sábado, 5 de abril de 2014

O relógio e a vida

























Mesmo sem horários rígidos, ainda hoje me sinto mais ou menos escrava do relógio.
Que horas são? Já são horas!... É às tantas horas!...
 É assim que a vida é feita. Tudo na base do relógio e das horas.
Obedecendo de forma mais ou menos rigorosa, lá andamos nós comandados pelo relógio.
Objecto dominante este!
Com ou sem tic…, tac…, está presente em todos os momentos da vida de cada um!
Como seria a vida sem ele?
Como seria andar à deriva e sem orientação?
 A ideia mais remota que tenho deste utensílio é da casa de minha mãe.
Um velho relógio de parede, que batia as horas de quarto em quarto de hora.
Tinha um som melodioso, calmo e quase dolente.
Lembro-me que ainda era daqueles a que tinha que se dar corda.
Quando a minha mãe se esquecia, o som das badaladas deixava de se ouvir.
Era de uma forma quase urgente, que ela corria e lhe repunha as forças de que ele precisava.
Dizia ela que a casa sem aquele som ficava triste.
Um pouco mais tarde, apareceu o relógio da Torre da Igreja.
Esse, então, comandava de uma vez as vidas da aldeia.
A memória mais forte que tenho dele é das tardes de verão de verdadeira canícula.
Tardes silenciosas, eram «acordadas» do seu recolhimento, com um dlão!...dlão… dlão!... forte, que se alongava pelas ruas desertas e recolhidas na sua pacatez.
Objecto chato por vezes, mas de grande utilidade na programação da vida.  


 Abraço.

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