quarta-feira, 30 de março de 2011

Infantário (três)












O que tenho estado a escrever sobre a minha experiência no infantário é o resultado do que li (e foi bastante), do que aprendi nos cursos de aperfeiçoamento e, mais importante que tudo, no trabalho directo.
Não só com as crianças, mas também com os pais.
Não tenho dúvida nenhuma de que a experiência, embora não seja um posto, é um manancial de aprendizagem.
Concordo com o ditado que diz que a experiência é a mãe de toda a ciência.
Desde que haja teoria, claro.
Bem, mas voltemos ao tema.

Como disse no texto anterior, as condições de trabalho são a base para um bom desempenho.
O que acontece é que nem sempre existem essas condições.
As trabalhadoras interessadas e conscientes ficam a braços com situações muito complicadas que muitas vezes as impedem de desempenhar com profissionalismo a sua profissão.
As primeiras a sofrer essa falta são, sem qualquer sombra de dúvida, as crianças.
A falta de condições cria nervosismo e instabilidade.
Cria stress, não só no adulto, como nas crianças que se manifestam com faltas de atenção e de interesse, e de forma ruidosa, o que quer dizer insatisfação e desagrado, embora não o verbalizem.
Para que não acontecessem situações destas, seria preciso que o objectivo lucro desaparecesse do horizonte dos responsáveis por esses sectores.
Como isso é uma utopia, será essa a realidade que continuaremos a ter pela frente.
Continuaremos a ter espaços com perigos que poderiam ser evitados, continuaremos a ter falta de pessoal, continuaremos a ter trabalhadoras escolhidas sem critério e por «cunhas».
Aos infantários chegam a toda a hora pessoas que têm tudo – menos perfil para o que vão fazer.
No entender dos responsáveis, só é preciso que tomem conta das criancinhas, como se fossem gado no redil.
Falta apenas um bordão.
O aspecto afectivo, a sensibilidade e o bom senso, muitas vezes estão ausentes.
Quanto a mim, nesta fase da vida das crianças, o mais importante é o trabalho de relação
e a afectividade.
Sem isso, faltam as estruturas de base tão importantes na construção da vida das crianças.
Tenho muita pena que a maior parte dos pais nem sequer se dê conta de que problemas destes existem.
Com já disse doutras vezes, a preparação dos mesmos é quase nula e a vida não deixa tempo para ver e olhar com olhos de ver.
Enquanto isso, nesta matéria e noutras, continuaremos à espera de melhores dias.
Os responsáveis pela admissão dos trabalhadores continuarão na sua triste ignorância, pensando que são os maiores.

Abraço.

Sem comentários:

Enviar um comentário