O sorriso era espontâneo e verdadeiro.
O olhar era doce e com brilho.
O coração, esse, sei que transbordava de afecto.
Era assim que eu era recebida em casa das minhas tias Isabel
e Emília.
Tive a sorte de ser presenteada com estes dois seres, que,
apesar de tão diferentes, eram tão iguais a dar afecto.
O meu tempo era passado entre a minha casa e a casa delas.
Era uma amizade recíproca.
Era amizade, mesmo daquelas que já não se vêem muito.
Eu sentia necessidade delas e sei que para elas a minha presença
era um verdadeiro presente.
Cada uma a seu jeito, davam-me tudo o que tinham.
A ternura, a amizade, a alegria, e… tudo.
Passámos juntas momentos de grande cumplicidade e
divertimento.
Quando havia problemas, também eles eram partilhados com a
naturalidade que existe entre amigos verdadeiros.
Aconteceram momentos deliciosos.
A tia Isabel, apesar dos problemas pessoais e de saúde,
transbordava humor por todos os poros.
Estava sempre pronta para conversar.
E como era divertida!
Contava-me com muita graça, episódios do dia-a-dia, que me faziam
rir até às lágrimas.
Isto, a par dos desabafos que a magoavam…
Sempre tentando desdramatizar os acontecimentos.
Era assim que ela se defendia do que a magoava.
Era uma mãe-coragem.
A tia Emília era menos exuberante, mas era para mim
igualmente doce e generosa.
O dia em que eu não a visitasse e não lhe desse algum tempo
de mim, era um dia menos feliz para ela.
A confiança e amizade que nutria por mim eram sem tamanho.
Fizeram-me muita falta, estas duas tias.
Ainda hoje sinto o vazio que elas deixaram.
Fiquei com recordações boas para o resto da vida.
Principalmente do grande, muito grande afecto que sempre me deram.
Um beijo grande acompanhado do maior sorriso do Mundo, onde
quer que elas estejam.
Sei que seria a melhor prenda que poderiam receber de mim.
Abraço.
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