O dia foi longo, o embate foi ainda maior.
O lacaio aflito correu para a patroa.
«Senhora Lagarde, a coisa não correu bem. E agora?»
Ela, solícita: «Calma, tudo se vai resolver. É só continuares
a seguir o trilho. O caminho está aberto, continua bem comportado, não falhes as
instruções, não te faltará nada!..»
«Mas…senhora…Lagarde, é que já não gostam de mim, das minhas
brincadeiras de masoquista inveterado!...»
«Não penses nisso, dá-lhes que eles aguentam! Tira-lhes a
pele, aperta-lhes mais o cinto, manda os velhos à fava, os doentes que se lixem,
os jovens que emigrem, que há cá muitos!...»
«Pois é, senhora Lagarde!... Mas…»
«Tem calma, tu és um bom trabalhador, continua a tua tarefa,
para nós estás a ser muito útil, vais ser compensado».
«Muito obrigado, senhora Lagarde, é uma patroa muito
generosa!»
«Até à próxima, espero ordens!...»
E o lacaio-mor afastou-se a fazer salamaleques, submisso.
Abraço.
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