quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Chove chuva mesmo





Está um dia que para muitos, pelo menos para os que trabalham, será um dia tenebroso.
Chove torrencialmente.
Para mim, que sou amante da chuva, está um dia óptimo.
Transporta-me em pensamento e em afectos, à minha infância, à minha velha casa, à minha lareira sempre acesa e, sobretudo, ao mimo da minha mãe.
 Nestes dias chuvosos e de vento, era hábito ficarmos em casa sentadas à lareira.
O tempo ficava mais leve, quando a minha mãe decidia ocupar-me a ouvir as suas estórias.
E como ela as contava bem.
Eu adorava ouvi-las.
Eram estórias fantásticas e que ela contava com alguma piada.
De ladrões que assaltavam os senhores ricos para depois darem aos pobres.
 De lobisomens que à meia- noite saíam batendo os pés fortemente na calçada à procura de sangue fresco.
De bruxas que, dizia-se, perseguiam homens de noite, e os transportavam para um sítio diferente daquele onde tinham a certeza se terem deitado!...
O tom dramatizado com que ela as contava redobrava o meu interesse, claro.
Enfim, estórias fabulosas contadas de uma forma intimista e com o afeto de mãe.
Preenchiam o meu imaginário de menina, aquelas estórias.
Foram momentos íntimos e de muita cumplicidade.
Quanto a mim, à noite, para dormir é que era pior.
Os monstros, os ladrões e aquelas figuras de ficção, tornavam-se reais.
Às vezes até os «via» na parede do meu quarto aos pés da cama.
Aí, o sono tardava.
Nunca me queixei, para poder continuar a ouvir as estórias de minha mãe.
Mais tarde e já distante da meninice, tudo isto tem sido motivo para sorrir e fazer sorrir.
Estórias de encantar que me encantavam e «prendiam» em casa com todo o gosto.
Que tempo bonito e feliz aquele!

Abraço.

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