domingo, 17 de abril de 2011

Solidão














Quando contacto pelo telefone com a minha aldeia, há sempre um lamento que surge durante a conversa.
«Não há cá ninguém, é uma tristeza».
Nota-se na voz uma tristeza solitária, que não pode deixar de perturbar quem ouve.
A realidade é dura.
A solidão instala-se e torna-se numa forma de vida.
Triste e sem perspectivas de melhores dias.
O nosso interior, há muito deserto, parece não ter volta.
As pessoas que o habitam são vítimas disso e sentem-no na pele.
O êxodo dos mais jovens para as grandes cidades deixou os mais idosos sem amparo e sem companhia.
Enquanto são capazes de se bastar a si próprios, a situação não será tão penosa, mas quando essa autonomia acaba, é a tal angústia que se instala e traz consigo a palavra terrível que pode assustar qualquer um.
Solidão.
Quando as obrigações profissionais, as rotinas da vida, nos impedem de estar presentes, a única solução seria esses idosos virem até nós, mas nem sempre é fácil a adaptação de um idoso a um mundo que não lhe diz nada, com que não se identifica.
Normalmente é um atalho para o fim.
Qual então a solução para este problema do isolamento do interior?
É urgente pensar nisso.
Os nossos idosos merecem.

Abraço.

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