terça-feira, 5 de novembro de 2013

O magusto



O tempo era de frio intenso.
Ainda que o sol aparecesse, era gelado o ar.
Trespassava a pele envolvida por agasalhos (os que os tinham...).
Naqueles tempos tão distantes, o outono não brincava, era rigoroso mesmo.
As aulas estavam no seu auge e o trabalho era a sério.
A escola das meninas era um pouco fora de portas.
Fosse qual fosse a temperatura, lá íamos, pequenas e franzinas, a iniciarmo-nos no saber.
Apesar da seriedade das tarefas escolares, as tradições não só não eram esquecidas, como
eram preservadas com alegria.
Era chegada a hora do magusto anual das escolas.   
Algures dentro das instalações, um cesto de verga larga aguardava os punhados pequenos mas grandes na intenção, das castanhas levadas pelas crianças, que ansiosamente aguardavam esse dia.
Era fora da aldeia que se fazia o magusto e era uma atividade lúdica que mexia com todos.
Pequenos e grandes.
No dia combinado, todos em grande algazarra (uma algazarra muito saudável), lá iniciávamos a caminhada.
A proximidade de um pinhal era o local certo.
As castanhas eram assadas no chão e a caruma era o combustível usado.
Uma camada de caruma e as castanhas espalhadas em cima, com mais uma camada de caruma alta.
Fósforo aceso – e começava a brincadeira tão esperada.
O fogo era meio caminho andado.
A euforia apoderava-se de todos.
Crianças controladas, as castanhas iam sendo distribuídas conforme se iam assando.
Não faltavam brincadeiras e mãos e caras enfarruscadas.
Com os coraçõezitos a pular de alegria,
Vivia-se um dia que ficava na memória, como pode ser constatado neste texto.
 O sabor, esse, nunca mais me passou pelo palato.
As tradições e as vivências são a nossa história de vida.


Abraço.

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