sexta-feira, 25 de março de 2011

Histórias de encantar













Como já aqui disse, tenho uma longa experiência de trabalho com crianças.
Trabalhei com elas muitos anos, dei muito e recebi ainda mais.
Tanto quanto é possível, conheço-as por dentro e por fora.
Devo dizer que foi um trabalho que me preencheu e gratificou muito.
São um «material» (com todo o respeito) muito sensível.
São todas diferentes e a relação com elas tem que ser igualmente diferente.
A faixa etária que sempre me calhou em sorte foi entre os três e os seis anos.
Esta experiência que, no que me diz respeito, foi enriquecedora, diz-me que não haverá nenhuma criança que não goste de histórias, se elas forem bem exploradas.
Ao longo do dia, havia sempre alguém que me questionava.
«Não contas uma história»?
Não poucas vezes aconteceu pedirem a mesma história vezes seguidas.
Na sala do infantário, num cantinho acolhedor, uma manta no chão com almofadas fofinhas, fazia as delícias de todos.
Sentávamo-nos e fazia-se silêncio.
Olhitos arregalados e cabecitas no ar, ficavam suspensos.
A história começava, e as nossas palavras, a nossa expressão e os nossos gestos, assim como a colocação da voz eram absorvidas avidamente.
Só quando tinham alguma dúvida é que, de dedito no ar, pediam explicação.
Depois da história concluída, havia um pequeno exercício de memorização.
Servia para avaliar a capacidade de atenção, de raciocínio, de expressão verbal e de desinibição de cada um.
Era o entusiasmo no grupo.
Cada um a querer exibir as suas qualidades de bom ouvinte – e de bom narrador.
As histórias, se forem bem escolhidas e bem contadas, são uma fonte de enriquecimento
e criatividade.
Era frequente também, quando já mais crescidos, fazer-se a dramatização da história, o que os levava a entusiasmarem-se ainda mais.
Depois daquele momento, outras actividades aconteciam.
Havia várias áreas na sala.
Na casinha das bonecas, um dos locais de eleição, punham em prática tudo o que captavam na história.
Aconteciam imitações perfeitas do adulto narrador.
É preciso que as histórias não caiam em desuso.
É preciso incentivar e ensinar os responsáveis a contar histórias e a tirar o máximo proveito delas.
As crianças são exigentes, não é fácil ganhá-las, se não formos suficientemente convincentes e criativos.
É preciso ensiná-las a gostar, e a partir dali, incentivá-las ao gosto pela leitura.
Nada melhor do que usar as histórias para esse fim.
              
Abraço.
  

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