terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Objectos com vida






















Conheço-os desde criança: a braseira e a caldeirinha de cobre, os pratos antigos, as panelas de ferro... e muitos mais.
Convivi com eles diariamente.
Alguns eram mais mimados que outros, eram considerados nobres.
Esses viviam a maior parte do tempo em «exposição».
Só em dias «ass’lanados» (assolenados ou seja: meio solenes) é que desciam a desempenhar as funções para que tinham sido concebidos.
Os outros, os mais vulgares, estavam de serviço todos os dias.
Cada um me recorda momentos, sítios, gestos, sabores, cheiros e convívios saudáveis
Falam comigo e levam me ao devaneio quando os olho.
Mantêm-me ligada às pessoas e às origens e ao berço onde nasci.
É qualquer coisa de muito forte que me liga a eles.
Sinto-os com se fizessem parte de mim.
Sinto que, se me desligasse deles, abafaria parte do meu passado.
Com eles recordo os convívios que «à volta deles» aconteciam.
Recordo os olhos que sorriam com carinho, os gestos de ternura e as palavras amigas.
Recordo, ainda, a força da amizade e da solidariedade que eram verdadeiras e indispensáveis.
Alguns desses objectos estão comigo.
Funcionam como um laço que me amarra ao passado e aos meus.     
Objectos sem grande valor económico, mas com um valor estimativo sem tamanho!...
São os meus ontens que, felizmente, não morreram em mim.

Abraço.


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