Mesmo sem horários rígidos, ainda hoje me sinto mais ou
menos escrava do relógio.
Que horas são? Já são horas!... É às tantas horas!...
É assim que a vida é
feita. Tudo na base do relógio e das horas.
Obedecendo de forma mais ou menos rigorosa, lá andamos nós
comandados pelo relógio.
Objecto dominante este!
Com ou sem tic…, tac…, está presente em todos os momentos da
vida de cada um!
Como seria a vida sem ele?
Como seria andar à deriva e sem orientação?
A ideia mais remota
que tenho deste utensílio é da casa de minha mãe.
Um velho relógio de parede, que batia as horas de quarto em
quarto de hora.
Tinha um som melodioso, calmo e quase dolente.
Lembro-me que ainda era daqueles a que tinha que se dar
corda.
Quando a minha mãe se esquecia, o som das badaladas deixava
de se ouvir.
Era de uma forma quase urgente, que ela corria e lhe repunha
as forças de que ele precisava.
Dizia ela que a casa sem aquele som ficava triste.
Um pouco mais tarde, apareceu o relógio da Torre da Igreja.
Esse, então, comandava de uma vez as vidas da aldeia.
A memória mais forte que tenho dele é das tardes de verão de
verdadeira canícula.
Tardes silenciosas, eram «acordadas» do seu recolhimento,
com um dlão!...dlão… dlão!... forte, que se alongava pelas ruas desertas e
recolhidas na sua pacatez.
Objecto chato por vezes, mas de grande utilidade na
programação da vida.
Abraço.
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