sábado, 19 de maio de 2012

O pato solitário














                                                                                 

Lá longe onde o mar «acaba» e o céu começa, era um mundo de espuma.
Debruçado sobre as águas, mirava-se no espelho imenso.
À primeira vista eram construções abstractas.
Analisando ao pormenor, viam-se as mais diversas figuras.
Desde gigantes barbudos a figuras de mulheres e homens desnudados, rebolando e fazendo lembrar orgias.
Grutas profundas, e passeantes.
Passeantes sabe-se lá com que destino!...
As pedras em que me sentava riam com bocas grandes e desdentadas
De que se riam as pedras?
Será que também viam o cenário surreal que eu descobri?
Ou será que riam dos Homens?
Que, loucos, não reparam no presente que é a vida?

Será que era da minha imaginação meio louca?
Ou seria do pequeno pato preto?
Sim, um pato empreendedor e solitário.
Só um.
Que, em jeito de submarino, procurava feliz o sustento.

A maresia forte e o cheiro a algas inundavam os narizes e o ambiente.
Uns pingos inoportunos de chuva interromperam a minha contemplação.
O pato solitário lá ficou.
Um ponto insignificante naquele espaço imenso feito de água.

Cá fora, o Mundo continuava
Com os homens confusos e inquietos.

Abraço.

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