sábado, 5 de janeiro de 2013

O tempo














Não tenho tempo, é do tempo, o tempo não perdoa, o tempo passa, o tempo está um horror!...
Enfim.
Uma infinidade de formas de nos referirmos ao tempo.

O tempo hoje, digo eu, está bonito!
Os raios solares dão aos campos uma luminosidade que os torna ainda mais bonitos.
A manhã surgiu fria.
Um ventinho cortante transportou-me à minha velha aldeia.
À minha velha casa.
Em tempos idos, o inverno era rigoroso.
As manhãs acordavam geladas.
O ar frio transformava em gelo tudo o que fosse humidade.   
A geada deixava a terra vestida com um enorme vestido branco.
Só as lareiras, prioridade das prioridades, faziam aquecer os corpos acabados de sair do quente das mantas de pêlo e de flanela, que durante a noite nos aconchegavam.
Depressa, a cafeteira de esmalte azul e branca saltava para o fogão de petróleo.
Cheia de água, iria receber o pó de cevada logo que fervesse.
Nas brasas que entretanto se iam formando, assava-se uma chouriça fresca, da matança ainda recente.
O pão centeio ainda com qualidade era o rei da mesa.
O queijo, sempre caseiro, fresco ou curado, também marcava presença.
O leite para misturar ou não com a cevada, saía directo da teta da vaca ou da cabra para a mesa.
Às vezes ainda chegava quente a casa.
Cada um que ia chegando à cozinha, transformada em sala de refeições da família, servia-se do que melhor lhe soubesse.
Havia nesse tempo a cultura da amizade e do convívio.

Começava logo pela manhã.
Aqueles momentos antecediam o dia que prometia ser de trabalho.
O tempo era outro e ficará para sempre comigo.
O cheiro e o sabor dos alimentos também.
Os sons, as sensações, tudo ainda permanece fresco na minha memória.
A vida era outra, as mentalidades eram outras e as necessidades também.
Foi tempo de grandes afectos.  

Foi tempo que deixou saudades!

Foi tempo.

Abraço
     

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