sábado, 15 de janeiro de 2011

Liberdade















Ser livre.
Quem nasceu cinco ou seis anos antes ou depois do vinte e cinco de Abril, não imagina (ainda que lhe façam o relato) como era não ter liberdade.
Não podermos dispor de nós como seres pensantes e autónomos.
Sermos impedidos de expressar as nossas opiniões sobre qualquer assunto que fosse contrário ao regime vigente.
Sermos obrigados a aceitar uma guerra colonial com a qual não concordávamos.
Sermos obrigados a largar uma vida que então estava a começar e entregarmo-nos aos senhores da guerra.
Ficarmos assim durante três ou quatro anos longe de tudo e de todos (não havia os meios de comunicação que há hoje).
Sempre na dúvida infernal sobre se voltaríamos ou não.
Quantos voltavam numa caixa de pinho!...
Sentirmos que não éramos donos de nós, que não tínhamos identidade.
Sermos completamente manietados. 
Sentirmo-nos humilhados ao termos que cumprir «missões» de guerra sem sentido!..
E muito mais haveria para dizer, mas penso que já dá para entender a situação vivida ao longo de dez ou doze longos anos.
Ser livre é isto, agora.
Dizermos ou escrevermos, com respeito pelos outros, o que nos vai na alma.
Podermos ocupar o nosso espaço no mundo insignificante em que vivemos, sem as tais peias e amarras.
A liberdade custou muito, muito caro.
Não havia necessidade!!!... 
Abraço.

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