Ser livre.
Quem nasceu cinco ou seis anos antes ou depois do vinte e cinco de Abril, não imagina (ainda que lhe façam o relato) como era não ter liberdade.
Não podermos dispor de nós como seres pensantes e autónomos.
Sermos impedidos de expressar as nossas opiniões sobre qualquer assunto que fosse contrário ao regime vigente.
Sermos obrigados a aceitar uma guerra colonial com a qual não concordávamos.
Sermos obrigados a largar uma vida que então estava a começar e entregarmo-nos aos senhores da guerra.
Ficarmos assim durante três ou quatro anos longe de tudo e de todos (não havia os meios de comunicação que há hoje).
Sempre na dúvida infernal sobre se voltaríamos ou não.
Quantos voltavam numa caixa de pinho!...
…
Sentirmos que não éramos donos de nós, que não tínhamos identidade.
Sermos completamente manietados.
Sentirmo-nos humilhados ao termos que cumprir «missões» de guerra sem sentido!..
E muito mais haveria para dizer, mas penso que já dá para entender a situação vivida ao longo de dez ou doze longos anos.
Ser livre é isto, agora.
Dizermos ou escrevermos, com respeito pelos outros, o que nos vai na alma.
Podermos ocupar o nosso espaço no mundo insignificante em que vivemos, sem as tais peias e amarras.
A liberdade custou muito, muito caro.
Não havia necessidade!!!...
Abraço.
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