quinta-feira, 31 de março de 2011

É bom ter cérebro















Dei comigo sentada junto ao mar.
Ali mesmo.
Colada.
Com uma caneta imaginária, fui escrevendo o que, naquele momento me apetecia perguntar.
Obtive respostas que me agradaram.
Calma, paz, amor.
Amor?
Amor sim, aquela palavra tão gasta e já pouco usada.
E quando se usa, quase nunca é com verdade.
Por onde anda o amor?
Não se vê.
Não se usa.
Passou de moda.
Calma?
Não se nota.
Esta vida de correria e interesses não deixa!
Paz?
É só ver as guerras no mundo e não só!
Quem se preocupa com estes sentimentos?
Virámo-nos para outros objectivos mais palpáveis!..
Aqui, neste momento comigo, estou longe desse mundo e gosto.
O que se passa fora de mim é apenas ruído.
De fundo.
Lá longe, muito longe!...
Ter tempo para pensar e olhar para dentro sabe-me bem.
Deixa-me leve e de bem comigo.
Às vezes, com um amargo de boca pelas conclusões.
Mas tranquila e em paz.
Nesta época de ebulição geral, é bom pensar.
É bom ter o cérebro ocupado.
Se não for assim, corre o risco de ficar caduco.
Sinto que é meu dever remar contra a maré.
Ainda que corra o risco de ser idealista.
E sou.

Abraço.


quarta-feira, 30 de março de 2011

Infantário (três)












O que tenho estado a escrever sobre a minha experiência no infantário é o resultado do que li (e foi bastante), do que aprendi nos cursos de aperfeiçoamento e, mais importante que tudo, no trabalho directo.
Não só com as crianças, mas também com os pais.
Não tenho dúvida nenhuma de que a experiência, embora não seja um posto, é um manancial de aprendizagem.
Concordo com o ditado que diz que a experiência é a mãe de toda a ciência.
Desde que haja teoria, claro.
Bem, mas voltemos ao tema.

Como disse no texto anterior, as condições de trabalho são a base para um bom desempenho.
O que acontece é que nem sempre existem essas condições.
As trabalhadoras interessadas e conscientes ficam a braços com situações muito complicadas que muitas vezes as impedem de desempenhar com profissionalismo a sua profissão.
As primeiras a sofrer essa falta são, sem qualquer sombra de dúvida, as crianças.
A falta de condições cria nervosismo e instabilidade.
Cria stress, não só no adulto, como nas crianças que se manifestam com faltas de atenção e de interesse, e de forma ruidosa, o que quer dizer insatisfação e desagrado, embora não o verbalizem.
Para que não acontecessem situações destas, seria preciso que o objectivo lucro desaparecesse do horizonte dos responsáveis por esses sectores.
Como isso é uma utopia, será essa a realidade que continuaremos a ter pela frente.
Continuaremos a ter espaços com perigos que poderiam ser evitados, continuaremos a ter falta de pessoal, continuaremos a ter trabalhadoras escolhidas sem critério e por «cunhas».
Aos infantários chegam a toda a hora pessoas que têm tudo – menos perfil para o que vão fazer.
No entender dos responsáveis, só é preciso que tomem conta das criancinhas, como se fossem gado no redil.
Falta apenas um bordão.
O aspecto afectivo, a sensibilidade e o bom senso, muitas vezes estão ausentes.
Quanto a mim, nesta fase da vida das crianças, o mais importante é o trabalho de relação
e a afectividade.
Sem isso, faltam as estruturas de base tão importantes na construção da vida das crianças.
Tenho muita pena que a maior parte dos pais nem sequer se dê conta de que problemas destes existem.
Com já disse doutras vezes, a preparação dos mesmos é quase nula e a vida não deixa tempo para ver e olhar com olhos de ver.
Enquanto isso, nesta matéria e noutras, continuaremos à espera de melhores dias.
Os responsáveis pela admissão dos trabalhadores continuarão na sua triste ignorância, pensando que são os maiores.

Abraço.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Infantários (dois)
















Depois de decidido o local em que a criança fica, aproxima-se o dia D.
Esse, que normalmente é um pesadelo para crianças e pais.
Depois de alguma preparação em casa, no período que antecede a entrada no novo espaço, eis que chega o primeiro dia.
Enquanto para algumas crianças é uma situação que, apesar de nova, aceitam com normalidade, para outras essa experiência é um verdadeiro pesadelo.
É frequente entrarem no infantário crianças aos gritos e pais em lágrimas.
O acolhimento é um factor importantíssimo.
Este momento é fulcral para o êxito da adaptação da criança e para a confiança e tranquilidade dos pais.
A responsável que o faz, deve ser experiente, sensível, com bom senso, capacidade de decisão e firmeza.
Quanto a mim, aquele momento não se pode prolongar por muito tempo, a separação tem que ser o mais calma possível e ser feita no mínimo tempo.
Ao mesmo tempo, transmitindo confiança e segurança, tanto aos pais como à própria criança.
Tanto uns como outros precisam disso e, desde que a profissional mostre competência, sensibilidade e segurança, isso é meio caminho andado para dar algum equilíbrio tanto a uma parte como à outra.
Este início é muito importante para uma boa integração e adaptação.
Dar à criança a segurança e a atenção que ela precisa, impõe-se.
Em nenhum momento e muito menos nesse, a criança pode sentir que é só mais uma no grupo.
A partir daquele momento, o único ponto de referência que tem são os adultos que acabou de conhecer.
Precisa de se sentir amada e protegida.
O outro dia é logo amanhã.
Vamos voltar a receber a criança, que então já tem algum conhecimento do que a espera.
Se as recordações não forem muito «negras», talvez os dias comecem a ser menos difíceis.
Também penso que, para tudo ser mais perfeito, será preciso que os profissionais adorem o que fazem e se entreguem.
Sem isso, tudo será artificial e transmite ainda mais ansiedade.
Outro aspecto importante será a questão das condições de trabalho.
Uma trabalhadora «atulhada» de crianças não pode ter disponibilidade para ser uma boa profissional.
Uma trabalhadora com espaços exíguos e sob pressão também não.
Uma trabalhadora ignorada e sem voz é uma trabalhadora revoltada e frustrada, não pode fazer um bom trabalho.

Muito mais há para dizer.
Para já, só o essencial.
Talvez volte.

Abraço.

domingo, 27 de março de 2011

Um cantinho só












Com os olhos postos no horizonte sem fim, tendo como cenário uma beleza natural, dou com o meu cérebro a ser limpo de impurezas.
Neste momento estou despoluída.
Com o mundo aos solavancos, com guerras políticas, guerras de sportings e quejandos, intrigas pessoais… estou eu aqui comigo e com esta paz que me rodeia.
É bom limpar a disquete das palavras Sócrates, Passos Coelho, crise, sismos e outras tragédias que de tão faladas já enjoam e irritam.
É bom poder olhar sem deparar com situações que incomodam, que desagradam e que agridem.
É bom esquecer por largos momentos o mundo feio em que vivo para olhar o mundo bonito que tenho à frente.
Enquanto nada muda, resta aproveitar o que tenho de melhor.
Olhar o mínimo possível para o que vai lá fora.
Concentrar-me apenas no positivo e belo que se me oferece.
Será isso possível?
Só por momentos.
Deliciosos momentos.
Depois…
Depois a realidade.
Continuar, tendo a noção de que a realidade não vai mudar.
O cantinho onde me encontrei comigo mesma, podia ser um cantinho do céu. 
Aproveitar então os bons momentos, fazer a «limpeza» e esperar por um mundo menos cão.

Abraço

sábado, 26 de março de 2011

Infantários












Os infantários, hoje mais do que nunca, são necessários.
Com a super-ocupação dos pais e avós (hoje muito mais activos do que há anos atrás), um lugar de confiança é sem dúvida indispensável.
Contudo, há um pequeno-grande pormenor.
Como encontrar esse lugar que ofereça aos pais confiança, segurança a todos os níveis e responsabilidade de um bom plano educativo?
É realmente um pouco difícil encontrar locais nesta área, com estas características.
Confiar os filhos, gerados com todo o amor, sacrifícios e algum sofrimento, a alguém desconhecido e sem certezas em termos de qualidade, não é fácil.
Muitas vezes há apenas referências que vieram de amigos, vizinhos ou outros.
Ou simplesmente confiando na publicidade.
Em desespero, escolhe-se o mais próximo, ainda que não seja de todo o que desejaríamos, esquecendo como é importante e marcante esta etapa na vida das crianças.
E lá são deixados à responsabilidade de quem às vezes nem sequer tem a sensibilidade nem a preparação que a situação exige.
É preciso alertar quem, por acaso, não esteja atento a este problema.
O papel do infantário não é o de servir de depósito de meninos.
O primeiro passo a dar é visitar e observar bem as instalações.
Tanto o espaço interior como o exterior têm de ter condições ideais ou próximo disso.
Há outros factores a ter em conta.
O número de crianças por sala.
O número de adultos também por sala.
Os horários de cada um.
As qualificações.
A experiência.
O tratamento dos espaços.
Olhe os perigos!
Ah! Muito importante: a alimentação.
Como é necessária informação nesta matéria!
Este aspecto tem de ser «vigiado» sempre, ao longo da estadia da criança no jardim-de-infância.
Qualquer distracção pode dar direito a alterações convenientes das ementas expostas.
As empresas de cattering estão sôfregas de lucro e nem sempre a honestidade é seu apanágio.
Por parte das instituições, o desconhecimento das boas regras de alimentação saudável às vezes é flagrante e grave. 
É preciso é que a criancinha tenha a barriguinha cheia, mesmo que de «lixo».
Aos pais compete esta tarefa de controlar.
De uma alimentação saudável, depende a saúde das nossas crianças.
Vou voltar a este tema, que julgo do maior interesse para todos.

Abraço.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Histórias de encantar













Como já aqui disse, tenho uma longa experiência de trabalho com crianças.
Trabalhei com elas muitos anos, dei muito e recebi ainda mais.
Tanto quanto é possível, conheço-as por dentro e por fora.
Devo dizer que foi um trabalho que me preencheu e gratificou muito.
São um «material» (com todo o respeito) muito sensível.
São todas diferentes e a relação com elas tem que ser igualmente diferente.
A faixa etária que sempre me calhou em sorte foi entre os três e os seis anos.
Esta experiência que, no que me diz respeito, foi enriquecedora, diz-me que não haverá nenhuma criança que não goste de histórias, se elas forem bem exploradas.
Ao longo do dia, havia sempre alguém que me questionava.
«Não contas uma história»?
Não poucas vezes aconteceu pedirem a mesma história vezes seguidas.
Na sala do infantário, num cantinho acolhedor, uma manta no chão com almofadas fofinhas, fazia as delícias de todos.
Sentávamo-nos e fazia-se silêncio.
Olhitos arregalados e cabecitas no ar, ficavam suspensos.
A história começava, e as nossas palavras, a nossa expressão e os nossos gestos, assim como a colocação da voz eram absorvidas avidamente.
Só quando tinham alguma dúvida é que, de dedito no ar, pediam explicação.
Depois da história concluída, havia um pequeno exercício de memorização.
Servia para avaliar a capacidade de atenção, de raciocínio, de expressão verbal e de desinibição de cada um.
Era o entusiasmo no grupo.
Cada um a querer exibir as suas qualidades de bom ouvinte – e de bom narrador.
As histórias, se forem bem escolhidas e bem contadas, são uma fonte de enriquecimento
e criatividade.
Era frequente também, quando já mais crescidos, fazer-se a dramatização da história, o que os levava a entusiasmarem-se ainda mais.
Depois daquele momento, outras actividades aconteciam.
Havia várias áreas na sala.
Na casinha das bonecas, um dos locais de eleição, punham em prática tudo o que captavam na história.
Aconteciam imitações perfeitas do adulto narrador.
É preciso que as histórias não caiam em desuso.
É preciso incentivar e ensinar os responsáveis a contar histórias e a tirar o máximo proveito delas.
As crianças são exigentes, não é fácil ganhá-las, se não formos suficientemente convincentes e criativos.
É preciso ensiná-las a gostar, e a partir dali, incentivá-las ao gosto pela leitura.
Nada melhor do que usar as histórias para esse fim.
              
Abraço.
  

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Necessidade de reflectir













Reflectir, às vezes, é um acto que nos traz alguma angústia.
Sobretudo se decidirmos revirarmo-nos do avesso.
Fazer uma análise, uma avaliação de nós mesmos, uma autocrítica, um balanço da nossa actuação, nem sempre é fácil.
É por demais sabido que qualquer avaliação feita com honestidade, custa.
É enfrentarmo-nos, ficarmos perante nós próprios e, às vezes perante os outros, nus.
No entanto, é preciso e é positivo que se faça. 
Ainda que entre nós não seja de todo muito usual.
Depois de uma análise calma, é mais fácil a relação connosco e com os outros.
Encarar a vida de uma forma verdadeira, é a melhor maneira de a homenagear.
Alienarmo-nos, fugirmos, seria mais fácil mas, no mínimo, seria também uma demonstração de pouca coragem.
Aprender a pegar nos assuntos que nos preocupam e desmontá-los sem pruridos,
ajuda a viver de uma forma mais lisa, mais limpa.  
Corrigir o que achamos que está menos bem, faz parte do processo de avaliação e aperfeiçoamento.  
A coragem de sermos honestos connosco e com os outros é de valorizar.
E de preservar.

Abraço.  

domingo, 20 de março de 2011

Primavera














Já anda no ar um cheirinho a primavera que, sem dúvida nos deixa mais soltos, mais frescos, mais leves e mais bem dispostos.
Com o sol a preencher todos os espaços que durante os longos meses do inverno estiveram desactivados e húmidos, dá-nos vontade de virar do avesso tudo o que nos rodeia e alindar os espaços.
Principalmente os espaços exteriores, quase votados ao esquecimento por causa da chuva e do frio que se fizeram sentir durante os longos meses do inverno.
Até o mar se preparou para receber de braços abertos esta estação primaveril.
Está calmo e dócil.
«Espelho, espelho meu.
Haverá alguém no mundo,
Mais belo do que eu»?
Poderia ser esta pergunta que o mar faria a um espelho que hoje lhe retribuísse a imagem.
Estava excepcionalmente bonito o mar.
Com aspecto de grande senhor, convidava a entrar.
Azul, com laivos esverdeados e banhado pelo sol, que o enlaçava, lá estava ele a espreguiçar-se e creio que a descansar da enorme luta que travou ao longo do inverno.
Acho que está em paz com ele e com o mundo.
Cansado mas feliz com este interregno, mas pronto para travar novas batalhas que apareçam, claro está: como bom lutador «não vira a cara» a novos embates. 
Entretanto, recebe a nova estação com bonomia e agrado.
A dama, pelos vistos, estava a fazer-lhe falta.
Acalmou-o.
Oxalá estejam felizes por algum tempo. 
Também nós estamos felizes por eles e com eles.
Bem-vinda, Primavera!...
Não desapareças.

Abraço.
   

sábado, 19 de março de 2011

Natureza é outra coisa















Para quem não conhece o Cabo Espichel e a sua zona periférica, é difícil descrever aquela beleza natural.
É digna de ser vista e absorvida.
Absorvida pelo olhar, pelos ouvidos e por todos os outros sentidos, não esquecendo o olfacto.
Depois de algum tempo sem visitar aquela zona, apeteceu-me voltar.
Que imensidão de verde a perder de vista.
Que silêncio bom de se ouvir.
Que paz de espírito.
Que limpeza cerebral.
Poder usufruir desta tão cobiçada qualidade de vida, é sem dúvida um privilégio.
Durante uma hora de passeio a pé, o único ruído que se ouviu foi o sibilar da aragem e o restolhar de um ou outro coelhinho que, de orelhas em jeito de radar, se dava conta dos passos, ainda que leves.
Que bom que é ter próximo de casa todo este espaço e poder fazer uso dele.
Por momentos, esqueci o mundo-cão em que se vive, para me deliciar com o belo
e o natural.
Esta zona é das poucas reservas naturais que, na medida do possível, se mantém quase intacta.
Toda a espécie de flora e também alguma fauna se encontra ali ao alcance da mão.
É bonito mesmo.
Já houve dias em que, assim do nada e no espaço de vinte trinta metros se viam três, quatro coelhos em alegre repasto.
Há raposas com filhotes.
Perdizes em bando em alvoroço com a sua voz característica.
Pássaros em alegre esvoaçar.
Hoje apareceram apenas cinco coelhinhos.
Estavam recolhidos sem dúvida, porque resíduos dos seus intestinos e buracos no chão, não faltavam por lá.
Ou será que também eles já estão «agarrados», por alguma rede da internet?
Digo eu!...
Será que o vício também já lhes chegou?
Se calhar já não têm tempo para comer.
Nem para conviver!..
Hoje estavam preguiçosos os coelhos do Cabo Espichel.
Apesar desta ausência, foi um bom momento.
Um momento de terapia e de libertação.
É para repetir brevemente.

Abraço.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Hipocrisia















Hipocrisia.
Todos nós, ainda que nos custe admitir, fazemos uso desta característica.
Embora seja feia e nos envergonhe, é intrínseca ao ser humano.
Quanto a mim, é preciso encará-la de frente.
 Assumi-la e tentar controlar a tendência.
 No mínimo é pobre em termos de formação humana.
Se ser hipócrita é mau, ser muito hipócrita é bem pior.
E há quem abuse.
Há quem abuse e ou nem se dê conta.
O que é mau.
Ou ainda pior.
Há quem se sinta bem com isso.
Há quem seja praticante compulsivo desta arte.
Sem qualquer pudor.
Há quem faça da sua vida uma hipocrisia contínua.
Enganam e fazem-se passar por aquilo que não são.
Amigos.
Na primeira esquina arreganham o dente e mordem.
Fazem-se prestáveis, para depois maltratarem e ofenderem.
Criticam nas costas, quando não conseguem fazê-lo olhos nos olhos.
Preparam conluios pela calada.
Fazem uso deles quando menos se espera.
Perturbam e instabilizam a vida dos outros.
Com a maior das friezas.
Estas pessoas, normalmente, são sádicas.
Não têm respeito pelos outros.
Estão sempre a urdir teias.
Têm cérebro, mas utilizam-no da pior forma.
A sua vida é uma farsa.
É preciso estarmos mais atentos.
Sermos menos ingénuos.
Repensarmos as relações.
Sermos mais selectivos.
Não irmos em cantigas.
Não sermos tão tolerante.

Reflectir é preciso.
Fugir das farsas também.
Basta.
Ufa!...

Abraço.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O sol e o vento













O sol e o vento são dois agentes incompatíveis.
Enquanto o sol acarinha e envolve, o vento sacode, assobia e desestabiliza.
O sol dá vida.
O vento irrita e atormenta.
O sol aquece a alma e o coração, o vento verdasca a nossa paciência.
O sol dá alegria.
O vento acabrunha.
O sol é calmo e tranquilizador.
O vento é quezilento e respondão.
O sol traz-nos liberdade.
O vento empurra-nos e põe-nos à distância.
Tal como as pessoas, têm temperamentos diferentes.
Ambos são necessários, embora um mais desejado que o outro.
Bendita sejas Natureza, que nos presenteaste com os dois.

Abraço.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Crianças de hoje












As crianças de hoje têm vida de adultos em ponto pequeno.
Com os dias cheios e horários rígidos para tudo, o tempo com a família e para brincar é pouco.
Na sua maioria, levantam-se demasiado cedo.
Têm os horários dos pais e começam o dia ao mesmo ritmo.
Levantam-se ainda mal dormidas (vão para a cama fora de horas), fazem a higiene à pressa, «engolem» o pequeno-almoço e numa corrida lá vão para escola, para os infantários ou para alguém que durante todo o dia os acolha.
Não são poucas as vezes que as crianças mais pequenas acordam mal dispostas, rabugentas e chegam ao destino a gritar e a fazer birras incontroláveis.
Com os pais incapazes de os dominar e já preocupados com o trabalho que os espera, estas crianças nem sequer têm direito à atenção e ao mimo de que precisam. 
Descompensados e ansiosos, nem sempre quem os acolhe está disponível e ou preparado para os consolar.
Dar-lhes confiança e ternura ajudaria a menorizar a situação. 
Começam o dia, que vai ser grande, um pouco desamparadas e ansiosas.
Normalmente estas crianças, no fim do horário habitual do seu dia escolar, são ainda transportadas para outras instituições para actividades extra-curriculares, que terminam por volta das sete, oito horas ou mais.
Horários demasiado puxados, recreios em correrias loucas e muitas vezes sem vigilância, deixam-nas exaustas e numa excitação incontrolável.
Ao chegarem a casa novamente cansadas, voltam as birras e o mau humor.
Este cenário repete-se diariamente ao longo do ano.
Temos crianças stressadas, ansiosas e com défice de atenção e falta de tempo em família.
Uma vida mais calma, disciplinada e com horários menos pesados para os filhos e para os pais, seria um passo para a estabilidade emocional da família.
Será que seria muito difícil conseguir isto?
Seria um contributo para conseguir uma sociedade melhor.
Lá continuo eu a sonhar!...

Abraço.

terça-feira, 15 de março de 2011

A televisão















A nossa televisão deveria, por dever social e educativo, ser um veículo de cultura, e sabedoria.
É por demais evidente que não tem sido esse o seu papel.
Se dermos um olho ao pequeno ecrã, veremos como isto é uma verdade mais que evidente.
Desde manhã que qualquer um dos canais, se ocupa com programas de entretenimento.
Esses mesmos programas que ocupam três horas dedicam-se a alguns assuntos com algum interesse, mas muito pouco tempo é dedicado a esclarecimento de assuntos pertinentes da actualidade ou outros.
Até parece que vivemos num país cheio de gente que já sabe tudo, já aprendeu tudo e agora está repleta, sem espaço para aprender mais.
Não quero com isto dizer que alguns dos assuntos não sejam de interesse.
Apenas acho, se me é permitido, que deveriam introduzir rubricas que sistematicamente ensinassem, esclarecessem e educassem.
Sei que estamos todos muito necessitados de diversão, mas diversão com cabecinhas vazias é um pouco aterrador.
Se não nos preocuparmos com isso, caminhamos para um país de gente inculta, sem conteúdo, e imbecilizada.
Também é preciso pôr o pessoal a pensar, a raciocinar para poder ser crítica e actuante.
Não queremos um país de anémonas e de acéfalos.
Era bom que se pensasse um pouco mais em dar às pessoas também outro alimento, que não só diversão.
Claro que isto sou eu a pensar!...
Porque nenhum dos responsáveis por estes assuntos irá ler este meu humilde blogue.
Eu sou apenas uma cidadã anónima que pensa.

Abraço.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Idosos














Sempre que se fala de idosos, ouve-se, com alguma regularidade um suspiro de enfado.
Esta sociedade de hoje tem muito pouco apreço por quem a gerou.
Logo que os seus progenitores começam a dar sinais de declínio, são geralmente relegados para segundo plano e muitas vezes marginalizados.
Ou ficam sozinhos entregues a eles mesmo e ao destino ou depositados em lares que muitas vezes os exploram ou em buracos clandestinos com nome de lares.
Os hospitais, ultimamente, têm servido de «apoio» à falta de espaço nos mesmos.
Nas datas festivas é ouvir os profissionais a denunciar esta situação, mas ninguém se toca.
Os filhos e familiares preferem nem ouvir para passarem as festas em sossego.
Claro que há honrosas excepções, mas a tendência é a indiferença, a insensibilidade.
Nesta sociedade de egoísmos e gente que vive só para si, os nossos progenitores, fazem parte do material descartável.
Fazem parte dos inúteis, dos empatas e dos que já estão a mais.
É urgente mudar mentalidades.
É urgente dar condições para que esta situação se altere.
Que os nossos idosos comecem a ser amados e respeitados como merecem.
Quantas vezes terão passado dificuldades e se privaram por nós!
É preciso acabar com os semblantes tristes e os olhos perdidos de quem precisava apenas de carinho, paciência e atenção.
Nós devemos-lhes isso.

Abraço.

domingo, 13 de março de 2011

Exploração dos pequeninos









Estamos a assistir frequentemente a uma situação que para mim e não só, felizmente, começa a ser preocupante: a utilização das crianças, em programas para adultos, onde cada um mostra as suas habilidades.
Penso que não é correcto.
É expor as crianças a um ritmo que não é de modo nenhum o seu, é criar-lhes um «stress» que não é normal e que os pode prejudicar a nível de comportamento na sua vida escolar e na relação com a família e com os outros.  
Há ainda a expectativa criada e que muitas vezes não é conseguida.
Ainda que por acaso os preparem para perder, a criança não está preparada, não aceita a derrota, ainda que pareça que sim.
Para crianças desta idade, é complicado compreender o porquê.
Está neste momento no ar um concurso cujo júri merece ser aplaudido. É na SIC.
Penso que partilham da minha opinião, já os vi rejeitar números, quando vêm na sua frente crianças demasiado pequenas, a fazerem de «crianças adultas».
Até já os vi a chamar ao palco os pais de uma, a quem aconselharam calma, pois era demasiado pequenina, para ser «explorada» assim daquela maneira imprópria.
Gostei de ver.
Pedagogia activa.
É bom ver gente preocupada e informada sobre estes assuntos tão importantes.
Estes pais actuam por falta de preparação e conhecimento.
Haja quem os ensine.
Os meios de comunicação deveriam servir para educar e informar.
É de aplaudir este júri.
Venham outros «de igual teor».

Abraço.  

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um país saudável












Um país saudável seria o que todos desejaríamos.
Um país de gente boa, sem loucuras encapotadas.
Um país onde as pessoas fossem pessoas de verdade.
Um país sem loucos passando-se por pessoas normais.
Um país onde os loucos com laivos de esquizofrenia tivessem direito a tratamento obrigatório. 
Onde as frustrações não pudessem «exercer».
Onde essas mesmas frustrações, não interviessem no bom viver de cada um.
Onde a saúde física e mental fosse um bem adquirido e nunca perdido.
Onde não houvesse lugar a más vontades, más interpretações e más acções.
Num país assim, daria gosto viver.
Nada poderia toldar a nossa vida pacata e preenchida.
Resta-nos ter a esperança de que um dia isso possa acontecer.
Viver sem o rasto da loucura próximo de nós seria um passo para o bem-estar.
A maldade é um instrumento de insegurança e a arma dos sádicos.

Abraço.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O mar impõe-se




Hoje de manhã ao acordar, ouvi lá longe um ruído forte e inconfundível.
Era o meu vizinho mar.
Aquela imensurável quantidade de água agitava-se e batia forte na areia que, pacientemente, o aceitava e devolvia.
Pum… pum… pum…
Senti um impulso e fui visitá-lo.
Não era a primeira vez que o fazia.
Gosto da imagem, do som e do ambiente de calma que se vive ali.
Estava sozinho o mar.
Era cedo e inverno, não era convidativo.
Durante esta época mais agreste, às vezes até as gaivotas suas amigas se ausentam.
Ele tão solicitado, desejado e necessário à vida, encontrava-se orgulhosamente só.
Fiquei a contemplá-lo e a pensar como era poderoso aquele colosso.
Uma força da natureza.
Que dá alegria.
Que dá força.
Que dá riqueza.
E lágrimas também.
Que rouba, que não devolve.
Que é cruel e frio, mas também é manso quando quer.
Acolhedor e sereno.
Como compreender este mar?
Um incompreensível fenómeno.
A praia transbordava.
Ele pareceu-me seguro do seu papel.
Não creio que se sinta solitário.
Está recheado de vida e de movimento.
Bem-hajas, mar, por existires.      

Abraço.

O Carnaval já passou














O Carnaval terminou ontem, sem a grande adesão que, pelo menos aqui em Sesimbra, há muito lhe conhecíamos.
O tempo não esteve de feição, e as pessoas também não estariam muito motivadas.
Talvez a crise que se vive também tivesse tido a sua cota parte de culpa.
Seja como for, o Carnaval a sério genuíno, já foi.
Agora preferem fazer um carnaval de imitação, copiado a rigor dos nossos irmãos brasileiros.
É ver grandes, médios e pequenos, quase como Deus os deitou ao mundo e corpinho bem feito, com frio, com chuva e tudo o mais que S. Pedro quis mandar.
Corpinho ao léu, saracoteando as banhas que, em abundância, iam saindo dos reduzidos biquinis ou monoquinis, dependendo do gosto.
Acho que foi um abuso.
Os jovens marcaram presença e não cativaram, provocaram alguma pena.
Não só pela necessidade de mostrar tudo, mas pela falta de forma.
Não têm a noção do ridículo estes jovens.
São as vítimas da tal alimentação deseducada e sem regras nem conhecimentos.
Por mim, o Carnaval ganhava mais remetendo-se à sua qualidade de português de gema, e explorando melhor o que temos.
Seria muito bonito o nosso Carnaval, só que se calhar não atraía os turistas em massa.
Não se pode ter tudo, não é?

Abraço.   

terça-feira, 8 de março de 2011

O som das badaladas














Na minha aldeia, durante muitos anos, a única forma de orientação para lá da inclinação do sol, era o relógio instalado na torre da igreja.
Dlam, dlam, dlam…
Dolente, sem pressa, ia batendo as horas e dizendo a cada um, em que ponto do dia se encontrava.
Com os ouvidos sempre atentos, as cabeças erguiam-se e contavam:
Uma.
Duas.
Três…
Era a este ritmo manso que, naquele tempo, decorria a vida.
De dia e de noite.
O sino era uma companhia sempre presente.
Se por acaso parava (às vezes esqueciam-se de lhe dar corda), era logo notada a sua falta.
«Hoje o relógio não dá as horas!»
«Que horas serão?»
«Ai, isto assim é uma tristeza»!
Ouvi pessoas dizerem que o relógio era uma companhia, tal era a solidão.
Sempre que me lembro daquele som, revejo a aldeia quieta, serena, em silêncio.
Era um toque forte mas triste.
Sem pressas.
Um toque que soava cá mesmo no fundo, que mexia comigo, sobretudo se fosse em dias de tristeza ou de preocupação.
Ainda hoje quando telefono para casa e oiço lá longe o sino actual, mesmo sem querer, sou transportada para esse tempo.
… 
Depois havia os outros toques do sino.
Esses tinham outras funções.
Praticamente as mesmas de hoje quase sempre relacionadas com actos religiosos.
Mas havia um toque que me marcou mais que qualquer outro.
O toque que anunciava mortes, o toque «a dobrar».
Era certo que esse era um dia de tristeza.
Como a aldeia era e ainda é pequena, a tristeza era geral, o espírito de união deixava todos com um semblante carregado e unidos na dor.
O sino aumentava ainda mais esse sentimento.
Dou comigo muitas vezes a recordar para mim mesma um célebre poema de Fernando Pessoa:

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

Como é lento…

É bom recordar.
Ainda que as recordações por vezes, não sejam tão agradáveis assim.
É sinal de que aceitamos o passado.

Abraço.

Atitudes















As atitudes marcam a vida.
Muitas vezes deixam-nos felizes, orgulhosos, a rebentar de alegria.
Aí, sentimo-nos bem, preenchidos e valorizados.
Outras, deixam-nos tristes, surpreendidos, espantados e revoltados.
Muitas vezes pela surpresa, ou porque sentimos injustiça na atitude.
Outras porque não compreendemos o gesto.
Confrontamo-nos, procuramos indagar dentro de nós o porquê, e nada, não conseguimos encontrar explicação.
Será que fazemos uma análise demasiado redutora?
Demasiado egocêntrica? Ou será que estamos a ser vítimas de cérebros pouco sensíveis, meio bipolares?
Sim, porque há atitudes que aparecem assim do nada, quando menos se espera.
Entretanto, vamos caminhando como sempre o fizemos, de cabeça erguida e conscientes dos nossos actos.
Tentando compreender que nem sempre encontramos no caminho o que precisaríamos de encontrar.
Que nem sempre da parte dos outros que nos magoam, há a coragem de nos dizerem olhos nos olhos o que pensam, com calma e sem agressões.
Que nem sempre somos valorizados pelo que somos.
Que às vezes estamos a mais.
Que temos que saber entender isso e aceitar.
Sem que isso nos afecte muito – o que ás vezes é difícil.

«Ó gente do minha terra, agora é que eu percebi»!....

Abraço.

domingo, 6 de março de 2011

Exigir é preciso















É neste momento preocupação para muita gente um tema que, há muito tempo, deveria ter sido tratado com seriedade e firmeza junto de encarregados de educação, das escolas e da população em geral.
É ele: a alimentação saudável, designadamente nas escolas.
Vivi profissionalmente 30 e tal anos com esta questão todos os dias à minha frente. Houve sempre muito cuidado. Mas, lamentavelmente, nos últimos anos, tivemos muitos problemas nesta área: má alimentação dada às crianças.
Hoje, a questão está, como digo, a ser debatida.
E só agora porquê?
Talvez porque, e principalmente nos meios urbanos, desataram a aparecer, cada vez com mais frequência, crianças obesas, vítimas de uma alimentação errada, descontrolada e sem regras.
Os profissionais de saúde ficaram apreensivos.
Era preciso alertar.
A obesidade, o colesterol e outros problemas, começam a aparecer cada vez com mais frequência em crianças e adolescentes em idade escolar.
Esta vida de correria, de falta de informação e às vezes de algum comodismo, leva a que os pais se queiram libertar um pouco da cozinha e recorram à comida pré-fabricada.
As escolas, essas, por vezes estão entregues à boa vontade de quem as dirige.
Algumas oferecem às crianças toda a gama de comidas e bebidas de má qualidade.
Os alimentos são confeccionados por empresas de «cattering» que só visam o lucro para rechearem os seus cofres.
Querem lá saber da saúde de quem come!
Nesse aspecto, há uma série de críticas a fazer a esses responsáveis pela aquisição das refeições:
- a forma displicente e descuidada como aceitam as ementas que lhes são propostas (ou não, escudando-se atrás de um nutricionista que nunca se vê) – vi isso tanta vez!;
- a ligeireza e insensatez com que deixam ir para a boca das crianças, e não só, comida que é feita de produtos de qualidade inferior e nociva para a saúde;
- a falta de inspecções regulares às cozinhas e aos respectivos alimentos;
- a forma «escura» com que certas instituições sem fins lucrativos recorrem a empresas sem qualidade, em detrimento de servirem os seus utentes com o respeito que merecem;
 - a ignorância de quem vê passar à frente do nariz situações destas e, não só não tem sensibilidade para este assunto, como também não têm autoridade para argumentar e exigir qualidade. 
Os pais, coitados, distraídos na sua maior parte, confiam nos responsáveis.
Os seus filhos estão muito bem entregues!...
É precisa informação, é preciso questionar, é preciso exigir.
Não fazer isso, significa que podemos estar a contribuir para a falta de saúde dos mais jovens.

Abraço. 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Preocupante








A preparação dos professores (particularmente dos mais jovens) e paralelamente dos pais, quanto a mim, precisa urgentemente de ser revista.
Chegam até nós relatos «em directo» do que se passa nas escolas, verdadeiramente preocupantes.
Existem no exercício de funções dos primeiros, e na reacção dos segundos, atitudes de falta de valores e de uma impreparação alarmantes.
Impreparação para lidar com esta nova geração que, por força das circunstâncias, foi lançada para a vida sem bases, sem valores e que, ainda completamente imaturos, se julgam os donos dos pais, dos professores, e os sabichões do mundo.
Tal é a ignorância.
Monopolizam os pais, dominam os professores que, impotentes clamam por ajuda.
Da parte dos pais, a reacção perante os problemas, não é de modo nenhum a mais correcta.
Ou não querem tomar conhecimento, ou, quando o tomam, responsabilizam apenas os docentes, pondo-se eles próprios fora do problema.
Como se os filhos não lhes pertencessem, e como se não fosse deles a maior
responsabilidade na sua educação e preparação para a vida.
Os professores não só não sabem enfrentar estas situações, como criam ambientes que levam estes jovens a desrespeitá-los e a olhá-los como iguais no mau sentido.
Estas atitudes, por parte de quem tem obrigação de saber como actuar, são de criticar com veemência.
O resultado é explosivo.
Há pais que ao julgarem a sua cria mal tratada, coitada, baixam o nível ainda mais.
Vão à escola, armam escândalo e retiram-se como se estivessem impunes.
Entretanto, ficam ainda mais difíceis as relações entre professores e alunos.
Os meninos sentem as costas quentes e são os reis.
Os reis da violência, da falta de educação, da falta de disciplina e de regras.
As escolas, algumas, tornaram-se locais perigosos, e a polícia é «convidada» a aparecer com alguma frequência.  
É encontrada droga, detectam-se violações, violência e só se dá conta já tarde de mais.
Com estes professores sem preparação, com estes governantes com falta de soluções, com estes pais demissionários, para onde caminham estes jovens, esta sociedade, este país?
Que espécie de mundo teremos amanhã?
Dá que pensar. 

Abraço.
 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Tétés






Depois de um longo inverno chuvoso e frio, tivemos uma amostra de primavera.
Todos sedentos de sol, corremos para a rua a procurá-lo.
As ruas, os jardins, o campo e a praia encheram-se.
A alegria transbordou com a luz do sol.
Depois de tanto tempo retiradas, as pessoas precisavam de repor energias.
Saíram de casa, dos centros comerciais, e respiraram fundo.
Com alguns exageros.
Troncos nus, braços e pés de fora, gelados na mão, tudo valeu.
Foi uma primavera de brincar.
Foi um pequeno presente…envenenado, diria eu.
Quando todos pensávamos que aquele tempo de cara feia tinha acabado,
eis que se apresenta, devagarinho, um friozinho ruim que nos obriga a recolher outra vez.
Ficou-nos o sol brilhante e sorridente, mas que não nos aquece, que nos obrigou a pegar novamente nos agasalhos, nosso aconchego.
Foi alarme falso.
Uma espécie de jogo de escondidas, de mostra-esconde, de tétés.
É normal.
Afinal, ainda estamos no Inverno.
E, também, porque não vivemos propriamente nos trópicos!...
Calma, a Primavera vai chegar.
Vamos ver se vem bem disposta e se deixa o costumeiro vento que, às vezes, a acompanha, bem trancado.
Entretanto: uma lareira, uma musiquinha e uma boa companhia, se calhar até dá
para criar um bom ambiente.
Todo o tempo merece ser bem acolhido, e bem saboreado.

Abraço.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Indiferença












Dei comigo a fazer um paralelismo: por um lado, a vivência entre as pessoas quando eu era menina e, por outro, nos tempos que neste momento vivemos.  
Nesse tempo, valorizava-se a família, o convívio fazia-nos falta.
Nesse tempo, os amigos eram verdadeiros.
Estavam sempre presentes com verdade.
Havia sempre um ombro amigo que se oferecia para nos apoiar.
Agora, tudo é indiferença.
Esta forma egoísta de estar, de ser, instalou-se.
O nosso pequeno Portugal, e a sua gente boa, transformou-se.
Não podia escapar à regra.
As relações entre as pessoas e entre as famílias, não são de todo as mesmas.
Por força das circunstâncias, deixámos de viver unidos e em convívio.
Optámos, ou fomos obrigados a optar, por uma vida completamente oposta.
Passámos a viver fechados.
Deixámos praticamente de conviver e queremos distância de tudo o que nos incomode.
Ficamos indiferentes a situações que, obrigatoriamente, nos deviam incomodar.
Centrámo-nos em nós próprios e nos nossos umbigos, sem qualquer espécie de desconforto.
Os outros não existem, ainda que nos dêem sinais de precisar de nós.
Os outros estão distantes, mesmo que morem próximo.
Os outros são chatos.
Os outros.
Os outros, os outros, os outros…
Quais?
Estamos egocêntricos, egoístas e frios.
Já não sabemos dar carinho, achamos que é lamechice, que é coisa de velhos carentes e caretas.
A sensibilidade está fora de moda.
O elogiar os outros não faz parte das nossas necessidades.
Nem nos passa pela cabeça que, com um gesto, poderíamos fazer alguém mais feliz.
O reconhecer qualidades, o elogiar, também não é nada que nos agrade.
Estamos realmente dominados pelo egoísmo e pela indiferença.
Fechados, se possível em condomínios fechados e sem acesso a intrusos.
Nós, nós, e nós.
Estamos solitários e…felizes?
Esta sociedade fechada e materialista transformou-nos em máquinas andantes.
Nem tempo há para educar os filhos.
Não há tempo.
Depois, dá muito trabalho.
E para analisar?
E para ponderar?
E para dar?
Se reflectirmos, chegaremos à conclusão de que a felicidade também passa por aí.

Abraço.