Está um dia que para muitos, pelo menos para os que trabalham,
será um dia tenebroso.
Chove torrencialmente.
Para mim, que sou amante da chuva, está um dia óptimo.
Transporta-me em pensamento e em afectos, à minha infância,
à minha velha casa, à minha lareira sempre acesa e, sobretudo, ao mimo da minha
mãe.
Nestes dias chuvosos
e de vento, era hábito ficarmos em casa sentadas à lareira.
O tempo ficava mais leve, quando a minha mãe decidia ocupar-me
a ouvir as suas estórias.
E como ela as contava bem.
Eu adorava ouvi-las.
Eram estórias fantásticas e que ela contava com alguma piada.
De ladrões que assaltavam os senhores ricos para depois darem
aos pobres.
De lobisomens que à
meia- noite saíam batendo os pés fortemente na calçada à procura de sangue
fresco.
De bruxas que, dizia-se, perseguiam homens de noite, e os transportavam
para um sítio diferente daquele onde tinham a certeza se terem deitado!...
O tom dramatizado com que ela as contava redobrava o meu interesse,
claro.
Enfim, estórias fabulosas contadas de uma forma intimista e
com o afeto de mãe.
Preenchiam o meu imaginário de menina, aquelas estórias.
Foram momentos íntimos e de muita cumplicidade.
Quanto a mim, à noite, para dormir é que era pior.
Os monstros, os ladrões e aquelas figuras de ficção,
tornavam-se reais.
Às vezes até os «via» na parede do meu quarto aos pés da
cama.
Aí, o sono tardava.
Nunca me queixei, para poder continuar a ouvir as estórias
de minha mãe.
Mais tarde e já distante da meninice, tudo isto tem sido
motivo para sorrir e fazer sorrir.
Estórias de encantar que me encantavam e «prendiam» em casa
com todo o gosto.
Que tempo bonito e feliz aquele!
Abraço.
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