quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A minha aldeia e as tradições


















Eram algumas e engraçadas as tradições da minha aldeia.
Pela simplicidade, pela camaradagem e pela alegria ingénua.
Estou a recordar concretamente uma.

As cacadas

Era durante o mês de Fevereiro, no tempo que antecedia a quaresma, que aconteciam.

Então de que é que constava esta brincadeira?

A noite era o momento escolhido para pôr a tradição em prática.
Preparava-se durante o dia disfarçadamente.
Era preciso angariar material que fosse barulhento e que obrigasse a uma pequena limpeza por parte dos atingidos.
Garrafões de vidro partidos e ainda com a palha.
Cestos com bugalhas, cacos etc...
Cântaros de barro já velhos, que se pudessem escaqueirar.
Cântaros de lata já sem préstimo, com tudo o que fizesse barulho e confusão lá dentro.
Enfim, tudo o que pudesse pregar uns bons sustos e que fizesse uma grande chinfrineira.
De noite, quando toda a gente já estava recolhida a jantar ou simplesmente a fazer serão, o grupo que então se organizara, e com os objectos na mão, ia pé ante pé.
Escolhiam-se as casas com degraus interiores de madeira ou que tivessem corredores longos, e zás!
Atirava lá para dentro com tudo.
Caíam que nem «bombas» aqueles objectos barulhentos, rebolando ou fazendo pum…pum…pum escadas abaixo ou corredores fora.
Era a confusão total.
O pessoal atingido corria às portas e ou riam a bom rir, ou irritados gritavam impropérios, enquanto o grupinho fugia e soltava gargalhadas saudáveis.
Às vezes, quase sempre, descobriam-se os prevaricadores.

Aí normalmente havia o troco.
Era só esperar a oportunidade!...

Nunca se sabia qual seria a próxima «vítima»!...
Era muito engraçada esta brincadeira inocente e bem-disposta.

Abraço.

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