes e grandes dias!... 

Abraço.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Estados de alma















Todos nós, às vezes, temos um dia em que estamos menos bem-dispostos.
Mas às segundas-feiras, principalmente quando ainda tem que se cumprir horários e responder em termos profissionais, é que a coisa se agudiza um pouco.
Mas não é necessariamente só nesse dia.
Há pessoas que, por feitio, andam quase sempre em dias maus, com cara de poucos amigos, a falar de supetão.
Quem andar na rua principalmente de manhã e se der ao trabalho de observar os semblantes de quem vai passando, tem matéria para uns momentos de reflexão.
A conclusão não é animadora.
Pensando bem, poderemos concluir que os portugueses, regra geral, não andam felizes com o que fazem.
Ou com o que não fazem, sabe-se lá!...

O cenário é deprimente.
Rosto fechado, sobrolho carregado, boca em forma de fecho eclair, mais parece que vai tudo para um funeral.
Isto para não falar das enxaquecas de Domingo à noite.
Quando está já no horizonte mais um dia de trabalho.
Normalmente, a segunda-feira é uma «festa».
Uma «festa» de mau feitio...
De mau feitio e de embirrações.
Às vezes chega a raiar a falta de educação.
As relações nos locais de trabalho, e às vezes em casa, agudizam-se porque há quase sempre alguém com mau feitio, a azedar o ambiente.
Dá para concluir que em boa parte os portugueses são infelizes.
Em casa, no trabalho!...
Estão insatisfeitos e sentem-se frustrados.
Será que estão nas profissões erradas?
Será que têm falta de incentivos?
Ou será que, coitados, se sentem explorados e mal pagos?
Ou será apenas um estado de alma crónico?

Será tudo junto.
E mais a crise.

Abraço.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Às minhas tias



















O sorriso era espontâneo e verdadeiro.
O olhar era doce e com brilho.
O coração, esse, sei que transbordava de afecto.
Era assim que eu era recebida em casa das minhas tias Isabel e Emília.
Tive a sorte de ser presenteada com estes dois seres, que, apesar de tão diferentes, eram tão iguais a dar afecto.
O meu tempo era passado entre a minha casa e a casa delas.
Era uma amizade recíproca.
Era amizade, mesmo daquelas que já não se vêem muito.
Eu sentia necessidade delas e sei que para elas a minha presença era um verdadeiro presente.
Cada uma a seu jeito, davam-me tudo o que tinham.
A ternura, a amizade, a alegria, e… tudo.
Passámos juntas momentos de grande cumplicidade e divertimento.
Quando havia problemas, também eles eram partilhados com a naturalidade que existe entre amigos verdadeiros.  
Aconteceram momentos deliciosos.
A tia Isabel, apesar dos problemas pessoais e de saúde, transbordava humor por todos os poros.
Estava sempre pronta para conversar.
E como era divertida!
Contava-me com muita graça, episódios do dia-a-dia, que me faziam rir até às lágrimas.
Isto, a par dos desabafos que a magoavam…
Sempre tentando desdramatizar os acontecimentos.
Era assim que ela se defendia do que a magoava.
Era uma mãe-coragem.

A tia Emília era menos exuberante, mas era para mim igualmente doce e generosa.
O dia em que eu não a visitasse e não lhe desse algum tempo de mim, era um dia menos feliz para ela.
A confiança e amizade que nutria por mim eram sem tamanho.

Fizeram-me muita falta, estas duas tias.
Ainda hoje sinto o vazio que elas deixaram.
Fiquei com recordações boas para o resto da vida.
Principalmente do grande, muito grande afecto que sempre me deram.

Um beijo grande acompanhado do maior sorriso do Mundo, onde quer que elas estejam.
Sei que seria a melhor prenda que poderiam receber de mim.

Abraço.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mais memórias






















Tal como o meu blogue indica, guardo na minha memória, estórias e situações que me dá muito prazer recordar.
É impossível arquivar momentos, gestos, atitudes, cheiros e sons, que ao longo da minha vida fui registando e me marcaram.
Digo com verdade que foram tempos felizes e de que tenho saudades.
Hoje lembrei-me de um ou dois sons que, a par da água do chafariz, me acordavam todas as manhãs.
Eram eles:
- as patas dos burros: toc…toc… no alcatrão e
- as rodas dos carros das vacas: ram…ram… até o som se diluir na distância.
Eram sons monótonos e bucólicos que me transmitiam calma.
Acabava por voltar a adormecer e só voltar a acordar com outro som. bem mais barulhento.
Era a chegada do homem do peixe ao largo principal da aldeia.
Em altas buzinadelas, anunciava a chegada de pescado «fresco»?...
Aí, era a hora de despertar.
Despertar e misturar-me na vivência mansa e doce do dia que já tinha começado.
Era bom aquele ritual lento e calmo, aquela rotina boa dos anos sessenta, em que a paz reinava nos corações.

Abraço.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Até o tempo enlouqueceu




















Há um refrão popular que se adapta perfeitamente ao tempo instável que temos tido aí.
«Uma velha em Abril, queimou um carro e um carril…».
É mesmo.
Este ano, o frio mede forças com o calor e vice-versa.
Às vezes, apetece dar um salto à praia.
Outras, apetece a lareira.
A loucura dos Homens contagiou o tempo.
O tempo responde com agressividade.
Derruba gente, derruba a Natureza, derruba...

A propósito de derrubar:
Não há quem derrube a crise que nos atormenta?
Não há quem derrube os tubarões que vivem a sugar-nos o sangue?
Não há quem lhes deite a mão e os meta num sítio onde produzam alguma coisa?
Onde lhes mostrem o que é trabalho de verdade.
O que são sacrifícios à séria.
O que são as angústias, de quem não tem emprego nem comida.
Porque é que se trata esta gente com pinças?
Porque os deixam continuar a exibir o que arranjaram fraudulentamente?
Pelos vistos, neste país vale a pena ser «tubarão».

É como diz a anedota:
«Ós piquenino, bêdece ós grande!...
                                                      
Abraço.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Tradições

















Tradições são aquisições culturais.
São uma herança dos nossos pais e avós.
São vivências por vezes tão intensas, que alguns de nós ficámos presos a elas.
Presos como que por cordas invisíveis.
Cordas tão fortes, que nos mantêm quase prisioneiros (no bom sentido).
É bom ficar preso às tradições.
Sabe bem revivê-las.
É como se de uma homenagem se tratasse.
As tradições são réplicas do passado.
São a nossa História.
São elas que nos mantêm ligados ao enorme útero donde viemos.

As nossas origens são uma força.
Uma força interior boa e às vezes nostálgica.
Uma nostalgia doce que nos preenche.

As tradições são a homenagem merecida a quem já partiu.

São mais uma festa dos afectos.

Abraço.

sábado, 19 de maio de 2012

O pato solitário














                                                                                 

Lá longe onde o mar «acaba» e o céu começa, era um mundo de espuma.
Debruçado sobre as águas, mirava-se no espelho imenso.
À primeira vista eram construções abstractas.
Analisando ao pormenor, viam-se as mais diversas figuras.
Desde gigantes barbudos a figuras de mulheres e homens desnudados, rebolando e fazendo lembrar orgias.
Grutas profundas, e passeantes.
Passeantes sabe-se lá com que destino!...
As pedras em que me sentava riam com bocas grandes e desdentadas
De que se riam as pedras?
Será que também viam o cenário surreal que eu descobri?
Ou será que riam dos Homens?
Que, loucos, não reparam no presente que é a vida?

Será que era da minha imaginação meio louca?
Ou seria do pequeno pato preto?
Sim, um pato empreendedor e solitário.
Só um.
Que, em jeito de submarino, procurava feliz o sustento.

A maresia forte e o cheiro a algas inundavam os narizes e o ambiente.
Uns pingos inoportunos de chuva interromperam a minha contemplação.
O pato solitário lá ficou.
Um ponto insignificante naquele espaço imenso feito de água.

Cá fora, o Mundo continuava
Com os homens confusos e inquietos.

Abraço.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A família



















A Família é a base da sociedade.
É nela que assentam os pilares que nos sustentam.
Foi dela que recebemos a matriz.
Foi dela que recebemos os genes, a personalidade e os valores.
É nela que procuramos refúgio, protecção e amparo.
Nas horas boas para partilhar alegrias, nas menos boas para pedir apoio e mimo.

Seria bom que fosse assim.
Seria bom, digo eu, que fosse sempre assim.
Só que, infelizmente, nem sempre a Família cumpre o seu papel.
Quando a indiferença, o gelo, o egoísmo e a desconfiança tomam conta, tudo se altera.
O desamor, falta de afecto e o egoísmo, são quem comanda.

Hoje em dia, no meio desta rede, a família não é mais a mesma.

Demitiu-se.
Está em desagregação.
Perdeu o encanto.
A Família tradicional, amiga, afectuosa e generosa, ficou diluída no meio de tantos outros interesses.
Os valores deixaram de ter sentido.
Deram lugar a um círculo fechado, onde se cultivam egoísmos.
A falta de afectos é notória.

Quanto a mim, andamos a correr para o abismo.
A tentar a felicidade que cada vez está mais afastada.

A vida assim não é vida, é apenas uma utopia.

Abraço.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Preocupante















Cada vez mais tenho a certeza de que estive sempre certa quando defendi o profissionalismo e o empenho na profissão que vivi.
Quando, com entusiasmo, li, reli, e fiz a formação que me foi possível.
Procurei sempre os melhores autores da especialidade, para alargar horizontes.
E não me limitei apenas ao bê-á-bá que me era imposto.
Aprender.
Aprender sempre, para poder transmitir.
Foi este o curso que tirei.
O da vida.
No directo, com muita vontade e muito, muito afecto.
Corrigindo os erros e tentando melhorar sempre.
Hoje na televisão, tive a prova.
A prova de que sempre estive certa.

Uma frase, só uma, foi o suficiente.
Uma professora do Ensino Básico que, meio consternada, dizia:

«Hoje em dia, o professor tem que educar, não basta ensinar»…

Grande descoberta a senhora fez!...
Grande docente esta..
Esta pessoa descobriu só agora a chave do problema.
A frase foi reveladora.
Conceito de Escola, zero.
A ignorância do que é tão importante.
Ensino e Educação são e serão sempre, indissociáveis.
É preocupante mesmo.
Um professor não podia ser tão limitado.
Não podia ignorar
Ignorar o centro da questão.

Esta frase foi suicida e reveladora
Foi uma pequena amostra da incapacidade que tem reinado e ainda reina.

Seria desejável que não houvesse incompetência, fosse qual fosse a profissão.
Mas no ensino, considero eu, com maioria de razão.

Este episódio trouxe-me à memória um diálogo que, há muitos anos, ouvi exactamente a duas docentes cheias de si.
Diziam elas estar cansadas de crianças «burras».
- «Ciganos? Miúdos carenciados? Que chatice. Não há paciência»!

Não me admirei muito.
As autoras só tinham o curso acompanhado de bazófia!...
Lembro-me que, sem dar nas vistas, me afastei.
O que ouvi foi esclarecedor.
Indignei-me, sim.
Na altura, ainda pensava que o mundo era feito só de gente com valores.
Com afectos.
E com amor!
Estamos sempre a ser surpreendidos.
Ou não!...

Abraço.

Atracção fatal




  

O mar!
Grande e largo.
Beleza ao natural.

Mistério.
Às vezes, mágoas e desgostos.

Ele está lá.
Imponente e incontrolável.
É uma força que atrai.
Atrai os homens.
Que, na sua pequenez, são levados a admirar a grandiosidade.
Às vezes a enfrentá-la.

No verão, pelo fresco das suas águas.
Pela maciez das suas areias.
Pela procura da liberdade.

No Inverno, toda aquela imensidão.
A turbulência, o ribombar das ondas, todo aquele ambiente misterioso…

«Donde vem tanta água, Dulce?»

O silêncio.
A solidão.
A introspecção.

O mar!
Gigante vivo.

A atracção, quantas vezes fatal!

Abraço.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Estio


















Nesta manhã de Maio, eis que o calor se apresenta furioso.
Um calor repentino. E quase só a brisa marítima o faz disfarçar um pouco a fúria.
Não sei bem porquê, fez-me lembrar a azáfama das ceifas.
Lá longe!
No tempo e na distância.
Estava eu a começar a ser gente.

Sempre olhei com respeito aquele ritual metódico e árduo.
Havia entre as pessoas, homens e mulheres, uma organização e inter-ajuda que acontecia quase em silêncio.
Como que com respeito pela calmaria
A dureza da tarefa não permitia grandes manifestações.
Só de vez em quando como que a disfarçar a mágoa de tanto sofrer, uma voz se levantava e cantava.
Cantava alto!
Arrastando por vezes outras.
A maior parte das vezes eram cantes melancólicos e arrastados.
O corpo moído e a voz ressequida não permitiam muito mais…

Havia sempre de serviço uma pessoa que chegava àqueles lábios sequiosos um pouco de água.
Jorrava de uma cantarinha de barro.
Todos bebiam do mesmo copo.
Normalmente, uma mulher executava aquela tarefa.
Uma mulher das menos resistentes.
Que ceifa não era para qualquer um.
Para consolo do grupo, havia ao meio-dia o «jantar».
Um jantar melhorado.
Os donos da safra faziam questão.

Escolhiam a melhor sombra.
Exaustos, sentavam-se no chão à volta da toalha recheada.
Duas coisas não podiam faltar: papas de carolo de milho e o vinho refrescado.
Não havia frigoríficos, mas havia quase sempre um poço ou uma ribeira onde meter o garrafão.

Outros tempos.
Não havia regalias.
Apenas trabalho.
Trabalho honesto e com respeito.

Dia de calor.
Que me fez recuar mais uma vez, à infância dos meus encantos.

Abraço.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Faz-de-conta
















Foi o que fiz durante trinta e três anos.
As crianças que me eram confiadas assim o exigiam.
Num infantário, a par do carinho, do afecto e da relação de confiança e de amizade,
existe essa vertente.
Brincar.
A brincar ao faz-de-conta se ensina e se aprende.
Ensinam-se as regras, os valores, a viver em sociedade.
Aprendem-se as bases para a vida.
Aprende-se o caminho para o conhecimento.
Assim, a brincar.

É bonito ver o resultado conseguido.

Ao faz-de-conta.

Fazemos de conta que somos as filhas, as bebés, os médicos, a vendedora do super mercado, enfim tudo o que a imaginação der.
É uma vida exigente, mas compensadora, quando feita com amor.

Bem diferente da vida real.
Essa, sim, é um faz-de-conta permanente.
Mas um faz-de-conta mentiroso.
Hipócrita.
Cheio de despeito e invejas. 
Um faz-de-conta que só serve para satisfazer o ego.
Ego que está vazio de valores e afectos.

Faz-de-conta que somos o que não somos!...

Abraço.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vai uma «ganza», meu?


















Pode acontecer que eu esteja a ficar um pouco desactualizada, relativamente a
alguma juventude que por aí habita.
Talvez por isso, fiquei espantada com a manifestação composta quase só de jovens muito jovens, a pedir a legalização da canabis.
Francamente que me chocou.
Chocou-me que um meio de comunicação dedique tempo de antena a manifestações que podem levar ainda mais gente para o fundo do poço.
Chocou-me ainda mais a idade prematura dos manifestantes.
Jovenzinhos, alguns quase imberbes e sem a maturidade atingida.
Lá iam na onda!...

Onde andam os pais e os educadores destes jovens?
O que se faz (ou não) na Escola para esclarecer esta gente?
O que se pretende quando se dá cobertura a manifestações destas?
Será que é preciso incentivar ainda mais a moda da «ganza»?

Depois, a imagem daquele «resto» de mulher, prematuramente envelhecida?
É atractivo caminhar para ali!...
Vá, jovens, esforcem-se!
Aquilo é apelativo!
«Olha» o que vos espera…

Quanto a mim, ainda que a vida não esteja fácil, não é assim que se resolvem problemas.

Foi chocante olhar.

Ainda por cima com aquela visibilidade

Abraço.

sábado, 5 de maio de 2012

Mãe há só uma
















Cá estamos nós em mais um dia de…

Desta vez é dia da Mãe.
Infelizmente, já não tenho a minha comigo em termos materiais.
Tenho-a, sim, e sempre, no meu coração.
E muitas vezes, muitas, no meu pensamento.
Apesar do tempo que já passou, ela ainda hoje me acompanha nos momentos bons e menos bons.
E será assim até ao fim dos meus dias.
Guardo comigo a recordação de uma mãe boa, generosa, e amiga sem condições.
Nunca precisei de um dia especial, para ter com a minha mãe atitudes de ternura e gestos de carinho.
Entre nós, eram atitudes normais no dia-a-dia.
Dia da Mãe era todos os dias, de todos os anos.
Tivemos sempre uma relação forte.
Afecto era um sentimento sempre presente.
Tenho a certeza que, por esse motivo, sempre me senti privilegiada.
Sempre me deu muito prazer ser afectuosa com os outros.
Foi dela que também copiei os valores que ainda hoje me acompanham.
.
Não tenho a menor dúvida de que os seus exemplos serviram de matriz para o meu futuro.

Obrigada à minha mãe, onde quer que ela esteja.
Pelos ensinamentos, pelos valores e pela educação.
E claro, pela ternura que sempre teve no olhar.
Triste pelas partidas que a vida lhe pregou ainda muito jovem, mas meigo e carregado de amor.

Os momentos difíceis que passámos juntas, foram uma força que nos uniu.

Até sempre, minha mãe!

Abraço.   

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Marcas que ficam















Desde que nascemos até que morremos, somos marcados por acontecimentos.
A variedade é muita.
Algumas marcas chegam mesmo a deixar cicatrizes.
Cicatrizes de uma certa profundidade.

Vi há dias no programa Alta Definição da SIC, a entrevista que Carlos Daniel fez ao actor Vítor Norte.
Um grande actor.
Contudo, impressionaram-me as marcas.
Algumas delas muito profundas.
No rosto e mais ainda na alma.
Lembrei-me também do que há tempos correu numa certa imprensa.
Principalmente a cor-de-rosa.
A propósito de um problema familiar de certa profundidade, tentaram denegrir-lhe a imagem.

Pobres diabos ignorantes e maus.
Sabem lá eles o que se passa atrás das vidas de cada um?
Claro que não sabem.
Nem lhes interessa saber.
É preciso é vender muito lixo.
Muito, muito, quanto mais melhor.

Não entendem, nem imaginam, o que quer dizer ter estado numa guerra colonial.
Forçado, ainda por cima.
A defender-se para não morrer.
Nem sonham as marcas que ficam.
E que, porque não são compreendidas, têm que se disfarçar.
E magoam, magoam por dentro.
Ainda que não se queira.

Não há forma de sentir.
Mas talvez tentar perceber.
Quem sabe, tentarem pôr-se no lugar de quem por lá passou!...

É o mínimo que se exige.
Como eu compreendo o Vítor Norte!
Por detrás daquela couraça, há um homem com muitas marcas internas.
Sensível e a tentar fazer de conta que não as tem.

Abraço.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Fora de tempo














Os campos vestem-se de grinaldas de rosas de todas as cores.
À vista, temos a Primavera.
Só à vista, porque não se sente na pele.
O sol anda envergonhado, o vento assobia com vontade de ser ouvido.
A vontade de sair e usufruir da paisagem é menor do que a necessidade de ficar enrolada num sítio acolhedor e calmo.
O espaço exterior sente a falta.
As ervas ficam mais à vontade para crescer.
As folhas parecem pássaros a voar sem destino e sem rumo.
As flores parece que sentem a falta da presença humana.
Gostam de ser acarinhadas as flores.
Ficam com um aspecto mais fresco, mais forte.
Sentem-se protegidas.
Transbordam de vida.
Até a natureza precisa de ser mimada.

E hoje é Maio.
É o início do caminho para o calor.
Mas… como tudo mudou!
Hoje, e apesar disso, a lareira ainda faz falta.
Lá fora, o ambiente mais parece de Outono.

Aguardemos o sol que dá energia.
Que aconchega a terra que dá as flores.

Talvez este frio fora de tempo vá embora e nos deixe livres para apoiar as flores e as plantas.
E abraçar sol.

Abraço.