Em todas as aldeias existem personagens que são vítimas de chacota e de um certo deboche.
Sou por natureza mais ou menos boa observadora.
Era junto à minha casa que aos domingos e feriados à tarde se
concentrava grande número de pessoas. Era no rés do chão da minha casa que estava
instalada a televisão pública que na altura era a coqueluche!...
Grandes e pequenos, viam televisão, conviviam e arranjavam
muitas vezes namoricos.
Todos os fins-de-semana vinha ao Casteleiro um rapaz nascido
e criado numa quinta dos arredores.
Era um camponês castiço, campónio puro, que pelo menos
enquanto criança, fez a sua vida sem conhecer nada do mundo – e nesse mundo,
estava incluído o Casteleiro.
Chegou a idade em que
a natureza se encarrega de mudar tudo e o bom do Alberto, não aguentou a
pressão dos impulsos.
Todas as semanas rumava ao Casteleiro com ar enamorado, à
procura de par.
Andou por ali uns tempos. E não era parvo o mancebo! Deitou
o olho a uma rapariga das mais bonitas do grupo, que, de férias da escola,
também procurava divertir-se.
Deu nas vistas aquele
ar enlevado!...
Coitado do Alberto. Tomaram-lhe posse do corpo e era demais
o que faziam dele.
A moça, essa, divertiu-se à sua custa e à custa da sua
inocência. Era um deboche.
Às tantas, ele já não tinha como responder a tanta
provocação.
De um modo carinhoso falso, dizia-lhe a moça:
«Então, Albertinho, não fala»?
«Acabaram-se-me os dzêres!...»
O seu ar apaixonado era quase constrangedor!....
Gente jovem.
Naquela altura era a forma de se divertirem.
Sem que daí viesse grande mal ao mundo.
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