Eram passadas as festividades natalícias.
Mal havia tempo de retomar a vida normal e já outra tradição
apontava.
As Janeiras.
Na época, eram vividas de uma forma alegre e originavam o
convívio, que preenchia o silêncio que se fazia «ouvir» nas ruas desertas.
As noites eram longas e muito frias.
Havia que recolher cedo e usufruir do «conforto» interior,
se é que se podia chamar assim.
Há algumas décadas atrás, os acabamentos das casas não eram
propriamente de primeira!
As casas eram quase todas de taipa e as frestas riam-se,
franqueando a entrada aos agentes exteriores que, lá fora, se enfureciam uns
contra os outros.
O céu era azul gélido.
A lua, senhora roliça
e bela, olhava as estrelas que lhe piscavam constantemente o olho brilhante de
luz.
Ainda a ceia se ajeitava no estômago e a conversa era amena,
já ao longe se ouviam as cantorias alusivas à época:
«Levante-se lá,
senhora,
Desse banco de cortiça.
Venha-nos dar as
janeiras:
Ou morcela ou
chouriça!»
Era o hábito. Ninguém estranhava.
Na dispensa, estavam já à espera os manjares do costume.
A falta de meios de comunicação e outros meios, dava origem
a que as pessoas fossem mais alegres e mais criativas.
Havia, então, uma maior necessidade de inventar formas de
convívio e de comunicação.
Era assim que se brincava há umas décadas atrás.
Abraço.
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