Começou por ser um monólogo.
Lá bem ao longe, um som surdo mas forte fazia-se ouvir.
Sugeria mau-humor aquele som.
Um quase roncar de raiva meio adormecida.
Àquele, juntaram-se outros e outros e, todos juntos, mais
parecia uma guerra.
Uma guerra em que todos queriam atirar primeiro, em que
todos soltavam o seu rancor.
Endureceu o embate.
Ribombavam sons ferozes que impunham alguma apreensão.
No meio deste embate, começou a ouvir-se outro som, esse
mais suave, embora intenso.
Eram as nuvens, que em desespero, soltavam lágrimas imensas.
Não aguentaram a pressão
e soltaram-se, jorrando uma torrente que caía aflita nos telhados e ruas que a
deixavam escorregar para os caudais sedentos do verão que então terminara.
A batalha amainou.
Ouviu-se apenas um diálogo afastado e em tom cansado,
apostado na paz.
As nuvens aquietaram-se.
Ao olhar para o céu, apenas desenhos fantásticos de artista
de primeiro plano.
É bonito este contemplar.
Abraço.
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