quarta-feira, 2 de março de 2011

Indiferença












Dei comigo a fazer um paralelismo: por um lado, a vivência entre as pessoas quando eu era menina e, por outro, nos tempos que neste momento vivemos.  
Nesse tempo, valorizava-se a família, o convívio fazia-nos falta.
Nesse tempo, os amigos eram verdadeiros.
Estavam sempre presentes com verdade.
Havia sempre um ombro amigo que se oferecia para nos apoiar.
Agora, tudo é indiferença.
Esta forma egoísta de estar, de ser, instalou-se.
O nosso pequeno Portugal, e a sua gente boa, transformou-se.
Não podia escapar à regra.
As relações entre as pessoas e entre as famílias, não são de todo as mesmas.
Por força das circunstâncias, deixámos de viver unidos e em convívio.
Optámos, ou fomos obrigados a optar, por uma vida completamente oposta.
Passámos a viver fechados.
Deixámos praticamente de conviver e queremos distância de tudo o que nos incomode.
Ficamos indiferentes a situações que, obrigatoriamente, nos deviam incomodar.
Centrámo-nos em nós próprios e nos nossos umbigos, sem qualquer espécie de desconforto.
Os outros não existem, ainda que nos dêem sinais de precisar de nós.
Os outros estão distantes, mesmo que morem próximo.
Os outros são chatos.
Os outros.
Os outros, os outros, os outros…
Quais?
Estamos egocêntricos, egoístas e frios.
Já não sabemos dar carinho, achamos que é lamechice, que é coisa de velhos carentes e caretas.
A sensibilidade está fora de moda.
O elogiar os outros não faz parte das nossas necessidades.
Nem nos passa pela cabeça que, com um gesto, poderíamos fazer alguém mais feliz.
O reconhecer qualidades, o elogiar, também não é nada que nos agrade.
Estamos realmente dominados pelo egoísmo e pela indiferença.
Fechados, se possível em condomínios fechados e sem acesso a intrusos.
Nós, nós, e nós.
Estamos solitários e…felizes?
Esta sociedade fechada e materialista transformou-nos em máquinas andantes.
Nem tempo há para educar os filhos.
Não há tempo.
Depois, dá muito trabalho.
E para analisar?
E para ponderar?
E para dar?
Se reflectirmos, chegaremos à conclusão de que a felicidade também passa por aí.

Abraço.

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