segunda-feira, 28 de março de 2011

Infantários (dois)
















Depois de decidido o local em que a criança fica, aproxima-se o dia D.
Esse, que normalmente é um pesadelo para crianças e pais.
Depois de alguma preparação em casa, no período que antecede a entrada no novo espaço, eis que chega o primeiro dia.
Enquanto para algumas crianças é uma situação que, apesar de nova, aceitam com normalidade, para outras essa experiência é um verdadeiro pesadelo.
É frequente entrarem no infantário crianças aos gritos e pais em lágrimas.
O acolhimento é um factor importantíssimo.
Este momento é fulcral para o êxito da adaptação da criança e para a confiança e tranquilidade dos pais.
A responsável que o faz, deve ser experiente, sensível, com bom senso, capacidade de decisão e firmeza.
Quanto a mim, aquele momento não se pode prolongar por muito tempo, a separação tem que ser o mais calma possível e ser feita no mínimo tempo.
Ao mesmo tempo, transmitindo confiança e segurança, tanto aos pais como à própria criança.
Tanto uns como outros precisam disso e, desde que a profissional mostre competência, sensibilidade e segurança, isso é meio caminho andado para dar algum equilíbrio tanto a uma parte como à outra.
Este início é muito importante para uma boa integração e adaptação.
Dar à criança a segurança e a atenção que ela precisa, impõe-se.
Em nenhum momento e muito menos nesse, a criança pode sentir que é só mais uma no grupo.
A partir daquele momento, o único ponto de referência que tem são os adultos que acabou de conhecer.
Precisa de se sentir amada e protegida.
O outro dia é logo amanhã.
Vamos voltar a receber a criança, que então já tem algum conhecimento do que a espera.
Se as recordações não forem muito «negras», talvez os dias comecem a ser menos difíceis.
Também penso que, para tudo ser mais perfeito, será preciso que os profissionais adorem o que fazem e se entreguem.
Sem isso, tudo será artificial e transmite ainda mais ansiedade.
Outro aspecto importante será a questão das condições de trabalho.
Uma trabalhadora «atulhada» de crianças não pode ter disponibilidade para ser uma boa profissional.
Uma trabalhadora com espaços exíguos e sob pressão também não.
Uma trabalhadora ignorada e sem voz é uma trabalhadora revoltada e frustrada, não pode fazer um bom trabalho.

Muito mais há para dizer.
Para já, só o essencial.
Talvez volte.

Abraço.

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